The New Avenger escrita por Dark Sweet


Capítulo 17
Medos, traumas, proteção de irmãos e sorvete


Notas iniciais do capítulo

Hey! Aqui estou com mais um capítulo. Não podia deixar vocês sem um capítulo nesse feriadão, né? Provavelmente haverá outro capítulo daqui pro domingo. (PROVAVELMENTE)
O título do capítulo não tá muito legal, mas eu não consegui pensar em coisa melhor. Sorry. :')
Demais explicações sobre o capítulo nas notas finais, nos vemos lá.
Boa leitura!



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 No banheiro do meu quarto eu chorava enquanto sentia as lágrimas se misturarem com a água gelada do chuveiro.

Eu queria gritar, queria bater em alguma coisa até que um terço da raiva por mim mesma diminuísse. Entretanto, eu fiquei quieta. Chorando silenciosamente para não acordar ninguém.

Fazia umas duas horas que eu estava ali, com o chuveiro ligado, derramando água enquanto pensava nas merdas que tenho feito. Na verdade, na única merda: não contar a verdade.

Por conta disso Adam está com ódio da minha cara, a Chris, provavelmente, está indo no mesmo caminho e o Charlie, mesmo dizendo que entende meu lado, eu sinto que qualquer coisa pode fazer ele voltar atrás e ir no mesmo caminho do Adam.

Ao ouvir um barulho no meu quarto eu desliguei o chuveiro, pegando a toalha e a enrolando no meu corpo. Calmamente eu fui até a porta, abrindo-a sem muito vontade. O que custava me deixar chorando no chuveiro?

—Pirralho? Não era para você estar dormindo? – perguntei cobrindo mais meu corpo com a toalha e indo até ele.

—Eu acordei e não consegui dormir. – ele explicou baixinho. – Você estava chorando, não é? – William foi direto ao ponto crucial. Suspirei.

—Vem cá. – disse pegando ele no colo e levando até a cama, sentando ao lado dele logo em seguida.

—Foi por causa do que o Adam disse, não foi? –

—Olha aqui, Pirralho, eu vou te dizer uma coisa que eu quero que você preste bastante atenção, ok? – ele assentiu. – O meu rolo com o Adam é apenas entre mim e ele, tudo bem? Você não precisa se preocupar nem nada com isso. Ele ainda é seu irmão, eu ainda sou sua irmã. Nada mudou. –

—Mas vocês não estão se falando. – ele comentou tristonho.

—Eu sei, Will. Contudo, eu não quero que você se preocupe com isso. Talvez Adam e eu volte a falar um com o outro, ou não. Nunca se sabe. Eu errei em esconder a verdade para vocês. Sabia que ao contar tudo, correria o risco de perder alguns de vocês. O Adam, a Chris e o Charlie estão no direito deles se não querem mais olhar na minha cara. – sorri, acariciando o cabelo dele.

—Eu preferia quando o Adam brigava comigo, porque assim vocês gostavam um do outro. – o pequeno falou arrancando-me outro sorriso.

—Não era para você estar na cama, William? – a voz de Adam veio da porta do meu quarto, atraindo não só a minha atenção, como a de Will também.

—Eu não estou com sono. – o Pirralho deu de ombros.

—Se estivesse deitado já estaria dormindo. – Adam cruzou os braços.

—Isso é mentira. Você não pode mentir para uma criança. –

—Devia falar isso para sua irmã. – o ser na porta retrucou ácido.

—Ai, essa doeu. – ironizei revirando os olhos. – Pirralho, vá para o seu quarto, certo? –

—Mas... –

—Por que você não tenta? – sugeri. – Até porque amanhã você tem aula, não é mocinho? – ele fez uma careta.

—Você não pode me botar para dormir? – ele indagou sorrindo.

—Eu coloco você para dormir. – Adam respondeu antes de mim.

—Mas eu não quero você. Quero a Melinda. – segurei a mão dele.

—Deixe o Adam te colocar para dormir, sim? Amanhã eu deixo você dormir aqui comigo. – sorri. – Tudo bem? –

—Sim! – William deu um largo sorriso e saiu do quarto saltitando após me dar um beijo na bochecha. Encarei Adam que continuava parado na porta.

—O que está olhando? Está esperando que eu o convide para entrar ou que eu lhe expulse daqui? – arqueei a sobrancelha. Ele saiu da porta fazendo-me bufar, levantando. – E ainda deixa essa droga aberta. Ele acha que meus poderes envolve telecinesia para fechar a porta com a mente? – resmunguei fechando a dita cuja e virando-me em direção ao armário.

Um barulho quase inaudível me fez olhar para a janela.

—Hey. – ele sorriu.

—Hey. – retribui o sorriso.

Virei-me para o guarda-roupa e procurei por uma roupa. Vesti uma calça moletom e um top e fui até a cama, secando meu cabelo com a toalha. Tyler já havia se apossado de parte da cama.

—Como você está? – perguntou.

—Bem, por incrível que pareça. Lógico que estou mal por conta da reação dos meninos, mas eu sinto que tirei um peso das costas, sabe? – ele assentiu. – No final, contar a verdade foi bom. –

—Eu falei. – ele alfinetou de leve.

—Eu sei. – disse tirando o carregador do celular e pegando o aparelho no criado mudo.

356 ligações, 1.532 mensagens, 53 mensagens de voz.

—Vocês são insistentes. – falei desbloqueando o celular e indo nas mensagens. Eram tantas que eu nem abri as conversas, desistindo de lê-las.

—Todos tentamos, até perceber que você não retornaria. Em Sokovia não tem sinal? – soltei uma risada.

—Eu não levei meu celular para a luta, Tyler. – expliquei rindo. – Meu celular esteve em casa esse tempo todo. –

—Como nós não... –

—Ele estava na mochila. Eu não levei o celular para a festa dos Vingadores, nem para o mercado, nem para a Torre, nem para Sokovia e nem para canto nenhum. Meu celular ficou na mochila, descarregado. – sorri vendo a cara de pamonha dele.

—Gastei meu dinheiro com crédito para nada! – Tyler resmungou fazendo bico.

—Você fica tão fofo fazendo esse biquinho. – disse mudando o tom da voz e apertando as bochechas dele, beijando seus lábios logo depois.

Quando o beijo cessou, ele me abraçou. E ali ficamos por um pequeno momento.

—Você sentiu medo? – sua voz soou baixa enquanto sua mão acariciava minhas costas.

—O único medo que eu acho que tive foi o de todos nós falharmos e Ultron vencer, então a visão que Wanda me mostrou se tornaria realidade. Os Vingadores morreriam, vocês morreriam, todos morreriam. – respondi finalizando com um suspiro.

—Quando Adam me ligou perguntando de você, assim que não tivemos notícia sua, eu achei que você só queria um tempo por conta do que aconteceu com a dona Juliet e tudo mais. Só que aí as notícias sobre Ultron, Vingadores e tudo mais foram chegando e eu soube que você estava no meio daquilo tudo. O medo de te perder se alastrou, Melinda. – sua voz falhou um pouco no final.

—Me desculpa por ter deixado vocês sem notícias, mas eu não poderia mandar um sinal de vida sendo que a qualquer momento eu poderia morrer. – expliquei novamente, erguendo um pouco a cabeça para olhá-lo nos olhos.

—Eu sei, eu sei. – Tyler murmurou beijando minha testa. – Mas na próxima vez, por favor, me avise, ok? Não importa se você vai morrer no segundo seguinte, apenas me avise. Tudo bem? – soltei uma risada voltando a encostar minha cabeça em seu peito.

—Não haverá próxima vez, Tyler. – sussurrei.

—Como não? Os Vingadores não vão te deixar participar das próximas missões? Achei que depois de tudo que ocorreu, você era uma Vingadora. – outra risada.

—Não é bem assim. Eu contribui com os meus poderes para ajudá-los, não significa que eu sou uma Vingadora. Acontece que, pelo que eu entendi, Tony quer que eu faça parte do time. – disse colocando minha mão dentro da blusa de Tyler e passando minhas unhas de leve em sua cintura.

—E você vai, né? – eu não precisava olhar para ele para saber que havia um sorriso em seus lábios.

—Não. – respondi já imaginando o drama do Tyler.

—Como assim "não"?— sua voz elevou um pouco de surpresa. – Você não vai participar dos Vingadores? Por quê? –

—Eu não sei. – respondi baixinho. – Eu não sei o que eu quero da vida, essa é a questão. Não sei se quero ser advogada, publicitária, pedagoga, Vingadora, ou sei lá o que. Principalmente Vingadora. Eu quero, não irei mentir, mas acontece que eu tive tanto medo dos meus poderes que não sei se conseguirei usá-los para ajudar mais pessoas. Talvez eu consiga, talvez não, nunca se sabe. – suspirei profundamente.

—Entendo. Então você não pretende se formar? – soltei uma risada nasal.

—Não. Na verdade, não sei. Enfim, com tudo isso que aconteceu nessa semana com Ultron e afins, eu descobri que quero ser feliz. E agora que todos sabem a verdade, eu sinto que posso ser feliz sem demais preocupações. – expliquei exibindo um sorriso.

—Então a senhora está me dizendo que não era feliz? Bom saber disso, heroína.— ri ao notar o tom irônico da palavra heroína. Ergui meu tronco, ficando de frente para ele.

—Eu já disse que eu amo quando você faz drama? – perguntei sorrindo. Tyler revirou os olhos, me beijando logo depois.

—Você vai ficar de falação... – eu não precisei deixá-lo terminar a frase para saber do que se tratava.

E é óbvio que naquele momento eu deixei de falar pelos cotovelos, como sempre fazia.

***

—Melinda! Você vai se atrasar! – escutei Michelle gritar do outro lado da porta. Soltei um resmungo, abrindo os olhos como podia. Enquanto levantava da cama, tropecei em alguns lençóis e cai. Se isso não acontecesse eu não me chamaria Melinda. – Que barulho foi esse? Caiu de novo? –

Levantei, agora do chão, e fui até a porta, abrindo-a.

—Sim, eu cai de novo. E não, eu não irei me atrasar pois não vou para a escola. Eu ajudei a salvar o mundo! Preciso de um dia de folga, não acha? – falei coçando os olhos. Acorda, Melinda!

—Dia de folga ou a semana de folga? – ela levantou a sobrancelha.

—Se você acha que a semana de folga pode ser uma recompensa por mim tudo bem. – dei de ombros.

—Apenas hoje, Melinda. Agora desça. Não importa se salvou o mundo ou não, você não irá passar o dia todo dormindo. – abri a boca inconformada.

—Mãe! –

—Não quero saber. O café está na mesa. Bom dia, Tyler. – ela olhou sob o meu ombro.

—Bom dia, tia. – escutei sua voz rouca.

—Desça você também e tome café conosco. – Michelle praticamente intimou antes de dar as costas e sair.

—Sim, senhora. – ouvi Tyler murmurar e logo após uma risada. – Vocês não negam ser mãe e filha. – fechei a porta.

—Eu vou tomar um banho e descer. – suspirei. – Realmente estou precisando de café. – disse tirando a calça e entrando no banheiro.

Tyler só entrou quando eu já estava saindo. Ao sair do quarto vi que ele arrumou a cama perfeitamente, com direito a lençol milimetricamente dobrado e tudo.

Ah, se eu quisesse casar. Tyler e eu nesse momento já estaríamos no altar. Porém, casar com um significa ter apenas um.

Vesti um short jeans e uma camisa vermelha de malha com mangas longas, calcei meu chinelo e enquanto penteava meu cabelo Tyler saiu. Rapidamente se vestiu e saímos do quarto.

Michael passou praticamente correndo.

—Bom dia para você também. – ironizei o que fez com que ele parasse e virasse na minha direção e de Tyler.

—Bom dia. Me desculpe, meninos. – ele pediu.

—O que houve? – Tyler questionou primeiro que eu.

—Eu tenho uma missão. Tipo, agora mesmo. –

—Ué, então vai. – ele assentiu e voltou a andar apressado.

—É, vida de agente da S.H.I.E.L.D. não é fácil. – o garoto ao meu lado murmurou.

Chegamos na cozinha e demos de cara apenas com Will e Michelle.

—Bom dia. – disse bagunçando o cabelo de Will e sentando no meu lugar.

—Bom dia. – ambos responderam. – Quando foi que o Tyler chegou aqui de novo, Mel? – Will perguntou comendo seu waffle.

—Ontem, depois que você saiu do meu quarto. – respondi.

—Eu não ouvi a campainha tocar. – ele murmurou confuso.

 

—É que eu já estava esperando ele, Pirralho. – peguei minha xícara e coloquei café.

—E o que vocês fizeram? Ele dormiu com você? – dei de ombros.

—Sim, dormimos. – o espírito curioso dele não parou.

—E o que vocês fizeram? – ergui o olhar e vi que seus olhos brilhavam de curiosidade.

—Ah, nós tran... – Tyler e Michelle me cortou:

—Melinda! – encarei os dois confusos.

—O que? Um dia ele irá saber sobre isso e fazer isso. – justifiquei-me.

—Sim, mas não precisa ser agora, não acha? –

—Ué. Quanto mais cedo a educação sexual começar, mais cedo ele irá ter consciência sobre certas coisas. – dei de ombros voltando a comer.

—O que é educação se... – Will tentou falar, mas Tyler o interrompeu mudando de assunto:

—Tia, e o Adam? –

—O Adam saiu cedo, querido. – sua resposta seguiu de um suspiro.

—Nem imagino o porquê. – resmunguei revirando os olhos. – Enfim, Pirralho, eu posso te deixar na escola hoje. O que acha? –

—Eu quero! – ele sorriu de orelha a orelha.

—Ótimo. Então cuide porque se não você irá se atrasar. – ele terminou de comer seu waffle e saiu correndo para seu quarto.

—Por que você vai levá-lo a escola hoje? O que está aprontando, Melinda? – Michelle indagou arqueando a sobrancelha.

—Eu não quero que o Will pense que com toda essa minha situação com o Adam ele acabe se sentindo excluído. Lógico, estou mal por causa do que está acontecendo com o Adam, mas não posso deixar isso afetar no meu relacionamento com o Will. – respirei fundo. – Fora que é isso ou arrumar o quarto. E, definitivamente, não quero arrumar meu quarto. – olhos revirando e uma curta risada foi a resposta da minha mãe.

—Ty, eu estava pensando em... – me interrompi quando vi o olhar dele fixo no celular. – Tyler? – o chamei. Sem respostas. – Hey. Tyler. – toquei em seu ombro, fazendo-o sair do transe. – O que foi? –

—Ele voltou. – sussurrou. Franzi as sobrancelhas. – Ele voltou, Melinda. Meu pai voltou. – Tyler rosnou.

—Que? Como assim ele voltou? Depois de 15 anos? –

—Sim. – ele resmungou. – Mas que inferno! – Tyler socou a mesa fazendo as coisas tremerem um pouco. – Estávamos muito bem sem ele. –

 

—Onde ele está agora, querido? – minha mãe questionou se aproximando.

—Em casa. – levantei da cadeira. – Onde você vai? – seu olhar caiu sobre mim.

—Para sua casa. Vamos. Let's go! – falei começando a andar para a saída da cozinha.

—Estou pronto, Mel. – Will apareceu na minha frente com um largo sorriso. Droga. Esqueci que tinha me oferecido para levar ele para a escola.

—Will, hoje você vai comigo, tudo bem? A Melinda tem um assunto para resolver com o Tyler. – minha mãe falou fazendo o sorriso sumir do rosto do Pirralho.

—Mas você disse que ia me levar, Mel. – ele murmurou tristonho.

—Olha, Pirralho... – senti a mão de Tyler em meu ombro.

—Leve ele à escola, eu vou resolver isso sozinho. –

—Mas... –

—Está tudo bem. – ele me interrompeu. – Eu consigo. E se eu não conseguir, eu chamo você. Tudo bem? – pensei em contrariar, mas eu sabia que ele precisava tentar resolver isso sozinho.

—Você tem a manhã para resolver isso sozinho. Se não me mandar mensagem às 12:00 AM eu vou bater na sua casa. Entendido? – ele sorriu e assentiu, inclinando e dando um beijo em minha testa. – Boa sorte. – disse quando ele abriu a porta da casa. – Ele nem terminou o café. – murmurei revirando os olhos. – Vamos? Ou você vai se atrasar. – falei passando pelo Pirralho e pegando as chaves do carro.

—Mas quem sempre se atrasa é você, Mel. – soltei uma risada abrindo a porta.

—E você vai para à escola com quem mesmo? Prometo que vou respeitar os limites de velocidade. – esclareci para minha mãe que me encarava com um olhar sério. – Juro, mamacita. – foi a última coisa que eu disse antes de fechar a porta. Will e eu entramos no carro e logo dei a partida.

—Mel? – o olhei rapidamente de soslaio. – Eu posso conhecer os Vingadores? – sorri.

—Eu posso falar com eles, Pirralho. Agora você não pode contar a ninguém, ok? Tanto sobre você conhecer os Vingadores como sobre meus poderes. – ele assentiu.

—Mas se você é uma Vingadora todo mundo vai saber sobre seus poderes. – suspirei.

—Eu não sou uma Vingadora, Will. – expliquei virando em uma esquina. – E mais ninguém pode saber sobre meus poderes, ok? Sabe-se lá o que aconteceria se as pessoas descobrirem isso. – murmurei.

—Tudo bem. Ei! Eu vou conhecer o Hulk? – e lá estava o olhar empolgado seguido por um enorme sorriso.

—Não, pelo menos não agora. –

—Por quê? Ele não quer me conhecer? – o sorriso foi sumindo.

—Não é isso. O Hulk está passando por uns problemas, Pirralho. – suspirei. – Ele precisa de um tempo só para ele, entende? –

—Mas ele volta logo? – respirei fundo.

—Esperamos que sim. – sorri fraco e parei em um semáforo que estava vermelho. – Então? O que aconteceu nesse tempo em que estive fora? – o encarei.

—Nada. A gente só queria saber onde você estava. – ele deu de ombros brincando com sua mochila.

—Nossa. Que chato, hein? Ainda bem que eu fui salvar o mundo. Caso contrário, morreria de tédio. – resmunguei voltando a dar a partida assim que o sinal ficou verde.

—Mel, quando você vai me mostrar seus poderes? – senti seu olhar sobre mim.

—Hoje depois da escola, talvez. – dei de ombros. – Mas só se eu não tiver nada para fazer, tudo bem? – o olhei de relance, vendo-o assentir.

Parei o carro em frente a escola e observei os capetinhas conversando uns com os outros. Olhei para Will e vi que ele estava encolhido no banco.

—O que foi, Pirralho? – indaguei confusa. – Nós já chegamos. –

—A gente não pode ficar aqui mais um tempinho? – franzi as sobrancelhas.

—Por quê? Sabe que eu não posso ficar com o carro parado aqui. – expliquei. Will se encolheu mais ainda no banco. – Pirralho, o que aconteceu? – perguntei séria.

—Nada. –

—Você sabe que eu sei quando está mentindo. Eu sou a rainha das mentiras, William. Anda, desembucha. – falei tirando o cinto e me ajeitando no banco, para encará-lo melhor. Em vez de me responder ele apenas olhou para fora do carro. Segui o olhar dele e encontrei um grupo de meninos mais velhos. Deviam ter uns 12 anos. – Quem são aqueles projetos de capetas? – nenhuma resposta. – Pirralho, por acaso eles estão mexendo com você? –

—Não. – o encarei com um olhar sério. – Sim. – murmurou.

—Por quê? –

—Porque eu sou menor que eles. – ele deu de ombros.

—Típico. – resmunguei.

—Eles mexiam com você também, Mel? – Will questionou e logo em seguida o carro de trás buzinou. Ignorei.

—Não. Na verdade, eu mexia com eles. – o Pirralho me encarou surpreso. – Eu fazia pegadinhas, ora essa. Não importava se eram maiores que eu ou não. Bobeava recebia uma surpresa. – soltei uma risada. – Eu simplesmente não deixava eles mexerem comigo e você fará o mesmo. Agora saia desse carro, entre naquela escola e assista suas aulas. Anda. –

—E se eles mexerem comigo? –

—Ignore. Se persistirem, dê um jeito de fazê-los pararem. – falei soltando o cinto dele.

—Que jeito? –

—Você quem vai saber. – novamente a buzina. Bufei e baixei o vidro, botando metade do corpo para fora. – Eu estou dando uns conselhos para o menino aqui. Está apressado largue o capeta aí mesmo ou espere! – gritei voltando para dentro do carro. – Não faça isso. – adverti.

—Eu podia dizer que você tem poderes. – sorri esticando meu corpo e abrindo a porta.

—Seria legal, mas você não pode dizer isso. Lembra? – Will assentiu. – Agora vá. Estou olhando você daqui. –

O Pirralho saiu do carro e fechou a porta. Fiquei observando ele caminhar até o prédio e foi quando vi os filhos de Satã se aproximando dele.

Will continuou andando, vi suas mãos apertarem as alças da mochila enquanto apressava os passos. Os garotos entraram na frente dele, parando-o. Will tentou passar, mas um dos garotos o empurrou, fazendo ele cair.

Resmunguei um palavrão e sai do carro. Mais buzinas soaram ao me virem sair do carro. Dei o dedo e parei ainda perto do carro. Will tinha se levantado. Cruzei os braços, esperando.

—Vamos, Pirralho. Mete logo um gancho de direita nele. Ou um chute nos países baixos. Isso sempre funciona. – murmurei. E, de fato, Will fez alguma coisa. Chutou a canela do garoto. Soltei uma risada vendo a careta de dor do menino.

Ao ver que os outros três iam bater nele, ergui um pouco minha mão. Os garotos deram de cara com o escudo. Aproveitando o momento de confusão deles, desativei o escudo e movimentei um pouco meus dedos, apenas o suficiente para fazer com que os quatro caíssem no chão.

As outras crianças começaram a rir.

William olhou na minha direção. Trouxe meu indicador até meus lábios, pedindo segredo. Ele sorriu e saiu correndo para dentro da escola.

Satisfeita com minha pequena vingança – sim, eu sei o quanto usar meus poderes com crianças foi errado – dei meia volta me preparando para voltar para o carro, mas parei quando notei que uma menina me encarava.

Fechei a cara e a encarei de volta. A garota saiu correndo e eu abri um sorriso. Buzinas e xingamentos vieram dos carros parados atrás do meu. Abri a porta do carro e virei-me para eles, que ainda buzinavam.

—Ah, vão catar coquinhos! – gritei entrando no carro e dando a partida. – Depois me perguntam por que eu não quero ter filhos. – resmunguei revirando os olhos.

***

—Você demorou. – Michelle falou assim que eu abri a porta de casa.

—Achei que fosse trabalhar. – disse sentando no sofá vago. – Que papéis todos são esses? – indaguei olhando para aquele monte de folhas espalhadas pela mesinha e no sofá em que ela estava.

—Eu trouxe o trabalho para casa. Não ia conseguir olhar toda essa papelada com o insuportável do Hermes me importunando. – explicou sem me encarar.

—Sabia que tem uns garotos mais velhos importunando o Will? – foi só eu terminar de falar para ela deixar os papéis de lado.

—Que? – indagou me encarando. – Há quanto tempo? –

—Não faço a mínima ideia. – suspirei. – Chegamos lá e ele não queria descer porque os garotos estavam lá. Eu mandei ele sair do carro e disse que se os garotos continuassem a importuná-lo, era para ele fazer alguma coisa. – dei de ombros.

—Tipo o que? Bater nos garotos? –

—Ué, eu não ia mandar ele aceitar tudo isso calado! O Will não pode passar sua vida escolar sendo perturbado por um bando de idiotas, pode?– retruquei.

—E o que aconteceu? – ela coçou a nuca.

—Ele saiu, os garotos foram atrás dele e o derrubou, Will chutou a canela de um e quando vi que os outros partiriam para cima eu intervi. – expliquei omitindo a parte dos poderes.

—Meu Deus. Você gritou com os meninos! – ela cobriu o rosto. Soltei uma risada. – Espera. Você apenas conversou com os garotos, não foi? –

—Lógico que sim. – menti. Eu não tinha trocado nem um com os capetinhas.

—Você usou seus poderes? – sua voz subiu algumas oitavas. – Com crianças? –

—Ei, calma. – pedi antes que ela fizesse mais alarde. – Eu usei apenas o escudo. Eu estava longe demais, não conseguiria chegar a tempo antes dos garotos baterem nele. –

—Os garotos se machucaram? –

—Acha que se os garotos tivessem se machucado eu estaria falando nessa calma? – arqueei a sobrancelha. – Eles estão bem, mas eu terei um papo com os filhos de Satã quando for buscar o Pirralho. –

—Não precisa. Eu vou buscar o Will e converso com a professora. – soltei uma risada.

—Conversar com a professora nunca ajuda. Quando eu fazia minhas pegadinhas e os professores vinham conversar comigo nunca funcionava. – sorri cruzando os braços.

—Você conseguiu dar mais trabalho na escola que o Adam e o Will juntos. – ela riu balançando a cabeça.

—Mas eu tirava notas boas, admita. Enfim, eu vou buscar ele, não se preocupe. – falei levantando e subindo para meu quarto. Peguei meu celular e desci enquanto olhava as mensagens. Nada do Tyler. – Mãe? O Tyler não deu notícias? – sentei no sofá novamente.

—Não. Ele ainda deve estar conversando com o pai. – ouvi um suspiro. – Melinda, precisamos conversar. – a encarei.

—Não me lembro de ter feito merda esses dias. Tirando o fato de ter ido lutar contra o fim do mundo e não ter mandado notícias. – sorri.

—Não é sobre isso. Na verdade, é sobre o que te fez ir lutar contra o fim do mundo. – franzi as sobrancelhas confusa, então me lembrei do que ela falava.

—Ah. – soltei em um murmúrio. – Que bom que você falou sobre isso, porque eu ia mesmo perguntar só que esqueci. Como foi o funeral dela? –

—Melinda, não houve funeral. – franzi as sobrancelhas.

—Como não? Mãe, vocês não fizeram o funeral da minha avó? – questionei incrédula.

—Não podíamos fazer isso sem você, Melinda. –

—Não podiam cremá-la sem mim? – arqueei a sobrancelha.

—Nós cremamos ela, querida. – ela respondeu calmamente. – Mas não podíamos continuar sem você. – franzi as sobrancelhas confusa. Até que entendi.

—Não! – falei negando com a cabeça para mostrar o quanto eu não queria fazer aquilo.— Eu não vou fazer isso. Não vou. –

—Melinda... –

—Não, mãe! Eu não vou fazer isso! – levantei do sofá passando as mãos pelo cabelo. – Eu disse isso a ela, eu disse que não conseguiria. –

—Era o única desejo dela. Você sabe. – Michelle levantou, deixando definitivamente seus papéis de lado naquele momento.

—Eu sei. – sussurrei sentindo meus olhos marejarem. – Toda vez que ela trazia esse assunto à tona, eu dizia a minha avó que ela poderia me pedir qualquer coisa, menos isso. –

—Querida, eu achei que estava tudo bem para você. Achei que as consultas com o dr. Palmer estavam ajudando. – neguei com a cabeça.

—Não tínhamos tocado nessa parte ainda. Mãe, eu não consigo. Tudo bem. Eu aceitei tudo que tinha acontecido, aceitei que parte da culpa não foi minha, aceitei que eu podia controlar essa droga de poderes, mas isso? Isso eu não consigo! É demais para mim. – disse tentando controlar minha respiração.

Eu estava ofegante. Eu estava com medo.

—Você sabe que isso não precisa ser feito agora. Melinda, o que acha de falar com o Richard? – ela sugeriu cautelosa.

—Não! Eu não consigo e também não quero fazer isso! – respondi de imediato. A voz ficando embargada. – Não quero porque eu sei que assim que eu pisar em Washington eu... – parei por um tempo procurando forças para continuar. – Porque eu sei que assim que pisar em Washington tudo vai voltar com uma enxurrada de memórias. A explosão, a culpa, a dor... tudo. Então todas aquelas consultas não serviram para nada! – as lágrimas começaram a cair.

—Melinda... – ela deu um passo na minha direção. Eu me afastei, fazendo-a parar.

 

—Vocês deviam ter feito isso no tempo que eu estava fora. Eu não iria me importar, mãe. –

—Não podíamos fazer isso sem você, querida. Você sabe. Sua avó queria que você estivesse presente. –

—Eu sei. – sussurrei. – Mas ela vai entender. – passei minha mão pelo rosto, limpando qualquer resquício de lágrimas. – Ela vai entender. – peguei meu celular e as chaves do carro que estavam sobre o sofá.

—Onde você vai? – questionou preocupada.

—Não se preocupe. Eu não vou atrás de qualquer outro vilão que queira dominar o mundo dessa vez. – respondi com um pouco de sarcasmo. – Eu vou até a Torre. Ver como os Vingadores e a Wanda estão e se tem notícia do Bruce. Eu vou ficar bem. – virei-me em direção à porta e dei de cara com Adam. Ele estava parado perto da porta, encarando tudo no mais absoluto silêncio.

Respirei fundo e passei por ele, saindo de casa. Entrei no carro e dei a partida. Enquanto dirigia lembrava das palavras da minha mãe, do desejo da minha avó de ter suas cinzas guardadas na cripta da família Walker perto do seu filho, da explosão...

Comecei a socar o volante repetidamente ao mesmo tempo que tudo voltava à tona.

"Nunca entre nos laboratórios sem um adulto, ouviu, filha?"

"Você irá procurar a Kimberly e pedir que ela chame seu pai. O Richard pode está mexendo com algo perigoso."

"Saia já daí! Corra! Saia de perto disso!"

"Garotinha, seu pai está morto."

"Sabe, criança, se você se juntar a mim, pode ter sua família e amigos protegidos."

Uma buzina consideravelmente alta me fez sair do transe e deixar o saco de pancadas – vulgo, o volante – de lado e voltar a prestar atenção no trânsito.

O semáforo estava vermelho e eu tinha ultrapassado ele bem no meio de um cruzamento movimentado. Pisei no freio bem no momento em que um carro passava na frente no meu.

A lei da inércia foi aplicada e meu corpo foi puxado para a frente, onde acabei batendo a cabeça no volante com força. Soltei um palavrão levando a mão até a cabeça, sentindo meus dedos ficarem úmidos. Ótimo.

—Sua idiota! Presta atenção no trânsito! Só podia ser uma mulher no volante! – o homem do carro à frente gritou.

—Ah! Vá plantar batatas! Aproveite e pegue esse machismo e enfie bem no meio do seu cu! Passar bem! – gritei devolvendo a grosseria e dei a partida, voltando a dirigir rumo à Torre.

Eu precisava de alguma coisa normal na minha vida nem que fosse por um tempo. E que coisa mais normal que deuses, aprimorados, andróides e tudo mais?

***

As portas do elevador abriram no andar comunal. Observei pela última vez minha testa no reflexo do elevador. O corte causado pela forte batida contra o volante ainda sangrava um pouco, mas nada para se alarmar.

Sai da cabine e caminhei majestosamente até a sala de estar, onde todos estavam.

—Olá, chuchus da minha horta. Sentiram minha falta? – falei exibindo um enorme sorriso e abrindo os braços.

—Melinda? – ignorei o tom surpreso na voz de Steve.

—O que você faz aqui? – Tony indagou fazendo-me parar no meio do caminho.

—Bom, eu achei que nós éramos amigos o suficiente para eu poder vir visitar vocês sempre que quisesse e quando vocês pudessem. Contudo, dado essas circunstâncias acho que eu confundi tudo e o que tivemos foi apenas um trabalho sem laços afetivos no final. Então, eu vou indo. Hasta la vista, baby! – dei as costas para eles e comecei a caminhar de volta para o elevador.

—É impressionante a quantidade de drama que cabe em você, Melinda. – ouvi a voz de Natasha e mesmo sem olhá-la sabia que sorria. Do jeito dela, claro.

—Eu sou uma pessoa com várias personalidades, qualidades, defeitos e tudo mais. – falei voltando para perto deles. – Então, como vocês estão? – me joguei no sofá que era ocupado apenas por Tony, que estava do outro lado do estofado.

—Estamos bem. O que foi isso na sua mão? – Tony questionou olhando para minha mão sobre o encosto do sofá. Olhei para minha mão e rapidamente a escondi atrás de mim, onde ninguém podia ver.

—Nada. – respondi simplesmente. – Eu também estou muito bem, obrigada por perguntar. – ironizei soltando uma risada.

—Em quem você bateu, Pirralha? – maldita curiosidade!

—No meu volante. – bufei tirando minha mão do esconderijo. As juntas dos meus dedos estavam sangrando, mas nada demais para se preocupar.

—Bateu a cabeça no volante também? – Thor perguntou.

—Sim. – dei de ombros levando a ponta dos dedos até o corte. O sangue já estava um pouco seco. Foi quando notei os olhares confusos dos presentes. – Eu tive um pequeno surto no meio do caminho para cá e comecei a socar o volante, quase causei um acidente e para evitar o dito cujo eu acabei ganhando esse corte na testa. Porém, não se preocupem. Fator de cura avançado, lembram? Então está tudo bem. – expliquei voltando a relaxar o corpo no sofá.

—E por que diabos você estava socando o volante? Ele por acaso foi para a esquerda quando, na verdade, você queria que ele fosse para a direita? – Wanda debochou. Bom saber que ela já está fazendo piadinhas.

—Eu tive uns pequenos probleminhas e precisava extravasar a raiva. O dr. Palmer disse que socar alguma coisa é uma ótima forma de fazer isso. – suspirei. Minha atenção foi para duas pessoas que acabaram de entrar na sala de estar. – Hey, Coronel! – bati uma continência rindo. – Olá, Piu-Piu! – acenei dando um sorriso de lado.

—Melinda? O que faz aqui? – assobiei com a pergunta de Sam.

—Acho que minha ilustre presença não é mais tão bem vinda assim por aqui. – resmunguei.

—O que aconteceu com você? Levou outra surra do Ultron? – Rhodes debochou.

—Haha. Que engraçado. É muito fácil chegar apenas no final da luta e dizer que ajudou, não é, Coronel? – alfinetei com um sorriso cínico. – Tem mais alguma piada épica como da outra vez? – ele revirou os olhos, fazendo-me rir.

—Touché. – Rhodes resmungou.

—Notícias do Bruce? – olhei para os demais.

—Não, nenhuma. – Natasha respondeu. Bufei indignada.

—Juro que assim que aquele cientista fofo der as caras por aqui ele será um cientista fofo com a cara deformada da surra que vai levar. Ok, eu não teria coragem de danificar aquele rostinho maravilhoso dele, mas que ele vai levar uma surra, ah, vai! Onde já se viu sumir e não dar notícias? Se está vivo, se bebeu água para evitar pedras nos rins, se tomou banho ou se... por que vocês estão me encarando desse jeito? – indaguei confusa vendo as sobrancelhas arqueadas dos presentes.

—Não foi você que praticamente entrou no caminho da morte e não deu nem se quer uma única notícia para seus pais? – e a fatídica sobrancelha estava arqueada.

—Golpe baixo, Romanoff. – fiz biquinho.

—Por falar na sua família, Melinda, como foi a conversa com eles? Ocorreu tudo bem? – Steve perguntou educado.

—Ah, sim, claro. Meus irmãos e amigos me surpreenderam, devo admitir. – dei de ombros.

—Sabe, nós não precisamos da Natasha para saber que você está mentindo. – Tony falou me encarando.

—Mas que saco, hein? É, a conversa foi uma grande merda, mas não importa. Estou com a consciência limpa agora. Obrigada, de nada. – cruzei os braços. – E não, Thor, não quero falar a respeito. – cortei o deus assim que vi ele abrindo a boca. – Pelo menos não agora. Eu já recebi mais um problema hoje de manhã e não quero relembrar todos eles e que todos foram causados por uma garotinha estúpida de 6 anos. – suspirei. – Próximo tópico da conversa? – pedi sorrindo.

No entanto, antes que os Vingadores pudessem insistir na minha conversa com minha família ou mudar de assunto, o barulho do elevador atraiu a atenção de todos.

Amélia e Richard entraram na sala, o que me fez franzir a testa. Não por causa da Amy, e sim pelo dr. Palmer estar ali.

—Bom saber que você ainda está viva. – ela falou assim que seu olhar encontrou o meu.

—Por que estou sentindo que vocês estão aqui por minha causa e não para um encontro casual entre amigos? – indaguei ainda com a testa franzida.

—Porque você tem um ótimo sexto sentido. – ela respondeu cruzando os braços. – Precisamos conversar, você não acha? –

—Não, não acho. Sabe por que? Porque ontem eu pedi para você aparecer lá em casa para falarmos sobre a conversa com os meninos em relação aos meus poderes e sabe o que aconteceu? Sim! Você não apareceu! E nem mandou uma mensagem avisando que não poderia ir! Então, Rivera, se é para ter uma conversa com você será meu punho na sua cara. – cruzei os braços e virei o rosto.

—Desculpa por não ter avisado. Eu estava resolvendo outro assunto. – ela se justificou.

—Eu não me importo. – disse pausadamente.

—Sem drama, Lindinha. Ei! O que foi isso na sua testa? –

—Eu acho que isso não te interessa. – respondi.

—As vezes eu acho que você não tem 17 anos, sério. – ela bufou. – Como você está? Eu soube da conversa mais cedo. – deixei a birra de lado e encarei ela com os olhos levemente arregalados.

—Meu pai eterno! A minha mãe tem que aprender a não contar meus problemas para você! Pela barba de Netuno! – falei exasperada.

—Lindinha, não foi a Michelle quem falou comigo. Foi o Adam. – Amélia me corrigiu. Essa correção me deixou um pouco desorientada, admito.

—Espera. Calma. O Adam falou com você? – interpelei.

—Sim. Ele disse que chegou em casa e encontrou você e sua mãe falando sobre a sua avó. Incluiu que você saiu de casa visivelmente alterada e pediu para eu conversar com você. Porém, como se trata desse assunto específico eu resolvi chamar o dr. Palmer. – revirei os olhos.

—E eu ainda tinha uma pequena esperança de você ter vindo aqui como amigo e não psicólogo. – disse ao Richard que deu um leve sorriso. – Então quer dizer que o Adam deixou o orgulho dele de lado e pediu para você me ajudar? Uau. Se bem que se fosse eu no lugar dele faria a mesma coisa. – dei de ombros. – Mas pediria para você não contar que fui eu quem liguei. –

—Ele pediu, mas eu resolvi falar mesmo assim. – ela respondeu fazendo pouco caso desse detalhe. – Eu notei que vocês não estão bem. O que rolou na conversa ontem? – suspirei me preparando para começar a relatar o que aconteceu na noite anterior.

—Melinda, se você quiser ter uma conversa particular com a Amélia e o Richard pode usar o laboratório do Bruce. – Steve falou gentilmente. – Acredito que ele não se importaria. –

—Não precisa, Cap. Vocês também podem saber. Se bem que até parece que o Tony não iria dar um jeito de ouvir a conversa. – encarei o bilionário que sorriu.

—Você me conhece tão bem. – O Cabeça de Lata comentou.

—Se fosse eu faria a mesma coisa. Vale até ouvir atrás da porta. – ri prendendo meu cabelo em um coque. – Bom, quando sai daqui eu ainda enrolei um pouco antes de ir para casa. Quando cheguei, Will e meus pais me receberam muito bem, mesmo sem eu ter mandado uma mísera notícia. Já o Adam me recebeu com três pedras na mão, nem um oi ele me deu. – resmunguei indignada. – Acontece que eu disse que iria contar tudo, mas só quando os meninos chegassem. Meus amigos chegaram e eu... bom, tentei fugir. – falei baixinho.

—Fugir? Tipo... sair correndo? – Sam arqueou a sobrancelha.

—Eu realmente sai correndo, mas não me deixaram fugir pela tangente. Eu nunca quis tanto ter a capa da invisibilidade do Harry Potter como naquele momento. – soltei um suspiro desolado. – Então eu contei toda a história. Comecei do dia da explosão, depois fui para a parte do hospital e do enfermeiro com uns parafusos a menos, contei que o Michael me ajudou a controlar um pouco minhas emoções para evitar que meus poderes fossem expostos. Aliás, ele contou que era um agente da S.H.I.E.L.D., caso queiram saber. Contei do dia de pegadinhas, S.H.I.E.L.D., HYDRA, terapeuta novo mega gato, Vingadores, Ultron e afins. Eu realmente botei as cartas na mesa ontem. – eu estava orgulhosa de mim mesma por ter conseguido explicar o que aconteceu de uma forma bem resumida.

—E a reação deles? Pelo jeito que você chegou aqui, não parece ter sido das melhores. – Visão comentou atraindo minha atenção para ele.

—E, de fato, não foi. Acho que quem teve a melhor reação foi Will, até meus pais me deram um pequeno esporro por não ter mandado notícias. – revirei os olhos. – O Charlie disse que ficou um pouco ressentido por não saber a verdade, mas disse que entendia meu lado, pelo menos uma parte. Chris disse que precisava pensar. E o Adam... bem, o Adam explodiu e ficou com raiva de mim. É isso. Na verdade, ele ficou com um pouco mais de raiva por ter mentido tanto para ele. – encarei minhas mãos sobre meu colo. – Acontece que, pelo que eu entendi, Adam não me culpa por ter causado a morte do nosso pai e avó. Ele apenas... –

—Ficou magoado por você não ter contado a verdade. – Wanda completou.

—Sim. – sussurrei ainda sem encarar qualquer um dos presentes. – Problemas a parte, eu estou bem. Não totalmente bem, claro, mas ainda sim bem. Pelo menos nessa parte. Eu contei a verdade e parece que livrei minhas costas de um fardo, sabe? Eu sei que o Adam precisa de um tempo para ele e se esse tempo levar mais de um mês eu prendo ele no sótão, como da última vez. Assim como a Chris também precisa de um tempo para assimilar tudo isso. Acho que se eu estivesse no lugar deles faria o mesmo, mas no final ficaria feliz por minha amiga ter poderes. Sabem o quanto isso soa fantástico? Ah, claro que vocês sabem. – soltei uma risada. – São todos heróis, não é mesmo? Ai, ai. –

—Certo. E hoje de manhã? – Amy indagou e o alerta se alastrou dentro de mim.

—Mano do céu! Vocês já viram a hora? – olhei para meu pulso fingindo ter um relógio ali. – Céus! Está tarde. Eu tenho que buscar o Pirralho na escola. É uma pena que a conversa tem que ficar para outro dia. Até mais. – levantei do sofá, porém Amélia me deu um leve empurrão que foi o suficiente para me fazer sentar de volta.

—Você só sai daqui depois que conversarmos. – sua voz saiu autoritária.

—Estraga prazeres. – cruzei os braços, emburrada.

—O que aconteceu, Melinda? – ela se agachou na minha frente para me encarar nos olhos.

—Eu não tenho mais 6 anos, Amélia. Não precisa falar comigo como se eu fosse uma criança! – revirei os olhos. – Minha avó só tinha um único desejo quando morresse: que ela fosse cremada e suas cinzas ficassem guardadas na cripta da família. –

—E por que você ficou tão... perturbada com esse assunto? –

—Como assim por que, Amélia? Se trata de voltar para Washington! Voltar para o lugar onde tudo isso começou, para o lugar onde eu matei meu pai, o lugar que eu não ponho os pés desde aquele fatídico dia. Foi por isso que fiquei tão perturbada com isso. – respondi encarando ela nos olhos. – Satisfeita? –

—Estou vendo que você não é 100% sincera nas nossas conversas sobre traumas, não é, Melinda? – dr. Palmer disse cruzando os braços.

—Agora você está realmente interpretando meu psicólogo? É só para eu saber. –

—Eu estou aqui como seu psicólogo e seu amigo, Melinda. – ele foi taxativo.

—Ok, mas na real eu quero saber quando você será o ficante. Ficar fazendo cu doce o tempo todo não dá, né? – sorri provocando-o.

—Melinda! – Steve me repreendeu sério.

—Desculpe se eu ofendi seu vocabulário certinho, Capicolé, mas quem devia levar uns esporros é o doutorzinho ali. – apontei para Richard que arqueou a sobrancelha. – Ele está me iludindo. Diz que nós temos alguma chance, mas quando eu tento avançar uma casa, ele dá para trás! Não se brinca com os sentimentos de uma jovem, sabia? Ainda mais se essa jovem for eu! –

—Até parece que você liga para isso. – Tony revirou os olhos. – Você só quer transar com ele, todos sabemos. –

—Tony! – agora era o Homem de Lata quem estava sendo repreendido pelo vocabulário culto do Capitão América.

—Vai me dizer que estou errado? – Stark retrucou.

—Acho que estamos fugindo do assunto principal. – Visão interrompeu o pequeno bate boca e me encarou.

—Seu Relâmpago Marquinhos de uma figa! – falei entredentes.

—Ralâmpago Marquinhos de uma figa? – e lá estava a testa franzida do Capitão Rogers.

—Desiste, Steve. Mesmo se você entender todas as referências do mundo não conseguirá compreender metade dessas expressões que a Melinda usa. – Natasha se pronunciou com um sorriso divertido nos lábios.

—Voltando para o assunto Melinda e Washington. – o Falcão disse atraindo meu olhar nem um pouco amigável para ele. – Desculpe. Estou curioso. –

—A curiosidade matou o gato! Passarinho, no caso. – resmunguei.

—Você conversou com sua avó sobre isso, Melinda? Sobre esse medo? – dr. Gostoso Palmer retomou o assunto graças a um passarinho com a língua solta.

—Não é medo! – neguei na cara dura. – Eu só não consigo fazer o que ela pediu. E sim, eu falei com ela. Toda vez que a dona Juliet trazia esse assunto à tona eu falava que eu não iria fazer isso. Eu não tenho capacidade, entende? Não tenho uma estrutura emocional forte o suficiente para aguentar tudo aquilo de novo. Não dá! – encostei o tronco no encosto do sofá. – Juliet vai me desculpar, mas eu não vou fazer isso. Ela vai entender, eu sei que vai. – soltei um sorriso amarelo. – Ela vai, não vai? – olhei para cada um deles. Temerosa.

—Melinda, desde o dia da explosão você não pisa em Washington? – neguei a pergunta de Rhodes com a cabeça. – Então desde aquele dia você nunca visitou o túmulo do seu pai? –

—Não. Eu não tive coragem. – sussurrei cabisbaixa. – O Adam ia algumas vezes, sempre que podia com a minha mãe. Eles me chamavam, mas eu nunca aceitei o "convite". –

—Por quê? – a voz do Deus do Trovão se fez presente.

—Medo. – novamente minha resposta não passou de um sussurro. – No início eu não queria ir porque eu achava que meu pai me culpava por ter matado todas aquelas pessoas, inclusive ele próprio. No entanto, com o passar dos anos e a falta de controle sobre meus poderes... – encarei minhas mãos. – Eu achei que voltar a Washington seria o passe livre para meus poderes aparecerem e eu gerar outro acidente e machucar ou, talvez, até matar mais alguém. Então os anos foram se passando e o desejo de voltar à Washington nunca mais existiu. –

—E você não acha que agora que sabe controlar seus poderes é uma ótima oportunidade para retornar à Washington? Lógico que a situação é péssima, mas você está entendendo o que estou falando, não é? – assenti para Richard.

—Acho que eu sabendo controlar meus poderes ou não, eu não quero nem pensar em pisar em Washington. Sério. Estou muito bem aqui em New York. – contrariei.

—Você vai poder visitar o túmulo do seu pai, Melinda. E realizar o desejo da sua avó. – Sam tentou me fazer mudar de ideia.

—E vencer mais um trauma relacionado a explosão. – Steve ajudou o amigo.

—É só um túmulo, Sam. – tentei fazer pouco caso, mas nem eu consegui acreditar em mim mesma.

—Você não acha que indo com alguém que você confie, que você sabe que irá estar do seu lado sempre que precisar não te ajudaria a facilitar as coisas? – encarei Wanda.

—Tipo? – pedi.

—O Adam. – Amélia sugeriu.

—O mesmo Adam que não está falando comigo porque eu menti para ele? Ah, claro, Amy! Meu irmão é muito orgulhoso, desista. – cruzei os braços, esperando mais alguma fala de ajuda e solidariedade.

—Sabe que isso não é preciso ser feito agora, não sabe? – assenti. – Então nós podemos trabalhar essa questão juntos, o que acha? –

—E eu tenho escolha, dr.? – dei um sorriso ao ver o sorriso dele. – Ótimo. Na próxima consulta eu apareço sem falta, juro. –

—Amanhã. – ele falou sem hesitar.

—Que? – franzi as sobrancelhas.

—Amanhã. Eu encaixo você em um dos meus horários pela tarde, após a escola. – fechei a cara.

—Ótimo. – resmunguei irritada. – Enfim, meus problemas acabaram. Será que podemos mudar de assunto? Ah, podemos? Que bom! Como está o Legolas e sua linda família de comercial de margarina? –

E aos poucos, mais assuntos foram surgindo e, assim, meus problemas ficaram de lado por ora.

***

—Meu Deus! A hora! – disse levantando aos tropeços. Eu estava atrasada, muito atrasada.

—Vai tirar o pai da forca, Lindinha? –

—Eu ainda estou com raiva de você, Rivera, mas eu vou tirar um Pirralho do Inferno. – disse calçando meu chinelo. – Foi ótimo o papo com vocês, meus amados amigos e Amélia, mas eu tenho que ir. Bon revoar! – sai andando.

—Melinda, o elevador fica para o outro lado. – Sam informou e eu mudei de direção, indo agora para o caminho certo.

—Eu já sabia. Estava apenas testando vocês. – falei fazendo um gesto de dispensa com a mão. – Espero que os filhos de Satã ainda estejam na escola ou vou bater na casa deles. –

—Filhos de Satã? – Thor perguntou confuso.

—Tem uns garotos mais velhos mexendo com o Will. Eu vou ter uma linda conversa com eles agora. – chamei o elevador.

—Você não vai bater neles, vai? – Amélia arqueou a sobrancelha.

—Claro que não. Só irei ter uma conversa de adolescente responsável com crianças estúpidas. – sorri. – Relaxem. Está tudo sobre controle. – o elevador chegou e eu entrei na cabine.

Respirei fundo e quando o elevador  chegou no estacionamento da Torre, fui direto para meu carro.

Pelo retrovisor eu olhei o corte em minha testa e vi que ele já estava sumindo. Fator de cura avançado é uma coisa maravilhosa. Sorri e dei a partida, saindo da Torre e indo em direção à escola do Pirralho.

—Que os idiotas não tenham ido embora. – murmurei. – Espero que eles sejam o tipo de criança que só sai da escola quando o inspetor começar a expulsar os alunos. –

Ao chegar na escola minhas esperanças foram renovadas. As crianças ainda estavam sendo liberadas. Porém, eu encontrei um certo Pirralho sentado na escadaria da escola.

Sai do carro e caminhei na direção dele, que ao me ver levantou e andou na minha direção.

—Você se atrasou de novo, Mel. – sorri ao ver a carinha emburrada dele.

—Desculpa. Te pago um sorvete quando voltarmos para casa, ok? – um sorriso tomou conta dos seus lábios e ele correu, abraçando minhas pernas.

—Ok! – soltei uma risada e olhei para a porta da escola. Os garotos acabaram de sair.

—Will, qual é o nome deles? – o Pirralho olhou para os garotos.

—O que me empurrou é Brad, o de cabelo loiro é Rafael, o com cabelo mais grande é o Mateus e o outro é Tyrone. Por quê? – meu irmão me encarou e eu dei um pequeno sorriso.

—Pirralho, espere aqui uns minutos, sim? Eu já volto. – Will assentiu. Então eu fui até os meninos. – Hey! – sorri atraindo a atenção deles. – Posso bater um papo com vocês? –

—Depende. O que ganhamos com isso? – que tal não ganhar uma surra?

—Dependendo da contribuição de vocês eu pago 10 US$. Para cada. – blefei.

—Fechado. – o tal Brad disse dando de ombros. – O que você quer? –

—Na verdade, eu queria fazer umas perguntas. Vocês conhecem o William Hunters? – cruzei os braços.

—Está falando do idiota que está nos encarando ali? – ele respondeu olhando na direção de Will. Olhei na mesma direção e dei um pequeno sorriso.

—Sim, estou falando dele mesmo. – voltei a encarar o quarteto.

—O que tem ele? – Mateus indagou.

—Ah. Nada demais. Acontece que eu vi vocês mexendo com ele hoje de manhã. – dei de ombros.

—E? – Rafael sondou.

—E que vocês não acham muito, mais muito errado mexer com ele? O que eu quero dizer é que vocês são maiores que ele e mais velhos. Deviam ter mais cuidado com o que fazem. Principalmente atacar em grupo. Quatro contra um. Quanta covardia. – balancei a cabeça negativamente.

—Não, não achamos. – Brad cruzou os braços. – Ele que aprenda a se defender sozinho. Você é a defensora dos pobres e oprimidos agora? Vamos, galera. – assim que ele passou do meu lado afim de sair pela tangente eu segurei seu braço.

—Defensora dos pobres e oprimidos? É, talvez eu seja. Ainda mais se esse "pobre e oprimido" for meu irmão. – dei um leve, mas não tão leve assim, empurrão nele que o fez cambalear um pouco.

—Então o idiota mandou a irmãzinha vir defendê-lo? Que ato corajoso. – Brad falou em tom de deboche.

—Não, ele não me mandou vir aqui. Eu vim por conta própria, sabe? A única coisa que eu quero falar é para vocês deixarem ele em paz. Caso contrário, vou fazer a vida de vocês um verdadeiro inferno. – disse seriamente.

—E o que você vai fazer? Pintar nossas unhas? Pentear nossos cabelos? – soltei uma risada e dei um passo na direção deles. Brad permaneceu no mesmo lugar, os outros recuaram.

—Que tal eu fazer a mesma coisa que vocês fazem com ele? Devo alertar que eu tenho mais força que o Will e que vocês. – dei um sorriso displicente.

—Até parece. – ele riu.

—Eu disse que não iria bater em vocês, mas eu não sou boa com promessas. – falei e segurei o braço dele contra as costas do mesmo. – Eu poderia quebrar seu braço agora mesmo, sabia? Movimentar mais um pouquinho e puff! Osso quebrado. –

—Argh! Eu vou contar isso para meus pais, está ouvindo? – ele resmungou me fazendo rir.

—Então o bebê vai chamar a mamãe e o papai para defender o pobre filho? Que ato mais honroso. Suas calças devem estar se sentindo bem honradas agora. – apertei um pouco mais o braço dele ouvindo um gemido de dor. – Eu vou falar pela última vez e quero que você me escute. Vocês têm duas opções: deixarem o William em paz e assim ficam sem um olho roxo no final do dia, ou continuam mexendo com ele e ficar com um olho roxo no final do dia. A escolha é de vocês. – finalizei largando o garoto que se afastou o máximo possível de mim. Encarei os outros três. – Se quiserem chamar os pais de vocês, ótimo. Adoraria ter um papo com eles sobre bullying. Quem sabe eu até consiga falar com alguns contatos meus e fazer com que o diretor dessa escola expulsem vocês. Isso seria bastante satisfatório. – exibi um enorme sorriso. – Enfim, estamos entendidos? – todos, menos o Brad, assentiram assustados. – Maravilha. Bon revoar, bebês! – acenei dando as costas e caminhando até Will. – Vamos? – disse estendendo a mão e logo segurando a mão dele.

—Eles vão parar de mexer comigo? – ele questionou enquanto íamos até o carro.

—Se eles não pararem é porque não tem amor à vida deles. – entramos no carro e eu dei a partida. – Põe o cinto. – pedi colocando o cinto de segurança.

—O que você falou para eles? Você bateu neles? Usou seus poderes? – soltei uma risada vendo ele colocar o cinto.

—Eu não posso usar meus poderes assim, Pirralho. E sim, eu usei eles mais cedo, mas você não pode contar para ninguém, ok? – ele assentiu. – Enfim, vamos tomar o sorvete? –

—Mas o que você disse a eles? Me conta, Mel! – soltei uma risada parando na sorveteria.

—Eu falei que se eles não parassem de mexer com meu irmão, o Hulk iria esmagar eles. – sorri vendo o enorme sorriso tomar conta do rosto dele. – Agora vamos tomar os sorvetes. Eu quero de pistache. – disse tirando o cinto e saindo do carro. Will saiu logo em seguida.

—Eca. Eu quero de chocolate. – ele pegou em minha mão.

—Sua cara já é chocolate, Pirralho. –


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Notas finais do capítulo

Hey! Olá! (de novo)
Enfim, esse capítulo não foi lá muita coisa (na minha humilde opinião). Foi mais para mostrar um pouco (bem pouco mesmo haha) de como ficou a relação da Melinda com o Adam após tantos segredos, revelar que a nossa heroína ainda tem traumas relacionados à explosão e demonstrar todo o carinho e proteção que a Melinda tem com o fofo do Will.
Como eu disse lá em cima, provavelmente eu poste outro capítulo nesse final de semana. Não é certeza ainda.
Então? O que acharam? Comentem!
Nos vemos na próxima, é isto.
Bon revoar!



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