Um conto de destino e morte escrita por magalud


Capítulo 7
Capítulo 7 – Em meio à guerra




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Capítulo 7Em meio à guerra

A morte de Dumbledore deixou Severus longe de notícias confiáveis em meio ao tumulto por todo mundo bruxo. O Lord das Trevas parecia ter tomado conta de todas as instituições bruxas e havia uma literal caça às bruxas por toda parte. O inimigo número um do Estado era Harry Potter.

Enquanto Severus coletava dezenas de almas, ele também ficava de olho no filho de Lily, que se espalhava por toda parte, procurando respostas e meios de derrotar o mal instalado na Grã -Bretanha bruxa. A Encarnação da Morte ainda se ressentia de Dumbledore. O ressentimento era tamanho que demorou meses para ele procurar pelo seu retrato em Hogwarts.

No fim, porém, Severus ficou feliz de poder falar com o diretor, mesmo que ele fosse um retrato. Sua sucessora no cargo de diretora de Hogwarts era ninguém menos que sua assassina, a Professora Sinistra.

Severus teve um ataque de fúria.

— Mas esse era o plano desde o começo, Severus - garantiu Dumbledore, de sua moldura. O escritório estava vazio, a não ser pelos demais retratos. - Se Aurora tivesse se recusado a me matar, ela jamais teria ganhado a confiança de Voldemort para ser nomeada diretora de Hogwarts.

— E ela concordou com isso?

O retrato pareceu ficar envergonhado um segundo, antes de se recompor e responder:

— Acredito que ela tenha visto a inevitabilidade do caso. E eu também pedi, como um favor pessoal.

— Você pede favores bem grandes, Dumbledore.

— Temo que estejamos vivendo dias difíceis. Houve uma época em que imaginei ter você a meu lado, mas Aurora não me decepcionou.

— Você queria que eu matasse você? Não tenho certeza se eu faria um favor desse tamanho.

— Mas você continua de olho no jovem Harry? O pobre rapaz está foragido, mas mesmo assim tem uma coisinha que eu preciso entregar a ele.

Severus foi sincero:

— Eu farei o que puder, mas pode não ser muito. Ele certamente não vai confiar em um desconhecido. Talvez a Srta. Granger se lembre de mim.

O retrato ergueu uma sobrancelha.

— Olha, eu acho que sim. Se ela se lembrar, você se importaria em me fazer um pequeno favor? Pelos velhos tempos?

Severus olhou para o teto com seus olhos inexistentes nos buracos de seu crânio.

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Ao pensar no caso, depois, Severus deveria saber que não seria fácil. Eles eram três adolescentes sozinhos contra ninguém menos que o Lord das Trevas. Após viver com o caso de Regulus Black, Severus sabia que seria complicado. Mas aquilo não o impediria de tentar.

Sua primeira decisão foi aparecer vestido de Morte da cabeça aos pés.

Expelliarmus!

Severus tentou não revirar os olhos, impassível.

— Você pode guardar sua varinha. Estou aqui a pedido do Professor Dumbledore. Não vim machucar ninguém.

Sozinho na Floresta de Dean, afastado da tenda mágica onde os dois companheiros descansavam, Harry Potter, o Indesejável Número Um, não estava convencido.

— Dumbledore não tem amigos entre os Death Eaters! - Ele quase cuspiu nele, varinha ainda em riste.

"Minha nossa, o menino é denso", pensou Severus. Mas ele precisava ganhar a confiança deles. Então ele buscou suas reservas de paciência.

— Eu não sou um Death Eater. Meu nome é Severus. Sou aquele que veio ver Hermione Granger na ala hospitalar há alguns anos. Ela conhece meu nome. Pode falar com ele e eu voltarei para deixar claro que vocês podem confiar em mim.

E entre Severus desapareceu. Mas ele não deixou o local. Ele ficou invisível e acompanhou a interação entre o trio.

— Então quem é ele? - Harry perguntou Hermione dentro da tenda, depois de falar sobre a visita.

Severus observou a garota. Na verdade, ela era uma jovem mulher, desabrochando como um broto de flor. Os olhos dela eram brilhantes, faiscando enquanto ela falava.

— Ele não é uma ameaça - garantiu a moça. - Ele disse a verdade. Eu o conheci em Hogwarts e o Professor Dumbledore garantiu que confiava nele. Mas não sei seu nome de verdade.

Severus ergueu uma sobrancelha. Foi Ron Weasley que fez a pergunta:

— Como assim?

Hermione disse:

— Ele usa o nome de um homem morto. Fiz uma pesquisa naquela época. Severus Snape era um membro da Ordem da Fênix original. Ele foi contemporâneo de Sirius, James Potter e Remus Lupin, em Hogwarts. Foi encontrado morto em sua casa dias depois que seus pais foram assassinados, Harry. E... ele também era um Death Eater.

Weasley perguntou:

— Esse tal de Snape pode estar vivo?

— É difícil dizer com certeza absoluta - admitiu Hermione. - Mas Dumbledore disse que este homem estava ajudando na segurança de Harry. Então eu só confiei no professor e nunca mais me preocupei em saber quem esse homem realmente era.

— Devemos confiar nele?

— Dumbledore confiava nele.

— Dumbledore também confiava naquela jararaca da Sinistra - lembrou Harry, quase rosnando. - Olha só o que aconteceu com ele.

— Proponho ouvir o sujeito - disse Hermione. - Colocamos todas as defesas preparadas e imediatamente depois saímos daqui porque ainda não sabemos como ele nos encontrou. Ele pode chamar Vocês-Sabem-Quem e nos entregar a ele.

"Menina esperta", pensou Severus, não pela primeira vez, agora com um tiquinho de orgulho, reforçando que a moça combinava beleza e inteligência. E ela tinha mesmo muita beleza.

Hermione pendia mais para a compleição pequena e graciosa, o cabelo anteriormente rebelde domado em ondas. Ela certamente tinha crescido, e Severus não se envergonhava por constatar que ela era uma garota de 17 anos extremamente atraente. De repente, ele se deu conta que a diferença de idade entre eles era de apenas cinco anos.

Aquilo deu a Severus um sentimento estranha. Na verdade, não era um sentimento estranho; era mais uma sensação exótica. E naquele momento, ele se recordou de um feitiço no qual não pensava há anos.

Erectus deflatus.

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— Thanatos, por que está tão macambúzio?

Chronos adorava chamá-lo pelo nome grego, clássico e tradicional. Aliás, parecia ser uma predileção entre as Encarnações da Imortalidade. Chronos também era um nome grego, e Satã, apesar do nome bíblico, adorava a roupa grega de Hades, assim como Destino, que preferia ser chamada de Clotho, Lachesis ou Atropos (uma vez o aspecto da meia idade tentou fazer Severus chamar cada uma delas de Fiandeira, Distribuidora ou Inevitável). A Encarnação da Guerra adorava o nome romano, Marte. Natureza era tão maternal que sorria toda vez que ele a chamava de Mãe Natureza ou Gaia.

Gente imortal era esquisita, ele pensou. Talvez fosse resultado de observar os vivos tanto tempo.

Severus tentou responder seu colega Tempo de maneira mais honesta possível:

— Eu não diria macambúzio. Eu posso estar... apaixonado.

— Oh, não tenho certeza que haja tanta diferença entre os dois. Ela está viva?

— Claro que ela está viva - rosnou Severus, irado, mas sua animosidade logo sumiu. - Oh. Entendo por que está perguntando. Não, essa é outra, e ela está entre os vivos.

— Parabéns, cara! - Chronos deu tapas ruidosos e amigáveis nas suas costas. -  Finalmente você superou a paixonite de criança. Já estava na hora, se quiser saber.

Severus simplesmente deu um olhar azedo para ele. A personificação do Tempo abandonou o ar de brincadeira e perguntou, solícito:

— Gostaria de conversar sobre isso?

— Não, obrigado. - Severus viu o companheiro desanimar e acrescentou: - Mas agradeço por perguntar.

Chronos sorriu.

— Estou à disposição, companheiro. Tenho todo o tempo do mundo.

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Harry Potter estava mais uma vez de guarda na Floresta de Dean, quando de repente, apareceu um imenso cavalo diante dele. Harry viu o tal Severus montado nele.

— Mas de onde foi que você veio?

— Posso ser muito discreto quando me convém - foi a resposta. - Vim saber a resposta. Tenho sua confiança?

Harry franziu o cenho.

— Queremos fazer algumas perguntas primeiro, se não se importar.

O homem misterioso o encarou por uns segundos, depois respondeu:

— É justo.

Harry não desgrudou os olhos dele enquanto ele prontamente desmontava e depois ordenou ao cavalo:

— Fique por perto, Mort.

Como se entendesse seu amo, o animal trotou para longe vagarosamente. Harry ainda estava curioso quando o homem se virou para ele, de sobrancelha erguida:

— Podemos ir, então?

Mais tarde, o Indesejável Número Um iria enxergar como era estranha aquela reunião: os três estavam dentro de uma tenda mágica desfrutando um chazinho com um homem desconhecido que anos atrás visitara Hermione na ala hospitalar de Hogwarts. Ainda assim, eles não acreditavam que ele fosse traí-los. Apesar de tudo, Harry o achava extremamente sinistro.

— O chá está excelente, obrigado - disse Severus. - Sei que estão ansiosos para me fazerem perguntas. Por favor, comecem.

— Quem é você? - disparou Hermione, sem esperar pelos outros dois. - E por que usa o nome de um defunto?

— Duas perguntas, e duas muito boas. Eu sou um amigo, é só o que posso dizer. Como já sabem, estou agindo a pedido de Dumbledore já faz algum tempo. Não sou associado ao bruxo a quem chamam de Você-Sabe-Quem. Incidentalmente, sei o motivo pelo qual precisam se referir a ele deste modo e sugiro que continuem a fazer isso. Dumbledore era muito inconsequente ao pronunciar o nome dele.

Ron perguntou:

— Já que mencionou nomes, qual é o seu?

— Vou pedir que continuem a me chamar de Severus.

— Severus Snape morreu há mais de 15 anos. Você é jovem demais para ser o cara.

— Ele morreu, é verdade - suspirou o homem. - Calculo que conheçam a história dele.

— Sim, um pouco - respondeu Hermione. - Por que usa o nome dele?

— Para honrá-lo, acho - foi a resposta. - Severus Snape tentou salvar sua mãe, Harry Potter. Quando ele falhou nesta missão, ele ficou tão desesperado que tirou a própria vida.

Harry ficou surpreso:

— Ele conhecia minha mãe?

— Eles eram bons amigos por muito tempo. Eram do mesmo ano em Hogwarts, e ambos vinham de famílias Muggle. Sua tia Petúnia o conheceu, se não me engano.

Harry sequer desconfiara de metade daquelas coisas. Era uma pena ele não poder perguntar à sua tia sobre essas informações.

— Qual é a sua ligação com ele? - quis saber Ron. - Ele era seu irmão desaparecido ou algo assim?

— Não, nada do tipo. Gosto de pensar que estou fazendo o que Severus faria, se tivesse sobrevivido àquela noite horrível.

Hermione estava encarando o homem com seu olhar mais arguto, e Harry sabia que seu cérebro estava fazendo conexões, mesmo que ele não pudesse ver as tais conexões. Ela afirmou:

— Você está dizendo a verdade.

O homem ergueu uma sobrancelha, o que ele fazia muito, constatou Harry.

— Oh, você colocou Veritaserum no chá? Não reconheci o gosto da poção.

— Não, não tem nenhuma poção. Você só está sendo sincero. Dá para ver.

Ele assentiu:

— Sim, estou sendo totalmente honesto com vocês. Por isso quero que saibam que há muitas coisas nas quais não poderei ajudar vocês. Também tenho segredos a preservar, alguns dos quais pertencem a Dumbledore. Eu devo fazer tudo que puder para ajudar a derrotar o Lord das Trevas. Preciso voltar e falar com Dumbledore em breve. Depois voltarei aqui.

Ron avisou:

— Não estaremos aqui. Precisamos ficar em movimento.

— Muito prudente - elogiou Severus. - Eu encontro vocês, não se preocupem.

Harry estava alerta.

— Dumbledore morreu em junho! Como pode falar com ele?

— O retrato dele acordou no gabinete. Tenho falado com ele.

Harry ficou inquieto e consultou Hermione, que apenas fechou a cara. Ron estava a ponto de apontar sua varinha para ele.

— Então você tem acesso ao gabinete de Aurora Sinistra?

Severus respondeu:

— Eu tenho meios de entrar em Hogwarts que bruxos não conseguem compreender.

— Você fala como se não fosse bruxo.

— Eu não sou.

Harry e os dois amigos ficaram ainda mais alarmados.

— Mas é impossível que você seja Muggle! - disse Ron.

— Correto - disse Severus, e Harry notou como ele estava calmo. - Não sou bruxo nem Muggle. Eu sou outra coisa. Espero que isso não seja um problema para vocês.

Hermione perguntou, mais curiosa do que temerosa:

— Que tipo de criatura mágica você é? Você parece completamente humano...!

— Quem diz que não sou humano, até certo ponto? Mas por favor não se preocupem com isso. A única circunstância infeliz em eu não ser bruxo é que não tenho os mesmos poderes mágicos de vocês. Portanto, como eu já falei antes, existem muitas coisas que não posso fazer para vocês. Mas eu posso, por exemplo, trazer alguma comida da próxima vez. Posso ver que estão precisando de provisões. Trarei alguns alimentos não perecíveis, se quiserem.

Hermione indagou:

— Por que está fazendo tudo isso?

— Eu já falei: é importante ajudar vocês a derrotarem aquele homem horroroso. Também não posso imaginar que Lily concordaria em ver seu filho roubando comida. - Harry sentiu o rosto avermelhar-se. - Ah, é como eu imaginei. Bem, farei o que puder.

Ron indagou:

— Se tem muita coisa que você não pode fazer, o que você pode fazer?

— Dumbledore pediu-me para trazer a vocês um certo item que ajudará a derrotar o Lord das Trevas. Era imperativo que vocês confiassem em mim antes que eu pudesse entregar este item. Olhem, muito em breve, Vocês-Sabem-Quem vai se dar conta de que vocês não estão fugindo dele, mas que estão buscando os instrumentos para destruí-lo.

Aquilo causou uma nova onda de tensão na tenda. Harry ficou alarmado e indagando:

— O que você sabe sobre isso?

Severus respondeu:

— Dumbledore compartilhou comigo uma quantidade limitada de informação sobre o assunto. Ele tem razão: não é algo para se falar por aí, portanto não usem a palavra que o Lord das Trevas usa para os objetos. De qualquer modo, quando ele perceber que o objeto que eu darei a vocês está sumido, ele vai proteger seus preciosos objetos. Vocês precisarão ser três vezes mais cuidadosos. Precisam ficar juntos nisso.

Harry notou que o homem falava olhando para Hermione. Por que ele estava fazendo isso? Será que ele esperava que Hermione fugisse deles quando as coisas ficassem feias? Ah, esse cara não sabia nada sobre Mione!

— Saquei - disse Ron. - Tem certeza que pode nos trazer comida? Quanta comida acha que pode trazer?

Pela primeira vez, o homem mostrou um sorriso.

— Vou tentar trazer o máximo que puder, mas pode não ser muito. Eu não tenho objetos mágicos que são maiores por dentro, como esta maravilhosa tenda.

Eles riram da referência e Severus estava fixado no rosto de Hermione. Harry franziu o cenho. Espere um minuto. Esse cara estava dando em cima de Hermione?

De repente, o relógio começou a piscar. Foi a deixa para Severus dizer:

— Se estivermos se acordo, então por favor me deem licença. Preciso sair agora mesmo.

Hermione quis saber:

— Quando vai voltar?

— Lamento não poder dar uma data. Mas podem saber que eu os encontrarei. Agora adeus e cuidem-se.

Sem esperar resposta, ele se ergueu e deixou a barraca. Harry correu atrás dele e conseguiu vê-lo montar rapidamente em seu cavalo e sair a galope, desaparecendo no meio da floresta. Harry estava tão admirado que só o que ele fez foi olhar para trás e ver  Ron e Hermione igualmente espantados.

Quem poderia ser aquele homem?

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Na sua confortável Morada, Destino contemplou sua tapeçaria, argutamente observando as centenas de pontos e nós espalhados pela imenso tear. Lachesis podia ver fios se movendo, outros se transformando, uns se alongando, outros encurtando. Não era nenhuma novidade, mas havia fios pertencentes a pessoas que não deveriam mudar daquele jeito.

Ela não era responsável pelas mudanças. As pessoas teciam seu próprio destino com suas ações e escolhas, que levavam a consequências. A tarefa de Destino era fiar o novelo como Clotho, medir e tecer o fio da vida como Lachesis e cortar o fio como Atropos. Aquele era o trabalho de Destino. Destino não mudava coisas.

Mas Destino também podia ver mudanças acontecendo fora dos fios. Aquilo a fez erguer uma sobrancelha e imaginar. Ela apurou ainda mais o olhar para a tapeçaria. Grandes fatos estavam para acontecer. Ela podia ver.

Lachesis entregou o corpo para a jovem Clotho. Estava na hora de fiar um novelo novo.

Não era emocionante?


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