BTS's Doctor Crush escrita por Cellis


Capítulo 10
A ressaca


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu vim agradecer pelos comentários (de novo). Sério, vocês me dão tanta inspiração que já tive até ideia para outra fanfic kkkk
Obrigada também pelos comentários construtivos, não tenho nada contra eles e, pelo contrário, os adoro ♥

Boa leitura.



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Noona?

Uma voz insistentemente irritante me chamava, provavelmente pela décima vez. Meu corpo doía como se tivesse sido atropelada por um caminhão (que me atingira principalmente na cabeça) e meus olhos arderam quando tentei abri-los, de encontro com uma luz muito forte. Ao julgar pelo modo que me sentia e, além disso, pelo mau humor ainda semi acordada, algo estava errado comigo.

Eu estava de ressaca.

Remexi-me, rolando em algo muito confortável e que não me era completamente estranho, e deixei escapar alguns resmungos e gemidos aleatórios. Cobri minha cabeça com uma coberta, da qual eu não me lembrava de ter pego. Na verdade, eu não me lembrava de nada.

Noona?

Ignorando a voz, comecei a forçar minha mente dolorida. Demorou alguns segundos para que eu me situasse de um modo um tanto miserável: primeiro, eu havia encontrado Yong Joon, depois, quebrado seu carro (ao me lembrar dessa parte, tive vontade de rir e chorar ao mesmo tempo, porém a dor de cabeça não me deixou fazer nenhum dos dois). Em seguida, eu os meninos fomos para um restaurante, comemos carne e bebemos soju.  Depois disso, as memórias se misturavam em meio a um borrão: eu havia tido uma crise de risos, chorado, feito aegyo, falado sobre comida e batido em alguém. Acho que meu telefone tocou em meio a toda essa confusão, também.

Mais alguns segundos depois, e eu finalmente percebi a gravidade da situação: eu havia ficado bêbada na frente dos sete membros do BTS, também conhecidos por mim como os meus chefes.

Noona?

Quando a mesma voz chamou-me mais uma vez, atrapalhando minha pequena crise de realidade, eu me obriguei a sair de baixo do cobertor bruscamente. Estava tão irritada que mal havia me importado com a luz do dia penetrando em meus olhos como um par de facas.

— O que foi?! — indaguei, um pouco mais alto do que o necessário.

A cena diante dos meus olhos seria cômica, se eu não fosse a personagem principal dela: eu estava deitada no sofá do dormitório deles (sim, de novo), e os mesmos se encontravam jogados no chão da sala, provavelmente assustados com a minha reação. Eles pareciam estar agachados ao meu lado e, conforme eu gritei feito uma velha rancorosa, caíram para trás de susto. Os sete me encaravam com um misto de medo, curiosidade e vontade de rir da minha cara.

Cara a qual estava fervendo de vergonha naquele momento.

— Ai meu Deus, me desculpem! — exclamei, me arrependendo logo em seguida, quando senti a pontada de dor no meu cérebro. — Desculpem.

Eu não sabia mais o que dizer. Se existisse um recorde de maior colecionadora de vergonhas da história da humanidade, eu com certeza já estaria no Guinness Book. Se houvesse outro para maior arrependimento do século, meu nome estaria lá duas vezes.

E, então, quando eu estava prestes a tentar enfiar minha cabeça debaixo do piso, os sete começaram a rir. Quero dizer, mais especificamente explodiram em risadas. Ainda mais confusa, eu franzi o cenho, quase unindo minhas sobrancelhas. Quando rostos começaram a ficar vermelhos e o ar começou a faltar, eles finalmente pareciam estar se acalmando.

— Você é uma pessoa diferente, noona. — indagou Jungkook, com a voz falha devido a falta de ar.

Taehyung, que enxugava algumas lágrimas, concordou exageradamente com a cabeça. Aos poucos, eles começaram a se levantar, apenas para se reorganizarem em puffs, no outro sofá e até mesmo no próprio tapete. Eu apenas fiquei os assistindo se acomodarem, já que não sabia o que dizer.

— Como você está se sentindo? — indagou Jin, sentando-se no mesmo puff alaranjado que Jimin, praticamente o expulsando dali. O menor fez cara feia por causa da falta de noção de espaço do outro, porém nada disse ao hyung.

— Bem, eu acho. — respondi, encolhendo os ombros. — Sinto como se tivesse sido atacada pela seleção nacional de luta livre, mas consigo superar. Isso sempre acontece quando eu bebo. — quando os olhares que vieram a seguir fizeram com que eu me desse conta do como aquilo havia soado, me arrependi no segundo seguinte. — Não que eu beba frenquentemente... Na verdade, eu não bebo, mas... Bem...

— Está tudo bem. — interrompeu Namjoon, rindo. Pela primeira vez desde que os conhecera, estava feliz por não ter conseguido terminar uma frase.

Em seguida, um silêncio incomodo se instaurou na sala. Na verdade, era provável que fosse incomodo apenas para mim e a minha vergonha, porque eles pareciam relaxados.

— O que... aconteceu? — perguntei, receosa.

Então, os sete se entreolharam, decidindo mentalmente quem deveria falar. Eu já estava ficando nervosa, quando Hoseok resolveu se pronunciar — ou melhor, vomitar os acontecimentos.

— Bem, resumindo: você bebeu algumas muitas garrafas de soju, xingou o seu ex-namorado ladrão, teve uma crise de risos quando o dono do restaurante perguntou se nós queríamos mais carne, pois disse que o sotaque dele era engraçado, chorou em seguida, alegando que estava triste pelo porco que morreu para que pudéssemos comer aquela refeição e, por fim, acertou outro tapa no rosto do Suga-hyung. — nesse momento, todos fitaram Yoongi, que não estava com a cara muito boa. Eu encolhi ainda mais meus ombros, quase fazendo-os entrar nos meus pulmões. — Ah, além disso, você se negou a dizer onde morava, fez aegyo para que pudesse dormir no nosso sofá confortável e, em algum momento, uma amiga sua ligou preocupada. Eu não sei se ela gritou mais quando achou que era você, ou quando descobriu que estava falando com o Jiminie. Enfim, acho que foi só isso.

— Ela gritou bem alto mesmo.  — indagou Jimin, coçando o ouvido esquerdo com sua habitual expressão de filhote (porém, desta vez, ele parecia um filhote parcialmente surdo).

Por favor, como se eu já não passasse vergonha o suficiente sozinha, Jung Soo havia resolvido me ajudar. Eu realmente não sabia qual dos momentos narrados por Hoseok havia sido o pior.

Guinness Book, já pode ir criando a minha categoria.

— Desculpa por isso tudo, gente. — eu repeti, umas cinco vezes. — Sério, de verdade.

— Tudo bem, noona. — respondeu Taehyung, rindo da minha provável expressão de desespero. — Você deu um pouco de trabalho, é verdade, mas foi bem divertido.

Se aquela frase fora dito no intuito de fazer com que eu me sentisse melhor, Taehyung havia falhado majestosamente. Sentada no sofá, eu ergui os joelhos até encostá-los em meu colo e me escondi debaixo da coberta, enfiando o rosto entre as pernas. Depois de um longo resmungo, indaguei:

— Eu sou a pior funcionária desse planeta! — minha voz era abafada pela coberta, por isso, não sabia se eles podiam me ouvir. — Fui contratada para cuidar de vocês e olha como estou me saindo... Que vergonha.

Enquanto fazia barulhos de choro para expressar minha frustração, porém sem derramar uma única lágrima, fui cutucada no ombro direito. Descobrindo meu rosto vagarosamente, assim como uma tartaruga sai do casco, deparei-me com Yoongi, que mantinha uma garrafa de água estendida na minha direção. Eu teria me encapotado novamente ao vê-lo, mas seu gesto de solidariedade me deixou curiosa.

— Você vai precisar bastante disso. Tome.

Ali, esperando pacientemente que eu pegasse a garrafa de suas mãos, ele parecia ainda mais compreensivo do que na noite anterior — mesmo que ainda mantivesse um resquício de sua expressão fechada.

— Obrigada. — respondi, usando um tom de voz que não planejei que fosse soar tão infantil, pegando o objeto. — E desculpa. Eu provavelmente não tinha um motivo para lhe bater, mas é que costumo fazer coisas estranhas quando estou... Bem, alterada.

— Eu percebi. — respondeu, logo em seguida dando de ombros. — Vou deixar passar, mas não faça de novo, por favor. Você tem uma mão bem pesada.

Eu assenti, envergonhada e me desculpando mais uma vez, enquanto os outros presentes apenas seguravam risadas. Quando ele se sentou no sofá novamente, empurrando a perna de Jungkook para o lado para ganhar mais espaço, eu o fitei. Não conseguia segurar a maldita da minha curiosidade.

— Posso perguntar uma coisa? — indaguei, recebendo como resposta um aceno de cabeça positivo. — Eu ao menos disse o porquê de lhe bater?

Enquanto os outros riam, ele engasgou. Recuperando-se, acabou por abrir um pequeno sorriso no final.

Ele era sempre bipolar assim, ou eu estava apenas variando por conta da dor de cabeça?

— Eu reclamei que você havia me acertado um tapa quando tentei lhe acordar, naquele dia em que você cozinhou para a gente e depois dormiu no nosso sofá. — ah, então era nele que eu havia batido? Aigoo, a cota de vergonhas não parava de aumentar. — Ai você disse "Como? Assim?".

— E então . — completou Jungkook, cortando o ar com sua mão, provavelmente imitando como eu tinha feito. Em seguida, levou um empurrão do hyung. — Aish... Você reclama dela, mas isso também dói, hyung.

— Olha só quem está falando. — indagou Jimin, emburrado.

Senti que sua indireta (nem tão indireta assim) era mais uma queixa, mas preferi não comentar nada. Até porque, em seguida, eles já estavam novamente imersos em uma discussão qualquer, esquecendo completamente da minha existência. Pelo visto, eles estavam sempre fazendo isso.

Aigoo... Parem com isso! — indagou Namjoon, fazendo movimentos aleatórios com as mãos. Eu já havia reparado que ele sempre se mexia assim quando ativava o modo líder do grupo. — Está quase na hora de irmos ensaiar, por isso, troquem logo de roupa e vamos. Além disso, a doutora deve estar com dor de cabeça, então parem de gritar feito loucos.

— Mas você também estava gritando, hyung. — disse Taehyung, apontando acusadoramente para o líder.

Fazendo uma careta, Namjoon fitou Jin, que logo se colocou de pé para intervir na situação. Com todos sentados, ele parecia assustadoramente alto.

— Vão logo. — com suas usuais piscadelas, o mais velho colocou-se a espantar os membros, que sumiram apartamento a dentro em meio a vários resmungos. — E você também. — disse, apontando para mim. — Na verdade, espere aí, que nós vamos lhe deixar em casa primeiro.

Aniyo! Não quero dar ainda mais trabalho. Posso ir de ônibus. — respondi o mais educada possível, já me levantando. Arrependi-me logo em seguida, quando fui atingida por um enjôo nada legal.

Jin levou suas mãos à cintura, encarando-me com as sobrancelhas erguidas.

— Sun Hee, não discuta com a Omma do Bangtan, ok? — indagou, de um modo tão carinhoso que chegou a me assustar.

Ele realmente parecia uma mãe.

— Vou esperar sentadinha aqui. — respondi, sentando na pose mais ereta possível.

Namjoon, que ainda se encontrava ao lado de Jin, riu e deu um leve tapa no ombro do amigo. Em seguida, os dois sumiram corredor a dentro, deixando-me sozinha para trás.

Tudo bem que eu não era lá a pessoa mais normal, mas esse sete eram muito estranhos.

***

Cerca de uma hora depois, eu me encontrava jogada em minha cama, enrolada em um roupão felpudo e com uma toalha escondendo meus cabelos molhados. Respirando pesadamente, eu fitava o teto, enquanto o aroma da sopa cura-ressaca começava a preencher o ambiente. Como ainda demoraria para que a mesma chegasse ao ponto que eu gostava, tateei a cama em busca do meu celular, o qual eu usaria para passar o tempo. Eu sinceramente não gostava muito da tecnologia, mas, em dias em que Jung Soo não se encontrava em casa e minha cabeça parecia prestes a explodir, me parecia uma boa opção.

O aparelho rosado me fazia lembrar dos cabelos de Namjoon, porém, ao desbloqueá-lo, me deparei com a foto de outra pessoa aparecendo de supetão na tela. Com o sorriso de sempre, piscando um olho e fazendo um V com dois dedos, a foto pertencia a um contato denominado TaeTae. Aquilo me fez rir — ele era uma criança, porém apenas um ano mais nova do que eu. Não resisti a curiosidade e comecei a teclar.

Annyeonghaseyo, "TaeTae". Não me lembro de ter salvo o seu número...

A resposta veio alguns minutos depois.

Como pode dizer isso, noona? Você disse que não se lembrava de nada.

Droga, ele era esperto. Eu ri, porém, logo em seguida me lembrei que eles tinham ido ensaiar no prédio da Big Hit depois de me deixarem em casa, me dando conta de que provavelmente estava atrapalhando.

Você me pegou. Agora volte a ensaiar, não quero atrapalhar. De novo.

Aniyo! Nós estamos fazendo uma pausa agora. Além disso, ficaremos aqui o dia inteiro, então ainda temos muito ensaio pela frente.

 Em seguida, ele enviou uma foto de onde eu imaginei ser o seu ponto de vista. Pela altura, estava sentado no chão e, na foto, estavam Yoongi (sentado de costas para uma parede totalmente coberta por um espelho), Hoseok (de pé, fazendo algum movimento estranho) e Jungkook, que parecia prestes a se jogar em cima do hyung de cabelos azuis. A continuação daquela cena deveria ter sido impagável.

De repente, ao sentir o cheiro da sopa praticamente invadir o quarto, uma ideia me veio em mente. Voltei a digitar.

Você ficarão aí o dia todo?

Sim. Estamos ensaiando para darmos o nosso melhor amanhã, quando formos gravar para um programa de televisão.

Ele deveria estar falando do mesmo programa o qual Sejin disse que precisaria adiar a participação deles, devido à infecção alimentar. Parecia importante, portanto, eles deveriam estar bem preparados. Além disso, eu passaria o dia subindo pelas paredes se não arrumasse nada para fazer — assim, era só unir o útil ao mais que agradável.

Não peçam comida. O "Sun Hee Delivery" estará ai na hora do almoço.

Nada disso, noona! Você precisa descansar. Nós sempre pedimos comida ou comemos algo do refeitório, não tem problema.

Quando eu estava prestes a contestá-lo, outra mensagem chegou.

Não escute o Tae, noona. Ele não sabe o que diz! Nós ficaríamos muito felizes e ganharíamos muita energia com a sua comida deliciosa.

Ass: Jiminie.

Não pude evitar de rir alto, aproveitando que estava sozinha em casa. Esses dois provavelmente estariam brigando pela posse do telefone agora.

Não vou dar ouvidos a ele, Jimin. Pode deixar.

Então, apaguei a tela do celular, prontamente me colocando de pé. Eu iria fazer apenas o que tivesse de melhor na geladeira e levaria tudo em uma grande cesta de piquenique, a qual eu tinha certeza que Jung Soo mantinha escondida debaixo de sua cama.

Isso tudo, claro, apenas depois de dar um jeito na minha cara de ressaca.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Aguardo opiniões!
Até a próxima ♥