Missing Halloween escrita por Dark Turner


Capítulo 1
October 31st


Notas iniciais do capítulo

Então... queria fazer uma oneshoot de Hallloween e pensei: hum, o que melhor que tragédia num dia 31 de outubro para essa oneshoot?
Foi com esse pensamento que a escrevi, reescrevi e editei. Espero que gostem.
Enjoy!
P.S.: enredo da história inspirado nesse vídeo maravilhosamente triste: https://www.youtube.com/watch?v=FaoVpVXcZsA. Só fiz leves modificações.



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Thalia tinha acabado de acordar, animada para o dia que ia começar assim que colocasse seus pés no chão. Ela não podia conter sua animação para a melhor data do ano, sua data preferida. Ela poderia sair para pegar doces, vestir suas fantasias preferidas. Para uma criança de sete anos, é definitivamente a melhor data do ano.

A garotinha levantou-se da cama, animada, e desceu as longas escadas da casa correndo. Seu pai, Zeus, estava na cozinha, lendo um jornal, e sua mãe, Beryl, olhando pela janela. Seu irmão, Jason, estava dormindo no sofá. Provavelmente havia ficado a noite passada inteira assistindo as sessões de terror. Sua mãe não ousou o tirar do sofá, com medo de acordá-lo. Mas Thalia sabia mais que todos que seu irmão dormia igual a uma pedra. O clima da casa estava calmo e silencioso, até a pequena garota quebrar o silêncio.

  - Feliz dia das Bruxas! - Ela exclamou, fazendo seu pai se assustar levemente com o grito. - Papai, mamãe, se animem! É a melhor data do ano!

  - Calma, meu anjo... - Beryl disse com um tom solene, dando um sorriso. - Acorde seu irmão, fiz biscoitos bem assustadores.

  - Eu não me assusto, mamãe. Sou corajosa. - Thalia disse, estufando o peito

Seu irmão jogou uma almofada em suas costas nesse momento, e ela emitiu um gritinho. Ela escutou a risada de deboche de Jason. Thalia bateu o pé no chão, nervosa. O loiro riu ainda mais. Beryl foi até eles e acariciou o rosto de seus dois filhos.

  - Vão comer, meus anjos. O leite vai esfriar.

Os dois lavaram as mãos e se sentaram a mesa. Beryl colocou dois pratos com biscoitos com personagens de filmes de terror. Havia um biscoito de cada personagem assustador de cada filme de terror que Thalia e Jason já haviam assistido. A garota ficou realmente animada quando viu o biscoito de Michael Myers em seu prato. Assim que viu que em seu prato também havia um biscoito do famoso boneco Chucky, colocou no prato de Jason.

  - Presente.

  - Não quero. - Jason não admitia, mas possuia um medo inexplicável daquele boneco. Thalia sabia disso e ficou feliz ao ver o irmão assustado.

Filmes de terror, como Halloween, Hora do Pesadelo, Jogos Mortais e It: A Coisa, não eram recomendados para crianças de sete anos. Mas Beryl os deixava assistir pois sabiam que isso não iria fazer mal a duas crianças com uma mente muito estável. Os irmãos eram apaixonados por todo tipo de filme de terror, dos ruins aos bons. Thalia adorava os filmes aonde o vilão vencia. Seu preferido era Halloween. Ela assistia todo final de semana, como um ritual.

O dia 31 de outubro era seu feriado preferido desde que se lembrava por gente. Sua primeira fantasia havia sido de uma bruxinha, quando tinha apenas um ano. Desde então, é apaixonada por essa data. Sua fantasia deste ano estava pronta. Ela iria com uma máscara de caveira, e roupa preta. Sua mãe já havia preparado as cestas de cabeça de abóbora para o "doçuras ou travessuras?". Jason também estava animado, mas ainda não era como a animação que Thalia sentia.

Após os dois comerem, Thalia e Jason sentaram-se no sofá e assistiram a maratona de filmes de terror, esperando começar a anoitecer para se trocarem e saírem. Jason se arrumou rapidamente, colocando sua fantasia de vampiro. Ele se despediu de Thalia, e foi na frente, para se encontrar com sua amiga, Piper. Thalia se arrumou e se olhou no espelho. Ela respirou fundo.

  - Hoje vai ser um ótimo dia! - Ela disse para si mesma, com um sorriso estampado no rosto. - Ah! Tenho que ir rápido! Ele deve estar me esperando!

Thalia desceu apressada.

  - Que caveira mais linda... - Comentou Beryl.

  -  Obrigada, mamãe. - Thalia respondeu, com seu sorriso crescendo cada vez mais. - Eu já vou.

  - Certo. - Beryl deu um beijinho na testa de Thalia, sorrindo. - Não esqueça da sua cesta, tome cuidado, e qualquer coisa me ligue imediatamente.

  - Sim, mamãe. Anotado. - Thalia se esticou e deu um beijo na bochecha dela. Ela pegou a cesta e dirigiu-se a porta. - Tchau!

Ela saiu e pode escutar o tchau de sua mãe vindo de dentro. A pessoa pela qual ela estava esperando já estava do lado de fora de sua casa, a esperando. Thalia correu até o garoto que usava um arco que formava como se fosse uma espada enfiada em sua cabeça.

  - Nico!

O garoto de cabelos bem negros e olhos escuros se virou para Thalia. Ele estava com sua expressão de sempre, sem sorrir nem nada. Thalia o abraçou enquanto sua mãe olhava pela janela, com uma expressão preocupada. Beryl saiu de casa e foi até sua filha.

  - Thalia, meu anjo. Posso tirar uma foto sua?

  - Claro, mamãe. - Thalia fez uma pose e puxou Nico para a foto também. Ele ficou quietinho enquanto Beryl tirava a foto.

  - Pronto, você ficou linda. - Elogiou ela.

  - Obrigada, mamãe. Tchau!

Thalia puxou Nico enquanto Beryl olhava para ela, com a mesma expressão preocupada de anteriormente. Thalia olhou de relance para a mãe, sem entender o olhar preocupado que a outra possuia em seu rosto.

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Thalia havia conhecido Nico no Halloween do ano passado. Seus pais haviam saído no dia, quando ela voltou para casa. Nem Jason estava lá.

Ela sentou-se nos degraus da porta de sua casa, não conseguia entrar sem a chave que seus pais tinham levado. As crianças passavam pela frente de seu jardim, fantasiadas, indo para suas casas. Thalia suspirou e olhou para os doces em sua cesta.

Um garoto sentou-se na calçada em frente à sua casa. Ele chamou a atenção de Thalia, que foi até ele se sentou ao lado do garoto.

  - Oi.

O garoto olhou para ela, um pouco surpreso.

  - Oi... - Ele disse.

Thalia nunca tinha visto um garoto tão pálido quanto aquele. Seus cabelos eram negros e bagunçados, seus olhos escuros e profundos. Ele vestia uma fantasia típica de Halloween, mas chamou a atenção de Thalia mesmo assim. Ele parecia não querer chamar atenção, e nenhuma outra criança parecia ligar para ele. 

  - Como você se chama? - Perguntou Thalia, curiosa.

  - Nico... Nico di Angelo...

  - Ah. Que nome bonito. - A garota deu um sorriso. - Eu sou Thalia Grace.

Thalia queria vê-lo sorrir, e como seus pais demorariam para chegar, decidiu ficar fazendo companhia ao garoto, fazendo-o rir algumas vezes.

Era o melhor dia que Thalia havia tido.

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  - Aonde quer ir primeiro, Nico? - Thalia perguntou ao garoto.

  - Aonde você quiser...

O garoto, desde que Thalia o conheceu, sempre fora sem emoções. Não que isso a incomodasse, Thalia até achava isso fofo. Mas ela gostava de vê-lo sorrir. O sorriso de Nico alegrava o dia de Thalia mais do que tudo.

Os dois passaram de porta em porta, pedindo doces. Quando os adultos abriam, sorriam, olhando para Thalia, e despejavam os doces em sua cestinha. Mas a de Nico se mantia vazia. Ninguém colocava um doce na cesta dele. Thalia percebeu que ele estava ficando triste e mais triste a cada porta em que eles batiam.

  - Ei, Nico. - Disse a pequena garota, logo que sentaram um pouco. - Pegue meus doces.

Thalia despejou metade de seus doces na cesta de Nico, vendo um sorrisinho agradecido surgir no rosto do garoto. Ele entregou um papelzinho a ela e ela abriu. O papel dizia "você me encontrou". Thalia não entendeu direito, mas guardou o papel e ficou quieta.

Mais tarde, após escurecer e Thalia estar voltando para casa com Nico, o garoto parou de andar.

  - Nico? - Thalia o chamou.

O garoto olhava para a floresta, atrás das grandes grades que impediam a passagem para lá. Porém, havia um buraco nessas grades, e Nico passou por elas.

  - Nico!

Thalia o seguiu.

Ela sabia que era perigoso. Sua mãe havia dito que ela não podia passar para lá de jeito nenhum. Ela havia dito que se Thalia se perdesse na floresta, nunca mais voltaria para casa, e morreria lá, sozinha. Thalia tinha muito medo de que isso acontecesse. Mas não podia deixar Nico sozinho. Ela viu até onde o garoto estava indo, ainda mais fundo na floresta.

Ela não sabia quanto tempo havia se passado, mas já era de madrugada, pelo fato do céu estar tão escuro. Thalia perdeu Nico de vista, e começou a chamá-lo.

  - Nico! C-cadê você?!

Ela escutou passos a sua direita e os seguiu. De longe, já avistou uma grande árvore e algo encostado nela. Presumiu ser Nico, mas não era capaz de ver direito.

Quanto mais Thalia chegava perto, mais o coração dela dizia que algo estava errado. Ela viu que era Nico. Mas não estava certo. O coração dela estava acelerado, sua respiração também. Suas pernas tremiam e suas mãos suavam. Thalia não precisava se aproximar mais. Era claro o que ela via.

O corpo sem vida de Nico.

Os olhos de Thalia se encheram de lágrimas. Suas pernas tremiam tanto que não foi capaz de ficar em pé. Caiu de joelhos no chão, chorando. Ela foi devagar até ele.

Havia um papelzinho sobre seu corpo. Era óbvio que, pelo estado do corpo, não estava ali a pouco tempo. Estava apodrecendo, sendo comido. Thalia pegou o papel, com as mãos tremendo.

"Você me encontrou."

Thalia entendeu o que tinha acontecido. Ela era apenas uma garota de sete anos. Mas havia entendido.

Ela viu Nico, um pouco longe da árvore. Seus olhares se encontraram e Nico sorriu. Seus lábios se mexeram, formando um "obrigado". Então, ele desapareceu.

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As horas seguintes foram um borrão para Thalia. Seus pais, preocupados, haviam ligado para a polícia, que havia entrado na floresta e encontrado-a, ao lado do corpo se Nico. Ela foi levada para casa, aos prantos. Seus pais falavam com ela, mas ela não conseguia escutar nada. Jason tentou falar com ela também, mas seus soluços eram mais altos que as palavras de sua família.

Jason deixou a irmã descansando no quarto dela. Thalia deitou-se em sua cama. Tudo o que ela tinha passado e visto era muito para uma garota de sete anos. Seu mais precioso amigo. Seu precioso companheiro.

Ele nunca esteve ali de verdade.

O choro de Thalia só aumentava a cada segundo. Seus soluços podiam ser ouvidos da casa ao lado. Ela ainda estava com sua fantasia de Halloween, e de seu bolso, tirou dois papéis. O que Nico tinha dado a ela mais cedo. E o que ela achara.

Os dois dizendo a mesma coisa. "Você me encontrou."

Thalia respirou fundo, sem conter seu choro. E falou, com a voz rouca.

  - S-sim, Nico... Eu te encontrei...


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim :3
Comentem, favoritem, sei lá, façam o que quiserem.
Beijos :3



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