The Guardians escrita por Sofia Di Angelo


Capítulo 29
Capítulo 5- Leo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal. Começarei explicando o motivo deste capitulo não ter saído semana passada, como de costume: provas. Pois é, elas começaram de novo e eu tive que me focar em estudar e acabei perdendo o prazo de postagem do capitulo.
No entanto, retornei esta semana com mais uma narrativa de Leo. E como esse era o capítulo da semana passada, postarei este e o próximo capítulo ( que era o previsto para essa sexta-) hoje- YEY!
Enfim, espero que aproveitem o(s) capítulo(s)! E caso ja tenham se esquecido o que aconteceu em episódios passados, deem uma re-lida nos últimos dois ou três caps! :)



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A lua estava cheia e o céu estrelado, mas por algum estranho motivo, a noite estava escura, triste e desanimadora. Eu encarava o céu e o distante horizonte da bancada, apenas perdendo-me em meus pensamentos ou tentando evitar meus mais profundos sentimentos. Nesta mesma tarde, após discutirmos sobre o destino de Harry no escritório de Eric, eu fui a enfermaria com Jason ver como Cléo estava se sentindo. Quando cheguei, a garota já estava acordada e brigando para poder sair dali o mais rápido possível, mas Riley insistia que ela deveria descansar por mais um tempo antes de poder sair. Ficamos eu e Jason esperando do lado de fora, enquanto ele se culpava pelo que tinha acontecido com ela. Eu me aproximei e, com meu jeitinho de aconselhador, expliquei que não era sua culpa e que o que importava no momento era que ela estava bem:

— Obrigado, Leo - o garoto dissera.

— Disponha - devolvi.

— Sabe, é impressionante o azar que eu tenho. Hoje íamos sair para um segundo encontro... - ele começou a falar.

— Ah é, como vão as coisas entre vocês? – perguntei.

— Para falar a verdade, acho que estão indo bem. Sinto que estamos perto de nos tornar mais do que “apenas amigos” - ele disse com um enorme sorriso.

— Fico... - eu limpei a garganta antes de prosseguir - Fico muito feliz por vocês.

— Obrigado. E na verdade, isso só aconteceu graças a você. Se você não tivesse falado para sairmos há uma semana atrás, eu nunca teria tido coragem de chamá -la. Muito obrigado, Leo. - ele disse com sinceridade.

Quando ia retribuir o agradecimento, a porta da enfermaria se abriu e Cléo saiu lá de dentro, com suas roupas normais ao invés do traje:

— Cléo? - Jason correu para abraçá-la. Ela pôs seus braços ao redor dele, devolvendo o abraço. Quando finalmente se soltaram, ela se virou para mim.

— Oi, Leo.

— Oi. Fico feliz de que esteja melhor. Eu, ahn, vou deixar vocês a sós - disse me retirando do local, deixando os dois sozinhos conversando.

O dia passou voando desde então, o Sol se foi rapidamente e a Lua tomou conta do céu. Eu a encarava como fonte de luz, como se ela fosse me explicar o que estava acontecendo comigo e que estranho sentimento é esse que me percorre sempre que vejo Cléo e Jason juntos. E principalmente, encarava as estrelas em busca de respostas. Por que esta frase de Jason fica ecoando em minha cabeça: “isso só aconteceu graças a você”. Será mesmo? Será que, se eu não tivesse dito nada eu ainda teria alguma chance com ela? Será, que eu sou o culpado por esse sentimento de arrependimento que arde em mim?

Todas essas dúvidas rondavam minha cabeça enquanto eu tentava me entender. Minha mente só voltou para a Terra quando escutei Deuce se aproximar:

— Posso dizer o quão parecido com um poeta você fica nessa pose? - O britânico disse se aproximando.

— Fala, estrangeiro. Como vai? E que pijama e esse? - Eu perguntei ao notar sua blusa do “Pateta”.

— Minha mãe me deu de Natal - ele disse simplesmente. - E você? Por que continua com as roupas da batalha hoje cedo? Não pensou em ir tomar um banho e descansar? Eu, Sky e Will estávamos na sala de jogos esse tempo todo… - o garoto disse.

— Não sei se estou com cabeça pra isso - respondi voltando a olhar o céu.

— Ahh, entendo - ele falou apoiando as costas no balcão - Então sua cabeça está focada na Cléo no momento?

— Como você...? - perguntei espantado.

— Por favor. Neste exato horário há uma semana Kevin estava na mesma posição que você pensando em Michelle. Eu sei reconhecer uma pessoa apaixonada quando a vejo. - O britânico me respondeu simplesmente.

— Então você veio me aconselhar? Por que eu não tenho ideia do que está acontecendo. - Disse sinceramente - Quer dizer, eu nunca me apaixonei antes. Nós somos melhores amigos há tanto tempo. Não posso estar gostando dela. Posso?

Ele deu uma risada antes de responder:

— Se bem me lembro, você me disse que “não se apaixona por que dá muito trabalho” - Ele repetiu minhas palavras. - Nunca pensei que fosse ver o dia em que seu coração finalmente se abriria.

— Uau, valeu.

— Só estou sendo verdadeiro. Que é o que você deveria ser também. Se tivesse dito pra ela desde o começo, você não ficaria fazendo piadas e enchendo sua paciência apenas para esconder o que sente, e não teria empurrado Jason para cima dela.

— Que facada – disse.

— Eu nunca disse que a verdade não dói. - o garoto devolveu.

— Então, acha que eu deveria ir tentar falar com ela? – perguntei - Mas, e se não der certo? Se ela não sentir o mesmo? Tipo, eu faço parecer que sei falar com garotas mas eu não sei. Deuce, me ajuda! - Soltei entrando em nervosismo, enquanto chacoalhava o garoto.

— Cara, será possível que eu sempre sou o terceiro em uma relação? - O inglês se livrou da minhas mãos e depositando a mão esquerda em meu ombro, continuou - Você vai se sair bem. Só seja sincero. E mesmo que ela não sinta o mesmo, pelo menos você vai tirar esse peso do seu peito. Além do mais, vocês sempre serão amigos.

Balancei a cabeça firmemente em sinal de afirmação.

— Quer saber, acho que você tem razão. Valeu, Deuce. - Eu agradeci saindo energeticamente da varanda.

— Sempre que precisar - O ouvi responder antes de começar a andar rapidamente pelo corredor.

Desci as escadas e cheguei ao primeiro andar. Olhei para todos os lados e quando conferi que não havia ninguém, parei. Fiquei ali, petrificado ao lado do corrimão sem nenhum plano de ação. Por que, parando para pensar melhor, isso não e algo que eu possa simplesmente dizer. Preciso de pratica, treino. De preferência, falar com uma vassoura ou com meu reflexo no espelho antes de encarar a Cléo verdadeira. Além do mais, ela não está em nenhum lugar para ser encontrada. Não é como se eu não tivesse procurado. É, tenho certeza de que o Deuce vai entender. Vou voltar lá pra cima e chamar ele, Will, Sky e Lucy para uma partida de “War”.  E, ao menos que a Cléo apareça em meu caminho no meio desse processo, acho que poderei evitar a verdade por mais um tempo. Virei para subir as escadas novamente, e me deparei com uma figura descendo-as. Ela parou na minha frente e abriu um sorriso:

— Acho que nunca te vi com uma cara tão surpresa. - ela disse.

Eu não podia acreditar, de todas as pessoas para eu esbarrar com no meio do caminho, justo ela tinha que aparecer na minha frente? Bom, talvez isso tudo seja arte do destino. Não tem mais volta, é agora ou nunca:

— Cléo, você se recuperou rápido - disse tentando disfarçar minha cara de susto de momentos atrás.

— Acho que quase morrer foi pior do que o desmaio em si. Ouvi que Harry está oficialmente voltando para a base também.

— Ah é? Quer dizer, claro. Foi o que a votação decidiu - respondi rapidamente - Enfim, o que faz aqui nesta hora? Não que isso seja incomum já que você mora aqui e essa escada é o único acesso ao primeiro andar... - eu parei de falar gradualmente ao perceber que o nervosismo estava tomando conta do meu ser e me impedindo de dizer algo sério ou que fizesse sentido.

— Eu estou indo pra garagem. Me acompanha? - ela perguntou.

— Claro - fiz um sinal com a mão indicando que ela fosse primeiro.

Caminhamos em silêncio por um tempo do lado de fora, apenas contemplando a paisagem e a presença um do outro. Seus olhos azuis-escuros me encaravam de vez em quando, fazendo-me perder em sua beleza, como seu eu fosse apenas uma frágil nuvem me dissipando na imensidão do céu. Por fim alcançamos a garagem. Estávamos os dois a sós, essa seria a oportunidade perfeita para que eu lhe contasse o que sinto:

— Bom, suponho que agora eu devesse perguntar o porquê de estarmos aqui? - eu disse.

— Estou esperando Jason. Ele disse que viria e lançaria uma magia de teleporte no carro - ela respondeu.

— Preai, então vocês vão sair para a cidade?

Ela balançou a cabeça em afirmação.

— Uau, vocês tão indo rápido demais, não? Nem parece a garota que estava quase morrendo sufocada hoje mais cedo - eu soltei.

— Como é que é?

— Ora, eu só estou dizendo, você está mal. Deveria ficar aqui e descansar um pouco. Ao invés de se aventurar na cidade com um cara qualquer. - Tornei a falar.

— Primeiro, não é um cara qualquer, é o Jason. Todo mundo na base conhece ele. E segundo, eu não sou nenhum cristal frágil que precisa de proteção. - Ela começou a aumentar um tom de voz.

— Não é proteção, é precaução. Quer dizer, encaremos os fatos: você realmente gosta dele tanto assim? - Eu respondi no mesmo tom.

— O que você quer dizer com....? - ela ia perguntar, mas eu a cortei.

— Por que pelo que parece, você só tomou coragem para sair com ele por que eu empurrei ele pra cima de você - eu disse.

— Eu realmente não entendo onde você quer chegar aqui. Eu gosto do Jason, por isso estou saindo com ele. Aquela sua cena de cupido não fez nada além do que nos dar a coragem de dizer isso em voz alta. Além do mais, achei que você era meu amigo, deveria estar feliz por mim… - ela voltou ao seu tom normal.

Ao ouvir essas palavras, eu percebi o que estava fazendo. Eu não conseguia admitir o que sentia, e para compensar minha falta de coragem, tentei afastá-la de Jason. Como eu pude cair tão baixo? Quer dizer, ela está feliz. Ela parece feliz, obviamente a relação deles está crescendo para se tornar algo maior. Eu não acredito que tenha ficado entre duas pessoas que se amam. O que eu estava fazendo? Não tinha por que falar mais nada, ela já tinha tomado sua escolha e eu a minha. A história deles deverá seguir seu curso, como sempre deve ser. Eu só desejaria ter sido mais descente e não ter brigado com ela á toa. Jason vai fazê-la feliz. Vai ser melhor assim. E além do mais, como Deuce e ela mesma disseram, sempre seremos amigos.

— Amigos...? - Meus pensamentos escaparam.

— Leo? – Jason chegou na garagem nesse mesmo momento. - O que faz aqui a essa hora?

— Companhia a Cléo. Mas acho que isso não deu muito certo. Enfim, aproveitem a noite. - Eu disse me virando para sair do local, encarando o chão.

— Leo, você tem certeza de que está bem? Você estava estranho ha minutos atrás. E ficou em silêncio por um tempão... - Cléo pôs a mão em meu ombro.

— Está tudo bem. Desculpa por não ter tem dado o meu conselho de amigos antes. Espero que o aceite agora: vocês dois tem tudo para dar certo. Desejo o melhor a vocês - lhe disse enquanto começava a caminhar.

Sua mão escorregou pelo meu ombro e eu segui em direção a porta, passando por Jason no meio do caminho:

— Boa noite, Leo.

O loiro me disse antes de entrar na garagem e abrir a porta do carro. Voltei para dentro do Templo e subi as escadas devagar, voltando a pensar comigo mesmo. Depois de todo esse tempo eu entendo o porquê de eu sempre irritá-la tanto. E quando finalmente tenho a chance de mudar nossa história, eu jogo tudo pelo ralo e ainda termino de uni-la com Jason. Que noite mais fracassada.

Cheguei ao segundo andar quase caindo de desanimo, e vi Deuce, Sky e Lucy caminhando pelo corredor, vindo a meu encontro:

— E ai, Leo, como foi? - Deuce perguntou animado.

— Como foi o que? Jason e Cléo saíram juntos a poucos minutos e eu disse como apoio eles dois como um casal. -Eeu disse.

A expressão na cara de Deuce se entristeceu imediatamente, mas as meninas pareciam não saber do que eu estava falando:

— Que fofo da sua parte, Leo. Cléo estava bem nervosa. Nada melhor que o apoio de um amigo. - Lucy disse - Estávamos indo encontrar Kev, Will e Jack na sala de jogos, quer vir?

— Pois é, vamos jogar War para desestressar um pouco. Vai ser bom para você - Deuce falou, dirigindo-me uma leve indireta.

— Valeu, eu vou tomar banho e já me junto a vocês.

— Ok, te esperamos então - a loira disse descendo as escadas.

— E, se precisar de alguém pra conversar depois, é pra isso que servem os amigos - o inglês me deu mais uma indireta antes de descer as escadas atrás de Lucy.

— Olha, Leo, estou surpresa com sua aprovação quanto a Cléo e Jason - Sky me disse.

— Por que a surpresa?

— Não sei. Talvez pelo “eu te amo” que quase saiu da sua boca hoje mais cedo. - Ela respondeu.

Ela escutou? Eu parei de novo, relembrando a cena de hoje de manhã. No meio da batalha, quando Cléo estava em meus braços quase morrendo, eu murmurei as palavras: “E-eu t-te....”, mas a frase completa não saiu. Os guardiões mais próximos de mim nesse momento eram Kevin, que já havia se levantado a esse ponto. E Sky, que estava abaixada a meu lado, ainda tentando queimar a corda. Mas eu falei baixo, pensei que ela não tivesse escutado. Ela e Lucy são as melhores amigas da Cléo, e eu não sei como garotas se comportam diante de um segredo de tanta relevância.

— Mas ei, relaxa. Eu não vou contar pra ninguém. Achei bonitinho você tentando se confessar hoje. - Ela disse ao ver minha cara de preocupação.

— Ufa. Obrigado, Sky - respondi com alivio.

— Disponha. E, eu sei que sou péssima com conselhos, mas estou aqui se precisar de qualquer coisa - ela deu um sorriso.

— Vou me lembrar disso.

— Ook, acho que esgotei meu tempo de “agindo como a pessoa fofa!”.

— Já estava até te estranhando! – Devolvi.

— Haha, hilário. Te esperamos lá em baixo! - Ela disse descendo as escadas.

Ela acenou e desapareceu da minha vista, deixando-me a sós mais uma vez. Eu me dirigi ao meu quarto, contemplando a noite pela janela novamente. É, não foi dessa vez. Mas talvez essa não tenha sido minha última oportunidade. O destino age de formas imprevisíveis. Ainda tenho esperança em nós dois. E se não for para ser, pelo menos ela estará feliz, mesmo que com outra pessoa. Pelo menos agora eu entendo meus sentimentos. Porém estes talvez tenham que ser enterrados novamente, caso Jason e Cléo se tornem algo mais. Eu pensava enquanto entrava em meu quarto e trancava a porta atrás de mim. Prometendo a mim mesmo que esses seriam meus últimos pensamentos melancólicos nesta noite.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, ate o próximo!!



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