Os Buscadores de Relíquias—O Buscador Errante escrita por Jean Carlo


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

E aqui se inicia uma viagem por um mundo, a qual espero que você leitor goste.



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Nascente Empírica/2011

Daniel fixou o olhar no teto branco da sala do hospital, enquanto esperava a enfermeira colocar a agulha no seu braço direito. Sentiu o momento que o metal entrou na veia, mas não ligou para a pequena dor, pois não era nada comparado aos dias de sofrimento que teve ao longo dos seus dezessete anos.

O seu coração nasceu com uma atrofia muscular rara. Causando, assim fortes dores no peito, já que boa parte do músculo do coração estava danificado e também tinha que conviver com as faltas de ar constantes. Daniel não conseguia ter uma vida normal, pois seus movimentos e afazeres domésticos cobravam muito do seu corpo. O garoto também não tinha noites normais de sono, pois, por causa do problema cardíaco os pulmões tinham uma grande retenção de líquido. Provocando incontáveis crises de tosses ao longo das noites mal dormidas.

— Está nervoso? — Perguntou a mulher de cabelos curtos e com um olhar cansado. Daniel conseguiu ver a exaustão, junto de uma ponta de dor na face da enfermeira.

O rapaz não tinha costume de notar a aparência das pessoas, pois tinha que conviver com os incontáveis olhares de pena e empatia. Daniel desenvolveu um sentimento negativo para com as pessoas, que tentavam o tratar com um cristal frágil e ao mesmo tempo quebrado. Queria poder deixar claro que não era tão delicado como as pessoas achavam, mas com a piora do seu estado, acabou tendo que aceitar. Teve que aceitar muitas coisas em sua vida, mas depois da cirurgia poderia mostrar o quanto todos estavam errados.

— Não muito — respondeu Daniel ao encontrar forças para dizer as duas palavras. Nos últimos meses o jovem não tinha energia para fazer absolutamente nada, pois seu coração chegou ao limite. Qualquer esforço era muito, tanto que não conseguia fazer mais nada sem a ajuda de outra pessoa. — Só quero que isso acabe...

Não conseguiu terminar a frase, por causa de uma forte tosse que veio. Virou seu rosto de lado, no momento que sua boca encheu de líquido. A enfermeira logo surgiu com uma bandeja de metal e Daniel cuspiu dentro da mesma. Sua saliva era vermelha.

— Quais são as chances... — tentou perguntar, mas outra tosse o cortou. Tinha que fazer a pergunta, mas ficou ainda mais irritado ao não conseguiu terminá-la.

— A mesma de um raio cair no mesmo lugar — respondeu a enfermeira com uma voz vaga e distante.

Daniel sabia que as chances de morrer na mesa de cirurgia eram grandes, mas iria morrer de qualquer jeito. Seus pais não queriam deixá-lo fazer, porém o jovem fez de tudo para convencê-los.

— Eu nasci condenado — disse ao reunir uma força oculta dentro da sua alma. — E ganhei uma segunda chance.

A enfermeira levou a bandeja para longe e depois colocou as mãos dentro do jaleco branco. Foi assim que percebeu o tanto que a mesma estava desconfortável com a situação. Daniel olhou lentamente para o quarto com apenas duas cadeiras e sua cama, quando escutou o barulho da porta abrindo. Viu um grupo de pessoas entrando. Várias enfermeiras e médicos formavam a equipe.

— Está pronto garotão? — perguntou um dos médicos ao aproximar-se da cama. O homem deveria ter pouco mais de quarenta anos, mas trazia um sorriso largo, em seu rosto.

Daniel acenou com a cabeça, no momento que seus pais entraram na sala. O rapaz viu o medo e o pânico estampado nas suas faces. Medo esse que pelo visto estava petrificando seu pai e mãe. Queria dizer que iria ficar bem, queria dizer alguma coisa para o casal, mas não encontrou as palavras certas.

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Alguns meses depois

Daniel resolveu ir deitar na sala, enquanto esperava sua mãe terminar o almoço, quando sentiu um frio percorrer sua espinha. O jovem que estava deitado logo pulou ao avistar um homem no canto da sala. Homem esse com a pele morena e um olhar perdido.

— MÃE? — Chamou Daniel ao pular do sofá, então olhou novamente para o lugar. Viu o momento que a silhueta do homem piscou e desapareceu.  

— O que foi Dan? — Perguntou sua mãe ao vir correndo da cozinha. — Não pule assim, menino!

— É que achei ter visto uma pessoa aqui dentro da sala — disse Daniel ao ir para perto da mãe.

— De novo isso? — quis saber a mulher. Daniel olhou para sua mãe, depois para o canto da sala. — Dan você vem tendo pesadelos nos últimos meses e agora anda vendo coisas que não existem... Vamos ter que levar você em um psiquiatra daqui alguns dias...

O rapaz olhou para sua mãe vendo o quanto ela estava duvidando da sua palavra. Também tinha certeza que seu pai iria duvidar, quando ficasse sabendo. Iria demorar a contar, já que o mesmo tinha ido para os Estados Unidos e demoraria a voltar.

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Dias depois

Daniel corria, mas seus pés afundavam na lama do chão da floresta. Seu rosto doía, por causa dos cortes feitos pelos galhos das árvores e tinha um corte profundo no braço esquerdo. Por ter caído em algum lugar, mas não conseguia lembrar.

— O que você fez com meu corpo? — Escutou alguém perguntar no meio da mata. Daniel olhou para todos os lados, mas só via árvores, mato e chuva.

Correu ainda mais rápido, com seu coração trabalhando rápido e dolorosamente no seu peito, até seus pés pisarem em algo mole, fazendo-o cair com força no chão, enchendo sua boca de lama e folhas. Daniel rolou para o lado cuspindo tudo, quando viu um jovem curvando-se na sua direção.

— Devolva o meu coração — ordenou o jovem. Mesmo com medo Daniel viu o rosto oval, um olhar vago e estranho. Então a forma do mesmo piscou e o rapaz percebeu que era o mesmo fantasma do qual vinha sonhando e tendo algumas visões dentro de casa.

Daniel colocou as mãos no rosto na tentativa de se proteger, quando acordou.

 

— Foi apenas um pesadelo — disse para si mesmo ao sentar na cama. Olhou para seu guarda-roupa, depois para sua mesa ao lado da cama, mas ao olhar para porta. Daniel avistou o rapaz do seu sonho em pé e olhando na sua direção.

— Puta... — tentou dizer, mas o espírito partiu para sua direção.

Daniel não teve tempo para nada. Só sentiu algo frio pegar no seu pescoço, depois seus pulmões falharam, até que algo dentro do seu peito pulsou. Seu coração acelerou tanto, que a visão do rapaz falhou. Fazendo o mesmo piscar lentamente, quando finalmente entendeu que o espírito tentava o enforcar.

Apenas pensou que agora seria o seu fim, mas ao pensar na morte. Daniel sentiu uma enorme vontade de viver, então tentou livrar-se do espírito. Tentou usar suas mãos para tirá-lo de cima do seu corpo, mas ao colocar a mão no mesmo. Sentiu o coração pulsar de uma forma estranha, então um brilho forte e azulado surgiu no seu peito.

Viu o quarto mudar de forma, mas não conseguiu focar em nada, pois sua visão estava fora de foco. Sentiu seu coração bater ainda mais forte, depois parou e uma sensação fria preencheu seu corpo. Daniel imaginou que suas células, veias e órgãos estavam se enchendo por uma grande quantidade de gelo, pois seu corpo ficou totalmente frio e rígido, mas antes de sentir mais alguma coisa. Então tudo acabou e caiu de costa na cama.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado do prólogo e se possível deixe seu comentária para mim saber sua opinião.