Caso encerrado escrita por Amanda


Capítulo 4
Capítulo três




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A coberta que envolvia seu corpo estava mais aconchegante do que gostaria, não conseguia abrir os olhos de tanta preguiça que sentia. Sua consciência afundava cada vez mais em pura sonolência. Contudo, o som estridente no andar de baixo despertou-a abruptamente, capturou a varinha e desceu as escadas silenciosamente. Havia adquirido o hábito de estar sempre alerta e preparada durante o curso de auror, o qual terminara com honras.

Espiou para dentro da cozinha e relaxou os músculos tensionados pela adrenalina matinal.

— Você quer explodir minha cozinha? — Perguntou com um sorriso zombeteiro nos lábios.

Draco segurava a varinha, mas os eletrodomésticos pareciam não obedecê-lo, a cafeteira jorrava água para todos os lados enquanto as xícaras brindavam repetidamente em cima da pia. Assustado com tudo aquilo, olhou-a com a expressão de uma criança que fora pega aprontando.

— Pareceu tão simples ontem à noite... — Murmurou. — Essas coisas trouxas estão vivas!

Não conteve a gargalhada que escapou, e tentou rapidamente contê-la.

— Eletrodomésticos não se dão muito bem com magia, levei algum tempo para aprender. — Sacudiu sua varinha, num floreio beirando o delicado e majestoso. Os aparelhos pararam e as xícaras finalizaram o brinde pousando suavemente dentro do armário. — Limpe a bagunça, volto já!

— E o café da manhã? — Gritou enquanto observava-a desaparecer pela porta.

— No caminho.

***

Com os copos em mãos, apertaram-se na cabine telefônica e Hermione tratou de digitar os números rapidamente, como auror o sistema apressava o processo e apenas engolia-os para o Átrio do Ministério.

— Harry, Rony. — Cumprimentou-os com um aceno de cabeça enquanto passava pela porta, logo atrás, Draco. — Temos um problema!

Rony olhou-os com curiosidade, já Harry cruzou os braços sobre o peito e encarou-a, esperando por uma resposta.

— Fui atacado durante a madrugada. — Começou a falar. — Estava saindo do trabalho e senti que estava sendo seguido, quando entrei em uma rua deserta foi que recebi um soco no rosto. Consegui afastá-lo e desaparatei assim que pude.

— Para onde foi depois? — Harry conduziu a pergunta, seu olhar direcionado à Hermione que observava a conversa de longe, escorada em sua escrivaninha meticulosamente organizada.

— Para a minha casa. — Respondeu por Draco, olhando desafiadoramente para Harry.

Rony levantou a mão pedindo atenção.

— Ele foi para a sua casa? De madrugada? — Sua voz estava um pouco mais elevada que o restante do grupo. — Por quê?

— O ponto é que os ataques estão acontecendo, e não temos pista alguma para começar a trabalhar. Não podemos esperar pelo próximo! — Enfatizou, voltando ao assunto que realmente importava. — Não estamos enxergando o óbvio.

— Que seria? — Draco intrometeu-se, recebendo um olhar gélido de Rony.

— Quando me atacaram havia três, e você os derrubou. — Explicou. — Ontem apenas um tentou machuca-lo.

Harry havia entendido a linha de raciocínio de Hermione, havia uma conexão entre eles, e o olhar que trocaram deixou claro que pensavam a mesma coisa. A intenção não era matar Draco, ao menos não naquele momento, fora apenas um aviso. O jogo estava ficando perigoso, e não tinham peças suficientes para investir numa estratégia, não ainda.

— Mas por que apenas assustá-lo? — Pensou em voz alta.

— Estão nos encurralando. — Concluiu pelo amigo. — Harry, estão mostrando do que são capazes!

E de fato era o que acontecia. Falharam na tentativa de matar Hermione, agora estavam assustando-a com investidas agressivas em colegas que participaram do caso, e Draco, que entrou por acaso na história.

— Estão dizendo que não sofri perigo algum noite passada?

Hermione o olhou com intensidade.

— Eles, no máximo, te machucariam. — Proferiu, consternada. — Estão me mostrando o que farão se...

— Se?

— Esse é o problema, não temos como saber. — Harry contrapôs. — Podem querer Hermione, ou que o Ministério liberte os Comensais presos. Não temos certeza.

O silêncio tomou a sala, causando a sensação de fraqueza em cada um dos quatro, estavam submissos até que soubessem de algo. A falta de pistas e informações úteis dificultava o trabalho, não tinham com o que trabalhar além das suposições a teorias infundadas.

— Estamos de mãos atadas.— Olhou para o relógio de pulso . — Tenho uma reunião agora, falarei com Kinglsey a respeito.

Rony afundou na cadeira giratória, claramente desistindo de qualquer raciocínio lógico, Harry saiu da sala e Hermione capturou um pergaminho em branco. Com os dedos delicados alisou o papel e umedeceu os lábios antes de molhar a pena no tinteiro e começar a escrever. Gostava de fazer anotações, permitia que jamais se esquecesse dos detalhes importantes, começou, portanto, a trabalhar nos fatos.

Draco sentia-se um intruso, não pertencia àquele lugar, mas tampouco conseguia afastar-se. Estava envolvido. E muito mais do que gostaria de admitir.

— O comensal da morte é egocêntrico? — Sentado na beirada da escrivaninha leu as anotações do pergaminho.

Hermione não levantou o rosto, mas respondeu.

— E não são todos? — Parou de escrever para olhá-lo. — Lembra-se de algo, talvez altura, peso, cor da pele...?

— Mais ou menos um metro e oitenta de altura, uns noventa quilos, talvez oitenta. — Buscou em sua memória, mas era só. Não conseguira sequer enxergar a mão que atingiu seu rosto. — Apenas isso, sinto muito não poder ajudar mais.

— Não tem problema, resolveremos isso. — Falou mais para si, precisava acreditar naquilo.

Não houve qualquer evolução no caso, nem mesmo depois de investigarem cada centímetro da Travessa do Tranco, onde McHearty fora encontrado morto. Não havia resquício de sangue ou pegadas, portanto acabaram retirando o isolamento da área, não tinham motivos para obstruir a ruela escura e lúgubre, por pior que parecesse.

Jantou na casa de Harry naquela noite, tentou distrair-se do trabalho e os acontecimentos que invadiram sua vida inesperadamente, assim como da culpa que lembrava-a constantemente que McHearty só estava morto porque convocou-o para trabalhar consigo. Ou Draco que estava sendo perseguido somente por tê-la ajudado naquela noite em que bebera um pouco demais.

O jantar terminara e não seu deu conta até que Gina esbarrasse a taça de vinho na garrafa, virando um pouco do conteúdo. Sorriu ao notar a forma que Harry beijou os dedos da esposa, com muita delicadeza, antes de levantar-se e jogar um guardanapo sobre o líquido escarlate.

— Chega de vinho para mim! — Anunciou Gina, um sorriso brincalhão no rosto. — Então, Hermione, quando vamos sair novamente? Podíamos convidar a namorada de Rony e Luna para uma noite só de garotas. O que acha?

— Espera um pouco, Rony está namorando? Desde quando? — Perguntou incrédula.

— Ele diz que não, parece que ainda estão se conhecendo. — Deu de ombros, ignorando a explicação que o irmão dera.

— E ele pediu para deixar em segredo, Gina. — Harry pontuou seriamente, mas voltou a sorrir. Não conseguia ficar bravo com Gina, não por muito tempo.

A ruiva abraçou Harry e lhe beijou a bochecha.

— Sei que ele não vai se importar. — Sorria marotamente, como quem sabe exatamente como se safar de uma bronca. — Me ajuda, Mione?

Empilhou os pratos e seguiu Gina até a cozinha, ajudando-a a lavar a louça rapidamente. O tilintar dos talheres deixou que o silêncio não se tornasse perturbador, apesar da ruiva preferir quebra-lo:

— Harry me contou. — Disse baixinho, não queria que o marido a ouvisse. — Como se sente?

— Impotente? — Tentou, mas não fez esforço algum para continuar a explicação. — Só quero que isso termine, não consigo imaginar passar por tudo outra vez por causa de fanáticos puro-sangue.

A amiga interrompeu o que fazia e virou-se para Hermione.

— Não estou falando dos comensais da morte, sei que é preocupante e tudo mais, mas vocês conseguem. — Sacudiu a mão cheia de espuma. — Estou falando de Draco Malfoy!

— Draco... O quê?

— Nada. — Defendeu-se, exibindo um sorriso inocente. — Soube que ele te salvou e não se afastou mais... Apenas achei intrigante.

— Não ache, ele é um alvo tanto quanto meus aurors. — Replicou incomodada com o rumo que o assunto tomava, não queria falar sobre Draco Malfoy, e muito menos dos motivos de tê-lo por perto há quase uma semana. Mudou de assunto, torcendo para que a amiga esquecesse-se. — Vou querer saber mais sobre essa garota com quem Rony tem saído.

— Sei tanto quanto você. Infelizmente meu irmãozinho não confia em mim, fiquei sabendo através de Harry, e bem, ele resolveu guardar o restante das informações. — Deu de ombros. — E quando você vai nos apresentar alguém? Mamãe vive perguntando por você, ela acha que seu sumiço é por causa de algum bruxo.

— Estou extremamente ocupada com o trabalho, não tenho tempo para pensar em outras coisas, e isso incluiu relacionamentos! — Explicou-se, constrangida.

Sempre que encontrava Molly Weasley era bombardeada por perguntas sobre sua vida pessoal, e principalmente relacionamentos amorosos. Torcia para que Molly desistisse do assunto, mas a cada encontro sua curiosidade se mostrava mais resistente e afoita. Ansiando por informações positivas.

Gina inclusive conseguira fazê-la se encontrar com alguns jogadores de Quadribol que conhecia, mas nada que durasse mais de uma noite. Repetia para si que seu foco era o trabalho, acreditava nisso convictamente.

— Se é isso que você quer...

Voltara para casa meia hora depois.

Seu corpo clamava pela cama, as cobertas e um sono digno. E obedeceu. Assim que saiu do banho quente, cobriu-se e afundou no colchão, entrando na inconsciência tão rápido quanto um piscar de olhos.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoas. Espero que gostem do capítulo!
Até logo



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