Primavera sem flores escrita por Megitsune


Capítulo 5
4 - Quase perfeito - parte 2 (final)


Notas iniciais do capítulo

Olha só que resolveu aparecer para uma postagem natalina!

Como recebi uma enorme injeção de ânimo há algumas horas, resolvi postar o final da saga Sasuke para vocês. Desde já, desejo um feliz Natal para todos!

Boa leitura!



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Oito horas da manhã e Sasuke passava pelos portões da escola com o pior humor do mundo. Motivo: Não conseguiu dormir. 

Naruto ligou para ele à meia-noite para saber como resolver um exercício de física que era impossível de explicar por telefone. Para melhorar, Fugaku acordou com a conversa e foi querer saber o que o filho fazia acordado tão tarde. Sasuke precisou desligar o celular na cara do amigo para não se ver em apuros. 

Casas pequenas eram um saco. 

Andando pelos corredores, achou estranho não ter encontrado Sakura, ela sempre o esperava na entrada com um sorriso radiante. Estaria ajudando Naruto com a atividade de física? Parou na porta da sala e viu a namorada ajudando Ino a resolver um exercício. Nem sinal de Naruto. Antes que pudesse ser notado, olhou em volta e saiu. 

— Se o que procura é o Naruto, ele está na sala do lado — interveio Shikamaru, sentado no corredor, sem o menor ânimo de entrar na sala. Ele digitava algo no celular, Sasuke suspeitava que fosse para Temari. 

— Não estava atrás do Naruto — mentiu, fingindo pouco interesse — Mas o que ele faz lá? 

— A lista de física. Ninguém quis explicar o exercício e ele foi pedir ajuda ao Gaara — respondeu, em seguida fez um pequeno esgar de lábio. Pelo visto, a outra conversa não ia bem.  

Sasuke quis perguntar se fazia muito tempo que Naruto estava lá, mas conteve-se. Soaria como uma preocupação e no momento ele queria bancar o indiferente. No intuito de cumprir o seu papel como um bom ator, voltou para a sala e sentou-se em seu devido lugar, perto da janela.  

Assim que o viu, Sakura parou de falar com Ino e as duas foram cumprimentá-lo. O Uchiha notou que a namorada usava maquiagem e uma delicada tiara branca, em conjunto com um pingente de prata e pulseira do mesmo material. Ela preparou-se para o dia, enquanto ele não havia feito nada de especial. Havia planejado comprar um anel para ela no passeio que dariam pela cidade e esperava que isso fosse o suficiente. 

— Ohayo, Sasuke-kun! — Sakura sorriu e Ino também.  

— Sakura, Ino... — ele olhou para cada uma, deixando o ato falar por si só.  

— Desculpe por não ter esperado você na entrada, eu precisei ajudar a Ino com o texto do trabalho de japonês — Sakura explicou. Ela obteve um “tá” seco como resposta, se antes ela não tinha notado o mau humor do namorado, agora o percebia muito bem — Algum problema, Sasuke-kun? 

— Não — mentiu pela segunda vez consecutiva. Resolvido a mudar o rumo da conversa, fitou Sakura — Está bonita hoje.  

A moça corou e sorriu. Ino afastou-se, sem querer atrapalhar, e foi sentar em sua carteira com um semblante perdido. Enquanto Sakura falava sobre o pingente que pertenceu à mãe dela, Sasuke observava a loira, indeciso sobre ser legal e ir conversar com ela ou ignorar o que via.  

Independente da escolha, o tempo para se decidir acabou com a chegada do professor de física, Naruto o acompanhava apressado, tinha a mochila meio aberta, o estojo e um grosso caderno de capa dura nas mãos. Quem não conhecesse o loiro até pensaria que ele era estudioso.  

O rapaz sentou-se ao lado de Sasuke, deixou a alça da mochila deslizar pelo ombro sem qualquer intenção de colocá-la no chão. Pela cara de cansaço do amigo, o moreno chegou à conclusão de que não foi o único a passar a noite em claro. A diferença era que Naruto estava cansado e ele de mau humor.  

— Bom dia, classe. Hoje vamos terminar os nossos estudos sobre a termodinâmica para começar a estudar os estados de agregação da matéria — o professor disse e passou a mão sobre os ralíssimos cabelos brancos — Mas antes, quero a lista de exercícios que mandei fazerem semana passada.  

Todos começaram a abrir as mochilas e a pegar as folhas de exercício, enquanto Naruto apenas abriu o caderno tirou de dentro três bolos de folhas grampeadas, o caderno até voltou a parecer fino. Sasuke arqueou uma sobrancelha, perplexo. O amigo havia deixado três listas de exercício sem fazer? Isso explicava o desespero dele. 

Naruto levantou-se, chamando a atenção de boa parte da turma, aproximou-se do professor e entregou as três listas.  

— Yoshida-sensei, o senhor disse que corrigiria, mesmo estando atrasado — Naruto disse, sério. O professor coçou a nuca, estava tão surpreso quanto o restante da turma. 

— Você fez tudo? — Ele ainda não acreditava. 

— Pode olhar, fiz tudo — Naruto quase esboçou um sorriso orgulhoso. 

— Devo confessar que estou surpreso, Uzumaki-kun. Como prometido, vou corrigir, mas a nota pelas listas anteriores será reduzida.  

— Certo, Yoshida-sensei! Valeu! Garanto que estará tudo certo. Hehe — Naruto não aguentou e sorriu. A capacidade do loiro de se animar com qualquer coisa era surpreendente.  

— É o que veremos — Yoshida disse. Naruto voltou para o seu lugar.  

Sasuke foi o terceiro a entregar o exercício. Enquanto os outros alunos faziam o mesmo, ele aproveitou a chance para conversar com Naruto. 

— Três listas?! — murmurou. 

— Sabe como é, não sou bom com prazos — Naruto deu uma risadinha nervosa — O importante é que eu fiz, né? 

O loiro era um imbecil. Sasuke custava a entender como o outro conseguia manter-se calmo sabendo que perdeu 8 pontos. 

— Dobe, por que não disse isso antes?  

— Foi por isso que te liguei ontem, teme! — retrucou como se fosse óbvio. 

— Ontem?! Você me ligou de madrugada! — respondeu, ríspido. Ainda lembrava os detalhes da cara irritada do pai e da quase bronca que levou. — Idiota. 

— Era uma questão de vida ou morte! Sorte que eu tinha o Gaara para me salvar. 

Sasuke iria responder com uma provocação, porém o nome Gaara azedou a pequena dose de bom humor que ele havia reservado ao loiro. Juntando todas as forças que tinha para não transparecer descontentamento, imaginou-se espalhando a imagem constrangedora de Naruto no cinema. O pensamento vingativo acalmou um pouco o ânimo, mas em nada melhorou seu humor. 

— Está aí um coitado que não pôde dormir por sua causa e ainda vai ter que pagar lámen para você na saída — a ponderação ácida do Uchiha deixou Naruto sem graça.  

Um silêncio incômodo pairou entre os dois, que assim permaneceram pelo resto da aula de física. Vez ou outra o moreno olhava discretamente na direção de Naruto, na esperança de que ele não estivesse irritado. O loiro nunca ficou com raiva de algo dito por Sasuke, mesmo assim, havia essa possibilidade e o moreno receava pelo acontecimento dela. Apesar de que, pedir desculpa estava fora de cogitação. 

Constatar que Naruto, de fato, passou a madrugada inteira pendurado no telefone com Gaara seria motivo de riso, se não fosse tão trágico o motivo da ligação. O guaxinim devia ser um excelente professor para conseguir explicar algo complicado pelo celular para o lerdo do Naruto.  

O problema era que agora o loiro iria querer se desculpar com Gaara. Seria uma grande oportunidade para o Sabaku chantageá-lo com algo idiota, mas o que ele poderia querer de alguém como Naruto? O ruivo já tinha tudo o que queria; era milionário, tinha uma boa família e ainda era um dos melhores da escola.  

A aula de matemática começou, sabendo que Naruto acabaria dormindo na aula, Sasuke pegou a última folha do caderno, rasgou um pedaço e escreveu um bilhete. 

“Sobre o que aconteceu mais cedo, o que acha de passarmos o intervalo juntos? Pode ficar com o meu lanche.” 

Dobrou o recado e enquanto a professora estava de costas, entregou-o ao amigo. Naruto leu o conteúdo e logo respondeu. 

“Melhor não, teme. Hoje não é o seu aniversário de namoro? Melhor você ficar com a Sakura-chan, eu me viro.” 

O maldito aniversário de namoro estava a atrapalhá-lo de todas as formas naquele dia. Pior que seria estranho ele não dar atenção a Sakura. 

“E o que pretende fazer?” 

Naruto ficou pensativo com a pergunta. 

“Não sei. Mais tarde descubro. Aproveite o dia com a Sakura-chan, teme! Vocês merecem.” 

Sasuke precisava de um plano, e com muita urgência. Três batidas na porta foi o que tirou a atenção de todos para a monotonia da aula. Logo o coordenador entrava, acompanhado de um aluno novo. 

O novato dava a impressão de ser uma pessoa descolada. Entrou com a mochila jogada de lado nas costas e um sorriso de canto que Sasuke considerou irritante por destilar sarcasmo. A ponta de um canino despontava dentre os lábios dele, mas o que poderia ser analisado apenas como um problema de dentes irregulares, fez a mente do Uchiha entrar em modo de alerta.  

Havia uma pequena ilha perto de Shikoku, no mar do Japão, com o nome de Kirigakure. A população do local era bastante conhecida por possuir, em sua maioria, características de peixe. Era um povo exótico, reconhecido em qualquer lugar, seja pela aparência ou pelo comportamento violento. Se todos os dentes daquele rapaz fossem pontiagudos como o que estava à mostra, seria provável que ele fosse de Kirigakure, pior um encrenqueiro de primeira.  

— Alunos, este é Hozuki Suigetsu, ele veio de Kyoto e vai estudar conosco de agora em diante — anunciou o coordenador.   

A menção a Kyoto chamou a atenção de Sasuke. Não era lá que o tio mantinha sua sede nos negócios? Ele havia escutado várias vezes o pai comentar que alguns grupos yakuzas costumavam oferecer emprego a jovens vindo de Kirigakure. O motivo disso era o fato deles terem um grande potencial como "soldados" da organização. Um bairro sob o domínio de um grupo yakuza, certamente pagava as taxas destinadas à própria segurança a um kyodai de Kirigakure. 

O tal de Suigetsu não aparentava possuir qualquer tatuagem no corpo. Aliás, associar o novato a um yakuza devido a uns poucos detalhes podia ser muito precipitado. O certo seria observá-lo com cuidado antes de chegar a conclusões, mesmo quando os indícios eram fortes demais. Esperaria pela apresentação dele. 

— Apresente-se para os colegas, Hozuki-san — pediu a professora. — Tenho certeza de que estão todos curiosos para saber mais sobre você. 

O sorriso de Suigetsu alargou-se um pouco. Ele analisava cada aluno na sala com certo desdém, até seu olhar parar em Sasuke que fez de conta que o rapaz não existia.  

— Certo. Eu sou Suigetsu e não quero ser amigo de ninguém aqui, todos vocês têm cara de ser um bando de fracotes e chorões. Quero dizer, eu posso ser amigo das garotas, principalmente da loirinha ali — deu uma piscadela para Ino que virou o rosto irritada.  

— Como é que é, dente de peixe?! — exclamou Naruto, levantando-se da carteira, pronto para arranjar briga. — Não pense que vai entrar aqui e ofender os meus amigos! 

— Quer brigar, é? Só não garanto que sairá vivo se tentar — Suigetsu sorriu convencido. Pelo visto, ele tinha sede de sangue. 

Agora era certeza de que ele fazia parte de algum grupo yakuza. Talvez até mesmo o do tio, e se esse fosse o caso, Sasuke precisaria conversar com o pai, porque Madara planejava algo.  

— Pode vir! — gritou Naruto. 

— Chega, os dois! — interveio a professora. — Querem ir para a diretoria? 

— Mas ele começou... — Naruto tentou retrucar. 

— Não importa. Vamos retomar a aula e comporte-se, Hozuki-san. 

— Claro, sensei — Suigetsu respondeu sem conter o sarcasmo na hora de utilizar o honorífico. 

O coordenador não pareceu muito animado com a apresentação, mas a escola já era acostumada a alunos problemáticos e Suigetsu não poderia ser pior do que Gaara quando mais novo, poderia? 

Era o que iriam descobrir. 

Pensando pelo lado bom, ao menos Naruto esqueceria a parte de pedir desculpas a Gaara para brigar com o novato.  


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Notas finais do capítulo

Notas:

Kyodai é uma posição hierárquica dentro da yakuza. Não é uma posição alta, deixa eu ver como posso ilustrar... A yakuza vê a si mesma como uma grande família e nas posições mais baixas estão os "irmãozinhos" que são os shatei e os "grandes irmãos", os kyodai. Ou seja, é menos ralé.

Deixem um comentário para dizer o que acharam. Prometo responder lindamente. :3

Até o próximo capítulo!



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