O Clube das Cores escrita por Rodrigo Silveira


Capítulo 1
Ele//Preto




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https://www.youtube.com/watch?v=aBvliy5n1zk

Ele avançou pelos corredores. Suas pernas já não davam conta de correr e sustentar seu corpo arrastou-se segurando nos armários. Os conhecia bem, afinal já passara bastante tempo preso neles. Parou para tomar um pouco de ar.

“Meu Deus!” Pensou. “Que merda eu tô fazendo? Não posso parar!”

Três alunos haviam morrido no dia anterior. Tinha que manter o seu caminho. Estava fazendo tudo errado.

O som de algo retorcendo veio lá de longe, no fim do corredor, na entrada da cantina. Quase engasgou-se ao tomar fôlego. Voltou a correr.

O menino sentia todo o calor do sangue em seu corpo. Caso o coração não parasse, podia rasgar o peito e saltar do corpo qualquer momento.

De novo, aquele som. Como um grito sufocado sendo puxado para dentro da garganta.

“Essa coisa vai me matar!”

Correu com mais vontade. Não sentia mais os pés e sua mão direita quase adormecia também, tamanha a força com que segurava o cabo da espada. A lamina, tão escura quanto a escola naquele horário, quase tocava o chão.

“Por que diabos eu não mato ele?” O menino se perguntou.

O vácuo aumentou atrás de si. A criatura estava aproximando-se.

“Lembrei. Porque essa coisa vai me MATAR”

Quase gritou, mas a garganta seca o impediu sufocando. Teve que diminuir os passos para conseguir respirar, e na tentativa atrasar a coisa, bateu com a espada em um armário, derrubando-o.

Então ele correu em direção ao ginásio. Tão escuro quanto o resto da escola.

“Por favor estejam aqui! ” Ele rezava “Não me importo de estragar o plano, nesse momento só quero ficar vivo”

Contudo, para seu azar, a única presença que o garoto encontrou ali foi de mais criaturas.

Tomou fôlego e enrijeceu os músculos do corpo. Instantaneamente foi atacado. Ele conseguiu bloquear usando a espada e a criatura voltou-se novamente para as sombras. Agora o menino estava ao chão devido ao impacto.

Era tarde demais, afinal ele havia visto a coisa. Um ser feito de um grande vazio com corpo humanoide, garras e no lugar da boca dentes afiadíssimos e uma entrada profunda para a morte.

E ele havia voltado ao escuro.

Esse pensamento pós o menino de pé instantaneamente.

“Preciso ficar de guarda. Eu não vou morrer hoje.”

E de repente ele estava sorrido. Deu uma pequena gargalhada e então a criatura voou sobre ele novamente. Dessa vez, ele desviou e, com a espada, atingiu a perna do monstro que fez um barulho tenebroso e voltou as trevas.

“A quem estou tentando enganar? ” O garoto perguntava-se “Isso foi só sorte” E isso o fez rir novamente.

Em guarda, ele esperou que a morte mostrasse seus dentes novamente. Dessa vez, ele teria um sorriso para retribuir. O calor em seu corpo dera lugar a um suor frio.

— É o melhor que pode fazer? — Ele gritou finalmente. Odiava o som da sua voz quando estava rouco.

Mas o sorriso em seus lábios se desfez rapidamente quando a criatura rasgou a carne em sua perna derrubando-o e atirando-se sobre ele. Tudo o que impedia o monstro de devorá-lo era sua espada, posicionada entre os dentes do bicho.

O garoto esperneou tentando livrar-se mas falhou. Ao seu redor, espreitando nas sobras, haviam mais daqueles monstros.

Então ele gritou. A garganta ardia e o sangue escorrera por ela vindo da língua que havia mordido, mas não podia deixar de pedir ajuda.

E então, a ajuda veio:

No começo, era o som dos outros monstros ao redor desfalecendo, as criaturas gritavam aquele som retorcido e morriam. Até que sobraram apenas passos que avançavam, saindo da escuridão.

“É ele” o garoto concluiu.  Conhecia o som daqueles sapatos sociais em qualquer lugar.

A criatura desvencilhou-se do garoto e saltou sobre o tal ‘salvador’. Em suas mãos, ele segurava uma arma que os homens não podiam descrever, mesma cor das criaturas, e com ela, eliminou a última coisa restante.

— Que decepção, hein? — Ele falou, estendendo a mão ao menino, ajudando-o a levantar. — Lembra do porquê de estar aqui?

O menino riu.

— Eu sou melhor que os outros, você diz.

— E eu costumo estar certo, noventa por cento das vezes.

— Talvez eu seja os dez por cento.

— Ou talvez você queira ser.

Ele guardou a arma misteriosa e sentou-se no chão do ginásio.

— O novo líder do Clube das Cores, — continuou — Acha que ele é tão bom quanto você? Acha que me agrada ver o melhor de todos ser humilhado pelos alunos merdas dessa escola?

— Eu vou ficar bem. — O menino parou sobre ele — É só ter paciência. O líder novo vai se provar um fracasso. E então a gente assume.

O ‘Salvador’ deu uma risada alta que ecoou na quadra do ginásio.

— O negócio, é que eu não sou muito paciente não, sabe?  


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