A Promessa escrita por Morgenstern


Capítulo 23
Lance platônico.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/745941/chapter/23

Aos sairmos da cafeteria Manu sabia bem que algo estava me incomodando. Ela sabia quando simplesmente fico fora do ar, sabe quando estou chateada, com raiva e principalmente quando estou magoada. Ela sabia também, quando – desesperadamente – eu procurava um refugio. “Aconteceu alguma coisa?” foi o que me perguntou enquanto me puxava discretamente do jeito dela para longe dos outros. Pensei na pergunta com o dobro de atenção, estava acontecendo alguma coisa? Sim, sim estava. Mas o que? Pensei em Dylan no hospital, pensei no carro que o atingiu, pensei em Maxon, pensei em mim e na minha promessa. Concordei com a cabeça quando notei que ela me encarava esperando uma resposta. Ela perguntou “o que houve?” e mais uma vez parei para analisar a pergunta. Sim, é claro que algo aconteceu algo, mas eu iria contar? Iria contar que estava atraída por Maxon? Que a cada passo que ele dava para mim, era um passo que eu dava para quebrar a promessa? Diria a ela que sentiria muito, mas não conseguiria cumprir tal absurdo?

— Porque fizemos a promessa mesmo? – foi o que perguntei em resposta.

Ela parou e me encarou como se eu fosse louca. Olhou para trás checando o quão longe estavam, se virou para mim novamente e me puxou mais a frente.

— Porque está perguntando isso? Você sabe o por que. Sabe que não viemos para nos apaixonar. Viemos para estudar e nos divertir, para curtir a cidade. As quatro e mais ninguém. – ela respondeu nervosa como se soubesse minha súbita vontade de desistir.

Espiei o grupo que conversava enquanto caminhavam logo atrás de nós e não pude evitar permanecer alguns segundos a mais em Maxon.

— Eu não vou desistir, se é isso que te deixou tão nervosa. Eu fiz uma promessa e não vou quebrá-la. Só estava pensando...

— Vaaaaamos! – Júlia gritou passando por nós correndo como uma louca, os outros vieram logo atrás, rindo e tirando sarro com Júlia por não querer se atrasar a aula de História.

Gelei por um instante e olhei para Larissa, ela entendeu e logo estávamos correndo para o outro lado, chegando para a primeira aula que já havia começado há exatamente vinte minutos. A aula passou como um vento, assim como a segunda e a terceira. Estava conversando com Júlia, enquanto íamos ao refeitório, disfarçando a enorme vontade de perguntar como tinha sido a aula de História com o professor Herondale, mas não conseguiria ser direta demais. Ouvi ela falar sobre o teatro e concordei em acompanhá-la, ouvi sobre Dylan e seu estado que melhorava pouco a pouco e com muita paciência ele estaria de volta às aulas, meus ombros relaxaram com algo a menos para pensar. Estávamos na metade do caminho quando escutei meu nome alto e em bom som. Júlia parou no mesmo momento que eu, como se fosse o nome dela ou como se reconhecesse a voz assim como eu reconheci.

— Estão indo para o refeitório? – Maxon perguntou quando se aproximou, disfarçando a respiração de quem havia corrido o campus todo.

— Estamos. – respondi.

— Ah... Vocês estão. Na verdade eu preciso passar na sala agora. Lembrei que esqueci uma coisa e ah, deixa para lá. Vejo vocês em alguns minutos. – Júlia disse saindo apressada, nem esperando a despedida de Maxon, nem esperando minha objeção.

— Então... – ele começou e parou olhando sob meus ombros. 

Não vou me virar. 

Não vou me virar. 

Não vou...

— Hey Max. – uma voz masculina falou atrás de mim, Maxon sorriu e me virei lentamente.

— Hey Jake. Como está? – Maxon perguntou ao dá um soco de leve no braço do homem pouco mais alto que ele, pouco mais bronzeado, pouco mais sexy, pouco mais charmoso e desesperadamente lindo. Jake me olhou por um único segundo antes voltar a encarar o amigo.

— Estou bem, na medida do possível. Soube do Dylan? Poxa cara, foi a melhor notícia que já recebi hoje.

— Eu soube. – Maxon disse coçando uma sobrancelha visivelmente desconfortável. 

E lá estava eu prestes a repetir que ele não tinha culpa, quando Jake se virou para mim.

— E você? Eu te conheço de algum lugar? – perguntou analisando meu rosto, minha blusa, minhas calças jeans e meus tênis. 

Os olhos castanhos, mais escuros que os de Maxon, me deixaram nervosa e desejava muito de um buraco ali mesmo.

— E-eu...

— Acho que não. – Maxon respondeu fazendo Jake voltar a encará-lo e sorrir. 

Sorrir tão divinamente que não evitei e lá estava meus lábios se curvando e meus dentes dando um olá. De repente os dois se voltam para mim e Jake acenou com a cabeça antes de sair, dando um soco no braço de Maxon ao passar por ele. “Te vejo depois” foi o que ele disse. Sim, eu o vejo depois foi o que eu não disse. O observei ir embora e me virei para Maxon que balançava a cabeça freneticamente com os lábios em linha reta.

— O quê? – perguntei confusa.

— Sem chances Kate! – ele falou puxando minha mão em direção ao refeitório. – Jake está em um lance e... – ele parou e me encarou. – Nem em sonho vocês dois, ok? Ele tem um lance platônico com minha prima e você... – ele parou e respirou fundo. – Você nem pode imaginar.

— Calma ai Maxon. – falei puxando meu braço. – O que quer dizer com lance platônico?

Ele sorriu.

— Ele gosta dela. Ela gosta dele. Eles acham que um não está afim do outro e tenho orgulho dessa parte e...

— Por quê?

— Porque eu não posso simplesmente dizer a ela que ele gosta dela assim como ela gosta dele. Não confio nesses caras para ser um Maddox. Sei bem o que são capazes de fazer com uma garota e... – ele parou e fez uma careta, talvez imaginando algo. – Não. Sem chance!

— Eu não acredito nisso! – falei com o queixo caído. – Você está enganando seu amigo e sua prima! Maxon!

— Você ouviu o que eu acabei de dizer? Não confio nele...

— É claro que eu ouvi. – interrompi. – Mas estou falando e se ele mudar por ela? Se ela o fizer... – e foi neste instante que eu parei. Fechei os olhos e neguei com a cabeça. – Você tem razão.

— O que? – ele perguntou com as sobrancelhas erguidas em surpresa.

— Você tem razão. Não dará certo. Avise sua prima para ficar longe.

— Vamos ao teatro!! – era a voz animada de Júlia atrás de mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Promessa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.