A Promessa escrita por Morgenstern


Capítulo 21
Terrível Acidente.




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— Não, não. Estou bem, não aconteceu nada além de uns arranhões... – era a voz de Maxon, quase um sussurro que podíamos ouvir muito bem no silêncio da sala. – Sim, elas estavam com a gente. Não. Estou falando, foi apenas o Dylan... Você também pensou nisso? Não consigo tirar essa ideia da cabeça. Claro! Eu iria mas... – um telefone tocou na sala nos fazendo pular de susto. Júlia quem atendeu, ouviu por um instante e logo começou a chorar trazendo tanto Maxon, ainda com o celular no ouvido e como também Aaron de volta de volta à sala.

— O que aconteceu Júlia? – Aaron perguntou. 

Manu a abraçou com um braço e pegou o celular de sua mão, Aaron não esperou mais um segundo e pegou o celular colocando-o no ouvido. O silêncio voltou a sala enquanto ele ouvia atentamente a outra linha e concordava com a cabeça.

— Tudo bem. Eu vou avisá-los, mas se quiserem ir para casa, eu e Maxon vamos para... Ok. Tchau. – desligou o celular e abraçou desajeitadamente Júlia no sofá. – Lethicia falou que levaram Dylan para a sala de cirurgia assim que chegaram ao hospital. Ela disse não entender bem o que os médicos falavam na ambulância e agora está esperando o médico informar alguma coisa. – Júlia soluçou e Aaron apertou os braços envolta dela. Senti uma grande onda de carinho por ele e sorri tentando confortá-lo mesmo de longe. – Então Ju, não precisa chorar ok? Vai ficar tudo bem! Você nos assustou.

— Onde posso pegar uma água para ela? – Cami perguntou levantando do sofá. 

Olhei para Maxon esperando sua resposta, mas ele não parecia ter escutado, encarava seu celular com uma careta perdido nos pensamentos. Levantei da poltrona e puxei Camila pela mão, fuçamos a geladeira metade cheia de bebida alcoólica metade com alimento achando duas garrafas de água no fundo. Ela pegou uma e voltou a sala entregando a Júlia, peguei a segunda garrafa e ergui a Maxon que me encarou por longos segundos e balançou a cabeça voltando pelo corredor.

— Não liga, depois vou conversar com ele. – Aaron disse ao ver a cena.

— Tudo bem, eu posso cuidar disso. – respondi seguindo Maxon até a última porta no corredor. 

Ela estava aberta mostrando um quarto cheio de pôsters com mulheres de biquíni, carros e lutadores nas paredes. Uma cama de casal encostada na parede oposta ao guarda-roupa com dois espelhos nas portas, duas pequenas cômodas em cada lado da cama e um único tapete na entrada do quarto. Maxon estava sentado na ponta da cama observando o celular em suas mãos, ele o virava de um lado para o outro distraído, seu olhar vago era aquele quando nos perdíamos em pensamentos. Bati na porta e ele não percebeu, limpei a garganta e nem ao menos levantou o olhar para mim. Desisti de tentar chamar sua atenção e entrei sentando ao seu lado na cama. 

Eu não sabia o que falar, não sabia o que ele estava pensando e seus sentimentos eram um mistério para mim, mas ficar ali em silêncio mostrando-o que eu me importava poderia ser um bom começo. Observei o quarto mais uma vez revirando os olhos nas fotos das mulheres – que eu estava longe de ser tanto no quesito sensual como no quesito beleza – e isso me deixou desconfortável de algum modo, Maxon suspirou e ergueu a cabeça para a parede.

— Me desculpe, mas sabe a única coisa que me impede de ficar pior nessa situação toda? – antes que eu pudesse pensar em responder, ele continuou. – A única coisa que me faz esquecer que fui o culpado por Dylan.

— Você não teve culpa. – respondi rapidamente fazendo-o suspirar.

— Sim, eu tive Kate. Se não fosse por mim, ele não teria...

— Você não pode se culpar Maxon. – intervi. – Poderia ter acontecido com qualquer um.

— Exatamente. Imagina se eu desafiasse meu irmão. Ou Rob ou qualquer uma de vocês. É tudo culpa minha. – fechei a boca sabendo que ele iria insistir com a culpa e para mudar o foco da conversa, me lembrei de como começou.

— Então, qual é a coisa que impede de você ficar pior? – ele se virou para mim e ergueu os cantos da boca.

— Lembro do seu show de hoje. É o que me deixa mais... Não sei, me faz esquecer tudo. – fiz uma careta e ele sorriu outra vez. – Eu achei que você fosse cantar One Direction, você sabe. E quando começou aquela música, quando levantou a blusa e dançou daquele jeito – ele parou para respirar fundo e voltou a falar. – Tenho certeza que muitos homens foram ao banheiro depois da sua apresentação. Eu estava quase indo.

— Se você quer que eu saia, é só pedir. Não precisa perder seu tempo falando essas coisas. – falei ao levantar da cama começando a ficar irritada. 

Era impossível acreditar que ele havia falado isso. Não nesse momento. Não depois de tudo. Não parecia o certo, principalmente por estarmos em seu quarto o que me deu ainda mais vontade de sair.

— Eu pedi desculpa antes de falar. – ele avisou, mas eu não queria ouvir. 

Não. Já bastava toda a noite e agora isso?

— Kate, espera. Por favor. – a voz cortada ao implorar foi o que fez minhas pernas pararem dois passos da porta. – Me desculpa. – ele sussurrou atrás de mim. – Só não quero pensar no quanto fui idiota essa noite. – revirei os olhos e me virei para ele.

— Você não foi idiota, estávamos todos bêbados. Como você iria saber que o carro iria entrar daquele jeito em um estacionamento? Foi um acidente. – falei dando ênfase a última palavra. – Ninguém teve culpa, Maxon. Ponha isso na sua cabeça. – ele apertou os lábios e baixou a cabeça. 

Eu estava prestes a dizer mais uma vez que ele não tinha culpa, que foi realmente um terrível acidente, que eu poderia ter ficado maluca se fosse com ele, que eu me sentia culpada por pensar assim e ao mesmo tempo confusa. Estava a ponto de dizer a ele que estava aliviada por tê-lo completamente inteiro ali na minha frente, estava pronta para dizer quando ele ergueu a cabeça, um pequeno sorriso de lado e um brilhinho nos olhos.

— Quer ver minhas fotos do show? – perguntou fingindo, ou não, uma pequena animação. Não parecia certo sorrir e muito menos recusar. 

Concordei com a cabeça e deixei que ele me levasse até a cômoda do outro lado da cama.


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