Lima-Ohio  15/3/2071         (89 anos)

Hospital de Lima. 

— Rach?

— Sim Finny?

Finn percebeu a voz cansada da esposa e se culpou mentalmente por fazê-la passar por aquilo. Finn descobriu que sofre de leucemia há 4 meses e desde então passa manhãs, tardes e noites em uma cama de hospital. Rachel não sai do seu lado nem por um minuto, havia prometido estar com Finn na saúde e na doença e vinha cumprindo sua promessa, afinal estar com o cara que fora dono das mais lindas covinhas que ela já tinha visto não era nenhum sacrifício, o que doía era saber que em breve não o teria mais para si. O médico tinha dado 4 meses de internação para Finn e hoje completavam os exatos 4 inesperados meses.

— Quero que viva sua vida assim que sair desse hospital quando eu for. Não passa de hoje.

— Meu amor claro que não, pare de pensar nisso, ainda não chegou sua hora.

— Rach não discuta, quero que esteja preparada e que encontre alguém para passar o resto da vida, você ainda tem muito tempo.

— Finny querido, eu já tenho 89 anos, você foi meu primeiro e vai ser meu último amor, não há mais ninguém que eu queira ao meu lado além de você.

— Eu amo quando você me chama de Finny e amo você. Só me prometa que não vai ficar trancada dentro de casa, você sabe como eu odiava ficar em um só lugar, ligue para a Quinn ou qualquer coisa, ela irá te fazer companhia.

— A única companhia que eu quero é a sua, mas não se preocupe, saiba apenas que eu vou sentir sua falta.

Finn ergueu as mãos tanto quanto podia e limpou as lágrimas do rosto de Rachel.

— E eu a sua, mas quero que se lembre de mim com um presente que deixei na segunda porta do armário do nosso quarto. Você vai saber qual é. Eu te amo Rach. Você vai ser sempre meu coelhinho favorito.

Finn fechou os olhos, deu seu último suspiro e se foi, mas não sem antes sentir os lábios ainda macios de Rachel pela última vez. Depois de todo o doloroso procedimento de aceitação da morte, liberada do corpo e tudo mais, a mulher se permitiu chorar por horas e dirigiu até em casa. Ela era tão solitária sem Finn e ela definitivamente já sentia falta do falecido marido. Enxugou mais uma vez as lágrimas e se lembrou do presente que Finn tinha dito, andou até o quarto e abriu a segunda porta do armário, exatamente como ele tinha a instruído. É, as lágrimas venceram mais uma vez quando notou do que o seu presente se tratava. Finn tinha deixado o seu dinossauro e Rachel se permitiu dar um sorriso sincero em meio a todas aquelas lágrimas. Preso ao brinquedo, um bilhete. “o Dino já era seu, assim como meu coração. Eternamente, onde quer que eu esteja. Guarde-o ainda melhor, eu sei que você vai.” E ela percebeu mais uma vez que não havia pessoa mais certa para a troca do mais valioso presente do mundo: o amor.