Entre Linhas... escrita por Keila Lavigne


Capítulo 26
Mais uma carta de amor




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Querido amor, 

O que está acontecendo? Por favor me diga as respostas que venho procurando e não as acho em lugar algum. Olhei em minhas gavetas, cutuquei alguns armários, espiei em algumas brechas mais parece que as respostas fogem de mim na mesma medida em que a minha vontade e ânsia de encontrá-las aumentam. Me responda então, por que ainda o penso? Por que apesar de tantas cartas, tantos textos, tantas despedidas, e tanto tempo perdido não me valeram de nada? 

O que sinto por você, isso que me consome por dentro e me tira a vontade de comer, isso é como uma obsessão. E as cartas? As cartas deveriam ser o meu exorcismo, mas me diz por que então ainda o penso? Ainda o sinto, ainda o amo... Se pudesse dizer algo que faço e ainda insisto em fazer seria; ainda o espero.

Tento me perdoar por gostar tanto de alguém. Tento me perdoar por isso fugir do meu controle, mas não consigo. A culpa é minha. Na verdade a culpa é sua também. Te culpo totalmente por ser tão irresistivelmente encantador. Te culpo por ter um sorriso incrível e por ter alterado as batidas do meu coração. Me diz se era isso o que você queria desde o começo? Creio que sim. Creio que eu não estava nos seus planos mas fazer com que eu me apaixonasse feito uma louca estava. 

Eu estou desesperada meu amor. Me desespero toda vez que penso na possibilidade de não conseguir te tirá-lo de mim. E se nunca o esquecer? E se eu morrer todos os dias, pouco a pouco enquanto você não estiver? Não me lembro de ter ouvido falar nos últimos anos que alguém morreu de amor, mas nunca se sabe. Eu mesma não sabia o efeito que alguém como você poderia despertar em mim. Se soubesse como evitar eu te juro que evitaria. Te juro que teria trancado o meu peito a sete chaves antes de encontrá-lo. Teria me preparado. Como um soldado que se prepara para um longo período de guerra em terras estranhas. Eu me sinto estrangeira. Me sinto alguém despreparada para seja lá o que estiver de enfrentar, e me sinto assim por que você não me deu tempo de me preparar. Você não me deu opções, não me deu escolha, não me deu nada. Apenas achou que poderia vir e como quem queria algo mas não encontrava "pôs tudo de pernas para o ar". Me diz se você achou em meio a minha peculiar bagunça o que tanto procurava? Me diz, por favor, se você achou algo aqui que o fizesse querer ficar? Por que se não, nada disso teria valido a pena. Se não o fiz querer em algum momento esvaziar as malas e passar um tempo aqui devo me culpar eternamente por isso? Por que me sinto culpada. E eu sinto muito. Talvez o meu sorriso não seja o bastante. Talvez o meu abraço não o prenda o suficiente. Talvez você e eu fomos feitos para dar certo mas não agora, e talvez não nunca. Pelo menos não aqui. 

Eu estou tentando esquecê-lo, mas a cada carta de despedida e a cada novo adeus algo em mim me convence do contrário. Eu estou mesmo tentando? Penso. Digo, se quisesse deixar para trás alguém eu conseguiria se quisesse mesmo, certo? Talvez eu não queira esquecê-lo. Talvez essas cartas sejam uma farsa, tanto ou mais que eu quando repito para mim mesma em voz alta que não o amo ou que não preciso mais de você. No fundo eu sei que sou uma farsa. Eu me sinto uma. E me dói dizer que sem você quase tudo em mim é mentira, exceto o sentimento que guardo, esse que quase sempre o faço sem querer fazer. 

Eu te amo, meu amor, e antes que me pergunte, isso é apenas uma das verdades que queria profundamente que fosse como todo o resto em mim; uma grande e estúpida farsa.

Com amor, daquela que para sempre e talvez nunca seja sua,

 

Keila.   

 


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