Preparar, apontar, brigar escrita por Camy


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá ~~

Postando em cima da hora, mas tá aqui! FELIZ ANIVERSÁRIO, NARUTO! ♥ ♥

Infelizmente não vou postar nada em específico pelo aniver dele porque eu esqueci que era hoje ;-;

~~enjoy



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Eles têm um relacionamento diferente. Não se odeiam, mas brigam o tempo inteiro. Não são amigos tampouco; jamais se falam fora do ambiente escolar. Ainda assim, Naruto considera Sasuke uma das pessoas mais importantes de sua vida. É complicado de explicar. Começaram com essa rivalidade muito cedo, antes dos seis anos, quando Sasuke disse que corria bem e Naruto afirmou que era mais rápido. Naquele dia, Sasuke venceu a corrida; depois disso passaram a competir em tudo. Se Sasuke dá uma resposta certa em aula, Naruto faz um comentário ácido o mais rápido que pode, mesmo que o professor não tenha perguntado nada (e que ele não faça a menor ideia de qual é o conteúdo). Quando Naruto resolveu fazer natação, na quarta série, Sasuke imediatamente se inscreveu também; o contrário se repetiu quando ele assinou seu nome na lista de interessados em atletismo e Naruto pegou o papel nem cinco minutos depois. Assim foi com basquete, vôlei, futebol. Qualquer esporte que um faça, o outro segue.

Em sala de aula, Naruto modificou essa relação. Jamais conseguiria manter as mesmas notas que Sasuke porque o idiota é um maldito gênio, então se esforça para provocá-lo sempre que pode. Ficam nesse jogo de palavras até o professor intervir ou mandar os dois para a direção (o que já aconteceu diversas vezes). Mas não se odeiam. Há certa cumplicidade, até, no jeito como estão sempre orbitando ao redor do outro. Sasuke não sorri com raiva quando perde por dois segundos na natação, é aquele sorriso que diz isso vai ter volta no basquete. É divertido.

Nem todos veem da mesma forma, porém. O corpo docente da escola acredita piamente que os dois não se suportam, e essa visão é compartilhada pela maior parte dos alunos também. Sakura e Karin são as únicas que entendem de verdade o que há entre eles (apesar de elas jamais, em hipótese alguma, conversarem sobre isso); Kiba e Suigetsu suspeitam, porém não dizem nada.

— É dezessete — responde Sasuke.

O professor de Matemática, Kakashi, abre um sorriso satisfeito. Naruto observa o 9 rascunhado ao qual chegou e revira os olhos. Sasuke tem aquela expressão de soberba que ele não consegue aguentar.

— Bom, pelo menos você chegou aos dezessete aqui.

No dia anterior, Naruto levara dois minutos e dezoito segundos para ir e voltar da piscina; Sasuke levara dois e vinte. A turma, que sabia da história porque Naruto postara isso em todas as redes sociais que tinha (e seus amigos compartilharam a publicação), soltou uma risada baixa.

Sasuke cruza os braços, entretanto Naruto não se deixa enganar por essa pose de falsa indiferença; consegue ver a raiva em seus olhos.

— Pelo menos eu tenho músculos e cérebro, diferente de certas pessoas.

— Pelo menos certas pessoas conseguem sair¹ direito.

— Ontem, né? Porque eu lembro de quando alguém escorregou ano passado e caiu de cara na piscina…

Outra série de risadas, e Naruto revira os olhos.

— Típico de quem não sabe o que dizer invocar história velha.

— Bom, a gente tem corrida esse final de semana. Aí eu vou ter muitas histórias novas.

— Ou talvez eu tenha.

— Você nunca me ganhou na corrida. Honestamente, não sei nem por que continua no atletismo.

— Bom, eu poderia t-

— Chega! — Kakashi disse, calmo, apesar de sua voz estar séria. — Ninguém mais aguenta vocês dois. Pra direção.

Os alunos soltam um silvo baixo, como se tivessem sido machucados. Eles parecem muito dispostos a perder vários minutos da aula ouvindo a briga, entretanto ninguém diz nada. Antes de sair, Naruto jura que Sasuke dirá alguma coisa, porém ele apenas segue em frente. No corredor, Sasuke o empurra com o ombro.

— Viu o que você fez?

— Eu?! Eu?

— Sim! Não é só porque você não consegue fazer os exercícios que todo mundo tem que ser idiota assim.

— Bom, a culpa não é minha que tenha dado dezessete! Foi coincidência demais!

— Mesmo assim, podia só ter ficado na tua. Não é tão difícil.

Por sorte (ou não), o escritório da diretora Senju fica a menos de cinquenta passos da sala de aula. Entram na recepção trocando faíscas com o olhar.

— Quem te escuta pensa que cê não ficou o tempo todo me azarando antes de responder pro Kakashi. Tava com essa cara escrota aí.

— Não é minha culpa se parecia que você tava olhando pro caderno como se ele fosse te morder. Vai me dizer que acertou, agora?

— Não te interessa se eu acertei ou não.

O barulho alto de um livro caindo sobre a mesa lhes chama a atenção. Encaram Matsuri, a recepcionista.

— Ela está esperando.

Já conhecem o caminho de cor, e Naruto empurra Sasuke uma última vez com o ombro antes de entrar na sala. Tsunade, atrás da mesa, parece muito cansada.

— Vocês dois de novo.

— Tudo culpa do Sasuke.

— O quê?

— Ele ficou me encarando na sala com uma cara de nojento e eu não podia ficar quieto. É ele quem me provoca!

Ela ergue a mão, impedindo-os de continuar. Não parece irritada, o que é estranho. Trocam um olhar de receio, pensando que estão mais ferrados do que haviam imaginado. Sentam-se nas cadeiras em frente a ela.

— Meninos, eu e os professores de vocês conversamos muito e vocês ganharam. Nós entendemos que não se suportam. Vamos trocar um de vocês de sala, porque não dá mais pra continuar assim. Fizemos um sorteio, Naruto, e é você quem vai pra outra turma.

Silêncio. Não se encaram, perplexos demais com as palavras que escutam. É Naruto quem tem a primeira reação, e ele pula da cadeira.

— Como assim?!

— Não tem uma semana que os professores não se estressem, essa é a melhor saída pra isso.

— Não — Sasuke diz. — Isso não faz o menor sentido.

— É! Ele tem razão, não faz mesmo! Poxa, todos os meus amigos tão naquela turma, a gente tá junto desde o pré!

— Exato! Vocês não veem o problema? Estudam juntos há mais de dez anos e ainda não conseguem ficar perto um do outro! Está insustentável para os professores.

Naruto volta a se sentar. Olha para Sasuke e vê nele a mesma angústia que sente. Não pode ir para outra turma, isso é ridículo.

— Eu não vou!

— Proponho um meio-termo — Sasuke interrompe. — Nós não brigamos mais. Naruto fica na turma, porque não faz mesmo sentido ele ir embora, e nós não interrompemos mais as aulas.

Ela estreita os olhos e se apoia para trás na cadeira.

— E nem os treinos.

Isso assusta até Sasuke.

— O quê?

— Vocês sempre interrompem os treinos também. Sem mais brigas, ou vão ter que parar com os esportes.

— Você não pode fazer isso! — Naruto protesta. — Eu sou o melhor na natação, o Sasuke sempre ganha medalha na corrida e somos titulares em vôlei, basquete e futebol! Não pode nos tirar dos times!

— Eu sou a diretora e posso, sim. E outra, nem os treinadores aguentam mais. Os de esportes coletivos foram mais difíceis de convencer, mas os de natação e corrida concordaram na hora.

— O quê? — repete Sasuke.

— Vocês são ótimos, mas metade da aula é perdida em impedir que saiam se agredindo fisicamente.

Ficam em silêncio. Naruto chega ao ponto de suar, e responde sem pensar nas consequências:

— Ok, a gente não briga mais.

— Naruto…

— Cala a boca, Sasuke, eu-

Cala-se ao perceber o olhar de Tsunade; depois, mais calmo, continua:

— A gente pode fazer isso. Eu sei que pode.

Sasuke parece bem em dúvida, entretanto concorda num movimento de cabeça. Tsunade fica muito feliz com esse resultado, diferente dos outros dois. Eles estão nervosos, sem saber direito como tudo vai se desenrolar a partir de agora.

~~00~~00~~00~~00

Duas semanas. Faz duas malditas semanas que não fala com Sasuke. É como tortura. Chega ao ponto de abrir a boca em aula, com a piada perfeita, e então se lembra do acordo e engole a vontade de dizer. Na corrida, perdeu por menos de um segundo de diferença e Sasuke encarou o chão, fazendo força para não o provocar. É assim que os dois vêm agindo nos últimos tempos: como se não existissem um para o outro.

Chega à sala de aula e observa seus colegas. Como sempre, Sasuke está ao lado de Karin e Suigetsu. Por um momento, seus olhos se encontram. Suspira e caminha até Sakura, jogando-se ao lado dela.

— Você parece um lixo.

— Nossa, obrigado, isso é tudo que eu preciso ouvir mesmo.

— Não encana, Naruto. Por que você não vai lá falar com ele?

— Esqueceu do acordo, Sakura? Se a gente brigar, eu vou pra outra turma.

E aí mesmo que a gente não se vê mais.

Apoia os braços na mesa, a cabeça sobre eles. Fica de lado, observando Sasuke deitado contra a parede, distraído com alguma coisa lá fora. Começa a chover, vai esfriar mais ainda. Prefere o calor do verão, Sasuke gosta do inverno (nunca conversaram sobre isso, mas Naruto sabe mesmo assim). Não tem noção de quanto tempo se passa antes de Sakura falar de novo.

— Vocês podem só conversar, sabe? Sem brigas. Isso não é contra as regras.

Nem se move, cansado demais até para isso.

— Até parece que a gente consegue…

— Olha, eu acho que vocês querem fazer muitas coisas além de conversar, mas por enquanto, como são retardados demais pra admitir, vai ter que ser isso mesmo.

Apruma-se rápido na cadeira, assustado. Encara a melhor amiga, que tem os braços cruzados e o mesmo olhar de Kushina.

— Sakura, mas que merda…?

— Ah, para! Vocês tão flertando e se fodendo com os olhos já tem uns quatro anos! Ninguém mais aguenta essa tensão reprimida, Naruto!

Ele engole em seco, o rosto vermelho.

— Ok, você pirou de vez. Vou te levar pro hospital depois do almoço, vou…

Interrompe-se quando ela lhe estende o celular. É uma conversa com sua mãe.

Sakura: Tia Kushina, dá um jeito no teu filho. Ninguém mais aguenta ele.

Kushina: Ele está amuado assim por causa do Sasuke. Estou a ponto de falar com a diretora.

Sakura: O problema não é a diretora, é a lerdice dos dois mesmo.

Kushina: Vai melhorar quando eles começarem a namorar. Estou esperando há uns dois anos e nada ainda. Talvez essa distância seja boa para eles.

Sakura: Tomara, tia, tomara. Ele tá olhando pro Sasuke já tem meia hora e nem percebeu ainda.

— Isso foi de hoje de manhã?!

Sakura concorda. Devolve o celular se sentindo duplamente traído.

— Eu não tô impossível hoje! Nem falei nada direito.

— Exato. Você chegou meio morto, se deitou na mesa e ficou olhando pro Sasuke por uns dez minutos antes de me responder.

— Bom… Isso é… Eu tava olhando a janela…

— Cala a boca, Naruto. Sério, só vai lá e beija ele, pelo amor de Deus!

Seu rosto fica ainda mais vermelho. Desvia o olhar para as mãos.

— Não é assim, Sakura! E a gente não fica se fodendo com os olhos, que absurdo! Nem flertando…

— Ah, vocês ficam. Não sei como o resto da sala não percebeu ainda. Você pode enganar quem quiser, Naruto, mas eu te conheço. E teu corpo inteiro tá gritando “eu quero o Sasuke”.

— Ah, cala a boca! Cê tá maluca!

Fica quieto, porém. Deita-se de novo na mesa e morde o lábio inferior. Ok, Sasuke é lindo. Ninguém em sã consciência discordaria disso, e talvez o tenha observado um pouquinho demais na hora do banho após a natação.

Ok, durante a aula de natação também. E na hora da corrida. No basquete, é impossível não perceber Sasuke, o domínio dele com a bola na mão é absurdo! Ainda mais quando jogam no mesmo time, porque aí existe uma sincronia que os outros jogadores não têm. Sasuke sempre está no lugar que precisa estar. E no vôlei… Bom, jogam na mesma posição (ponta), logo são pares. Quando Sasuke está na rede, Naruto fica atrás, cobrindo-o, o que lhe dá uma visão mais do que prestigiada das costas suadas, da bunda forte, das pernas… Não que preste atenção a isso durante o jogo, mas depois, enquanto descansam…

Merda, eu gosto do Sasuke.

Olha para ele e o encontra do mesmo jeito que antes, a diferença é que Sasuke também o encara. Mantém o olhar intenso, sentindo o corpo inteiro se arrepiar. Não há desafio nele, é algo diferente, mais forte. Desvia o olhar para a boca, e há um sorrisinho de canto ali.

— É, vocês não se fodem com os olhos mesmo. Capaz!

A voz de Sakura o traz de volta à realidade e Naruto esconde o rosto, sem saber o que responder.

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Três semanas e meia. Esse foi o tempo que os dois aguentaram. Faz mais de dez dias que Naruto teve aquela conversa com Sakura (e depois outra com Kushina em casa), e agora não consegue mais ver Sasuke da mesma maneira. Sabe que não é o único a sofrer, porque agora que presta atenção a ele sem incomodá-lo, percebe que é capaz de ler cada uma de suas expressões faciais. Quando foi que se tornaram tão próximos?

Estão na aula de vôlei. O futebol ontem foi impossível, porque o treinador inventou de colocá-los em times opostos e estiveram a ponto de sair na briga. Controlaram-se por causa da maldita promessa a Tsunade.

Hoje o treino não envolve montar times e jogar seis contra seis. Treinam defesa: o professor está sobre um caixote que o deixa muito alto e ataca lá de cima. Precisam defender primeiro na paralela e depois na diagonal. Sasuke é muito bom. Sem perceberem, já estão competindo de novo. Se Sasuke acerta as duas defesas, então Naruto precisa acertá-las também.

— Só errei duas — Naruto comenta com Kiba, alto o suficiente para ser ouvido.

É a vez de Sasuke defender. Ele sorri, precisando se jogar no chão para pegar a segunda bola. Consegue. Levanta-se vitorioso e mostra apenas um dedo para Naruto, indicando que só errou uma vez. Isso o enche de raiva.

O ataque é forte e rápido; Naruto está bem posicionado e faz a defesa na paralela sentindo os braços arderem. Corre para o lado, porém está muito perto da linha de fundo e acaba não movendo o corpo rápido o suficiente. A bola toca em seu antebraço, desvia e acerta a cabeça de Sasuke.

Assim que os olhos negros se voltam furiosos, Naruto sabe que vai mudar de turma. Não há como se manterem indiferentes depois disso.

— Se cê fosse um pouquinho melhor, eu ia dizer que foi de propósito.

— Olha, talvez tenha sido mesmo. Cê anda merecendo.

— Eu ando merecendo, Naruto? Ah, vai se foder!

Com raiva, Sasuke joga a bola de volta. Naruto tenta desviar, mas ainda assim é atingido no ombro. Pega uma que está jogada no chão, resultado da falha na defesa de outro colega.

— Anda merecendo, sim! Fica com essa cara de cu o dia inteiro, olhando pra mim como se fosse tudo culpa minha!

Atira a bola com toda a sua força, atingindo Sasuke no estômago. Sem perceberem, caminham em direção à porta do ginásio que dá para a piscina interna; Sasuke andando de costas e Naruto se aproximando.

— E não é, Naruto?! Se você conseguisse manter a porra da boca fechada, tudo ia estar normal!

— Ah, sim, porque nosso normal não envolve a gente tentando se matar todo dia! Vai tomar no cu, Sasuke! Se a culpa é minha, então é tua também!

Furioso, Sasuke atira mais uma vez a bola de vôlei. Atinge-o na testa, e isso é o que basta para Naruto começar a correr em sua direção. Sasuke foge em direção à piscina, aproveitando que é mais rápido para abrir uma distância pequena entre eles.

A equipe inteira corre até a porta para observar. O professor parece cansado, mas não surpreso. Ninguém diz mais nada, apenas esperam para ver como isso tudo vai terminar.

Sasuke precisa fazer uma curva perto das arquibancadas, e é nesse segundo em que desacelera que Naruto o alcança. O impacto dos dois corpos em alta velocidade faz com que caiam na piscina, e a água gelada em contato com seus corpos quentes os deixa paralisados por alguns segundos. Como não havia treino de natação, ninguém ligou o aquecimento da piscina.

Naruto é o primeiro a surgir na superfície, os lábios ficando gelados aos poucos. Olha ao redor, procurando por Sasuke, e o encontra também tremendo, perto da borda. Agora estão em seu terreno, e não é essa quedinha de nada que vai impedi-lo de dar um soco bem dado na cara de Sasuke por ser tão idiota.

Nadam de um lado a outro da piscina por um tempo, sentindo o frio absurdo da água e a adrenalina de ainda estarem em movimento. O treinador começa a gritar para que saiam, entretanto o ignoram. Passaram três semanas e meia sem interagirem, precisam desse contato.

Quando Naruto chega perto, Sasuke lhe joga água e passam a brigar assim por um tempo. Depois, um colega mal-intencionado (Kiba) joga na piscina a bola com que antes se atacavam. É declaração de guerra. Sasuke a pega primeiro e Naruto se esconde embaixo d’água. Assim que coloca a cabeça para fora, sente dor no lado da bochecha. A bola molhada é mais pesada. Olha-o com raiva e vai até onde ela caiu. Ficam nisso por vários minutos, quase sem falar nada, ouvindo os gritos do resto da equipe (a torcida por Sasuke parece levemente maior, o que deixa Naruto bem irritado).

Está prestes a acertar o cabelo negro com uma bolada bem forte quando a voz da diretora os interrompe:

— Tô vendo como vocês dois conseguem ficar sem brigar.

É nessa hora que Naruto sente uma câimbra absurda na perna direita, e tenta se aproximar da borda da piscina. Não consegue nadar e acelera o movimento dos braços, fazendo o possível para manter a calma e não afundar. O professor avisou sobre o que fazer em situações assim, porém não consegue se lembrar. Caralho, dói demais.

— Vocês não têm um pingo de responsabilidade!

Naruto olha para Sasuke meio em desespero e ele parece entender que tem algo de errado porque se aproxima rápido.

— Fiquem bem longe um do outro! — Tsunade grita. — Deu de briga!

— Eu tô com câimbra! — Naruto grita.

Morde a boca com força, ainda mexendo os braços e uma das pernas, nervoso. Sabe que não deve forçar o músculo em casos assim, mas está na parte funda da piscina e não tem como ficar parado. Sente um braço de Sasuke passar por baixo do seu ombro e é puxado até a borda, onde Kiba o ajuda a sair. Deitado no chão, Naruto grita e tenta se sentar.

— Naruto, para de se mexer! — Sasuke manda.

Ele segura a perna que dói com o claro objetivo de esticá-la. Naruto a puxa para perto e tenta chutá-lo.

— Para, Sasuke, tá doendo, caralho!

— Para de se mexer ou vai doer mais! É na panturrilha?

Concorda com as lágrimas saindo dos olhos. Sasuke levanta seu pé molhado devagar e, aos poucos, força a perna para alongá-la.

— Tá passando?

— Não, Sasuke, eu vou morrer, para com isso, porra!

— Cê não tá bebendo água suficiente, seu merda. Viu o que dá descuidar a alimentação? Aposto que nem bebeu uma garrafinha de água inteira hoje.

— Eu tava sem sede!

Com cuidado, Sasuke faz uma massagem leve, apertando o músculo da sua panturrilha enquanto a estica. Primeiro a dor parece ficar maior, porém logo depois começa a ceder. Naruto joga a cabeça para trás, batendo-a no chão.

— Tá melhor?

— Tá passando. Porra, essa foi forte.

— Cê é um retardado mesmo. Sabe que isso pode acontecer se a gente nadar numa água muito fria.

— O plano não era nadar hoje, né?

— Bom, mas aí-

— Calados! — grita Tsunade.

Sasuke larga a perna de Naruto, que se levanta. Apoia-se mais na esquerda, evitando forçar a outra.

— Vocês atingiram meu limite. Vão pra enfermaria e amanhã quero os dois bem cedo na minha sala!

Ela sai pisando duro. O treinador lhes lança um olhar decepcionado e os alunos só parecem tristes. Kiba e Suigetsu continuam ali.

— Sasuke, cê tá roxo de frio — avisa Suigetsu.

— Nossa, obrigado por avisar, eu nem tinha percebido.

Agora que não há mais adrenalina, Sasuke e Naruto começam a tremer um pouco. Kiba dá umas palmadas no ombro molhado do amigo.

— É, cara, agora cê tá fodido. Querem que a gente vá com vocês até a enfermaria?

— Não precisa — diz Sasuke.

Eles saem, deixando-os sozinhos. Começam a caminhar devagar. Passam pelo vestiário, onde se secam um pouco e pegam seus materiais. Naruto ainda está mancando.

— A gente não precisa ir pra enfermaria — Sasuke murmura. — Ninguém se machucou de verdade.

— Olha só, eu que não vou contra ela. É capaz de ela perguntar pra tia se a gente foi mesmo.

— Quem é que chama a enfermeira de tia?

— Não tem um mês que eu não vá pra lá, óbvio que chamo ela de tia.

Trocam um olhar divertido, e Naruto sente seu rosto ficar vermelho. É a primeira vez que não há Sakura ao seu redor, ou Suigetsu, Kiba, Karin… Estão sozinhos. Caminham em silêncio até saírem para a rua, onde o frio os arrepia.

— Porra, a gente vai pegar pneumonia assim — resmunga Sasuke. — Consegue correr?

— Teu cu. Não tem como, minha perna não aguenta.

— Tá, se apoia em mim. Não tem como a gente ir devagar assim.

Naruto está prestes a resmungar, entretanto o vento gelado o faz passar um dos braços pelos ombros de Sasuke. A panturrilha já não dói tanto, todavia Naruto não quer correr o risco de machucar algum nervo por forçar a perna cedo demais. Chegam com os lábios roxos e tremendo à enfermaria, onde Kurenai lê uma revista. Ela não parece nem um pouco surpresa por vê-los.

— Meninos, já faz um mês. Estava preocupada com vocês.

Naruto abre um sorriso divertido e se solta de Sasuke. Kurenai lhes dá uniformes secos, toalhas e manda que se troquem. Depois aparece com chá quentinho, um relaxante muscular e dois cobertores. Deixa Sasuke numa maca, Naruto em outra, e avisa que vai ligar para os pais deles virem buscá-los.

Sozinhos de novo, deitados lado a lado, encaram-se. Os chás (não bebidos, porque são terríveis) esquecidos na mesinha. Naruto é quem fala primeiro.

— Desculpa…

— É… Desculpa também…

Silêncio.

— Eu não quero que você mude de turma.

— Eu não quero mudar também.

Está ali, no jeito como se olham. A atração, a vontade de ficarem juntos de alguma forma. Os rostos ficam quentes, Naruto molha os lábios com a língua. Perdem-se no olhar um do outro, e então Sasuke se levanta.

— Me dá espaço, vai pro lado.

A maca é pequena demais para dois corpos tão grandes, entretanto Sasuke se esgueira para debaixo do cobertor de Naruto. Estão perto demais. As pernas se encostam de leve, assim como as mãos. Mal conseguem respirar direito.

— Sasuke…

Sasuke puxa o cobertor sobre os dois como se fosse uma proteção. É como se criasse um mundo à parte onde não há escola e nem pais e nem sociedade. Não precisa dizer nada, porque Naruto entende.

— Eu não quero mesmo que você vá.

Toca na bochecha macia de leve. Naruto para de respirar ao sentir a mão dele em seu rosto, e fecha os olhos. Os narizes se tocam.

— Eu também não quero.

O primeiro beijo é apenas um toque suave de lábios, quase um roçar.

— Você demorou pra perceber — Sasuke murmura, seus lábios ainda tocando os de Naruto.

— Você flerta de um jeito estranho.

— Você que não entende nada.

— Sério, Sasuke, da próxima vez só tenta piscar ou então elogia a pessoa. Ficar brigando não é o melhor jeito de mostrar interesse.

— Funcionou, babaca.

O segundo beijo não é bem segundo, porque ainda não haviam se afastado. Dessa vez há um toque de línguas meio tímido, as pernas se enroscam, as mãos de Naruto vão para os cabelos de Sasuke e as dele se acomodam em seu pescoço. Aproximam-se mais, peitos também se encostando.

— Até que você beija bem — Naruto sussurra, ainda com os lábios encostando nos dele em selinhos longos.

— Você não, a gente precisa treinar mais.

Naruto o morde em resposta a isso, e agora as cinturas também se tocam; não é apenas no coração que o sangue bombeia rápido. Esfregam-se um pouco, mais perto, sentindo o corpo inteiro do outro.

E então o cobertor é puxado para longe e não há nada que os proteja da realidade. Separam-se tão rápido que Sasuke chega a cair da cama. Kurenai tem um sorriso engraçado no rosto.

— A diretora Tsunade me deve uma caixa de bombons — comemora ela.

 

~~

¹Aqui Naruto se refere ao movimento de sair da plataforma fora da piscina e pular na água.


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Notas finais do capítulo

Qualquer dúvida em relação ao vôlei, podem vir falar comigo. Caso não tenha dado para perceber, eu treinava na escola e sou bem apaixonada pelo esporte, oIAJOJSOAS

Por esportes num geral, na verdade
(Uma das maiores tristezas da minha vida é nunca ter feito natação)

Bjs e teh + ^3^//



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