Cozinhar para dois sempre foi um sonho meu. Acordo de manhã, passeio com o Kurode e depois volto para casa para preparar seu café. Você tem dormido até tarde, pois se acostumou às missões noturnas. Parece um garoto normal quando entra na cozinha esfregando as pálpebras, os cabelos tão bagunçados que chega a ficar bonitinho. Você roubou minhas pantufas, mas eu não ligo. Gosto de vê-lo usando minhas roupas.

“Bom-dia, Bela Adormecida!”

“Cale a boca.”

Eu rio demais. Você come os pratos que preparo com tanta vontade. É um pouco estranho, porque eu mesmo não suporto minha comida. Mas você talvez goste, pois tem gosto de caseiro. Talvez... Só espero que você ainda me ame quando eu queimar seu miojo.

No final da tarde, nós saímos para uma volta. Você enrola a guia do Kurode em seu pulso e sorri ao vê-lo balançar a cauda. Acho que vou ficar com ciúmes desse cachorro, porque tudo com ele é “inho” e “lindo”, e comigo é tudo “idiota” e “cale a boca”. Sinceramente, você deveria tratar melhor seu namorado, não acha?

Se as pessoas percebem, se elas fazem cara feia, eu não estou nem aí. Só tenho olhos para seu sorriso sereno e seus cabelos caindo sobre os ombros. Passo os dedos por eles, sentindo a textura. E você me olha com ar de pergunta. Ainda não se acostumou às carícias. Às vezes, até estremece ao mais leve toque. Na noite passada, sua vergonha era tanta quando te puxei para um beijo, que seus olhos brilharam escarlates na penumbra do quarto.

“Obrigado,” murmuro.

Você ainda não entendeu absolutamente nada, mas desvia o rosto.

“Não há de quê.”

E eu começo a rir enquanto te abraço pela cintura.