Você foi embora de novo. Como sempre faz. Eu fiquei parado na estação, vendo suas roupas balançarem com a brisa enquanto subia os degraus do dirigível. Eu acenei para você, mas você não acenou para mim.

Agora eu estou aqui sentado, olhando aquela foto. Bate uma nostalgia, sabe? Nós tínhamos acabado de sair da mansão dos Zoldyck, e eu ainda estremecia por causa da visão do Mike. Tudo parecia tão calmo naquela época. Nossos desejos, nossos sonhos, nossos sorrisos. Até que veio a tempestade, e eu achei que te perderia. Mas não perdi. Perdi, sim. Porque você se foi. E agora eu estou olhando a foto, perguntando-me por que te deixei ir.

O despertador toca, anunciando a hora de acordar, mas eu já estou acordado há muito tempo, porque tive aquele sonho, aquele sonho outra vez. Sonhei que você morria. Eu tentei te ligar inúmeras vezes. Você nunca atendeu. E o tempo foi passando, mas a saudade, não.

Levanto-me. Visto minhas roupas. Pego o metrô até a faculdade. A aula é normal. Passo na biblioteca, pego alguns livros. Almoço com a Sam e a Aya. Converso com o professor que é pediatra em um hospital próximo. Chego em casa e tento te ligar de novo, mas você ainda não atende. Olho a foto, único contato que tenho com você. Só quero perguntar se está tudo bem.

Acabo caindo no sono com o celular na mão. Só percebo isso quando o sinto vibrar em meus dedos. Atendo, aflito. Escuto sua voz me cumprimentando. Meu nome. Só meu nome. E eu me sinto feliz. Muito feliz. Até que eu acordo de novo. É. Acho que só tenho a foto mesmo.