The Only Exception escrita por Ny Bez


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!! Sei que mais uma vez demorei com um capitulo, mas dessa vez a culpa não foi minha. Como expliquei num texto que postei recentemente, meu PC deu problema. Um vírus FDP não me permitia acesso a minha pasta de escritos. Até ai tudo bem, fui remover o FDPutinha, mas quando eu já ia fazer a limpeza no disco, minha fonte queima! Que sorte hein? E como eu não tinha nenhum backup do cap, tive que esperar um tempinho para retornar a escrita do capitulo, na verdade só faltava terminar, eu já tinha escrito grande parte. Faltava só o clímax para postar... Enfim. Posso demorar com a The only, mas estou sempre mantendo vcs ocupadinhos com uns textos, poesias e Ones paralelas que venho escrevendo. Mesmo assim, peço-lhes desculpas pelo atraso nosso de cada semana. Nos vemos nas notas finais.


Atualizandoooooo! (adoooooogo dizer isso! *dando pulinhos e gritinhos histéricos*)

Boa leitura.



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Capitulo 28.

 

 

Sophya acorda nos braços de sua amada. Sente-se bem. Mas logo uma agonia lhe consome. Tinha errado e feio, e não teve coragem de contar a verdade. Não sabia o que fazer, ou mesmo pensar. Estava visivelmente confusa. Decide guardar aquilo que tinha acontecido com seu primo, como o seu mais profundo segredo, queria que caísse nas profundezas do esquecimento. Será que conseguiria?

 

O que eu escondo? Não sei... Poucas coisas... Bobas... Algumas fortes... Nem te conto. Eu carregarei eternamente sozinha. Sou forte, sou capaz de agüentar... Quanto a ti não sei... As mulheres são guerreiras. E silenciam quando precisam... Compartilham o que podem... Dão o que tem. Todas tem segredos. Amores violentos. Paixões interrompidas, sonhos esquecidos... (=/) Podem carregar dores, mágoas... Mas não transparecem a qualquer um.” - C.S

 

Tenho que ir. – Era bem cedo.

 

— Já? – Yanka diz sonolenta.

 

— Sim... Temos aula, esqueceu? Tenho que ir pra casa me arrumar.

 

— Usa uma roupa minha, ué.

 

— Eu adoraria me fantasiar de Yanka, mas não é halloween. – Yanka mostra a língua.

 

— Poxa... Vai me zoar mesmo? Na cara de pau? – Faz biquinho.

 

— Meu Deus! Que biquinho lindo! Da vontade de dar beijinho! – Sophya da um selinho em Yanka. – Tenho que ir mesmo roqueirinha!

 

— Ta... Quer que eu peça meu pai para ir te deixar?

 

— Não. Eu vou de taxi.

 

— Ok! Posso pelo menos te acompanhar até lá em baixo?

 

— Deixa eu pensar... Claro que pode sua boba!

 

Yanka veste uma roupa, e vai deixar Sophya no ponto de taxi. Logo chega um taxi. Sophya entra, nem se despede direito, sem beijo ou abraço. Apenas um Aceno de mão que indicava um “Tchauzinho”. Yanka fica sem entender.

 

Ela sobe de volta para o seu apê, e seu pai estava na porta a sua espera. Ela o encara confusa, não entendeu o ar de mistério do pai.

 

 

— Que dia é hoje? – Ele pergunta ansioso.

 

— Não faço a mínima idéia. – Yanka da de ombros.

 

— Como assim não sabe? – Ele se espanta.

 

— Ué? Eu dormi Yanka e acordei calendário? – Ironiza.

 

— Nossa! Que azeda!

 

— Desculpa papai, é que... Deixa, só me desculpe. Acordei muito cedo. Só isso.

 

— É... Percebi. Era a Sophya que saiu daqui?

 

— Sim. Era sim.

 

— Não a vi chegar.

 

— É que quando ela chegou você e Andréa já estavam dormindo, ou... Enfim.

 

— Nossa! Que cabecinha a sua. Estávamos dormindo! – Ele fica sem graça. – Não importa. Não sabe mesmo que dia é hoje?

 

— Hum... No!

 

— Vem cá. – Ele a leva até o quarto dele. Andréa ainda estava dormindo.

 

Ele abre o seu guarda-roupa e fica procurando por entre as caixas que ficavam na parte de cima. Tinham várias caixas, como se fossem caixas que guardavam coisas antigas. Caixas de recordações. Ele enfim acha uma caixa meio grande, um pouco fina. Parecia um caixa de presente. Notava-se que era antiga. Mas estava como se fosse nova. Tinha alguns detalhes feitos à mão, como se alguém tivesse a feito. Alguns corações, laços e fitas. Algumas letras espalhadas que ao juntar formavam, “Para minha amada filha.”

 

— O que é isso papai? – Ele parecia um pouco emocionado.

 

— O que você acha que é? – Ela nota que na caixa tinham algumas cifras. E ta tampa da caixa, do lado esquerdo, havia uma bailarina desenhada. Era uma bailarina diferente. Tinha lápis preto no olho, usava collant, mas a meia era preta parecia uma meia taça. Alguns acessórios, como pulseira punk, gargantilha punk.

 

— Uma bailarina roqueira? – Ela pergunta confusa.

 

— Sim. Sua mãe costumava dizer que esse seria seu estilo no futuro. Que você amaria dançar, mas odiaria usar frufru. – Ele ri.

 

— Minha... Mãe? – Yanka estava tremula.

 

— Ainda não faz ideia de que dia é hoje? – Ela fica com os olhos marejados. – Hoje o meu bebê completa 18 anos. – Ela realmente não lembrava. – 18 anos... – Fica nostálgico. - Sua mãe me pediu que eu te entregasse isso quando você completasse 18 anos. É o presente que ela deixou pra você. – Yanka chora.

 

Flashback...

 

 

Ah anjinha... Eu quero uma jaqueta de couro... – Faz manha.

 

— Meu amor, eu já falei, tu ainda não tens idade para ter uma!É muito adulto pra tu! E eu quero que tu curtas toda sua infância guria. Cada época por vez, ok? – Da uma piscadela.

 

— Mas tu tens uma... – Yanka insistia.

 

— Tenho... Mas a minha eu obtive quando eu atingi a idade necessária.

 

— Me mostra?

 

— Ta bom, ta bom! Mas só se me prometer que vai parar de me pedir por uma.

 

— Está bem. – Yanka se senta na cama de sua mãe enquanto a mesma procura por sua jaqueta.

 

— Está aqui em algum lugar... – Bagunça todo o seu closet. – Achei!

 

— Nossa! É muito linda! – Yanka se encanta pela jaqueta.

 

— É... Muito linda mesmo. Eu tava com ela quando conheci teu pai. Ele com seu estilo roqueiro encantou-se logo, mesmo com outras gurias lindas e bem mais roqueiras que eu. Ele diz que parecia que eu era a única guria dali.

 

— Tu gostas de rock mamãe? - Angélica ri da pergunta.

 

— Claro meu amor! Ou tu achas que eu só escuto musica clássica?

 

— Báh Tchê! Nem sei. Só vejo o papai escutando rock, tu eu não vejo.

 

— Tenho que confessar que eu já ouvi mais, mas é que o rock não combina muito com um corpo de balé de criancinhas, né?

 

— Eu iria adorar!

 

— Eu sei que tu ias adorar! Mas nem todo mundo gosta. E as mães dos outros alunos poderiam não gostar. – Yanka veste a jaqueta. Angélica para de falar e ri, havia ficado enorme. – Ficaria mais linda se tu tivesses o meu tamanho.

 

— Ah Anjinha... Me dá essa pra mim? Tu nem usa mais.

 

— O que tu me prometeste?

 

— Que eu não ia mais pedir... – Ficou cabisbaixa.

 

— Quando tu tiveres tamanho, e idade pra usar, eu te compro uma, ok?

— Mas eu quero essa! Essa é a mais linda que eu já vi.

 

— Báh Tchê! Agora tu queres a minha? Que guria exigente!

 

— A tua tens o teu cheirinho...

 

— Own! Vem cá guria, deita aqui no colinho da mamãe... – Yanka deita. Sua mãe fica lhe fazendo um cafuné gostoso. – Vamos fazer um acordo?

 

— Que acordo?

 

— Eu comprei essa quando eu tinha 18 anos. Com o meu primeiro salário, como bailarina, claro. – Ela ri da cara confusa e ansiosa de sua filha. – Quando você fizer 18, esse será o meu presente a ti. Ok?

 

— Quando eu faço 18? Ta muito longe?

 

— Hum... Um pouquinho... – Ela ri. – Mas logo chega. E eu te darei minha jaqueta.

 

— Está bem anjinha. Vou esperar. Não vejo a hora de poder sair por ai com sua jaqueta, e a guitarra que o papai vai me dar.

 

— Teu pai vai te comprar uma guitarra?

 

— Não, mas eu vi uma no porão, ta sem corda, mas eu conserto.

 

— Tá... Tu vais consertar uma guitarra? Desde quando tu sabes consertar guitarra?

 

— Eu AINDA não sei, mas eu vou aprender.

 

— Está bem... Agora vamos tomar banho? Já ta quase na hora de tu dormir, e tu ainda nem tomou teu banho. Ta ficando porquinha guria! – Fala zombateiramente. Yanka passa a mão na nuca.

 

— Vais tomar banho comigo?

 

— Pensei que já tinha “quase” 10, achei que tu não precisavas mais de mim, pensei que já era adulta!

 

— Eu preciso de ti anjinha... – Yanka a abraçou. – Sempre precisarei de ti... Te amo muito mamãe! Promete ficar sempre comigo?- Angélica se emociona.

 

— Prometo. Mesmo longe eu estarei perto. Nunca se esqueças disso!

 

— Nunca irei esquecer Anjinha! – Yanka abraça sua mãe.

 

Fim de flashback.

 

 

Yanka abre a caixa, e lá estava o presente de sua mãe. Lágrimas caem na peça. Ela retira a jaqueta da caixa, não sabia como, mas ainda tinha o cheirinho de sua mãe. Depois de tantos anos.

 

— É sua... Sua mãe insistiu tanto que eu te entregasse quando fizesse 18.

 

— Era um acordo entre a gente... Eu queria muito essa jaqueta, e ela dizia que eu não tinha idade, que era grande demais para o meu tamanho, mas quando eu completasse 18 ela me daria... ELA me daria. Eu havia esquecido... Acho que to esquecendo dela papai... – Yanka chora nos braços de seu pai.

 

— Você não está esquecendo-se dela meu amor, mas é que isso faz tanto tempo, você tinha apenas... 9? 10 anos?

 

— “Quase 10!” – Yanka ri.

 

— Isso, quase 10...

 

— Não sei se vou conseguir usar.

 

— Claro que vais usar minha filha. Sua mãe me pediu tanto que eu te entregasse. Ela disse que você iria adorar o presente.

 

— E eu gostei, mas ainda dói muito papai.

 

— Eu sei que dói meu amor, mas ela ficaria triste se você não usasse.

 

— Tens razão. Vou usar no show de hoje.

 

— Ótimo! Uma boa oportunidade para usar. Mas agora... O meu presente.

 

— Mais presente?

 

— Claro! Tu achas mesmo que eu não te daria um presente nesse dia?

 

— Ah papai... Não precisava.

 

— Nem vem com “não precisava”. Precisava sim! Vem comigo. - Eles descem até a garagem do prédio. – Foi difícil de comprar, de encontrar... Sei da sua paixão por eles, que é bem parecida com a minha. – Ele ri, ela também. – Ele lhe dá uma caixinha. Ela abre.

 

— Uma chave... – Ele retira o pano que estava cobrindo o presente. - Não acredito!

 

— Pode acreditar! Mustang 68, bem conservado. Mandei restaurar, havia algumas ferrugens, mandei trocar a pintura, pedi às cores que você gosta, preto e rosa Pink.

 

— Como? Quando?

 

— Chegou ontem da funilaria. O motor ta ótimo, corre pra caramba! Dei uma voltinha nele.

 

— Caralho!

 

— Comprei num leilão na internet. Nem foi tão caro.

 

— Mas papai...

 

— Já tinha um tempo que eu estava guardando dinheiro pra comprar ele. Nem começa com o discurso de “você não deveria gastar tanto dinheiro!”

 

— Mas é verdade, você realmente não deveria gastar tanto dinheiro comigo...

 

— Filha, foi um prazer imenso comprar esse carro pra você. Senti-me realizado. Depois que sua mãe morreu, ficamos apertados. Sempre tão difícil de te dar algo legal no seu aniversário. Mas prometi a mim mesmo que te daria um presente inesquecível. Nada mais justo do que seu primeiro carro. – Andrea que havia acordado quando eles estavam saindo do quarto, aparece na garagem do prédio.

 

— Feliz aniversário! – Abraça a roqueirinha. – E esse é meu presente a ti, minha linda. – Entrega um envelope.

 

— O que é isso? – Yanka abre o presente. Dentro do envelope estava um recibo de pagamento. Era da auto-escola, Andrea havia pagado a auto-escola.

 

— Já que seu pai te deu um carro, e já que você não tem carta de motorista, achei que seria um bom presente. As aulas começam amanhã!

 

— Andrea... Obrigada. – Yanka abraça a madrasta.

 

— Bom, acho que ainda terão muitas emoções hoje. Mas temos que ir pra escola, estamos nos atrasando.

 

— Tem razão papai. Mas bem que hoje eu poderia ficar em casa, né? Não gosto de ir à escola no dia do meu aniversário.

 

— Nem vem com desculpa esfarrapada pra faltar aula mocinha.

 

— Desculpa pra faltar aula? Papai sou eu... Yanka... A nerdzinha que usava óculos até os 14... Agora de lente e um visual repaginado, 100% melhorado, enfim. Lembra?

 

— Eu sei meu amor, to brincando.

 

Eles sobem. Yanka vai tomar banho e se arruma bem rápido, já estavam quase atrasados. Ela olha a jaqueta, toca, sente o cheiro de sua mãe e abraça a jaqueta como se estivesse abraçando Angélica. Fica emocionada. Guarda a jaqueta cuidadosamente em seu guarda-roupa, pega sua calça companheira, seu all star cano alto, colocou uma blusa regatinha, e uma outra manga longa xadrez por cima.

 

Seu pai já pronto, só estava a sua espera. Andrea iria depois já que ela tinha carro, e só abriria a loja mais tarde.

 

Ao descer encontrou Bruna e Paula no hall do prédio. Bruna dá um abraço bem apertado em Yanka.

 

— Feliz aniversário! – Falou enquanto a abraçava com toda força.

 

— Nossa Bruna, desse jeito tu vai entrar na garota. – Fernando ri do comentário de Paula.

 

— Parabéns Vadia! – Paula abraça Yanka. – Hum... Maior idade... Já podemos ir há um motel, o que tu acha? – Paula aperta a bunda de Yanka, que fica sem graça.

 

— Nossa Paula! Que escrota você! – Bruna diz furiosa.

 

— Eu sabia que você queria me comer! Depois eu que sou vadia. Tsc. – Fala entrando na brincadeira.

 

— Ia fazer um favor a você! Ia te mostrar o que é bom de verdade!

 

— Bom de verdade? Ta se referindo a você? – Ela assente. - Nada convencida. – Yanka fala ironicamente. - Agora vamos que o general já ta no carro, sabem que ele odeia atrasos.

 

— Sim senhora! Cara, tu ta mesmo ficando velha... Olha, acho que isso aqui na sua testa é uma ruga. – Ela aponta pro rosto de Yanka.

 

— Paulinha, tenho CERTEZA que nessa testa não tem nenhuma ruga, mas se quiser procurar na outra testa, vai que tu encontra alguma coisa... Rugas tu num vais encontrar guria, mas algo bem mais interessante, e tu não vais querer saber de outra coisa na tua vida!

 

— Aii! ADORO! Me oferecendo a buceta assim, as 7h da manhã... Ui! Arrepiei! É muito cachorra mesmo! GAMEI! – Morde o lábio.

 

— Nuss! Muito escrota velho! Muito escrota! – Bruna estava espumando de raiva. Yanka só conseguia rir.

 

— Paula, não é qualquer PUTA que mete a mão por aqui, sacou? – Ta achando que eu achei no lixo?

 

— Ainda bem que eu não sou qualquer puta! Sou A Puta! Então “vem ni mim que hoje eu to facin!”

 

— Porra... Tu quer me dar mesmo, né vadia?

 

— Hum.... – Paula olha Yanka de cima a baixo. – Acho que não! Prefiro... enfim, vocês sabem. Bu... Não é a minha praia!

 

— Aaaaaham! – Yanka diz zombateiramente. – você fala tanto em me pegar... Não sei não Paulinha.

 

— Ahh! Quem sabe eu não faça uma exceção com você mais tarde, no escurinho dos fundos do Lotuz? Imagina que delicia! – Bruna explode.

 

— Imagina? IMAGINA PORRA NENHUMA PAULA SANTIAGO! PORRA! DEIXA DE SER OFERECIDA CARALHO! SE DECIDE LOGO O QUE TU QUER! COMER BUCETA, BELEZA, MAS LOGO DA KÁH? LOGO A KÁH? PORRA PAULA!

 

— Ow! Calma ae maninha! Não precisa gritar que eu to do teu lado! – Yanka fica com cara de “hã?” – Sabe que a Yanka é minha amiga. Sabe que tudo aqui é brincadeira. Mesmo que eu queira ficar com uma menina, COM CERTEZA essa não seria a Yanka!

 

— É Bruninha... É tudo brincadeira pô! Não to entendendo todo esse estresse com sua irmã. Ela sempre fez esse tipo de brincadeira, nos conhecemos há quatro anos e nunca rolou nada. Nunca passou de brincadeira. Entendi não! – Ficou com cara de confusa. Colocou o dedo indicador nos lábios, como se estivesse tentando entender.

 

— Desculpe Yanka! É que... – Ficou procurando uma desculpa pra dar. Tinha dado muita pinta. – Paula fala tanto, só ta atrasando a gente. E outra, ela sabe que você tem namorada, e sabe que a Sophya não gosta dessas brincadeiras. Falo isso pra ela não brincar na frente de Sophya. É bom cortar logo... E... E a Paula só entende se for assim, bem firme.

 

— Ta... Ta certo! Vamos logo, o papai já ta buzinando. – Yanka finaliza a conversa.

 

 

Elas entram no carro. Fernando deixa Paula e Bruna no FLAMA que era no caminho. E em 20 minutos eles chegam no F.V. Mais uma vez Yanka chega atrasada na sala. Era aula de Danielle que já estava acostumada com os atrasos da roqueirinha, na verdade ela nem se importava. O que importava pra ela era que Yanka fosse, chegando atrasada ou não, o que importava era que chegasse.

 

— Atrasada mais uma vez? – Danielle cobra.

 

— Desculpe Professora Danielle, mas tive um contra tempo. – Danielle caminha em direção da vocalista.

 

— Feliz aniversário... – Diz em seu ouvido e lhe entrega uma caixinha.

 

— Obrigada. – Yanka fica sem graça. Ela abre e vê que era uma correntinha com pingente de anjo. – Obrigada Dani, é lindo... – Yanka abraça Danielle.

 

— Parabéns Bee!!! – Rick abraça a aniversariante.

 

— Parabéns gostosa! – Brenda abraça Yanka em seguida.

 

— Obrigada gente! Nem eu lembrava que meu aniversário era hoje, como vocês descobriram?

 

— Bruna!! – Respondem em uníssono.

 

— Ela disse que era o seu “Niver” hoje. – Conta Brenda. – Ela me disse já tem uns dias.

 

— É! Vai ser Babado... – Brenda da uma pisada no pé de Rick pra ele não contar da festa surpresa que vai rolar logo mais no Lotuz. – Aiii!

 

— O que o nosso amigo viado quer dizer é que, vai ser babado quando a Sophy chegar! Não é Rick?! – Ela o encara séria como se dissesse; “Fala alguma coisa da festa e eu te meto a porrada viado!” Rick entende o recado.

 

— Claro, claro... Ai, ai... Ta doendo sabia? – Reclama com Brenda, que da de ombros.

 

— Ué? A Sophya ainda não chegou?

 

— Ainda não. Talvez ela chegue na segunda aula. – Responde Rick, ainda reclamando no pisão que levou.

 

***************************

 

Sophya...

 

Ela sai bem cedo da casa de Yanka. Apanha o primeiro taxi e nem se despede como deveria. Ela tava com a consciência pesada demais para raciocinar direito. Achou que indo na casa de Yanka, procurar por ela, senti-la, amá-la, iria amenizar o peso das conseqüências, mas teve efeito contrário. Ao chegar na mansão pensou várias vezes se deveria ir para escola ou não. Decidiu que não iria para a primeira aula. E talvez nem para segunda,mesmo com muito tempo. Foi direto para o seu banheiro, encheu a banheira, colocou sais de banho, os mais relaxantes que tinha por ali, e entrou na água. Mergulhou seu corpo todo, e ficou ali debaixo por um longo minuto até o ar faltar. Ela pensou em fazer de novo, mas dessa vez não retornaria a superfície quando o ar lhe faltasse. Mas logo mudou de ideia viu que aquilo não lhe levaria a nada. Não resolveria nada. Não mudaria o fato de ter feito o que fez.

 

Aqui eu oculto. Aqui eu revelo jogo na cara. Me rebelo. Sutilmente te digo sinceramente espero que sinta o que eu digo. Que me perdoe o que eu erro. Aqui não escondo os meus maiores temores, minhas mágoas, meus amores. Tudo te digo meio a dores. Minha alma não é pura. Meu fardo é pesado. Contigo divido agora, levo comigo todo o passado.” C.S

 

Seus pensamentos estavam confusos. Seu medo transbordava. Não sabia o que fazer. Não sabia o que dizer. Sabia que deveria calar, mas também sabia que não era o certo a ser feito. Mas o pior já fez o ato já se concretizou. O pior dos pensamentos era. - “Ela me ama tanto, sei que nunca me traiu, e nunca nem pensou em me trair. Sei também que as garotas caem matando em cima, e ela sempre forte, sempre firme. Porque eu não sou tão forte o quanto? Porque eu tenho que ser assim, tão impulsiva? Porque eu tive que trair a mulher que amo? A pessoa que mais amo no mundo? Mesmo sabendo que sem ela eu não sou ninguém! Que merda Sophya!”

 

— Sophya? – Inês bate na porta do banheiro. – Sophya? – Já entrando.

 

— Inês? – Sophya se assusta.

 

— Me desculpe entrar assim minha pequena, mas já passou da hora de ir pra escola.

 

— Eu sei Inês. Eu sei... – Fala cabisbaixa.

 

— O que houve minha menina?

 

— Ain Inês... Eu sou uma... Uma... Cretina!

 

— Não fale isso meu amor! Porque diz isso?

 

— Porque eu não presto! Porque eu vou magoar a Yanka! – Inês não conseguia processar o que Sophya estava a falar.

 

— Me desculpe senhorita, mas eu não estou entendendo.

 

— Deixa eu te contar como a princesinha aqui é um monstro, uma... Uma vadia! – Sophya conta todo o ocorrido a Inês. Desde quando Ítalo reapareceu, de como ele quis reconquistar Sophya, de como ele entrou no quarto, de como fez Sophya perder os sentidos pra depois se arrepender amargamente da hora que perdeu a razão.

 

— Nossa... Eu nem sei o que dizer minha filha...

 

— Ta vendo? Eu sou a pior pessoa do mundo! Sou uma burra! Uma puta! É isso que eu sou Inês!

 

— Calma, também não é pra tanto...

 

— Como não é pra tanto Inês? Eu TRAI a Yanka! Fui uma filha da puta com ela! Como não é pra tanto se eu passei dos limites?

 

— Não to aqui para passando a mão na sua cabeça e te dando razão não. Mas ficar assim não vai mudar o que aconteceu! Alias, nada vai mudar o que houve. O que você fez foi errado! Foi até mesmo cruel, sei que se a Yanka pelo menos sonhar com o que houve, ela vai perder o chão! Mas erros foram feitos para se aprender com eles, e tenho certeza que você aprendeu com esse. E sei que agora você sabe fazer o certo...

 

— Eu não vou conseguir contar a ela Inês!

 

— Não to pedindo que conte minha querida. Mas faça tudo para não perder sua amada. Tudo para não repetir o erro. Sei que agora o Ítalo não vai dar uma folga sequer, e você tem que ser forte. Ítalo é que nem o pai dele... – Inês fica cabisbaixa, como se estivesse triste, ou lembrando-se de algo muito triste que lhe ocorrera no passado.

 

— Como assim? O que tem haver o meu tio?

 

 

— Nada... Nada meu amor... – Inês balança a cabeça, como se estivesse espantando as más lembranças. – Ainda vai pra escola?

 

— Sim, sim. Vou pegar a Terceira aula. Ou a Quarta... Nem sei.

 

— Então é melhor sair dessa banheira, e se arrumar, não é?

 

— Sim! Já to saindo.

 

— Ok. Vou preparar algo para a senhorita comer.

 

— Obrigada Inês.

 

— Pelo que?

 

— Por sempre estar do meu lado, mesmo eu estando errada, está sempre lá, me ajudando com o certo.

 

— Não precisa agradecer meu amor. Faço isso porque te amo. Cuido de você desde que era um bebezinho de colo. Fui sua... “mãe de leite” – Pensou. – Babá por um bom tempo, hoje governanta da casa. Mas sempre com cuidados e recomendações especiais para cuidar de você.

 

— Você sempre foi uma espécie de mãe mesmo... Sempre do meu lado... Obrigada por existir Inês! – Inês se emociona.

 

Sophya sai da banheira e vai se arrumar. Veste um vestido tomara que caia branco, coladinho, definindo bem suas belas curvas. Uma meia calça preta, um salto alto bico fino. Faz um make simples. Coloca uma fitinha preta com bolinhas no cabelo. Estava linda. Romântica e provocante.

 

Olha-se no espelho, mas não consegue se encarar por muito tempo. Fica com os olhos marejados. Olha para cima, para não borrar a maquiagem. Abana os olhos para que as lágrimas não descessem. A culpa estava pesando muito em seus ombros.

 

Desce, toma o seu café. Da um beijo em Inês e sai. Ao entrar no carro, pensa duas vezes se deveria ir para a escola. Não tava se sentindo muito confortável com a ideia de ter que encarar Yanka e ter que fingir estar bem, para não ter que contar o que estava lhe afligindo. Decide ir.

 

Chega no FV na terceira aula. Já ia tocar o sinal indicando o intervalo. Logo avista Rick e Brenda, que ao vê-la vão de encontro.

 

— Bee, isso são horas de aparecer?

 

— É Sophy... Estávamos preocupados você não é de faltar aula...

 

— E eu faltei pro acaso?

 

— As três primeiras pelo menos.

 

— Ah Brenda! Me deixa!

 

— Iiih! Qual foi? – Brenda pergunta estranhando a hostilidade.

 

— Nada.

 

— Como nada Sophy? Você a parecendo aflita, além de estressada... – Rick completa.

 

— Já falou com a Yanka hoje? – Pergunta Brenda.

 

— Pra falar a verdade, nem quero me encontrar com ela. – Fala receosa, olhando para os lados.

 

— Ué? Por quê? O que ela fez? – Rick pergunta confuso. Brenda espera a resposta, também com cara confusa.

 

— Ela não fez nada... Eu quem fiz... – Ela precisava desabafar com os amigos. Mais uma vez olha para os lados.

 

— O que você fez? – Brenda pergunta preocupada.

 

***************************************

 

Yanka estava sentada no velho carvalho. Estava triste por não ter visto sua amada. E nem conseguido falar com ela no telefone celular. Estava tentando desde antes de sair de casa. Ainda não tinha entendido o porque do jeito que saiu, sem se despedir direito. Chegou do nada, no meio da noite, sem avisar. Tomou atitudes antes nunca tomadas. Acordou cedo, levantando cautelosamente, como uma ladra. Toda a pressa... O jeito que entrou no primeiro taxi que viu. O desespero para ir logo, sendo que ainda era cedo, e se ela quisesse poderia ir de lá mesmo.

 

Ela estava em seus devaneios quando ouviu alguém comentando do look de Sophya, dizendo que mais uma vez tinha arrasado no modelito. Yanka abre um sorriso. Sai a procura de Sophya. A avista conversando com seus fieis amigos. Eles estavam com cara de interrogatório para cima de Sophya. E ela com cara de “ eu vou contar tudo.”

 

Yanka decide se aproximar sem que ninguém percebesse. Queria surpreender sua amada por trás. Mas ao chegar perto escuta Brenda perguntar:

 

— O que você fez? – Yanka para pra escutar.

 

Sophya vai contando tudo. Contou o que tinha dito mais cedo a Inês. Contou como Ítalo chegou. Contou de sua paixão antiga por ele, e foi por meio dessa que ele achou brecha para fazerem o que fizeram. Yanka escutava tudo perplexa. Não sabia se chorava, não sabia se ia lá e acabava com a patricinha. Até pensou de usar a violência. Estava sem chão. Esperou que Sophya terminasse seu relato, com todos os porquês, com todo o peso da culpa em suas palavras...

 

— E foi isso... – Brenda e Rick não sabiam o que dizer, estavam perplexos com o relato.

 

— Espero que tenha sido muito gostoso... – Yanka fala. Sophya se assusta. – Espero que tenha realmente valido a pena...

 

— Yanka... – Sophya tenta argumentar, mas estava derrotada. O que ela mais temia aconteceu. Yanka estava sabendo do ocorrido.

 

— O que você vai falar? “Eu sou Sophya Schmitt, eu posso te dar um par de chifre!” De verdade... Eu espero que tenha realmente valido a pena, pois A-C-A-B-O-U!

 


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Notas finais do capítulo

Voltando... No inicio do capitulo usei um trechinho da poesia Mistérios de Mulher, Carolina Salcides. Muito linda! Logo mais usei a poesia Sutilmente te digo, tbm de C.S.
Espero que vcs tenham curtido... Sempre que der apresento mais das poesias dela por aqui, beijos.