Between Shadows and Darkness escrita por L3NORYT


Capítulo 3
Novo Lar


Notas iniciais do capítulo

Hello! Passando para deixar outro capítulo e avisar que vou começar a postar outra história sobre esse par que eu amo! O nome da nova trama é Rogue ;)
Enfim, aqui vai o novo cap. Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/744598/chapter/3

A primeira coisa que Eren percebeu sobre à casa de Levi foi que tudo era muito limpo, como em realmente limpo. O lugar era quase estéril, embora, por algum motivo, não cheirasse como produtos de limpeza. A segunda coisa que o jovem percebeu sobre seu lar temporário veio na forma de um pacote de pelos sentado calmamente sobre a bancada na cozinha, encarando-os como se eles fossem os únicos invadindo o seu território.

“Oi, Rogue, tire seu traseiro daí! Quantas vezes eu já disse para ficar longe da bancada maldita.” – rosnou Levi espantando o gato gengibre. Enquanto reclamando algo sobre esfregões de pelos teimosos, o corvo começou a limpar toda a bancada com algum produto que cheirava a limões que ele pegou de um dos armários na cozinha.

“Então você é uma pessoa gato.” – comentou o moreno largando suas coisas perto da porta com a intenção de aproximar-se do felino, apenas para ser recebido por um silvo nada amistoso antes mesmo de dar dois passos na direção do gato.

“Não tente isso, ele é um bastardo que morde ou arranha sempre que ele não gosta de algo. Deixe que ele venha até você.” – Levi alertou como se adivinhando seus pensamentos. Isso ao menos explicava o nome incomum do felino. – “E é mais como eu não tive opção senão ficar com ele. O merdinha apareceu na minha varanda todas as manhãs durante duas semanas. Estava imundo, magro e com uma pata ferida e ainda assim não desistiu sem uma luta quando decidi leva-lo ao veterinário. Coisa viciosa rasgou a manga de uma camisa minha se debatendo.”

“Parece que se encaixa com você.” – o comentário lhe valeu um brilho afiado que lembrava-lhe muito o olhar que recebeu do gato em questão momentos antes. Sim, definitivamente os dois se encaixavam.

Desistindo de tentar ser amigos com o felino rabugento, Eren deixou seu olhar vagar um pouco observando o ambiente. Levi tinha mencionado anteriormente que ele vivia sozinho e que só tinha comprado a casa, mesmo tendo dois quartos, porque tanto o bairro quanto o valor compensavam o espaço extra, que agora serviria de quarto para Eren. A casa não era muito grande, a sala e a cozinha eram separadas apenas por um corredor aberto. O piso branco brilhava e as paredes eram de um agradável tom de azul. Não havia fotos a vista ou enfeites, mas livros ocupavam as prateleiras que cobriam uma parede inteira na sala. Curiosamente havia alguns brinquedos para gato, incluindo uma cama, do lado oposto do cômodo disputando espaço com sofás de aparência convidativa e uma televisão. Tudo era organizado e limpo, não havia nada expansivo ou caro mesmo entre os itens na cozinha, era bastante óbvio que os móveis tinham sido comprados por sua utilidade. Tudo em tudo o lugar se encaixava perfeitamente com seu dono.

De repente o fato de que ele não iria mais voltar para o instituto, mas ao contrário, iria viver nesta casa pareceu finalmente afundar no seu cérebro. E junto com a insegurança que vinha com uma nova experiência a emoção da liberdade, que ele achou que não conseguiria conquistar, inundou seu peito. Ele sabia que estava praticamente vibrando com energia e que isso provavelmente não era algo muito agradável para Levi, considerando seu status como um empath. Porém Eren simplesmente não conseguia sufocar os sentimentos fluindo dentro dele, o moreno só esperava que o corvo não ficasse zangado. Mas considerando que o detetive ainda tinha que mostrar desagrado aberto a ele, o jovem psíquico achava que ainda não tinha cruzado qualquer dos limites que o homem mais velho pudesse ter.

 “Oi, Eren, traga suas coisas.” – A voz de Levi arrastou-o para fora de seus pensamentos, e ele se apressou a pegar as caixas e a mochila e seguir o corvo que o esperava na outra extremidade do corredor. - “A porta do meio é o banheiro e este vai ser o seu quarto. Aqui tem um armário pequeno onde eu costumo guardar os equipamentos de limpeza, mas suponho que vai servir para você arrumar os seus pertences uma vez que eu esvaziá-lo.” – comentou o corvo abrindo a porta à esquerda das três.

“É ok para mim, eu não tenho muita coisa. Eu nunca vi muito o ponto de acumular nada, considerando que eu não tinha onde coloca-las.” – respondeu adentrando o lugar.

Como esperado o quarto era perfeitamente limpo, também um pouco maior do que seu quarto de volta no instituto. O mobiliário era apenas o armário que Levi havia mencionado e uma cama simples ao lado da janela. Colocando as suas coisas no chão junto à porta, Eren encontrou-se pensando em por que seu empath possuía uma cama extra quando ele obviamente não parecia o tipo que gostava de receber visitas, muito menos o tipo que vinha para passar a noite.

“Uhn, Levi, por que a cama extra?” – assim que a pergunta deixou seus lábios Eren sentiu-se estúpido. Várias foram às vezes em que ele foi alertado de que falava e agia sem pensar. Igualmente foram às vezes em que tal atitude rendeu-lhe problemas ou deixou-o em alguma situação constrangedora, como nesse momento. – “É só que você disse que morava sozinho e você não parece muito o tipo de receber visitas, então eu só fiquei pensando...” – ele encontrou-se balbuciando em uma tentativa de justificar a brusquidão da pergunta.

“Ah, isso. Era de Hanji.” – o corvo respondeu lançando um olhar para a peça de mobília, parecendo indiferente à questão estranha para alívio do moreno.

“De Hanji? Ela morava aqui?” – indagou levemente confuso, seguindo os movimentos de Levi enquanto o mesmo deixou o quarto atravessando o corredor e entrando na sala em frente a sua, que o jovem imaginou fosse o quarto do outro.

“Deus, não!” – veio à resposta rápida do outro cômodo – “Mesmo trabalhando tão perto do centro a idiota morava do outro lado da cidade e demorava muito para ir do prédio de pesquisas para o apartamento, então ela passava a maior parte do tempo sem ir para casa. Quando eu comecei a trabalhar na Survey Corps ela estava praticamente morando no escritório dela.” – continuou Levi já de volta ao quarto carregando roupas de cama e entregando-as a Eren, em seguida começando a mexer no armário. - “Ela acabou descobrindo que eu morava perto da sede e um dia simplesmente se convidou para ficar aqui. Maldita quatro olhos ficava reclamando de ter de dormir no sofá. Como se eu tivesse obrigação de cedê-la minha cama.” – o corvo reclamou soando claramente ofendido com a ideia.

“De alguma forma eu posso facilmente imaginar isso.” – comentou o moreno, ocupando-se de estender o lençol limpo sobre a cama, ouvindo Levi zombar algo que soava suspeito com isso é óculos de merda para você, enquanto deixava o quarto carregando um aspirador de pó em uma mão e uma vassoura e esfregão na outra.

Depois de testemunhar os dois discutindo Eren podia imaginá-los brigando e teve dificuldade em segurar o riso com a imagem mental. Ele gostaria de ter visto uma dessas visitas, com a mulher hiperativa se queixando e rindo sua risada extravagante e seu empath exasperado resmungando maldições e ameaças, que o psíquico supunha eram em sua maioria vazias. Afinal, apesar da forma como Levi se referia a Hanji, era bastante fácil perceber que os dois eram amigos próximos, embora fizessem um par bastante estranho. Enquanto deixava sua imaginação correr solta, o moreno já tinha terminado com o lençol quando a voz do corvo o alertou de seu retorno.

“Um dia eu cheguei em casa para descobrir que a mulher louca tinha comprado uma cama para o quarto extra.” – continuou seu conto escorando-se no batente da porta e encarando o móvel em questão – “Por quase três meses eu tive que aturar sua bunda louca aparecendo aqui sempre que ela estava cansada de mais, ou apenas com preguiça de ir embora. Foi Moblit, o assistente dela, que finalmente a convenceu de se mudar para um apartamento mais perto do trabalho. Como o novo lugar era mobiliado ela deixou a cama aqui como pagamento pela hospedagem.” – resmungou por fim soando exasperado, e Eren não pode evitar um sorriso divertido de espalhar-se por seus lábios.

“Soa como vocês são bons amigos.” – o moreno encontrou-se comentando, enquanto uma memória de seus próprios amigos brilhou em sua mente. Como ele perdeu Armin e Mikasa.

“Tch. Por que ao invés de falar besteira você não toma um banho enquanto eu termino de arrumar aqui e depois preparo o jantar.” – sugeriu o corvo com uma expressão aborrecida. Eren percebeu que o empath não negou que ele e Hanji eram de fato bons amigos, algo que puxou um pequeno sorriso.

“Eu posso fazer o jantar, se você quiser.” – ofereceu o moreno, era o mínimo que ele poderia fazer para retribuir o detetive que o acolheu em sua própria casa.

“Você sabe cozinhar?” – indagou Levi, uma sobrancelha esbelta elevando-se um pouco mais próxima de seu cabelo preto e sedoso.

“Sim. De volta em Shiganshina tínhamos atividades extras para ajudar a controlar nossos poderes e aliviar nossas mentes. A maioria fazia meditação, mas eu não conseguia ficar quieto o suficiente para isso. Acabei escolhendo as aulas de culinária. Era estranhamente relaxante e depois de um tempo eu acabei ficando realmente bom em cozinhar.” – sua culinária era uma das poucas coisas das quais sentia-se orgulhoso. Era algo que ele se lembrava de ter feito algumas vezes junto com sua mãe quando era pequeno. Talvez fosse por isso que ele encontrou tal atividade agradável, era sua forma de agarrar-se a uma de suas lembranças com ela.

“Hoh. Isso é algo que eu vou decidir quando provar.”

“Está me dando sua permissão?”

“Ah. Apenas não faça uma bagunça.”

“Prometo não fazer uma confusão.”

“Se fizer você será o único a limpar.” – reiterou o corvo e o moreno prometeu a si mesmo que iria redobrar seus esforços para garantir que tudo fosse do agrado do empath. – “Panelas estão no armário sob a pia, talheres nas gavetas. Mantimentos e temperos estão no armário à extrema esquerda, há também verduras e carne na geladeira. Se não encontrar algo basta perguntar.”

“Ok.” – concordou já movendo-se para a cozinha determinado a preparar algo saboroso para o detetive.

—-----------------------------------------//------------------------------------------

Pouco mais de uma hora depois de chegar em casa Levi encontrou-se sentando-se para o jantar. Honestamente o empath não podia se lembrar quando foi a última vez que alguém cozinhou para ele. A única vez em que Hanji invadiu sua cozinha e quase colocou fogo no maldito fogão ele estava mais inclinado a considerar um atentado a sua vida do que culinária propriamente dita. Para não mencionar o sobrancelhas e sua comida sem sabor, como o loiro poderia sobreviver comendo algo que parecia vindo direto da cozinha de um hospital estava além dele. No entanto, quando mais cedo Eren tinha se oferecido para preparar o jantar soando animado e confiante, o corvo decidiu ceder a sua curiosidade. No pior cenário ele teria que improvisar ele mesmo algo para eles comerem. Mas se o cheiro agradável que invadira a casa durante os últimos minutos fosse um sinal, além da clara falta de fogo, talvez o garoto tivesse aprendido alguma coisa útil vivendo naquele lugar miserável. Também ajudava que sua cozinha não parecia um campo de guerra, algo que ele confirmou logo após sair do banho e Eren anunciou que havia terminado a comida.

Levi serviu-se de uma porção razoável do alimento cheiroso e de boa aparência, eram poucos pratos simples, alguns vegetais com carne para acompanhar o arroz e batatas. Ele estava ciente do pirralho observando cada movimento seu com uma dose crescente de ansiedade, era óbvio que sua aprovação importava para o garoto. A primeira mordida da comida provou surpreendentemente agradável ao seu paladar, e ele teria deixado um gemido escapar ao sabor, não fosse por seu autocontrole.

“Não está mal.” – ele deixou o garoto saber sua opinião, e a onda de alegria e orgulho que lavou sobre o pirralho foi tão clara para o corvo quanto o suspiro de alívio que o psíquico liberou antes de também começar a comer.

Eles jantaram em um silêncio confortável, cada um saboreando o seu alimento e Levi encontrou-se curtindo a atmosfera mais do que ele imaginou que poderia, considerando quantos anos ele viveu sozinho. Algo que teria permanecido o mesmo, caso o sobrancelhas de merda não tivesse decidido mexer com a vida do corvo. Ainda era estranho como o inferno a ideia de que ele tinha um elo com um psíquico, e que o mesmo estaria morando com ele por um período de tempo indefinido, mas o que estava feito estava feito. Desde cedo Levi aprendera a não ficar se debruçando sobre coisas que ele não poderia mudar ou ter evitado - viver preso a arrependimentos não era realmente viver, era amargar sobre eventos que ninguém poderia ter previsto ou impedido.

Uma vez que o jantar terminou Eren levantou-se e começou a recolher a louça, parecia que o pirralho tinha tomado seu aviso sobre a limpeza bastante a sério - o que agradou o corvo imensamente -, mas Levi o parou, era justo que ele limpasse os pratos quando o outro tinha sido o único a cozinhar sem fazer uma confusão. Ele podia sentir a relutância do garoto, claramente o psíquico queria se fazer útil e agradá-lo. No entanto, o corvo mantinha sua casa sempre tão imaculada quanto humanamente possível, o que significava que não havia muito para se fazer, com exceção dos dias em que ele separava para a faxina e lavar suas roupas. Além disso, limpeza era para Levi o que cozinhar parecia ser para Eren – uma forma de aliviar a mente. E isso era algo que ele precisava, um tempo para organizar seus pensamentos, especialmente agora que as únicas emoções que o afetavam eram as de seu psíquico – uma experiência nova, estranha, mas agradável.

“Você terá outras chances de lavar os pratos, agora vá fazer algo que você queira. Vá assistir um pouco de televisão ou ler um livro. Imagino que não tivesse tais liberdades de volta onde vivia.” – e com isso ele demitiu qualquer possível argumento que o pirralho pudesse ter, porque ele podia sentir que o garoto tinha um.

Eren lhe lançou um olhar hesitante movendo-se de pé para pé antes de finalmente ceder e rumar para a sala, o som da televisão surgindo instantes depois. Uma vez sozinho Levi voltou-se para a tarefa simples de lavar os pratos e guardar as sobras na geladeira, sua mente caindo em um limbo confortável e familiar, quebrado apenas por Rogue exigindo comida, mas isso também já era parte de sua rotina.

Minutos mais tarde, após terminar de arrumar a cozinha, ele encontrou-se dividindo o sofá maior com Eren e assistindo o que parecia ser um documentário sobre arqueologia, de todas as coisas. O corvo estava ciente de que havia um relatório que ele devia ao sobrancelhas, mas ele estava decidido a ignorar o documento irritante. Erwin poderia chiar tudo que o loiro quisesse sobre a papelada maldita que o empath não poderia se importar menos, se qualquer coisa o homem mais alto deveria sentir-se grato que Levi decidira não arrancar suas sobrancelhas de merda em retorno por envolve-lo em mais uma de suas artimanhas. Como se pensar no comandante fosse uma sugestão, o corvo ouviu o toque de seu telefone enquanto o aparelho vibrava em seu bolço. Não era uma ligação, mas uma mensagem. O loiro sabia que Levi mais provável desligar na cara dele do que realmente ouvir qualquer merda que ele tivesse a dizer. Embora duvidasse que fosse alguma emergência, o detetive ainda conferiu o que seu chefe irritante queria.

Comandante sobrancelhas:

Parabéns pelo seu elo bem sucedido.

Traga Eren com você amanhã. Precisamos conversar.

Claro que Erwin já sabia de seu elo, óculos de merda nem deve ter esperado-os deixar o prédio antes de ir vomitar sobre o sucesso que foi sua ligação para seu comandante. Honestamente ele estava surpreso que a mulher louca tinha mesmo concordado em liberá-los sem marcarem uma data para ela poder usá-lo e seu psíquico como cobaias de teste. Mal o pensamento passou por sua mente e a tela do celular se iluminou novamente.

Comandante sobrancelhas:

Hanji pediu permissão para realizar alguns testes.

Maldita óculos de merda e maldito sobrancelhas. Era claro que os dois estavam tramando por suas costas. E era bastante óbvio que Erwin esperava que ele concordasse com quaisquer que fossem os experimentos loucos que Hanji tivesse planejado, e sem dúvidas tentaria convencer Eren de fazê-los também. Pior ainda, esperava que ele convencesse o garoto a aceitar. O corvo deve ter feito algum ruído ou algo mais que deu seu desagrado, porque ele podia sentir tanto o olhar do pirralho sobre ele quanto a curiosidade emanando do mesmo.

“Erwin quer que você venha comigo ao escritório amanhã. Além disso, Hanji quer fazer alguns testes.” – ele esclareceu encontrando os belos orbes verdes. – “Você não precisa concordar com os testes, Hanji precisa aprender a manter suas mãos e ideias loucas para si mesma.” – acrescentou sentindo a necessidade de esclarecer seu ponto de vista sobre a coisa toda, o histórico do garoto e sua conversa com a óculos de merda ainda estavam bastante frescos em sua mente.

Era importante que Eren percebesse que ele tinha uma escolha. Ter um elo significava que o pirralho não precisava mais passar por todo o estres que veio com ser um psíquico sozinho; eles eram parceiros para melhor ou pior. E agora que Levi era seu empath ele teria certeza de que ninguém usaria o garoto como uma cobaia simplesmente porque ele fazia um bom material de estudo. Psíquico ou não o pirralho era antes de tudo humano.

“Erwin é o comandante da Survey Corps, néh?” – de tudo o que ele disse isso foi o que chamou a atenção do pirralho. Novamente o corvo encontrou-se questionando como a mente do psíquico funcionava, embora ele supusesse que fazia sentido considerando que o garoto tinha admitido interesse em ser parte da agência.

“Sim. Eu sabia que isso iria acontecer cedo ou tarde, afinal é padrão quando um empath ou psíquico da agência forma um elo.” – embora o sobrancelhas parecia estar bastante ansioso para colocar suas garras no pirralho.

Normalmente se esperava passarem os três primeiros dias após um elo ser formado, tempo que levava para se estabilizar uma ligação, antes de registrar-se o novo status do agente. Era uma forma de garantir que não surgiriam problemas ou uma rejeição entre os companheiros, embora fossem ocorrências raras e que só aconteciam quando não havia compatibilidade entre as contrapartes. Levi sabia que ele e Eren eram um caso raro – um elo espontâneo nunca havia sido registrado antes, teorizado sim, mas não comprovado -, ainda o corvo imaginou que Erwin esperaria que o pirralho se estabelecesse um pouco antes de tentar arrastá-lo para a agência. E isso só o fazia questionar o que o loiro tinha na manga para eles.

“Você acha que ele quer que eu me junte a vocês?” – indagou o jovem psíquico com seus olhos verdes brilhando.

Em momentos como esse Levi tinha certeza de que mesmo que ele não fosse um empath capaz de sentir as emoções alheias e ler as informações que elas forneciam, ele ainda seria capaz de entender os sentimentos de Eren com facilidade. Os olhos do garoto eram expressivos até de mais. E como alguém tão direto e ingênuo como Eren acabou como seu psíquico destinado era uma questão para a qual ele provavelmente nunca encontraria a resposta.

“Como eu disse antes, Erwin está sempre interessado em paranormais poderosos.” - E em tudo o mais que pudesse ajudar a fazer o trabalho, mas isso o garoto não tinha necessidade de saber, ainda não de qualquer jeito. Se ele começasse a conviver com o sobrancelhas o pirralho acabaria por perceber tal característica.

“Eu quero poder ajudar e se meus poderes podem ser úteis então para mim está tudo bem. O mesmo vale para os testes. Eu realmente não me importo, já passei por muitos deles então é meio que normal para mim.” – respondeu com um encolher de ombros.

Ele deveria saber que essa seria a resposta do pirralho, ainda assim ele não gostava da forma indiferente com que o garoto lidou com ser usado como um rato de laboratório. Levi imaginou se isso era o resultado de ser experimentado pelo próprio pai, e fez uma nota mental para caçar Grisha e dar-lhe uma boa palestra no melhor estilo Ackerman— uma que deixaria seu tio de merda orgulhoso como o inferno.

“Ainda não significa que você tem que concordar com todas as coisas loucas que Hanji decide que quer testar. Lembre-se que você não é um rato de laboratório.” – algum dia ele teria certeza de que o pirralho percebesse isso.

“Uhn, ok.”

“Bom. Saímos de casa as sete e trinta, eu gosto de chegar cedo, e imagino que Erwin queira resolver qualquer coisa que ele tenha em mente o mais cedo possível. Além disso, Hanji tende a ficar mais louca conforme o dia avança.” – seu último comentário recebeu uma risada em resposta.

Depois disso a conversa parou, e Rogue decidiu fazer sua presença conhecida saltando sobre o encosto do sofá e assustando Eren, que acabou ganhando um dedo mordido ao tentar afagar o gato rabugento outra vez – tanto por avisá-lo para não se aproximar do felino. Decidindo que ele já tivera o bastante de interação social para um dia, Levi retirou-se para seu quarto escolhendo ler mais alguns capítulos do livro que tinha começado no fim de semana - ainda ignorando o relatório. Ele estava rancoroso contra o sobrancelhas, e se atrasar o trabalho do homem fosse o melhor que ele poderia fazer para irritá-lo, então que assim fosse.

Ele estava à meio do capítulo quando a sala tornou-se silenciosa e ouviu uma porta abrir-se seguida do som revelador do chuveiro. Algum tempo depois foi a vez da porta do quarto que agora pertencia ao pirralho abrir, mas não fechar. Vagamente ele se perguntou se deveria avisá-lo sobre a possibilidade de Rogue visita-lo durante a noite. O gato maldito tendia a vagar pela casa durante a madrugada. No fim ele decidiu que o garoto teria de aprender certas coisas sozinho. O máximo que poderia acontecer era o psíquico ganhar alguns arranhões ou outro dedo mordido.

 

—-----------------------------------------------------------------------------------------


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do cap. Críticas construtivas são sempre bem-vindas.
Não esqueçam de dar uma olhadinha em Rogue, eu prometo que valerá a pena ;)
Kissus até o próximo cap.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Between Shadows and Darkness" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.