— Você sente algum prazer em me excruciar, Dara? – O pai perguntou assim que a moça adentrou a sala, chegando da rua. Ela olhou para ele, confusa e assustada. Sua mãe também estava ali, calada e sem olhar diretamente para Dara. – Você gosta de me decepcionar? De me envergonhar na frente de todos nessa cidade?

— Eu não sei do que o senhor está falando. – A moça disse baixinho.

— Lino me disse que te viu conversando com aquele rapaz cezarim. Dara, ele é um filho de Xabaz!

— Ele…! – Dara quase levantou a voz, mas se conteve. – Ele não é um inimigo. Ele nasceu nessa nação tanto quanto nós, apenas veio de uma família diferente. É um bom rapaz e eu não me importaria em ser amiga dele.

— Amiga? – O pai questionou. – Tem certeza que é só isso?

Dara tirou uma flor do cabelo. Era uma das últimas crivanas da estação e foi lhe dada por Calil. Lembrar da forma como ele se inclinou para tão perto e colocou a flor entre os fios loiros a fez se sentir pegando fogo.

— Claro. O que mais seria? – Ela mentiu. Então arrumou a bolsa sobre os ombros e se dirigiu ao seu quarto. – Eu vou me deitar, licença.