No Silêncio de Um Olhar escrita por bpity


Capítulo 1
Nunca me deixe


Notas iniciais do capítulo

Agradeço desde já a todos que lerão.



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Capítulo I – Nunca me deixe

 

Flash Back - ON

 

- Neji-kun... – falei com a voz trêmula, encarando aqueles olhos perolados.

- Não se preocupe Tenten-chan, eu voltarei pra você. – após dizer isso, depositou um leve beijo em meus lábios, em seguida fitou-me por um instante e nada mais precisava ser dito. Afastou-se, e eu o perdi de vista após se misturar no meio de tantos shinobis.  

 

Flash Back - OFF

 

Três meses hoje. Exatos três meses desde aquele fatídico dia. Acordei um tanto longe, com meus devaneios mais freqüentes que o de costume. Não preciso nem fechar os olhos para recordar como era sentir seus lábios nos meus, e independente do tempo que passe, eu ainda me recordarei. Remexi-me na cama criando coragem para levantar. É difícil encarar os dias sem tê-lo ao meu lado, dando-me forças para permanecer em pé. Ele conseguia acalmar-me sem dizer nada, apenas com o silêncio de seu olhar.

 

Levantei-me da cama dando passos vagarosos rumo ao banheiro. Deixei que a água fria escorresse pela torneira sem ao menos tocar minhas mãos. O filete de água que fluía dela hipnotizou-me, fazendo-me mais uma vez perder-me em pensamentos, lembranças.

Após fazer minha higiene pessoal, juntei meus pergaminhos, coloquei meu traje regular, tomei um desjejum reforçado e sai. Mesmo se eu não apetecesse, meus pés iriam levar-me automaticamente ao Hospital Central de Konoha. Porém, assim como careço de ar e água, careço estar naquele lugar, em especial, naquele quarto. Meus dias não seriam os mesmos sem essa visita diária...

 

- Bom dia Tenten-chan!

- Sakura. – respondi quase que completamente desinteressada.

- Veio cedo hoje, está tudo bem? – a curiosidade de Ino está afetando também a Sakura.

- Estava melhor há três meses.

- Oh, desculpe.

- Não há necessidade de se desculpar. Creio que tudo o que poderia ser feito já foi, certo? – continuei meu caminho antes que ela falasse algo. – estou indo.

- Tenten-chan, espere! – não queria olhar para trás e muito menos jazer aquela prosa supérflua. – Tenten-chan! – ela insistia. Por fim, parei cerca de cinco metros de distância dela, mirei seus olhos lançando um olhar extremamente amofinado, e, sem proferir nada continuei prosseguindo com minha marcha. Não sei o que ela queria contar-me, porém, hoje faz três meses desde o ocorrido. Minha paciência afadigada e meu semblante abatido espera que haja compreensão para comigo, pelo menos hoje. Tenho esperança que não venham atormentar-me tratando de certo assunto, digo, alguém.

 

Subi as escadas até o terceiro andar, quarto cinco. Lá estava à pessoa mais importante para mim, em estado de sono constante, ou se preferirem... Em coma, inconsciente, desfalecido. Já imaginava que ele estaria com a sua típica fisionomia pacata, que ultimamente permanecia presente em todo momento (logicamente).

Nunca nem ousei pensar que alguém de tanto apreço para comigo se encontraria nesse estado, e agora confesso que é perturbador alguém como ele jazer-se deste modo.

Por que as pessoas que mais importam são as mais atingidas por tal incidente? Ou por outros mais aterrorizantes? A precariedade de uma melhoria é tão cruel quanto à fidúcia de uma perda. Preferia mil vezes estar em seu lugar naquela missão rank-S, para não presenciar sua atual circunstância.

Todavia, poder vê-lo regularmente é um privilégio. O entusiasmo de saber que existem chances para seu despertar, mesmo sendo mínimas, ampara-me muito mais que qualquer pronunciamento de conforto. A fé entra em ação em situações como essa.

 

- Não... – Articulei em um fio de voz, paralisada. Pensamentos interrompidos após chegar ao meu destino. A visão à minha frente bloqueava qualquer reação corporal. – Não... Não pode ser. – quarto vazio. Olhei a cima para certificar que me encontrava no quarto correto. Um arrepio percorreu todo meu corpo enquanto meu estômago se revirava: QUARTO 5

 

Lá estava a placa claramente indicando o número do quarto que ele deveria estar, ou melhor, que ele se encontrava desde sua “volta” à vila.

Fechei os olhos e cerrei os punhos fortemente. Seria essa a notícia que Sakura queria informar-me? Senti meu coração apertar, como se estivesse despedaçando lento e dolorosamente. Quando, uma mão quente pousou sobre meu ombro esquerdo. Abri meus olhos lentamente com medo do que a suposta presença humana proferiria. Avistei um par de olhos esmeraldas vistosos e alegres já vistos por mim hoje, encarando-me, com o semblante descontraído, tranqüilo.

 

- Não pude dar meu recado. – sorriu – Ele mudou de quarto. Não precisa mais de aparelhos respiratórios. – a sensação de alívio foi tão dominante, que, em um impulso abracei Sakura apertado.

- Obrigada Sakura-chan. – disse ainda abraçando-a.

- É um prazer. – respondeu um tanto surpresa diante minha atitude e a presença do sufixo ‘chan’ ao referir-me a ela, pois, assim como Konoha inteira, ela sabia que há três meses eu havia deixado de ser calorosa. – venha! Levarei você ao novo quarto dele. – já puxando meu braço e guiando-me ao segundo andar. – Tsunade-sama acredita que em breve ele poderá acordar! – Não consegui nem respondê-la. Os sentimentos que há pouco me definhavam, transformaram-se em óleo de alegria, contagiando-me por inteira.

 

Paramos em frente ao QUARTO 3 do segundo andar. Sakura piscou o olho direito para mim e saiu em seguida. Entrei um tanto receosa devido à presença de emoções vividas em poucas horas do dia, que em três meses foram finadas. Porém, logo que meu campo visual o alcançou, notando seu repouso tranqüilo, toda a ansiedade mista de desespero ausentou-se dando lugar à calma mista de carinho. Cheguei perto de sua cama e assim como todos os dias mesmo sem saber se ele poderia ouvir-me, comecei a falar mansamente:

 

- Me assustou hoje. - Levei minha mão até seu rosto, contornando seus traços perfeitamente desenhados – por um momento cheguei a pensar que havia te perdido. – comecei afagar seus cabelos que não perderam o brilho nem a maciez mesmo diante da situação que ele se encontrava – nunca me deixe Hyuuga Neji, por favor...

 

***

 

No último andar, em uma sala onde se encontrava a suposta “direção” do hospital.

 

- A que devo sua apreciada presença, Tsunade-sama? – pronunciou respeitosamente à aluna da Sannin.

- Hyuuga Neji. – respondeu ligeiramente – Qual o seu atual estado?

- Como você já havia avaliado, não depende mais de aparelhos respiratórios, e, já o trocamos de quarto.

- Está no segundo andar?

- Sim, Tsunade-sama.

- Sakura, eu temo que o pior aconteça...  – suspirou pesadamente – você está ciente que golpes foram proferidos em regiões críticas de sua cabeça, que foi...

- O motivo pelo qual ele entrou em coma. – acrescentou com um ar de dúvida, sem compreender as reais preocupações de sua mestra.

- Exato. Você, como minha discípula, compreende os altos riscos que tais golpes podem causar... Além de coma.

- Tsunade-sama, aonde quer chegar?

- Cinismo não mudará a realidade, Sakura.

- Então, está querendo dizer que...

- Perda eterna de memória ou por tempo indeterminado, são os outros riscos – interrompeu Tsunade, articulando suas palavras aflitamente.

- Suspeita que Neji fique com amnésia após despertar? – respondeu também aflita. A conversa estava tornando-se tensa.

- Em seu caso, não é mais uma suspeita, e ainda... Amnésia permanente.

- Entendo. – abatidamente, continuou - Devo avisar Tenten?

- O mais rápido possível. – soltou outro suspiro pesado – isso não irá consolá-la nem um pouco, mas evitará desapontamentos futuros. – ao terminar seu comunicado, ia saindo apressadamente da sala.

- Tsunade–sama! – A Hokage vira, fitando a shinobi médica. – Acha que ele não recordará nada de sua vida? – perguntou receosamente.

- Isso só Deus poderá responder-te. – Olhando pela janela da sala onde se encontravam. – Seja breve em comunicar Tenten. – dizendo isso, ausenta-se do recinto.

- Serei Tsunade-sama. – falando mais para si mesma, tentando criar coragem para designar a notícia à Tenten, do que para responder a Sannin. Sabia exatamente como era sentir a ausência da pessoa que amava, mas no caso da Mestra das Armas, ele estaria por perto, porém não seria o mesmo.

 

***

 

QUARTO 3 – Segundo Andar.

 

- Queria tanto ver seus olhos novamente... – eu continuava com meu monólogo sem importar-me com o fato de ele estar incapacitado de responder – Sabia que hoje fazemos três meses e uma semana de namoro? – disse sorrindo – Pena que foi apenas uma semana com você consciente. – abaixei a cabeça em sinal de angústia, e permaneci alguns segundos assim – O destino nos prega peças engraçadas! – comentei ironicamente, levantando a cabeça – Quando finalmente podemos ser felizes, ele vai lá e arranca nossa felicidade pela raiz. – parei de falar, pasma.

 

Nesse instante, algo inesperado por todos, mas ao mesmo tempo tão esperado por mim, ocorreu. Fazendo com que pela segunda vez no dia eu paralisasse por inteira.

Ele estava lá deitado, e, por mais impossível que aparente ser... Com os olhos abertos fitando-me atenciosamente. Novamente a visão à minha frente bloqueou toda reação corporal que eu poderia ter naquela situação.

 

- Ne...Neji-k...kun?

_


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Notas finais do capítulo

Nova no Nyah!
Críticas, favoritos, elogios (...) são sempre bem vindos.