Houvera um silêncio que aos olhos alheios era desconcertante, mas, para aqueles dois, era necessário. Havia muito o que falar e, ao mesmo tempo, nenhuma maneira certa de começar. O sentimento era tão intenso e puxativo que ambos paralisaram.

Finalmente, Salem levantou-se em sua direção, mas Orias deu outro passo para trás. Tantos anos se passaram, tanto tempo e mesmo assim, mesmo com tudo o que aconteceu, ainda eram inconfundíveis um para o outro. Infelizmente, não só as coisas boas eram inesquecíveis.

Orias não tinha sequer uma informação do paradeiro de sua antiga família, das pessoas com quem convivia. Sabia que era odiado.

"Não!" exclamou Salem quando Orias deu outro passo para trás. Sua voz era mais grossa, madura, mas ainda possuía o calor de antes. "Não vá, por favor."

Aquela súplica fez Orias parar em seu lugar e permitir que Salem alcançasse-o. Havia uma cicatriz que cortava seus lábios e outra no lado de seu rosto, observou. Como havia conseguido estas? Orias não pôde ponderar muito mais, pois suas mãos foram envolvidas pelas de Salem gentilmente.

"Orias... Que bom... que está vivo." era um sussurro de voz quebrada, com soluços mesclados. E, depois de tantos anos, Orias chorou.