Nós nos encontramos de diversas formas. No espelho, na rua, no hospital, na minha cabeça, nos meus sonhos. Eu expurguei todo o ódio que não sabia sentir. Transpirei todo meu desespero e medo. Lutei e perdi. Mas também venci. Venci pelo cansaço, venci por me permitir vencer e aprender. Enxerguei o outro monstro – meu monstro, o monstro que tenho em mim e que sou eu. O monstro que sou capaz de esconder. O monstro que é sobreposto pelo homem. O homem venceu a batalha interna, pro seu bem.

Já o mutante cansou de meus lamentos e pesares, da minha vida ou do que restou dela. Ele precisava de mais alimento. E seu alimento é a essência que suga.

Demorei a perceber que ele se foi.

Ele deixou de ser eu e foi ser outros. Não pude detê-lo. O mal caminha pela terra e desconheço seu propósito. Nada vai ficar bem. O pessimismo agora é meu melhor amigo. Como enxergar além? Sim, ele tirou tanto de mim. A recuperação é lenta. Consigo me guiar com o auxílio do fio de luz que resta nesta candeia. A minha vontade. Alguns momentos de esperança e lucidez.  Respiro e renasço. Ergo-me após a ressaca.