Já chega!

Se existia um momento em que eu poderia segurar as habenas da minha vida, essa hora era agora. Então, em um súbito levantar da cadeira, capaz de assustar aos que esperavam pelo trem, coloquei-me a correr atrás daquela que eu parecia conhecer tão bem, mesmo que com tão pouco.

Meus passos rápidos pelas ruas parcialmente cheias já podiam ser escutados com alguma antecedência. Ou aquele seria o barulho da palpitação rápida de um coração acelerado? Minha única certeza era a de ter que encontrá-la.

E foi assim, correndo e ziguezagueando entre as pessoas, que eu trombei com ela, a garota dos olhos verdes e do sorvete derretido. Nós fomos ao chão, junto com os papéis dela, que eu logo me prontifiquei de pegar, até me espantar com um deles.

— Espera, esse sou eu? — perguntei, incrédulo, após ajudá-la a se levantar.

— Sim, mas você saiu antes que eu terminasse. — Ela riu, um pouco sem graça.

— Tenho algo pra você também. — Eu ri, mostrando-lhe o meu desenho incompleto após tirá-lo da mochila. — Também aconteceu comigo.

— O acaso pode ser mesmo maravilhoso, Sr…

— Eduardo, é um prazer. — Estendi-lhe a mão.

— Mônica — disse ela, correspondendo. — E o prazer é todo meu.