Sorri para a moça, esquentando meu corpo com um gole de café, tentando deixar de lado aquele tempo frio. Eu nunca soube muito bem o que dizer às pessoas quando essa era a reação normal. Eu falava quando me vinha algo à cabeça, quando achava que deveria falar algo, não por obrigação. Por sorte, Victoria parecia confortável com aquilo.

Ela bebericava seu latte com um sorriso fino no rosto, igual ao meu. Os cabelos louros presos em um perfeito rabo de cavalo e seus óculos finos embaçando com o calor da bebida naquele banco de praça arrefecido.

Nos encontramos por acaso. E pensar que de todos, eu encontrara logo ela era algo... estranho; engraçado; curioso; surpreendente.

— Foi proposital? — Perguntei, sem rodeios.

Ela assentiu.

— Foi o jeito que encontramos de mantê-lo mais seguro. Pararam de me procurar depois da notícia e papai e mamãe esperavam que, sem ter alguém para procurar, as chances de você ser pego diminuiriam.

Ela estava certa afinal. Eu sabia que aquela era uma de suas marcas. Victoria estava sempre certa.

O sino da porta tocou e virei-me, abrindo um sorriso e abraçando o menino.

— Michael, essa é sua tia Victoria. Ela é minha irmã gêmea.