O susto inicial foi substituído pela curiosidade e lá estava, olhando pelo olho mágico e sorrindo bobo ao deparar-me com a visão um tanto desfocada de Laura, ela tinha em mãos provavelmente a minha correspondência - cuja eu nem estava mais dando a importância devida, a conta de luz podia atrasar um mês -, eu que não podia perder cada idiossincrasia presente naquela mulher.

Abri a porta, sentindo-me afoito:

— Oi, moro no 406 e acho que trocaram nossas correspondências. - Riu, angelical. Erguendo as cartas como prova. Vestido florido e perfume suave. Linda.

— Eu fiz um poema para você, Laura.