Gypsy escrita por mckinnon


Capítulo 1
I'm a gypsy, are you coming with me?


Notas iniciais do capítulo

Foi extremamente fácil escrever essa fanfic, mas finalizá-la foi o pior. Eu sempre quis escrever algo com a temática dos ciganos e eu espero não ter me equivocado muito ou feito algo desrespeitoso.
Eu trabalhei nessa fanfic por três dias. Três dias onde eu pesquisei, conheci e me apaixonei por uma cultura incrível. Três dias onde eu me apaixonei pelas personagens e pelo desenvolvimento. E finalmente, me apaixonei por mim mesma como escritora.
Eu me sinto feliz e triste em estar postando essa fanfic agora. Porque sinto que ainda há algo faltando nela, mas não posso deixar de me sentir satisfeita pelo resultado. E espero que vocês a apreciem tanto quanto eu apreciei escrevê-la.
Um agradecimento especial à Vanessa, Isabela, Gio (aka twin), Lubs, Mari e Clara. Meu coração pertence a vocês e isso nunca vai mudar.
Boa leitura para todos!



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I'm a gypsy, are you coming with me?

Paris, século XV

people fear what they don't know.

Desde muito cedo, a família Black tentou ensinar tudo sobre ser alguém de sucesso na sociedade para seus filhos. Sirius, o filho mais velho de Walburga e Órion, no entanto não gostava muito do título de nobre que possuía e muito menos do que sempre fora pregado para ele. 

Ódio, preconceito, egoísmo. Não eram coisas que de fato ele aprovava, embora fingisse tolerar na frente dos familiares ou companheiros durante as festas de gala ou partidas de algum esporte estúpido ao qual ele não se importava. 

Era desgastante e sufocante, o tipo de coisa que ele não desejava para ninguém. Mas ele conseguia sobreviver, pois o melhor momento que ele podia ter eram as noites de sábado. As que ele era livre para se esconder em seu grosso casaco preto e sair pela noite, aventurando-se pelas escuras esquinas da cidade de Paris, próximas a Catedral de Notre-Dame. 

Em um desses passeios noturnos, acompanhado de seu amigo James Potter (talvez, o único que pensasse como ele em meio àquela sociedade oportunista e ignorante), ele encontrou uma pequena praça. Uma praça onde as pessoas não tinham medo de ser quem eram, não tinham medo dos julgamentos e da cobiça, do ódio e do preconceito.

Uma praça cheia de ciganos

À primeira vista, Sirius se lembrou de sua mãe falando sobre eles. “Eles são um bando de sangue-ruins, estorvos para nossa sociedade. Fique longe deles, Sirius”, mas ele não pôde enxergar o mesmo ao ver um povo tão alegre e cordial, dançando e cantando noite adentro. 

O local inteiro tinha uma atmosfera que exalava tudo o que havia sido privado de sua vida por anos. Cheia de tendas espalhadas pelo local, Sirius observou a multidão agitada conversar, cantar, dançar e sorrir sem preocupação. Viu algumas mulheres moverem suas saias em ritmos diferentes e crianças correrem por todo o local, rindo e se empurrando. 

Sentiu odores fortes de incenso e viu algumas fogueiras brilharem em pontos estratégicos do local, tornando todo o ambiente febril e completamente apaixonante. 

Andando distraído, acabou esbarrando em uma roda de dança e dentro dela viu a mulher mais bonita que ele já havia botado os olhos em toda a sua vida. Ela era graciosa, com seus cabelos castanhos esvoaçando junto com a sua saia rodada vermelha, mexendo a cintura em um ritmo que ele nunca tinha visto antes.

Ela era diferente de tudo o que ele já tinha visto, na verdade. Ela exalava paixão, mistério, fervor. O tipo de coisa que Sirius sempre adorou em um mulher, mas de forma tão intensa que ele se sentiu tonto. E quando os olhos castanhos da moça se cravaram nele enquanto ela dançava, ele soube que seu coração nunca mais seria o mesmo. 

♡♡♡

— Para onde você vai, Sirius? — Walburga questionou, vendo o filho vestir seu costumeiro casaco preto. Era noite de sábado novamente e o homem havia se tornado um frequentador assíduo das festas dos ciganos. Já até mesmo tinha feito algumas amizades no local, que comemoravam sua presença todo fim de semana. Ele gostava disso, porque todos eram sinceros sobre o que pensavam e não o tratavam diferente por ser quem ele era.  

E bem… Havia a mulher. A misteriosa mulher que havia roubado seu coração na primeira festa e desaparecido das outras. Todos os sábados, ele saía com a esperança de vê-la novamente. 

Mas até o momento, isso não tinha acontecido. 

— Sair com James. Vamos em algum pub para conversar com alguns companheiros, apenas. — ele respondeu de forma breve, colocando a mão na maçaneta da porta. A mulher franziu as sobrancelhas de forma desconfiada. Do mesmo modo que ela fazia sempre que Sirius dizia qualquer coisa. 

— Novamente? — ela questionou, olhando para ele séria. Sirius apenas deu de ombros, abrindo a porta.

— É nossa nova tradição. —  resmungou antes de sair e bater a porta com força. Walburga suspirou resignada com o filho. Ela sabia que ele não aprovava a vida e as regras que eles tinham, mas ela esperava que ele não se rebelasse contra ela. 

Mal ela sabia que ele já havia se rebelado há muito tempo.

Ao cumprimentar seus companheiros ciganos e depositar uma moeda de ouro na caixa de doações, Sirius sorriu satisfeito ao sentir novamente a energia que o local tinha. Era contagiante, o tipo de energia que o fazia querer dançar ao som exótico que tocava nos instrumentos dos homens e nas vozes das mulheres que cantavam livremente, enquanto dançavam pelo local.

Andando pela festa, viu a tradicional roda de dança cheia de pessoas gritando incentivos e batendo palmas. Aproximou-se devagar com as mãos no bolso do casaco e tentou enxergar por cima da multidão. A aglomeração de pessoas fez com que ele se colocasse nas pontas dos pés, tentando ver quem ganhava tanta atenção naquela noite. 

Ao conseguir enxergar o centro da roda, sentiu seu coração saltar fortemente contra o peito. A morena sorria, girando a saia e mandando beijos para as pessoas, enquanto requebrava seu quadril no mesmo ritmo daquela noite em que ele havia a visto pela primeira vez. O mesmo ritmo que encantara Sirius e não saía de sua cabeça. 

Naquele momento, ele não sabia se a mulher tinha algum feitiço ou simpatia para atrair homens como ele. Mas mesmo que tivesse, ele não dava a mínima e se entregaria para ela de uma vez, sem remorsos, se ela quisesse. 

— Seu nome é Marlene — uma morena murmurou ao seu lado, chamando a atenção do rapaz. Ele a olhou confuso e ela apontou com a cabeça para a morena que girava com os cabelos esvoaçando pela noite. — Você devia ir até a tenda dela depois da dança. Se precisar, diga que a Emmeline o mandou lá — a mulher deu uma piscadela para ele, afastando-se da roda e se perdendo na multidão. Sirius não fez muita questão de agradecê-la (ou melhor, não teve tempo para isso), mas sentiu a gratidão atingir seu peito.

Marlene. Ele murmurou só para si. Era um nome forte, que combinava com a figura que continuava a girar e gargalhar para os companheiros.

Marlene. Ele sussurrou para si novamente, gostando da sonoridade do nome. E se possível, gostando mais ainda da misteriosa mulher. 

Minutos ou horas depois, Sirius não sabia dizer pois estava distraído e focado demais em observar e gravar todos os movimentos de Marlene, a roda de dança terminou e todos aplaudiram a mulher. Um senhor que tocava tambor alegremente até mesmo deu uma flor vermelha para a moça, recebendo um beijo na bochecha em troca e sorriu tímido, enquanto a platéia se dissolvia. Os olhos de Sirius continuaram seguindo os movimentos da mulher até ela entrar em uma tenda pequena perto do local em que ela dançava há poucos minutos atrás.

Andando em passos largos e se desviando das pessoas que conversavam e sorriam abertamente aproveitando o fim da noite, o Black chegou a tenda rapidamente. Na porta improvisada, lia-se uma placa feita em letra de mão caprichosa “Você quer saber seu futuro? Entre!” e Sirius sorriu. Nervoso, decidiu entrar no local e pigarreou, buscando Marlene com os olhos. 

A morena estava de costas, mexendo em algumas bugigangas e ao ouvir o pigarro, virou-se curiosa. Viu o moreno alto e com um sorriso interessado no rosto e sorriu minimamente, reconhecendo-o. Ela lembrava de tê-lo visto na última festa em que ela estava, antes de ter viajado para visitar sua família que morava em um pequeno vilarejo chamado Étretat, no norte da França. 

— Você quer ler o seu futuro, senhor? — ela perguntou, colocando as mãos na cintura desnuda. A pele dourada dela parecia brilhar ali, entre as velas que estavam acessas em diversos pontos da tenda. Sirius sorrindo, assentindo e ela lhe mostrou uma cadeira para que ele se sentasse na sua frente. Acomodando-se e segurando seu baralho gasto, Marlene continuou a encarar o homem curiosa. — Qual o nome do cavalheiro? — ela perguntou, começando a embaralhar as cartas distraidamente e olhando para suas próprias mãos constrangida, devido a intensidade do olhar que o homem lhe lançava. 

— Sirius, ao seu dispor. — ele murmurou com a voz rouca, fazendo a McKinnon sentir um arrepio subir por sua coluna. Desviou o olhar das cartas e voltou a encará-lo, com uma sobrancelha arqueada. 

— Suponho que você já saiba o meu nome — ele sorriu abertamente, fazendo Marlene morder o próprio lábio inferior. — Já que ouvi falar que você andou perguntando por mim. —

Sirius deu de ombros, desviando o olhar finalmente da mulher para a mesa. Ela sorriu, graciosa por tê-lo deixado sem graça e espalhou as cartas na mesa. — Escolha três cartas. A primeira, significará um problema. A segunda, uma causa e a terceira, a solução. 

Sorrindo, o homem assentiu e escolheu três cartas. Marlene recolheu as outras e as colocou em um pequeno monte no canto da mesa e virou a primeira carta. — A casa — ela murmurou, franzindo o cenho. — Pode significar que você terá alguns problemas com a sua família. Com as pessoas que te cercam. 

— Não vejo isso como o futuro e sim o meu presente. — Sirius murmurou, sorrindo tristemente. Marlene sentiu vontade de afagar o rosto do homem, mas se manteve em silêncio. — Por favor, continue — Ela assentiu, virando a segunda carta. 

— A cigana — Marlene segurou a própria risada, olhando para cima por um momento. Os deuses só podiam estar de brincadeira com ela. — Uma das causas do seus problemas, pode ser um novo relacionamento. A carta da cigana significa a jovialidade feminina, seus mistérios e a energia que ela pode te passar — encarando Sirius, percebeu que ele sorria com a sobrancelha arqueada. — O quê? Não me olhe assim, estou apenas lendo o que significa. — disse, soltando uma risada baixinha. 

— Esse novo relacionamento… Ele pode ser literalmente com uma cigana? — o homem questionou, fazendo ela dar de ombros com um sorriso misterioso nos lábios pintados de carmim. 

— Talvez — falou Marlene, virando a terceira carta, tentando esconder o sorriso que ameaçava preencher seu rosto. — A estrela — ela murmurou admirada, passando os dedos pela carta e olhando para Sirius, de forma amável. Ao receber aquele olhar, o homem sentiu seu coração disparar. — Significa que você vai realizar todos os seus sonhos e objetivos. Que uma luz guiará você na escuridão e você encontrará seu rumo. Sozinho ou acompanhado. 

— Suponho que acompanhado seja melhor, não? — ele disse galanteador e ela deu de ombros, levantando-se e arrumando a longa saia que usava. 

— Depende se a companhia vale a pena — ela disse, arrumando as cartas meticulosamente, antes de as guardar em um pequeno armário. Ela o ouviu suspirar e se levantar e o olhou novamente. 

— Eu acho que vale. — ele deu de ombros, sorrindo. Ela ponderou e ele colocou a mão no bolso, puxando um pequeno saco de moedas de ouro. — Obrigado por ler meu futuro, Marlene. — ele disse, colocando o dinheiro em cima da mesa. Ela colocou as mãos na cintura, o olhando com a testa franzida e ele se virou para sair da tenda antes que ela pudesse protestar sobre a quantia exorbitante de dinheiro. Ele parou antes de colocar o passo para fora do local e virou para encará-la novamente, curioso. — Nós vamos nos ver novamente? 

A morena riu, dando de ombros. 

— Eu sou uma cigana, Sirius. Eu nunca sei onde vou estar — disse dando uma piscadela para o homem e ele sorriu, deixando a cabeça pender para o lado. 

— Mas eu sei onde você vai estar. Aqui. — ele murmurou, apontando para o próprio peito e sorriu, virando-se para sair da tenda. Marlene ficou em silêncio, encarando sua porta com o coração disparado. Ela mal conhecia o homem, como ele podia causar tudo isso nela? Oras!

Depois de um tempo parada, talvez mais de minutos, pensando sobre o que ele tinha dito, a mulher correu para a saída da tenda, torcendo para vê-lo novamente.

Mas ela não o achou. Sirius havia se perdido no meio da multidão. 

E, secretamente, ela sabia que ele havia levado seu coração junto. 

Na noite de sexta-feira, Sirius se preparou para sair de casa. Suas saídas noturnas aumentaram, de não só aos sábados, para o fim de semana inteiro. Sua mãe o encarava cada vez mais desconfiada, principalmente depois que ele deixara o cabelo começar a crescer. As mechas expressas negras faziam um contraste adorável com a pele branca do homem, deixando-o com uma expressão de mais maduro do que de fato era. Pelo menos, foi o que Marlene lhe dissera em uma das noites em que ambos ficaram conversando, longe da multidão que festejava sem parar todos os sábados. 

“Você ficaria bem com o cabelo longo” ela disse baixinho para ele. E ele deixou o cabelo crescer sem nem pensar duas vezes. 

A cada dia que se passava, Sirius se sentia mais enfeitiçado pela cigana. Ele só não sabia ainda se ela correspondia ao sentimento.

— Você vai sair de novo? — Regulus questionou, ao entrar no quarto do irmão e vê-lo arrumar os cabelos de forma desleixada. Sirius apenas revirou os olhos, olhando-o pelo espelho. O mais novo fechou a porta do quarto delicadamente e encarou o irmão, com uma expressão de preocupado. — Há um boato… — ele parou, olhando para o chão e Sirius o encarou curioso, soltando o perfume de fragrância leve que havia acabado de passar. 

— Achei que você tinha parado de acreditar em boatos da sociedade, Reg. Você sabe o quão ridículos eles podem ser. — murmurou o homem, fazendo uma careta. Ele odiava a fofoca e as mentiras que aquela gente esnobe e imbecil dizia, apenas por diversão. Odiava com todas as suas forças. Regulus arqueou a sobrancelha, cruzando os braços na frente do peito e encarando o irmão com desconfiança.

— O boato é que você está se envolvendo com os ciganos, Sirius. — imediatamente, Sirius ergueu o olhar de seu casaco e encarou o irmão, sem expressão. — É verdade? Disseram ter te visto com uma mulher cigana. Você sabe como elas são, irmão… 

— Encantadoras? — Sirius retrucou, irritado e encarando o irmão com raiva. — Não fale sobre o que você não conhece, Regulus. As pessoas temem o que não conhecem. — ele murmurou baixinho, se lembrando de Marlene. 

“As pessoas temem o que elas não conhecem, Sirius” ela murmurou baixinho, enquanto tentava ensinar o moreno a arte de ler o baralho. “Elas preferem nos odiar a tentar nos compreender. É por isso que há tanta guerra e ódio entre os homens” ela disse sorrindo tristemente. Ele assentiu, encarando-a, se sentindo enfeitiçado e completamente entregue àquela mulher, de coração e alma. 

Regulus suspirou, encarando o irmão.

— Eu… Sinto muito — fez uma careta, constrangido. — Mas tome cuidado. Com a mamãe principalmente, você sabe o que ela faria se soubesse que você… — Sirius o encarou novamente sem expressão, entediado. 

— Que eu estou apaixonado por uma cigana? Ela surtaria, sem dúvidas — ele disse rindo, pronto para sair do quarto. — Mas adivinha só, Reg? Isso é problema meu. Só meu. — ele disse sério, saindo do quarto e deixando o irmão para trás, chocado. 

Sirius não estava nem aí. Ele sabia que a amava e não podia mais guardar para si mesmo. 

Ele estava completa e perdidamente apaixonado por Marlene McKinnon, a cigana. Podia ser  um feitiço ou qualquer coisa do tipo, mas essa era a sua única certeza no momento.

E a mais preciosa também.

...

Andando com as mãos nos bolsos do casaco pela fria Paris, Sirius pensou sobre o que seu irmão dissera e o rumo que sua vida estava tomando. Com quase 22 anos, ele não tinha muita certeza sobre o que queria fazer com sua vida. Claro, nada relacionado aos negócios da família (aos quais ele não se dava conta nem ao menos de saber do que se tratavam) e nada muito sério, pois não combinavam com ele. Ele sabia que, independente do que fizesse, queria que a cigana estivesse por perto.

Talvez até mesmo com ele. 

Bem, era difícil saber o que se passava na mente de Marlene McKinnon. O pouco tempo que os dois andaram passando juntos, foram os melhores momentos que Sirius já tivera. A companhia da morena era quente, energética e ele gostava de ouvi-la falar sobre todos os locais os quais ela já havia conhecido. Ou sobre sua família, uma longa linhagem de ciganos que agora moravam em um pequeno vilarejo ao norte da França, que ela visitava sempre que podia. Da sua liberdade e de como outros homens já haviam quebrado seu coração.

Ele gostava da intimidade que ele e ela conquistavam a cada conversa. A cada riso compartilhado. Sirius até mesmo lhe contara sobre sua família (um pouco receoso e temendo o pior, já que os Black eram conhecidos por seu ódio aos ciganos e suas tentativas de formular leis que proibissem a estadia deles na cidade), mas ela apenas sorriu, acariciando sua mão de leve.“Você não é como eles” ela disse baixinho. E pela primeira vez em sua vida, Sirius acreditou nisso. 

Ao ouvir os primeiros sons dos instrumentos musicais, o homem sorriu, sentindo aquela energia maravilhosa começar a correr por suas veias. Aproximando-se da multidão, cumprimentou algumas pessoas e parou para conversar com uma. Remus Lupin, um cigano gentil e de cabelos cor de ouro, com quem ele cultivou uma amizade sincera. 

— Lupin — cumprimentou o Black com um sorriso, apertando a mão do companheiro. O mesmo sorriu, abraçando-o rapidamente. 

— Achei que não viesse hoje, Sirius! — Remus murmurou, sorrindo. — Marlene já te procurou por todo o local. Só não conte a ela que eu lhe disse. — Sirius sorriu, balançando a cabeça negativamente.

— Eu jamais diria. E então, a comemoração hoje é diferente? — ele perguntou, olhando finalmente em volta com atenção. As cores se misturavam pelo local, pelas saias que rodavam. A atmosfera do lugar transmitia mistério, paixão, alegria. Tudo o que Sirius começou a amar depois de conhecer Marlene. 

— Estamos comemorando a lua cheia, companheiro — ele murmurou, olhando para a lua e suspirando. — Ela significa a plenitude da nossa alma. — sorrindo, Sirius assentiu compreendendo o que ele queria dizer. Ele quase se sentia pleno naquele momento, ouvindo a música soar alta e as pessoas rirem e conversarem. — E olhe. Marlene está ali — Remus disse, apontando para um local onde a mulher de cabelos escuros ria, conversando com algumas crianças. Como se o olhar de Sirius fosse um imã, ela ergueu os olhos automaticamente e o olhar dos dois se conectou. Black sorriu e a mulher correspondeu, se despedindo das meninas que riram ao ver Sirius e empurraram Marlene em sua direção. E naquele momento, Sirius conseguia sentir a plenitude em sua alma e coração.

Marlene lançou um olhar sério as meninas, mas quando as viu rindo, revirou os olhos e acabou por rir também. Sirius deu um tapa amistoso no ombro de Remus, despedindo-se e andou calmamente até a mulher. 

— Boa noite, Sirius — ela disse, sorridente. O homem se aproximou dela, plantando um leve beijo sobre sua bochecha e a ouviu suspirar. 

— Boa noite, Marlene. — ela sorriu, puxando o pela mão para perto de sua tenda. Lá, guardou o casaco do homem e o serviu com um prato generoso de comida (toda que ela preparou especialmente para ele) e sorriu o vendo comer. — Você só vai me observar? — ele questionou após engolir um punhado de comida. 

— Hoje sim. Eu estou sem fome — ela deu de ombros, arrumando as pulseiras barulhentas no braço. — Além do mais, você precisa ficar forte. Quero que você dance comigo hoje. — Sirius a encarou rindo, balançando a cabeça negativamente e ela sorriu mais. — Não adianta negar, senhor. — ele apenas sorriu minimamente, terminando de comer. Mal ela sabia que ele nunca negaria qualquer coisa para ela. Nunca. 

Depois de comer e conversar sobre assuntos amenos com Marlene (e ela lhe contar que visitaria seus pais na próxima semana), Sirius suspirou ao ouvir os primeiros acordes da música que Marlene sempre dançava. Ela deu um gritinho, se levantando e o puxando junto, para a roda que já começava a se formar, esperando a morena.

— Eu devo te informar que tenho dois pés esquerdos, Marlene — Sirius murmurou, sentindo a timidez tomar conta de si. Ela riu, puxando-o para perto e os dois entraram na roda. 

— Apenas sinta a música e deixe a energia fluir, Six —  ela sussurrou, soltando a mão dele e segurando sua saia. Os movimentos de Marlene começaram lentamente com a música e começaram a ficar mais rápidos com o ritmo. Sirius riu e tentou acompanhá-la, movendo-se de forma solta e descomplicada. — Se solte, Sirius — ela murmurou, antes de começar a girar sua longa saia preta. Os cabelos castanhos dela começaram a esvoaçar e Sirius se moveu junto dela, achando seu ritmo. Ela continuou girando e ele parou, completamente enfeitiçado por seus movimentos e a olhando atentamente. 

A música continuou e Marlene também, girando sua saia e encarando Sirius com um sorriso. Ouviram aplausos e o ritmo foi morrendo aos poucos, fazendo com que o homem se aproximasse da morena lentamente. Ela girou mais uma vez e parou na sua frente, se apoiando em seus ombros para não se desequilibrar. Vendo Marlene na luz bruxuleante das fogueiras acesas por ali e brilhando com a luz da lua cheia, Sirius mandou que todo o resto de senso dele fosse para o inferno.

E no meio da roda, onde ela havia roubado seu coração, Sirius a beijou. E Marlene correspondeu, porque ele também havia enfeitiçado seu coração e nada no mundo podia mudar isso. 

— Seus dois pés esquerdos até que funcionam muito bem, Sirius — Marlene murmurou, rindo. A festa havia acabado e todos já estavam se recolhendo. Sirius, como cavalheiro, ofereceu-se para ajudar Marlene a organizar suas coisas e as levar para o pequeno quarto em que ela vivia. Ela aceitou de bom grado e logo estavam andando juntos pelas escuras vielas de Paris. 

— Nem se comparam com os seus — ele disse, colocando seu casaco nos ombros da morena. Ela agradeceu baixinho, encolhendo-se sobre o tecido grosso e sorrindo para o moreno.

— Minha mãe me ensinou a dançar — Marlene falou baixinho, olhando para o chão. — Ela é a melhor dançarina que eu já vi em toda a minha vida. — ela disse rindo, lembrando-se da mãe que nesse momento devia estar dormindo, longe dali. 

— Mesmo nunca tendo visto ela dançar, acho que ambas combatem duramente esse posto — Sirius disse baixo, fazendo a mulher revirar os olhos e rir. 

— Você é um flertador barato, Sirius Black — retrucou ela, fazendo o homem rir e dar de ombros. 

— E está funcionando? — ele perguntou, a olhando de soslaio. Ela suspirou, segurando a mão fria do moreno e entrelaçando seus dedos. 

— Talvez — ela sussurrou baixinho, parando em frente ao pequeno pensionato que morava, Ele parou na sua frente, encarando as mãos unidas dos dois. 

— Você já me disse isso antes — disse risonho, arqueando a sobrancelha. 

— E você sabe muito bem o que significa — ela retrucou. Ele balançou a cabeça negativamente e se aproximou dela, soltando sua mão. Segurou delicadamente o rosto da mulher e a encarou intenso, fazendo o coração de ambos dispararem. 

— Sim, eu sei. Mas você também disse que é uma cigana e não tem certeza de onde estará amanhã — ele disse tristemente, encostando a testa dos dois não quebrando o olhar que eles sustentavam. Ela foi a primeira a fechar os olhos e suspirar.

— Me peça para ficar e eu ficarei. — ela murmurou contra os lábios dele. Ele suspirou, ainda a encarando.

— Fique. 

E ela ficou. 

Sirius acordou sentindo o sol em seu rosto. Sentiu uma respiração em seu peito e apertou mais o pequeno corpo contra si, ouvindo um resmungo baixo da mulher. Ele sorriu, abrindo os olhos e encarando a morena que dormia em seus braços. 

Ele mal podia acreditar que aquilo não era um sonho. 

Uma das mãos do Black acariciou o cabelo castanho dela, tirando alguns fios de seu rosto. Ele plantou um beijo terno em sua testa e ela se remexeu novamente, tentando esconder o rosto no peito de Sirius.

— Bom dia — ele sussurrou no ouvido dela, fazendo-a sorrir, ainda contra o seu peito. Ela se afastou lentamente e o encarou com os olhos castanhos sonolentos. 

— Bom dia — disse suspirando e se espreguiçando lentamente. Ela se levantou, sentando-se e Sirius se sentou também, sem tirar os olhos dela. Ela se enrolou em um dos lençóis e se pôs de pé, indo encher um copo d’água de sua jarra que ficava em uma cômoda pequena na direção oposta da cama. 

— Suponho que não tenha mais nada para esconder aí, McKinnon — ele disse com a voz rouca e ela revirou os olhos, bebendo um pouco do copo.

— E eu suponho que você devia ficar quieto, Sirius — ele riu, se levantando e enrolando também em outro lençol. Aproximou-se dela lentamente e ela largou o copo, segurando o lençol firmemente contra seus seios. 

— Me ajude com isso então. — ele murmurou e ela riu, apoiando as mãos nos ombros do moreno. Ele a beijou novamente, ainda anestesiado pelo sabor dos lábios dela. Com um impulso e rindo do gritinho de Marlene, Sirius a levantou e a levou novamente até a cama, pronto para amá-la mais uma vez. 

E ele amou. Todas às vezes que pôde. 

♡♡♡

Suspirando resignado, Sirius virou mais um gole de seu whisky. A bebida desceu queimando sua garganta e ele soltou um suspiro, irritado. Marlene estava visitando seus pais neste sábado e ele fora obrigado a participar de um baile beneficente bancado por sua família já que ele havia “abandonado a todos”, de acordo com a sua mãe. Sentia seu pescoço pinicar com o colarinho apertado das roupas de gala que usava e desejou, novamente, estar livre daquilo. Estar dançando com Marlene, descalço e com a camisa desabotoada ao som de uma música contagiante (e não a porcaria deprimente que tocava no maldito baile), enquanto a beijava e sentia a energia preencher suas veias.

Uma energia positiva e não deprimente, como a deste local. Sorriu amarelo para alguns conhecidos enquanto andava pelo salão, com as mãos nos bolsos. Olhou em volta, procurando por James, mas não tinha certeza se ele vinha. Há tempos não conversava com o amigo, mas ouvira sua mãe dizer que os Potter provavelmente não apareceriam hoje. Algo relacionado ao fato dos pais de James, Euphemia e Fleamont (grandes pessoas, as quais Sirius admirava muito), não gostavam de participar destes bailes sem um verdadeiro prol. 

E, Deus, como Sirius concordava com eles. 

— Sirius, querido! — a voz enojada de sua mãe o chamou, o fazendo suspirar de irritação. Deixou sua expressão amena e foi até o local onde a mulher estava, perto da mesa de ponches. Ela sorriu para ele e continuou a conversar com uma jovem dama e um senhor mais velho. Provavelmente o pai dela. — Oh, aí está você. Eu quero te apresentar a senhorita Jones. Esta é Emma e seu pai Oliver Jones, da empresa  Jones & Cia. — Sirius assentiu desinteressado, cumprimentando os dois e tomando seu último gole de whisky. A mãe continuava sorrindo para ele, com um olhar irritado. — Estávamos falando sobre uma provável união entre as nossas famílias. 

Sirius encarou os três com a sobrancelha arqueada, temendo onde aquilo poderia chegar. A garota a sua frente, tinha a mesma expressão no rosto. 

— Que tipo de união, mamãe? — perguntou ele, arrumando suas abotoaduras e deixando o copo vazio em cima de uma bandeja que passou perto dele. 

— Casamento, é claro! — ela disse rindo como se Sirius tivesse contado uma ótima piada. Ele segurou a vontade de revirar os olhos e apenas sorriu cínico. 

— Não tenho certeza se Regulus gostará disso, mãe. — ele murmurou sorrindo com falsa gentileza para a mulher. — Afinal, como você sabe, eu estou noivo. 

Certo, ela não sabia. Na realidade, ninguém, nem mesmo Marlene sabia disso até o momento. Até porque, ele estava esperando ela voltar da viagem para de fato fazer o pedido, mas situações como essa pediam medidas desesperadas. 

E Sirius não dava a mínima para o que sua mãe pensaria. 

A mulher o encarou com os olhos arregalados e ficou roxa de raiva. Agarrou seu braço com força, não sem antes pedir licença para seus convidados e se afastou com ele, puxando-o. Sirius apenas revirou os olhos e deixou a mãe conduzi-lo para onde ele quisesse. Ele estava a ponto de explodir com ela e isso aconteceria em breve, se ela não diminuísse o aperto sobre o seu braço. 

Quando chegaram em um local mais privado e Walburga chamou Regulus, Sirius se permitiu bufar alto pela primeira vez. A mulher o encarou com os olhos faiscando, cheios de raiva e desconfiança. Mais um olhar normal de Walburga Black, nada do que Sirius já não estivesse acostumado.

— O que houve? — Regulus perguntou confuso, aproximando-se. Sirius cruzou os braços em frente ao peito e sorriu sarcástico para o irmão. 

— Mamãe estava tentando me arranjar um casamento com Emma Jones, mas como eu estou noivo, supus que o casamento acabaria sendo arranjado para você — o Black mais velho deu de ombros, como se não fosse nada demais. — E eu disse que não tinha certeza se você gostaria tanto disso. 

— Emma Jones? — ele perguntou, com os olhos brilhando. Sirius teve vontade de rir, pela expressão de apaixonado do irmão. Pelo visto, ele não era o único que estava daquela forma. — Eu não.. Espere, você disse noivo? — Regulus arregalou os olhos, olhando do irmão para a mãe, que encarava Sirius mortalmente. 

— Regulus. Quem é a mulherzinha com quem Sirius está se metendo? — Walburga perguntou irritada, tomando cuidado para não aumentar seu tom de voz. Sirius quis rir em puro escárnio, mas se conteve. — Como se não bastasse Andrômeda e Ted destruindo o vínculo com a nossa família! — ela murmurou irada, perdendo a paciência. 

— Eu… — Regulus encarou o irmão e Sirius arqueou a sobrancelha. O Black mais novo encarou os próprios sapatos, suspirando. — Não faço ideia, mamãe. — o homem sorriu para o irmão, apertando seu ombro e voltou a encarar mãe que estava prestes a surtar. 

— Nenhum de vocês conhece minha noiva, mamãe. — Sirius disse calmo, tirando as mãos do ombro de seu irmão. — Porque ela é uma cigana — ele disse alto, vendo as pessoas os encararem. Os olhos de Walburga se arregalaram tanto que os dois irmãos pensaram que eles iam sair das órbitas. — Eu não ligo para o que você pensa sobre, porque ela é a melhor pessoa que eu já conheci em toda a minha vida. E você não está convidada para o meu casamento. — ele disse duro, saindo de perto da mulher. Suspirando aliviado como não fazia há dias, Sirius se permitiu sorrir. Foi rapidamente até seu quarto, ignorando os olhares e sussurros durante todo o caminho e começou a empacotar algumas coisas. 

Depois de pegar algumas roupas e objetos pessoais, Sirius saiu da mansão com o anel que daria para Marlene no bolso, respirando fundo o ar puro da noite. Sentia seu coração disparado de emoção e alívio, por ninguém tentar o impedir de seguir seu próprio caminho. Andou sem pressa até a casa de James, esperando que ele pudesse o recepcionar pelo menos por uma noite e lamentou ter deixado o irmão para trás.

Mas ele sabia que Regulus gostava daquela vida, apesar de tudo. E ele não podia fazer nada para mudar isso. 

Em frente a casa dos Potter, bateu na porta duas vezes até ser atendido pelo mordomo da família que o cumprimentou alegremente e o levou até a sala de estar, onde James lia um livro enquanto seus pais conversavam alegremente sobre algum assunto qualquer.

— James Potter — o homem murmurou, chamando a atenção do amigo que soltou o livro no mesmo momento que o ouviu chamar. — Por onde você andou? — perguntou risonho, abraçando o amigo rapidamente. Cumprimentou também Fleamont e Euphemia e os dois o receberam com carinho.

— Ora essa, olha só quem fala! — James disse, despenteando os cabelos rebeldes. — Aparentemente, temos muito o que conversar — o Potter disse, vendo a bagagem do amigo. Sorriu para os pais e chamou o mordomo. —  Leve duas xícaras de chá para nós no meu quarto, por favor. — e juntos, subiram as escadas até o aposento de James.

— Antes, sem soar inconveniente, posso ficar aqui por uma noite? — o Black pediu, encarando o amigo que sorriu, assentindo. — Certo, agora me pergunte o que quiser. 

— Talvez você devesse me dizer o que houve — o Potter deu de ombros, sentando-se em uma poltrona próxima a cama. Sirius se sentou na cama do amigo, suspirando e soltando a bolsa com seus pertences. 

— Você se lembra da noite em que encontramos aquela praça cheia de ciganos? — James assentiu, com os olhos brilhando. — E também se lembra da moça que dançava em uma das rodas, certo? — James riu, olhando o amigo com sarcasmo.

— A que roubou sua atenção totalmente? — Sirius assentiu e James fez um sinal para que ele continuasse.

— Eu vou pedi-la em casamento. Eu a amo, Prongs — o amigo fez uma expressão de espanto, ainda mais quando Sirius tirou um anel bonito e simples do bolso, mostrando para o amigo. — Mas pela forma que seus olhos brilharam quando eu citei aquela noite, suponho que algo tenha acontecido com você também — o moreno riu, assentindo. 

— Depois de sair da praça, andei mais alguns quarteirões sozinho — Sirius murmurou um desculpe e James apenas balançou a cabeça negativamente — E conheci uma moça. Ela é uma artesã estava perdida, vinda do interior. Estava faminta e procurando sua irmã, a única parente na cidade. Eu a ajudei e bem… — James olhou para as próprias mãos, tímido. — Acho que a amo.  — Sirius riu e James o olhou, confuso.

— E ela já sabe? — James deu de ombros, encabulado. O amigo balançou a cabeça negativamente e se levantou, colocando a mão do ombro de Potter. — Se há uma coisa que eu aprendi com ela, James, é que você precisa se permitir sentir. E precisa deixá-la saber que você sente isso por ela. 

“Eu te amo” ela sussurrou baixinho. Como se fosse o maior segredo que ela já havia contado para alguém. 

“Eu também te amo” Sirius sussurrou. E amava, por Deus, como amava. 

— Conte para a garota, James — o de cabelo comprido disse, lembrando-se de Marlene e sentindo o coração se apertar de saudade.  — E a leve no meu casamento. Isso é, se ela aceitar se casar comigo. — Sirius disse rindo, mas sentindo o nervosismo atacar seu estômago. A porta foi aberta suavemente e o mordomo serviu uma xícara de chá para cada um. Conversando de forma amena com James, Sirius se sentiu confortável ali. Quase se sentiu em casa, mas faltava uma coisa ali para que ele pudesse se sentir completo.

E seu nome era Marlene McKinnon.

...

Na manhã seguinte, Sirius acordou cedo. Conversou com os pais de James enquanto tomava café e pediu licença para escrever uma carta. Conseguiu um pergaminho e um pouco de tinta com James e se aconchegou na escrivaninha do escritório de Fleamont, que fora cedido por ele para que ele se sentisse confortável, embora ele tenha negado de princípio. 

Suspirando, começou a escrever uma carta para Regulus. 

Querido Regulus,

Sei que minha saída abrupta deve ter incomodado muito nossos pais e talvez, até mesmo você. Sinto muito, mas eu não posso mais aguentar isso, essa vida. Ela não foi feita para mim, entende? Eu espero que sim. 

Sinto muito que não tenhamos tido tempo para conversar sobre sua provável paixão pela senhorita Jones. Mas espero, do fundo do coração, que dê certo. E leve-a ao meu casamento. Fique bem, meu irmão.

Não sei ao certo o que farei agora, mas eu prometo te escrever novamente e te deixar a par dos acontecimentos da minha vida. 

Com carinho, Sirius.

Ele não tinha muito o que escrever para o irmão. Sabia que a relação dois não era uma das melhores, mas ele se preocupava de verdade com Regulus e esperava que ele fosse feliz. Independente de onde ele estivesse. 

Terminada a carta, Sirius pediu para que o mordomo dos Potter a entregasse pessoalmente para o irmão mais novo, para não correr nenhum risco de esbarrar com sua mãe (que estava louca a sua procura, de acordo com Euphemia que recebera um bilhete exaltado de Walburga questionando se seu filho estava com ela) e saiu da casa, apreciando o sol da manhã. 

Andou calmamente, com as mãos no bolso segurando o anel com força, até o local onde Marlene morava, esperando que ela já tivesse voltado. Quando chegou lá, esbarrou com Remus, seu companheiro cigano. 

— Sirius, meu amigo! — o homem disse sorrindo suavemente, cumprimentando-o com um abraço leve. O Black sorriu, encarando o amigo. — A procura de Marlene, imagino? — perguntou arqueando a sobrancelha, fazendo Sirius rir. 

— Juro que não estou sempre a procurando. Mas sim, dessa vez sim — Remus assentiu, sorrindo. — Sabe me dizer se ela já chegou da casa dos pais? 

— Ainda não. Eu estava no mesmo vilarejo que ela, já que minha mãe mora lá também — Sirius encarou o amigo interessado. — Ela me disse que volta essa noite. Você devia encontrá-la na nossa praça. Ela vai estar lá, como sempre. — o homem assentiu, suspirando. Ele sabia que ela estaria lá. E ele iria a qualquer lugar por ela. 

— Nos vemos mais tarde então, companheiro. — se despediu de Remus, pretendendo voltar para a casa de James. Ansioso, Sirius pensou em descansar ou ler algo. Quem sabe, conseguiria tirar a morena de seus pensamentos.

Porém, ele sabia que falharia nisso de qualquer forma. Mas não custava tentar. 

...

Horas mais tarde, Sirius agradeceu pela recepção dos Potter e prometeu escrever para o melhor amigo, antes de sair da casa em direção a tão adorada festa. Dessa vez, não usava seu costumeiro casaco negro e sim uma camisa fresca de botões que havia ganhado de Marlene. Suspirando, sentiu a pele se arrepiar ao se aproximar do local e ouvir o tão costumeiro barulho que todos faziam, se misturando com a música alta e energética de sempre. 

Cumprimentou várias pessoas, até mesmo Remus e foi direto para a tenda da morena, esperando que ela estivesse lá. Entrou e pigarreou, vendo ela mexer em algumas bugigangas. Exatamente da mesma forma que ela estava na noite que eles se conheceram. 

— Você quer ler o seu futuro, senhor? —  ela perguntou sorrindo, apoiando a mão na cintura. A pele de Marlene, se possível, brilhava ainda mais desde aquele dia que parecia tão distante do agora. Sirius assentiu, se sentando na mesa e deixando seus pertences de lado e a mulher se sentou à sua frente, sorrindo tranquilamente. Organizou o baralho e o espalhou sobre a mesa, indicando para Sirius que ele escolhesse três cartas. — O caminho —  ela suspirou, deixando de sorrir. — Significa que você tem muitos caminhos para seguir, que há uma quantia infinita de possibilidades para você agora. — Marlene virou a segunda carta e acabou sorrindo novamente. — O coração —  ela disse afetuosa, encarando o moreno a sua frente com carinho — Significa que uma das causas da infinidade de caminhos que você tem para seguir, estão ligadas a uma paixão repentina. E que… — ela sorriu, olhando para cima e agradecendo baixinho aos deuses por um momento. — A sua paixão provavelmente corresponde todos os sentimentos. 

— Provavelmente? —  ele questionou, arqueando a sobrancelha e sorrindo. Marlene revirou os olhos. 

— Certamente, corresponde todos os sentimentos — ela murmurou baixinho, antes de virar a terceira carta. — O anel — ela franziu o cenho, olhando para a carta fixamente. — Significa harmonia. Uma união apaixonada e duradoura, repleta de felicidade. — Marlene sussurrou, ainda olhando para a carta. Sirius sorriu abertamente, agradecendo aos céus pela oportunidade e tirou o anel do bolso — Você encontrará seu caminho acompanhado com alguém e seguirá feliz com a pessoa, para qualquer lugar. — ela disse, erguendo o olhar para Sirius novamente e perdendo o fôlego ao ver o anel que ele segurava. O homem sorriu,

— As cartas estão sempre certas mesmo — ele disse impressionado, ainda com um sorriso enorme no rosto. Curvou-se para perto da mulher, pegando sua mão com ternura. — Case-se comigo, Marlene — ele sussurrou, vendo a expressão de surpresa dela mudar para felicidade. Pura e genuína felicidade. 

— Eu nunca tive um sentimento tão forte quanto o que eu sinto por você agora. Eu nunca me permiti ficar perto demais de alguém como eu fico com você, Sirius — ela sussurrou,  suspirando e levando uma das mãos ao rosto do moreno. — Mas prometa não voltar atrás e me deixar e… — ela fechou os olhos por um momento e logo os abriu novamente. Eles estavam completamente brilhantes e cheios de amor. Sirius beijou a mão da mulher com ternura — E eu serei para sempre sua.

— Eu prometo. E sou para sempre seu também, Marlene. — a cigana sorriu e ele colocou o anel simples com uma pedra pequena azul em seu dedo e ela se levantou, se jogando em seus braços. Trocaram um beijo doce e Marlene o arrastou para fora da tenda, direto para a roda de dança. Juntos, ele giraram e dançaram noite adentro, cada vez mais apaixonados um pelo outro. Se é que isso era possível. 

...

O homem beijou o ombro de Marlene, suspirando de contemplação por ela estar em seus braços. Era tarde da noite e os dois estavam embolados na cama dela, depois de uma noite longa de comemorações e danças. 

— Antes de te ver essa noite, eu estava pensando em algo — a voz da morena quebrou o silêncio e ela o encarou, enquanto desenhava pequenos círculos pelo peito nu de Sirius — Eu estava pensando em… Me mudar para o vilarejo onde minha família vive — ela sussurrou, observando atentamente as expressões no rosto de Sirius — Você iria comigo? 

O homem sorriu antes de beijar sua testa gentilmente e assentiu, fazendo Marlene sorrir. 

— Eu vou com você para onde você quiser. Basta você me pedir e eu estarei lá — Marlene sorriu abertamente e o homem se inclinou para beijá-la novamente. Rolando para ficar por cima da mulher, Sirius apoiou os braços ao lado da cabeça dela e a encarou com intensidade. Uma intensidade tão grande que Marlene sentiu que ele podia enxergar sua alma e até mesmo seu coração. — Me peça, McKinnon. 

— Venha comigo — ela sussurrou. Ele sorriu e a beijou logo em seguida, a fazendo gemer baixinho em puro deleite. E de alguma forma, ela não se sentiu exposta pelo olhar de Sirius ou por seu fervor. Porque de qualquer forma, sua alma e coração pertenciam a ele. 

E ele sabia muito bem disso.

O casal andava calmamente de mãos dadas, suspirando ao sentir a brisa salgada vinda do mar. O vilarejo possuía grandes penhascos e uma vista maravilhosa para o litoral, o que fazia Sirius sorrir por tamanha beleza. Os dois pararam em um penhasco, olhando o horizonte e Marlene soltou a mão do homem, abrindo os braços feliz.

A saia azul dela esvoaçava, junto com os cabelos castanhos e a camisa que ela havia confiscado dele (já que ela afirmava que quase gostava tanto de suas roupas quanto dele. O que Sirius sabia que era mentira, pelo brilho brincalhão nos olhos dela ao dizer isso). O Black simplesmente adorava a vista. 

Marlene McKinnon sua visão favorita em todo o mundo. 

Melhor, ela era sua visão favorita no mundo, a partir do momento que ele a viu pela primeira vez naquela roda de dança, lembrança que o fazia sorrir como bobo.

— Você não ama esse lugar? — ela perguntou feliz, amando o vento que arrepiava sua pele. Sirius sorriu, desviando o olhar dela para o horizonte novamente e assentiu. 

— Quase tanto quanto amo você — ele sussurrou brincando, maravilhado com o lugar. Ela riu baixinho e ele a abraçou de lado, sentindo os costumeiros arrepios que ela causava nele. 

Ele sabia, naquele momento, que tudo estava completo. Porque ele tinha a mulher que estava em seus braços, a vida parecia sorrir para ele, tanto quanto a morena, e seu caminho estava definitivamente escolhido. Marlene era uma cigana e Sirius estava enfeitiçado e apaixonado por ela e sabia que estaria para sempre. 

E era isso que, de fato, importava. 

'cause I'm a gypsy are you coming with me?

I might steal your clothes and wear them if they fit me

never made agreements, just like a gypsy

and I won't back down cause life's already bit me

and I won't cry, I'm too young to die if you're gonna quit me

'cause I'm gypsy.


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Notas finais do capítulo

Sim, é a fanfic mais longa que eu já fiz hauahua espero que tenha restado alguém até o final.
Mais uma vez, obrigada por estar aqui lendo. Obrigada de verdade.
Ps.: estou pensando em alguns spin offs sobre a história, fiquem atentos.
Minha DM está aberta a reclamações ou simplesmente conversas sobre plots, então venham sem receio. E deixem um review, eles me inspiram e muito!
Mais uma vez, obrigada.
com carinho, mckinnon.



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