Conluio escrita por Lina Limao


Capítulo 7
Capítulo 7




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 Desespero.

Draco ficou encarando atônito enquanto a Weasley ia saindo toda nervosa da torre de astronomia. Os sapatinhos barulhentos denunciavam o caminho que ela fazia enquanto a mente do Malfoy trabalhava em uma velocidade incrível. Não imaginava que ela fosse reagir dessa maneira, já havia lhe dito tanta coisa pior...

Embora não se importasse com os sentimentos feridos da Weasley, Draco não podia simplesmente deixa-la ir embora. Por Merlin, se ela fosse, o que seria de sua vida? Via naquela cabeça vermelha teimosa sua única salvação, a porta aberta que precisava para poder livrar sua família de Voldemort.

E agora lá ia ela, toda bravinha, se remexendo e bufando. Draco, mesmo desesperado, não pôde deixar de acha-la engraçada enquanto caminhava, crente que era gente, com aqueles olhos apertados e a saia balançando nos quadris.

— Mas que falta de fibra, Weasley!

Ele gritou do topo da escada, tentando iniciar uma discussão que o fizesse ganhar algum tempo. Porém, Gina simplesmente o ignorou e continuou caminhando enquanto sacudia a saia em seus quadris e bufava sem nem olhar para trás. Draco ficou vendo-a chegar quase ao último degrau e bufou.

Era orgulhoso demais para sair correndo e gritando atrás dela, mas sabia que precisava pará-la se quisesse estar vivo no próximo natal. Então, mais do que depressa, sacou sua varinha e apontou para Gina. Não pensou duas vezes, apenas petrificou a ruiva, que caiu de cara no chão, feito uma pedra.

Arrependeu-se, porém, logo em seguida. Pelo barulho que a queda de Gina havia feito, supôs que aquilo devia ter doído um bocado. Então foi descendo rapidinho pelos degraus até chegar nela. Decidiu virá-la com a barriga para cima e assim o fez. Segurou nos ombros da menina e girou seu corpo sem muito jeito.

Embora Gina estivesse petrificada, os olhos dela fitaram Malfoy cheios de raiva. Ele ficou imaginando que palavrões a Weasley iria escolher para gritar e se, quando retirasse no feitiço, iria estuporá-lo muitas vezes. Porém, apenas sacudiu as mãos e arqueou as sobrancelhas, como se pedisse a ela que se acalmasse.

— Ok, foi mal, eu sei. Mas você que é a culpada, Weasley! Por Merlin, não aguenta uma brincadeira...

Já estava com a varinha na mão, pronto para retirar o feitiço, quando um sorriso maligno e travesso brotou em seus lábios, fazendo com que Gina arregalasse os olhos logo em seguida.

— Ei, Weasley, e se eu deixasse você assim?!

E não se conteve. Riu da cara de raiva engraçada que a Weasley fazia enquanto só conseguia fulmina-lo com o olhar. Estava ficando completamente vermelha e mesmo o Malfoy sabia que isso era um mau sinal. Porém, Gina 9além de irritada e com uns instintos bem violentos) estava surpresa.

Nunca havia ouvido aquele menino rir.

— Brincadeira, Weasley. Vou tirar o feitiço, ok? Não se preocupe. Mas me ouça primeiro.

Draco sentou-se no degrau da escada enquanto girava a varinha entre os dedos e encarava uma Gina petrificada e vermelha. Sabia que quanto mais tempo a menina passasse daquele jeito, pior seria quando a libertasse. Mas achou que seria uma bela forma de conversar se ela ficasse apenas ouvindo antes de lhe fazer perguntas idiotas.

— Bom, eu pensei em nos encontrarmos no meu quarto por que, primeiro, ninguém entra lá, e segundo, vai ser mais fácil que você venha até mim do que o contrário, certo?

Draco perguntou sabendo que não iria obter uma resposta. Olhou para Gina por um momento e percebeu que seu semblante de ódio estava um pouco mais ameno. Deu um meio sorriso satisfeito ao ver que estava no controle da situação e que corria bem menos risco de ser estuporado se a livrasse do feitiço agora.

— Mas se você ficar com medo de ir lá, podemos nos encontrar na floresta proibida...

Então Draco apontou a varinha para Gina e retirou o feitiço, permitindo com que a ruiva se sentasse logo em seguida em um movimento mecânico.

Gina apoiou uma das mãos no rosto e fechou os olhos, como se só agora sentisse o impacto da queda. Se sentiu zonza e agradeceu a Merlin por estar sentada. Do contrário, teria caído novamente. Engoliu a seco enquanto sua testa latejava e sentiu tanta raiva que achou melhor nem encarar o Malfoy naquele instante.

Tentou estabilizar sua respiração e arfou, deitando-se de costas novamente afim de fazer a dor de cabeça passar. Draco inclinou o rosto para o lado e ficou olhando assustado para a Weasley que, estranhamente, ainda não havia começado a tagarelar.

— Ei, Weasley. Weasley!

Draco chamou sem obter nenhum retorno. Gina se manteve de olhos fechados, esperando a dor latejante passar. Não conseguia pensar, não conseguia nem falar de tão zonza que estava. Sabia que Malfoy a chamava, mas simplesmente não dava para responder.

— Por Merlin, Weasley! Não me vá morrer agora!

Após uns cinco minutos, Gina tentou se sentar novamente e percebeu que a dor estava começando a amenizar. Finalmente virou os olhos para Draco, que a encarava com um pouco de apreensão, sem saber direito o que falar ou o que fazer. A Weasley, por outro lado, apenas suspirou e fez menção de levantar. Apoiou-se nos próprios joelhos e colocou-se de pé.

— Eu detesto você.

Ela murmurou para Draco enquanto o encarava com seriedade. Draco suspirou, como se houvesse feito uma importante constatação e ficou de pé ao lado dela.

— Que bom que já está odiando. Significa que não está tão mal assim.

Gina parou bem de frente a Draco, lhe encarando nos olhos sem emitir nenhum som. O garoto estava um pouco mais tranquilo por ver que a Weasley conseguia parar em suas duas pernas, e achou melhor não comentar com ela sobre o galo enorme que se anunciava na testa sardenta.

Estava tão distraído olhando para o galo na testa de Gina que nem percebeu a mão dela se aproximando violentamente de seu rosto. Quando viu, já estava ouvindo o barulho seco do tapa e sentindo a bochecha esquentar pelo golpe que a Weasley havia lhe dado.

— Ei!

Exclamou ofendido, colocando a mão sobre a bochecha. Gina bufou e bateu o pé, olhando para o Malfoy com tanta raiva que pensou que ia explodir. Ergueu sua varinha e apontou para o nariz do loiro, que arqueou as sobrancelhas e não desviou o olhar daquela cara de assassina que a Weasley fazia.

— Você vai me escutar agora, Draco Malfoy, e vai ouvir muito bem!

Gina apoiou as mãos nos ombros de Draco e forçou para baixo, indicando que queria que ele se sentasse nos degraus novamente. O Malfoy suspirou e fez o que a Weasley mandava, olhando-a sem muito interesse, mas receoso pelo que ela iria dizer.

— Vou esquecer o que aconteceu aqui hoje, Malfoy. – Gina disse, fazendo uma pequena pausa.— Vou relevar sua chatice, vou deixar para lá o feitiço que você soltou contra mim e vou manter o combinado. Porém, da próxima vez que você for um imbecil comigo, da próxima vez que se atrever a apontar essa varinha dos infernos para mim, irá acabar com ela enfiada em algum lugar não muito agradável, está entendendo o que estou dizendo?

Draco arqueou as sobrancelhas e assentiu levemente. Ficou pensando que aquela era a segunda vez que uma garota da grifinória lhe ameaçava e se penalizou por Potter, por um momento. Como ele sobrevivia no meio de tanta gente histérica? Por Merlin, não é como se ele a houvesse amaldiçoado ou algo assim...

Gina guardou sua varinha e bufou, olhando para Draco como quem olha para uma barata.

— Vou estar na porta do seu quarto amanhã, às seis em ponto. E se você não abrir aquela porcaria de passagem, juro que não ajudo mais você!

Sem esperar resposta, Gina se virou de costas e saiu andando, ignorando completamente o fato de que não havia descoberto nada sobre o plano dos comensais e ainda estava perdendo mais um dia por puro orgulho ferido. Encaminhou-se na direção da enfermaria, para ver se arranjava alguma coisa que amenizasse sua dor de cabeça.

Draco, por outro lado, ria baixinho sentado no degrau da torre de astronomia, agora que já se sentia seguro o suficiente. Continuou girando sua varinha entre os dedos enquanto pensava na cara de poucos amigos que a Weasley havia feito quando saiu do feitiço.

 

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Estava tudo saindo estranhamente bem.

Gina não sabia ao certo se havia conseguido assustar o Malfoy no dia anterior, mas ele lhe atendera na hora em que combinaram (pela primeira vez), deixando-a entrar em seu quarto e até que não parecia muito incomodado com sua presença.

Estava sentada no grande baú que havia aos pés da cama e não pôde deixar de reparar em como aquele quarto era incrível. Quer dizer, os monitores da grifinória também tinham um dormitório só deles, mas não era nem de longe parecido com aquilo. Mas decidiu não dar o braço a torcer e acabou nem falando nada.

Estava mexendo em sua bolsa para pegar os pergaminhos, a pena e o tinteiro enquanto Malfoy a observava, largado na cama, parecendo incrivelmente sonolento. Os dois chegaram juntos à conclusão de que se entendiam melhor em silêncio.

Gina apoiou o tinteiro no baú e delicadamente pousou a pena sobre ele, capturando um pouco enquanto colocava-se a escrever nos pergaminhos algumas coisas que sabia, como os armários sumidouros e como funcionavam. Logo que acabou, ergueu os olhos castanhos para Draco, que estava quase dormindo.

— Malfoy? Preciso que me explique algumas coisas...

— Hm.

Ele resmungou, ainda sem abrir os olhos enquanto Gina suspirava baixinho e encarava os pergaminhos. Fez menção de coçar a testa, mas o galo que havia ali lhe fez estremecer com o mínimo toque de seus dedos, recolhendo a mão de volta a junto do corpo imediatamente.

Quase ficou brava com Draco pelo incidente do dia anterior, mas resolveu que não valia a pena.

— Por exemplo, por que os comensais vêm aqui para Hogwarts?

Draco entreabriu os olhos e encarou em silêncio. Gina se manteve quieta, aguardando uma resposta enquanto ele pensava se dizia ou não a ela a deliciosa tarefa que havia ganhado do lorde das trevas em seus últimos dias de férias. Por fim suspirou e começou a contar. Não tinha um motivo para esconder isso dela, já estavam trabalhando juntos mesmo, então optou por não rodear ou enfeitar a situação, indo direto ao ponto.

— Para que vejam com os próprios olhos que eu matei Dumbledore.

Gina arranhou a garganta e apoiou uma das mãos no colchão, esperando que a qualquer momento Draco erguesse o rosto e desse aquela risada idiota que sempre escapava quando fazia alguma piada. Porém, o tempo foi passando e isso não aconteceu. Gina se ajeitou sentada no baú e entrelaçou os dedos, sem saber ao certo o que dizer.

Ela pigarreou e mordiscou os lábios, ainda sem acreditar no que acabara de ouvir. O Malfoy se sentou na cama e bocejou, olhando-a com certo descaso, pensando que a pequena cabeça da Weasley devia explodir a qualquer momento com tanta informação. Por isso, decidiu emendar ainda mais uma frase que a ajudasse a se localizar.

— Por isso que essa porcaria de plano que vamos elaborar tem que sair logo. Aquele velho irritante vai acabar morto caso fracassemos.

Gina sentiu vontade de vomitar. Não podia ser verdade. Tinha que ser uma das brincadeiras de mau gosto do Malfoy, só podia ser isso! Ela arquejou enquanto o encarava com os olhos arregalados e deixou seu olhar vagar pelo quarto sem saber direito o que pensar. A responsabilidade de fazer aquele plano dar certo agora parecia ter o peso do mundo.

Ela voltou a olhar para Draco enquanto lutava para não arquejar ou vomitar. Isso explicava muito melhor o real motivo de todo aquele desespero que aparecia nos olhos cinzentos de Malfoy nos primeiros dias em que se encontraram. Não pôde deixar de ficar surpresa por saber que aquele garoto havia segurado tudo aquilo sozinho até que ela invadisse seus planos e o fizesse compartilhar este terrível segredo.

A Weasley abaixou a cabeça, um pouco desesperançosa. Se esse era o intuito da chegada dos comensais, se estava mesmo no plano deles matar Dumbledore, Gina assumiu que isso iria acontecer. Eram tão insistentes em seus esquemas que, eventualmente, uma hora ou outra acabavam conseguindo o que queriam. Especialmente Lucio Malfoy, aquele homem que ela odiava com todas as fibras do seu ser e que conseguira lhe causar tão mal... um mal que a perseguia até hoje e, aparentemente, nuca a deixaria. Então uma lágrima irresponsável e teimosa rolou pela bochecha da garota que tentava bravamente prender o choro.

Logo após a primeira lágrima cair, Gina não conteve outras de traçarem um caminho úmido por seu rosto sardento, escorrendo por suas bochechas salientes e pingando nos pergaminhos que segurava. Se sentiu tão tola por pensar que estava segura em Hogwarts, tão tola por pensar que conseguiria ajudar Draco Malfoy e sua família, tão tola por pensar que salvaria seus amigos e impediria a destruição do castelo que amava tanto quanto sua própria casa.

Ela soluçou baixinho e levou as duas mãos ao rosto, cobrindo-se envergonhada de chorar na frente de um Malfoy. Justamente Gina, que costumava ser tão forte, se despedaçando daquela forma, mal podia se reconhecer. Mas, por Merlin, lhe doía o coração só de pensar que não teria mais Dumbledore ali. Que a escola ficaria à mercê de criminosos e comensais. Que seu precioso recanto seria destruído, assim como tudo que lentamente ruía durante uma guerra idiota que se tornava mais eminente a cada dia.

Seu coração doía enquanto essa ideia lhe corroía a mente. Não pôde evitar de se encolher um pouquinho, enquanto soluçava e tremia, completamente aterrorizada com as novidades que Malfoy lhe contava.

Draco, por sua vez, nunca pensou que seria tão incomodo ver aquela menina Weasley chorando. Se culpou mentalmente por ter sido muito seco em lhe dar a resposta que pedira e acabou ali, completamente constrangido e desconfortável, como se cada soluço dela lhe desse uma espetada na pele. Desviou seu olhar para a janela, dando a Gina alguma privacidade para se recompor, o que não parecia estar acontecendo, pois a frequência de seus suspiros e fungadas apenas aumentava. Ele passou os dedos pelos cabelos loiros enquanto deixava seu pensamento guiar-lhe para longe dali.

Talvez lhe incomodasse aquele choro por que Draco sabia que já havia sido o causador dele uma vez, mesmo que indiretamente. Claro que só fora saber dos planos de seu pai ao colocar um diário nas coisas da Weasley muito tempo depois, mas lembrava-se de ver a ruiva andando feito um fantasma pelos corredores do castelo e imaginava quantas e quantas vezes ela não havia se descabelado e se entregado às lágrimas daquela mesma maneira que fazia ali ao seu lado.

Porém, não conseguia nem pensar em se desculpar com ela por qualquer dano daquela época por que, primeiro, tinha um orgulho enorme que o impediria de dizer qualquer coisa que a fizesse entender que ele sentia muito por uma situação que não causou, o que não tinha lá muita lógica. Segundo por que Draco tinha medo de reviver demais as lembranças na menina e acabar sendo estuporado, coisa que ele já constatara que não era lá muito gostoso de se sentir.

Mas, em seu íntimo, sentia muito por aquele ocorrido. Teria impedido na época, se soubesse que iria acontecer, mas na verdade não havia mais nada que pudesse fazer a respeito.

Os soluços de Gina foram lhe puxando de volta de seus pensamentos, e, por Merlin, era tão insuportável ouvir os arquejos da Weasley preenchendo seu quarto, pois atormentá-la e passar algum tempo perturbando-a era sua única diversão atualmente. Ela antes não sabia as coisas que estavam para acontecer e sua ignorância permitia que Draco pudesse se esquecer dos problemas e ser apenas um garoto, como ele queria ser.

Agora, que Gina já estava ciente, sabia que seus olhos castanhos se tornariam assustados e temerosos, assim como os dele ficavam quando se lembrava ou recebia algum bilhetinho de Voldemort. Não precisava que as coisas seguissem por aquele caminho. Sabe-se lá o que a Weasley faria se continuasse com medo e tristeza daquele jeito.

Então Draco ergueu uma das mãos na direção dela, fazendo com que Gina o encarasse em meio aos olhos molhados e o rosto vermelho pelo choro. Não pôde deixar de pensar que ela parecia só uma criança assustada daquele jeito, nada semelhante à garota impertinente, persuasiva e intrometida que estava se enfiando sem sua vida nos últimos dias por pura teimosia.

E, talvez por não gostar de ouvi-la chorando, talvez pela culpa antiga que o arrebatara aquele instante ou por que simplesmente queria que ela se recompusesse, Draco decidiu que iria dar a Gina um incentivo para parar de se render ao medo e voltar a ser forte, como costumava ser. Ele suspirou e sacudiu a mão, tentando passar a ela um senso de urgência enquanto indicava os pergaminhos com um movimento do queixo.

— Me passe os pergaminhos, Weasley. Preciso fazer algumas anotações.

 


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