Girls and Blood — Reimagined Twilight escrita por Azrael Araújo


Capítulo 35
Epilogue - A Special Event


Notas iniciais do capítulo

Yeup, finalmente chegamos ao fim.



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Edythe me ajudou a entrar no carro dela, sendo muito cuidadosa com os detalhes de seda e chiffon, as flores que ela colocou nos meus cachos estilosamente elaboradas, e o grande gesso na minha perna.

Ela ignorou a expressão de raiva da minha boca.

Depois que ela me ajeitou, foi para o banco do motorista e saímos pelo caminho longo e estreito.

— Em que ponto você pretende me dizer exatamente onde estamos indo? — Perguntei fazendo beicinho.

Eu odiava surpresas. E ela sabia disso.

— Eu estou chocada que você ainda não tenha descoberto.

Ela jogou um sorriso de zombaria na minha direção, e a minha respiração ficou presa na garganta.

Será que um dia eu ia me acostumar a perfeição dela?

— Eu mencionei que você está muito bonita, não mencionei? — Verifiquei.

— Sim. — Ela sorriu largamente de novo.

Eu nunca havia visto ela vestida de preto antes, e, com o contraste na pela pálida dela, a sua beleza era absolutamente surreal. Isso eu não podia negar, até o fato de que ela estava usando um vestido decotado estava me deixando nervosa.

Não tão nervosa quanto o meu vestido, ou o sapato. Só um sapato, já que o meu pé estava seguramente preso no gesso. Mas o salto agulha, preso apenas pelos laços de fita de cetim, certamente não iam me ajudar quando eu tentasse me movimentar.

— Eu não vou mais voltar se Archie continuar me tratando como a Barbie porquinho-da-índia quando eu vier. — Extorqui.

Passei a melhor parte do dia presa no banheiro estonteantemente grande de Archie, fui uma vítima desamparada enquanto ele brincava de cabeleireiro e maquiador. Quando eu tentava escapar ou reclamava, ele me lembrava que não tinha memórias de como era ser humano, e me pedia para não atrapalhar a sua vigorosa diversão.

Então ele me vestiu com um vestido ridículo, azul escuro, cheio de detalhes e sem os ombros, com uma etiqueta francesa que eu não consegui ler, um vestido que combinava mais com uma passarela do que com Forks.

Nada de bom podia sair de uma vestimenta formal, disso eu tinha certeza.

A não ser... Mas eu estava com medo de colocar as minhas suspeitas em palavras, mesmo em minha própria cabeça.

Eu fui distraída pelo som do telefone tocando. Edythe puxou o telefone de sua bolsa ridiculamente cara, olhando brevemente no identificador de chamadas antes de atender.

— Alô, Charlie. — Ela disse cautelosamente.

— Charlie? — Eu fiz uma careta.

Charlie tem sido... Difícil desde o meu retorno a Forks. Ela digeriu minha má experiência em duas reações. Quase idolatrava Carine com tanta gratidão. Por outro lado, ele estava teimosamente preso á ideia de que era culpa de Edythe, porque se não fosse por culpa dela eu não teria ido embora de casa em primeiro lugar.

E Edythe estava longe de discordar dele.

Nesses dias eu estava tendo regras que nunca tive antes: Toque de recolher... Horários de visita.

Alguma coisa que Charlie disse fez os olhos de Edythe crescerem de descrença, e então um grande sorriso apareceu no rosto dela.

— Você está brincando! — Ela deu uma risada.

— O que é? — Quis saber.

Ela me ignorou.

— Porque você não me deixa falar com ela? — Edythe sugeriu com um prazer evidente.

Ela esperou por um segundo.

— Olá, Taylor. Aqui é Edythe Cullen. — A voz dela estava amigável, na superfície.

Eu conhecia esse tom bem o suficiente pra ouvir a leve ponta de ameaça. O que é que Taylor estava fazendo na minha casa? A horrível verdade começou a descer sobre mim. Eu olhei novamente para o vestido inapropriado que Archie havia me forçado a usar.

— Eu lamento se houve alguma espécie de falta de comunicação, mas Bella não está disponível essa noite. — O tom de Edythe mudou e a ameaça ficou de repente muito mais evidente enquanto ela continuava — Pra falar a verdade, ela não estará disponível noite nenhuma, quando se tratar de alguém que não seja eu mesma. Sem ofensa. Eu lamento pela sua noite. — Ela não parecia lamentar nem um pouco.

E então ela fechou o telefone com um estalo, um grande sorriso no rosto dela.

Meu rosto e meu pescoço estavam vermelhos de raiva.

Podia sentir as lágrimas induzidas pela raiva começarem a encher meus olhos. Ela olhou pra mim surpresa.

— A última parte foi demais? Eu não pretendia te ofender.

Eu ignorei isso.

— Você está me levando para o baile! — Gritei.

Agora era embaraçosamente óbvio. Se eu estivesse prestando um pouco de atenção, eu teria reparado a data nos cartazes que estavam decorando os prédios da escola. Mas eu nunca sonhei que ela me submeteria a isso.

Será que ela não me conhecia nem um pouco?

Ela não estava esperando a força da minha reação, isso estava claro. Pressionou os lábios e revirou os olhos.

— Não seja difícil, amor...

Meus olhos foram para a janela; nós já estávamos no meio do caminho para a escola.

— Porque você está fazendo isso comigo? — Quis saber, horrorizada.

Ela fez um gesto para o vestido preto.

— Sério, amor, o que você achou que estivéssemos indo fazer?

Eu estava mortificada. Primeiro, porque eu não vi o óbvio. E também porque minha a vaga suspeita, esperança, na verdade, do porque eu estivesse me arrumando o dia inteiro, enquanto Archie me transformava numa Rainha da beleza, estavam muito distantes da realidade.

As minhas esperanças pareciam muito bobas agora.

Eu achei que havia alguma ocasião brotando. Mas baile! Essa foi a última coisa que passou pela minha cabeça.

Lágrimas de raiva rolaram pelas minhas bochechas. Eu lembrei com desânimo que estava usando rímel. Limpei rapidamente embaixo dos olhos pra prevenir qualquer mancha. Minha mão não estava preta quando eu a puxei. Talvez  Archie soubesse que precisaria de maquiagem á prova de água.

— Isso é completamente ridículo. Porque você está chorando? — Ela quis saber frustrada.

— Porque eu estou com raiva, sua idiota.

— Querida... — Ela usou toda a força dos seus ardentes olhos dourados em mim.

— O que? — Murmurei, distraída.

— Me distraia. — Ela insistiu.

Seus olhos estavam derretendo toda a minha fúria. Era impossível brigar com ele quando ela trapaceava daquele jeito. Eu desisti sem glória.

— Está bem. — Fiz beicinho, sem conseguir sem tão efetiva quanto eu esperava ser. — Eu vou quieta. Mas você vai ver. Eu sempre estou aberta á mais má sorte. Eu provavelmente vou quebrar minha outra perna. Olhe pra esse sapato! É uma armadilha! — Levantei minha perna como evidência, totalmente ultrajada.

— Hum. — ela olhou para a minha perna por mais tempo do que o necessário e minhas bochechas coraram — Me lembre de agradecer Archie por essa noite.

— Ela vai estar lá? — Isso me confortou um pouquinho.

— Com Jessamine, Eleanor... E Royal. — Ela admitiu.

O sentimento de conforto desapareceu. Não fiz muito progresso com Royal, apesar de estar em muitos bons termos com o sua, às vezes, esposa.

El gostava de me ter por perto, ela achava que as minhas reações humanas bizarras eram hilárias... Ou talvez fosse só o fato de que eu caia muito que ela achava engraçado. Royal agia como se eu nem existisse. Enquanto eu balançava a minha cabeça pra dissipar a direção que os meus pensamentos tinham tomado, pensei em outra coisa.

— Charlie está nisso tudo? — Perguntei, suspeitando de repente.

— É claro. — Ela sorriu, e depois gargalhou. — No entanto, aparentemente, Taylor não estava.

Eu travei meus dentes. Como Taylor podia ter se iludido tanto, eu não podia imaginar. Na escola, onde Charlie não podia nos atrapalhar, Edythe e eu éramos inseparáveis, exceto por aqueles raros dias de sol.

Estávamos na escola agora, o conversível vermelho de Royal era notável. As nuvens estavam finas hoje, havia alguns finos raios de sol escapando no céu á oeste.

Ela saiu e deu a volta no carro pra abrir minha porta. Ela levantou sua mão.

Fiquei teimosamente sentada no meu banco, com os braços cruzados, sentindo uma punção secreta de presunção.

O estacionamento estava lotado de pessoas vestidas formalmente: testemunhas. Ela não podia me remover á força do carro como já teria feito se estivéssemos sozinhas.

Ela suspirou.

— Quando alguém tenta te matar, você é corajosa como um leão, e aí, quando alguém menciona dançar... — Ela balançou a cabeça.

Eu engoli seco.

Dançar.

— Meu amor, eu não vou deixar nada te machucar, nem você mesma. Eu não vou largar de você em hora nenhuma, eu prometo.

Eu pensei nisso e de repente estava me sentindo muito melhor. Ela podia ver isso no meu rosto.

— Isso, agora. — Ela disse gentilmente. — Não vai ser tão ruim assim. — Ela abaixou e passou um dos braços pela minha cintura. Eu segurei a outra mão dela e ela me puxou pra fora do carro.

Manteve o braço apertado ao meu redor, me segurando enquanto eu mancava em direção á escola.

Em Phoenix, eles fazem bailes em salões de hotéis. Esse baile era no ginásio da escola, é claro. Possivelmente era o único espaço grande o suficiente para um baile. Quando nós entramos, dei uma risadinha. Realmente havia balões com formatos e ornamentos de papel crepe enfeitando as paredes.

— Isso parece um filme de terror esperando pra acontecer. — Sorri.

— Bem, — ela murmurou enquanto nos aproximávamos da mesa dos ingressos, ela estava carregando a maior parte do meu peso, mas eu ainda tinha que arrastar e empurrar o meu pé para frente — tem mais vampiros presentes do que o necessário.

Olhei para o espaço de dança. Uma grande pista havia se aberto no espaço, onde dois casais rodopiavam graciosamente. Os outros dançarinos se empurravam nos lados para dar espaço á eles, ninguém queria contrastar com o brilho deles.

Eleanor e Jessamine estavam intimidantes e indefectíveis em seus vestidos de gala. Archie estava arrebatador num smoking preto. E Royal estava... Bem, Royal. Ele estava além da imaginação.

— Você quer que vá fechar as portas pra que você possa massacrar os moradores da cidade sem levantar suspeita? — Sussurrei conspirando.

— E onde é que você se encaixa nesse esquema? — Ela olhou pra mim.

— Oh, eu estou com os vampiros, é claro.

Ela sorriu com relutância.

— Qualquer coisa pra se mandar do baile.

— Qualquer coisa.

Ela comprou nossos ingressos, e então me virou na direção da pista de dança. Eu me agarrei nela e levantei meu pé.

— Eu tenho a noite inteira. — Ela avisou.

Eventualmente ela me arrastou pra onde a família dela estava rodopiando elegantemente, em um estilo que não se adequava nem um pouco á música que estava tocando agora. Eu observei horrorizada.

— Edythe, amor... — Minha garganta estava tão seca que eu quase não consegui sussurrar. — Eu honestamente não posso dançar! — Podia sentir o pânico borbulhando no meu peito.

— Não se preocupe. — Ela sussurrou de volta. — Eu posso.

Ela colocou meus braços ao redor do pescoço dela e me levantou pra colocar os pés dela embaixo dos meus — aparentemente, Alice não havia obrigado ela a usar saltos.

E então estávamos rodopiando também.

— Me sinto como se tivesse cinco anos de idade. — Sorri depois de alguns minutos de rodopio sem esforços.

— Você parece ter cinco anos. — Ela murmurou, me puxando mais pra perto por um segundo, assim meus pés ficaram á alguns centímetros do chão por alguns segundos.

Archie encontrou meu olhar numa volta e sorriu me encorajando, eu sorri de volta. Eu estava surpresa de perceber que eu realmente estava aproveitando... Um pouco.

— Ok, isso não é inteiramente ruim. — Admiti.

Mas Edythe estava olhando na direção das portas, e o rosto dela aparentava raiva.

— O que foi? — Me perguntei em voz alta.

Eu segui o olhar dela, desorientada pelos rodopios, e finalmente vi o que estava incomodando ele. Jacob Black, não de smoking, mas com uma camisa de mangas longas e de gravata, seu cabelo puxado pra trás no seu rabo de cavalo de sempre, estava atravessando a pista em nossa direção.

Depois do primeiro choque do reconhecimento, eu não pude deixar de me sentir mal por Jacob. Ele estava claramente desconfortável, dolorosamente desconfortável.

O rosto dele estava pedindo desculpas enquanto seus olhos encontravam os meus.

Edythe rosnou bem baixinho.

— Se comporte. — Soprei.

A voz de Edythe estava severa.

— Ele quer conversar com você.

Jacob chegou até nós nessa hora, a vergonha e as desculpas ainda mais evidentes no rosto dele.

— Ei, Bella, eu estava esperando que você estivesse aqui. — Jacob soou como se ele estivesse esperando exatamente o contrário.

Mas o sorriso dele estava tão quente como sempre.

— Oi, Jacob. — Sorri de volta. — E aí?

— Eu posso atrapalhar? — Ele pediu tentadoramente, olhando pra Edythe pela primeira vez.

Eu estava chocada de ver que Jacob nem precisou olhar pra cima. Ele já deve ter crescido uns cinco centímetros desde a primeira vez que eu o vi.

O rosto de Edward estava composto, sua expressão vazia. A única resposta dele foi me colocar cuidadosamente nos meus próprios pés, e dar um passo pra trás.

— Obrigado. — Jacob disse amigavelmente.

Edythe só balançou a cabeça, olhando pra mim atentamente antes de se virar e ir embora. Jacob colocou as mãos na minha cintura, e eu coloquei as minhas mãos nos ombros dele.

— Nossa, Jake, qual é a sua altura agora?

Ele estava presunçoso.

— Um e oitenta e quatro.

Nós não estávamos realmente dançando, minha perna tornava isso impossível. Ao invés disso ele se movimentava estranhamente de um lado pra o outro sem movermos os pés.

Estava tudo bem, o súbito crescimento tinha o deixado parecendo meio desequilibrado e desordenado, ele provavelmente não era um dançarino melhor que eu.

— Então, como é que você veio parar aqui? — Perguntei realmente curiosa.

Levando em conta a reação de Edythe, eu já podia adivinhar.

— Você acredita que meu pai me pagou cinquenta pratas pra que eu viesse ao seu baile? — Ele admitiu um pouco envergonhado.

— Sim, eu acredito. — Murmurei. — Bem, pelo menos eu espero que você aproveite, pelo menos. Já viu algo que você gostasse? — Caçoei, balançando a cabeça na direção de um grupo de garotas alinhadas na parede com os enfeites.

— Sim. — Ele suspirou. — Mas ela está acompanhada.

Ele olhou pra baixo pra me olhar nos olhos só por um segundo, então nós dois desviamos o olhar, envergonhados.

— Aliás, você está muito bonita. — Ele acrescentou, timidamente.

— Humm, obrigada. Então, porque Billy te pagou pra vir até aqui? — Perguntei rapidamente, apesar de já saber a resposta.

Jacob não pareceu agradecido pela mudança no assunto, ele desviou o olhar, desconfortável de novo.

— Ele disse que aqui seria um lugar 'seguro' pra conversar com você. Eu juro que o velho está enlouquecendo.

Eu me juntei a risada dele fracamente.

— De qualquer forma, ele disse que se eu te dissesse uma coisa, ele me daria o cilindro mestre que eu preciso. — Ele confessou com um sorriso envergonhado.

— Me diga, então. Eu quero que você termine seus veículos.

Sorri de volta. Pelo menos Jacob não acreditava em nada disso. Isso tornava a situação um pouco mais fácil.

Na parede, Edythe estava olhando o rosto dele, seu próprio rosto estava sem expressão. Eu vi um cara do segundo ano com uma gravata rosa olhar pra ela com uma tímida especulação, mas ela não pareceu estar consciente da presença dele.

Jacob desviou o olhar de novo, envergonhado.

— Não fique com raiva, tá?

— Não tem jeito de eu ficar com raiva de você, Jacob. — Assegurei-o. — Eu não vou nem ficar com raiva de Billy. Só diga o que você tem que dizer.

— Bem, isso é estúpido, me desculpe Bella. Ele quer que você termine com o sua... namorada. Ele me disse pra te pedir, por favor.

Ele balançou a cabeça com desgosto.

— Ele ainda é supersticioso, né?

— É. Ele ficou... Meio fora de si quando você se machucou em Phoenix. Ele não acreditou... — Jacob parou se sentindo embaraçado.

Eu revirei meus olhos.

— Eu caí.

— Eu sei disso. — Ele disse rapidamente.

— Ele acha que Edythe tem alguma coisa a ver com isso. — Não estava perguntando, e independente da minha promessa, eu estava com raiva.

Jacob não me olhou nos olhos.

Nós não estávamos nem nos incomodando em nos mexer com a música, apesar das mãos dele ainda estarem na minha cintura, e as minhas no pescoço dele.

— Olha, Jacob, eu sei que Billy provavelmente não vai acreditar nisso, mas só pra que você saiba. — Ele olhou pra mim agora, respondendo ao novo tom severo na minha voz. — Edythe realmente salvou minha vida. Se não fosse por Edythe e sua mãe, eu estaria morta.

— Eu sei. — Ele aclamou, mas pareceu que as minhas palavras haviam afetado ele um pouco.

Talvez ele seja capaz de convencer Billy disso, pelo menos.

— Ei, eu lamento que você tenha que ter vindo fazer isso, Jacob. — Me desculpei. — De qualquer forma, você ganhou as suas partes, não é?

— É. — Ele ainda parecia estranho... Chateado.

— Tem mais? — Perguntei sem acreditar.

— Esqueça. — Ele murmurou. — Eu vou arrumar um emprego e conseguir o dinheiro sozinho.

Eu olhei pra ele até que ele olhou pra mim.

— Cospe logo, Jacob.

— É ruim demais.

— Eu não ligo. Me diga. — Insisti.

— Ok, mas, Deus, isso é ruim. — Ele balançou a cabeça. — Ele disse pra te dizer, não, pra te avisar, que, e são palavras dele, não minhas. — Ele levantou uma mão da minha cintura e fez pequenos gestos no ar. — Ele estará observando.

Ele esperou timidamente pela minha reação.

Pareceu uma coisa de algum filme sobre a máfia. Eu ri alto.

— Lamento por você ter que fazer isso, Jake. — Ri silenciosamente.

— Eu não me importei tanto assim. — Ele sorriu aliviado.

Seus olhos estavam apreciativos enquanto vasculhavam rapidamente o meu vestido.

— Então, eu digo pra ele que você o mandou cuidar dos assuntos dele? — Ele perguntou esperançosamente.

— Não. — Suspirei. — Diga a ele que eu estou agradecida. Eu sei que as intenções são boas.

A música acabou, tirei meus braços.

As mãos dele hesitaram na minha cintura, e ele olhou para a minha perna engessada.

— Você quer dançar de novo? Ou eu posso te ajudar a ir a algum outro lugar?

Edythe respondeu por mim.

— Está tudo bem, Jacob. Eu cuido dela.

Jacob vacilou, e olhou com os olhos arregalados pra Edythe, que estava bem ao nosso lado.

— Oi, eu não te vi aí. — Ele gaguejou. — Eu acho que a gente se vê por aí, Bella.

Ele deu um passo pra trás, acenando sem vontade.

Eu sorri.

— É a gente se vê depois.

— Desculpe. — Ele disse de novo antes de se virar para as portas.

Edythe colocou seus braços ao redor do meu corpo quando a próxima música começou. Era um pouco agitada demais para dança lenta, mas isso não pareceu preocupá-lo.

Coloquei minha cabeça no pescoço dela, contente.

— Se sentindo melhor? — Caçoei.

— Na verdade não. — Ela disse resumidamente.

— Não fique com raiva de Billy. — Suspirei. — Ele só se preocupa pelo bem de Charlie. Não é nada pessoal.

— Eu não estou irritado com Billy. — Ela me corrigiu com uma voz entrecortada. — Mas o filho dele já está me irritando.

Eu me separei pra olhar pra ela. O rosto dela estava sério.

— Por quê?

— Primeiro de tudo, ele me fez quebrar minha promessa.

Eu olhei pra ela confusa.

Ela deu um meio sorriso.

— Eu prometi que não ia me separar de você essa noite. — Ela explicou.

— Oh. Bem, eu te perdoo.

— Obrigado. Mas tem outra coisa. — Edythe fez uma careta.

Eu esperei pacientemente.

— Ele te chamou de bonita. — Ela finalmente continuou sua careta ficando ainda mais profunda. — Isso é praticamente um insulto, pelo jeito como você está hoje. Você está muito mais que linda.

Eu sorri.

— Eu acho que você está sendo influenciada.

— Eu não acho que seja isso. Além do mais, eu tenho uma ótima visão.

Nós estávamos rodopiando de novo, meus pés em cima dos dela enquanto ela me segurava bem juntinho.

— Então, você vai explicar a razão pra isso tudo? — Imaginei.

Ela olhou pra mim, confusa, e eu olhei significantemente para o papel crepe nas paredes.

Ela considerou por um momento, e então mudou de direção, rodopiando comigo até a multidão de pessoas na porta dos fundos. Eu peguei uma olhada de Jeremy e Mike, dançando e olhando pra mim curiosamente.

Jeremy acenou, e eu sorri de volta rapidamente.

Ângela estava lá também, parecendo abençoadamente feliz nos braços do pequeno Ben Cheney, ela não olhava pra os olhos dele que era uma cabeça menor que ela. Lee e Samantha, Logan olhando na nossa direção, com Christina. Eu podia dizer o nome de todos os rostos que passaram rodopiando por nós. E então estávamos do lado de fora, na fria, e fraca luz do por do sol que estava sumindo.

Assim que estávamos sozinhas, ela me pegou nos braços, e me carregou até que alcançamos os bancos embaixo das grandes sombras das árvores anciãs. Ela se sentou lá, me mantendo embalada no peito dela.

A lua já estava no céu, visível através das nuvens, e o rosto pálido dela brilhava na luz branca.

Sua boca estava dura, seus olhos confusos.

— O ponto? — Perguntei suavemente.

Ela me ignorou, olhando para a lua.

— É o crepúsculo, de novo. — Ela murmurou. — Outro final. Não importa quanto os dias sejam perfeitos, eles sempre têm que acabar.

— Algumas coisas não têm que acabar. — Murmurei por entre os dentes, subitamente tensa.

Ela suspirou.

— Eu te trouxe para o baile — Ela disse lentamente, finalmente respondendo a minha pergunta. — Porque eu não queria que você perdesse nada. Eu não quero que a minha presença tire nada de você, se eu puder evitar. Eu quero que você seja humana. Eu quero que você viva a sua vida como se eu tivesse morrido em 1918 como eu deveria ter morrido.

Eu tremi com as palavras dela, e então balancei a cabeça com raiva.

— Em que estranha dimensão paralela eu iria para um baile por vontade própria? Se você não fosse milhares de vezes mais forte que eu, eu nunca deixaria você se livrar dessa.

Ela sorriu brevemente, mas o sorriso não alcançou os olhos dela.

— Não foi tão ruim assim, você mesma disse isso.

— Mas isso é porque eu estou com você.

Nós ficamos quietas por um instante, ele olhava para a lua e eu olhava para ela.

Eu queria que houvesse alguma forma de explicar pra ela o quanto minha vida humana era desinteressante.

— Você me diz uma coisa? — Ela me perguntou, olhando pra mim com um leve sorriso.

— Eu não digo sempre?

— Só me prometa que você vai dizer. — Ela insistiu, sorrindo.

Eu sabia que ia me arrepender disso quase instantaneamente.

— Tá bom.

— Você pareceu honestamente surpresa quando soube que eu estava te trazendo pra cá. — Ela começou.

— Eu estava. — Interferi.

— Exatamente. — Ela concordou. — Mas você devia ter outra teoria... Eu estou curiosa, para o que você pensou que eu estivesse me vestindo?

Sim, arrependimento instantâneo. Eu curvei os lábios, hesitando.

— Eu não quero te dizer.

— Você prometeu. — Ela protestou.

— Eu sei.

— Qual é o problema?

Ela sabia que era pura vergonha que estava me segurando.

— Eu acho que vai te deixar com raiva, ou triste.

As sobrancelhas se juntaram sobre os olhos dela enquanto ela pensava nisso.

— Eu ainda quero saber. Por favor?

Eu suspirei. Ela esperou.

— Bem... Eu achei que fosse algum tipo de... Ocasião. Mas eu não achei que fosse uma coisa tão humana... Baile! — Ridicularizei.

— Humana? — Ela perguntou vazia. Se prendeu na palavra chave.

Eu olhei pra baixo para o meu vestido, dedilhando um pedaço de chiffon. Ela esperou em silêncio.

— Tudo bem. — Confessei rapidamente. — Então eu estava esperando que você tivesse mudado de ideia... Que você fosse me mudar, afinal.

Uma dúzia de emoções passou pelo rosto dela. Algumas eu reconheci: Raiva... Dor... E então quando ela pareceu se recompor a expressão dela ficou divertida.

— Eu não sei como essas coisas funcionam. Pra mim, pelo menos, parecia mais racional do que um baile. — Ela sorriu da minha vergonha — Não é engraçado.

— Não, você está certa, não é. — Ela concordou o sorriso desaparecendo. — No entanto, eu preferia tratar disso como uma piada, do que acreditar que você estava falando sério.

— Mas eu estou falando sério.

Ela suspirou profundamente.

— Eu sei. Você quer mesmo tanto assim?

A dor estava de volta nos olhos dela. Eu mordi meu lábio e afirmei com a cabeça.

— Tão pronta para isso ser o fim. — Ela murmurou, quase pra si mesma.

— Pronta para esse ser o último crepúsculo da sua vida, apesar da sua vida estar só começando. Você está pronta pra abrir mão de tudo.

— Não é o fim, é o começo. — Eu discordei por baixo do meu fôlego.

— Eu não valho a pena. — Ela disse tristemente.

— Você se lembra de quando me disse que eu não me via muito claramente? — Perguntei, erguendo minhas sobrancelhas. — Você obviamente tem o mesmo problema.

— Eu sei o que eu sou.

Eu suspirei.

Mas o humor dela se virou pra mim. Ela curvou os lábios, e os olhos dela estavam sondando.

Ela examinou meu rosto por um longo momento.

— Você está pronta agora, então? — Ela perguntou.

— Huh... — Engoli seco. — Sim?

Ela sorriu e inclinou sua cabeça lentamente até que seus lábios frios passaram na minha pele, bem abaixo do contorno da minha mandíbula.

— Agora mesmo? — Ela sussurrou, a respiração dela estava fria no meu pescoço.

Eu me arrepiei involuntariamente.

— Sim. — Sussurrei assim minha voz não teria a chance de falhar.

Se ela achasse que eu estava blefando, ela ficaria decepcionada. Eu já havia tomado a decisão, e tinha certeza. Não importava que o meu corpo estivesse rígido feito uma tábua, minhas mãos curvadas nos punhos, minha respiração descompassada...

Ela gargalhou sombriamente, e se afastou. O rosto dela parecia desapontado.

— Você realmente acredita que eu desistiria assim tão fácil... — Ela disse com um leve tom de divertimento na voz.

— Uma garota pode sonhar.

As sobrancelhas dela se ergueram.

— É com isso que você sonha? Ser um monstro?

— Não exatamente. — Fiz uma careta pela escolha das palavras dela.

Monstro, realmente, isso não é o que eu vejo...

— Eu sonho mais em estar com você por toda a eternidade.

A expressão dela mudou se suavizou e ficou triste pela súbita dor na minha voz.

— Amor... — Seus dedos lentamente traçaram os contornos dos meus lábios. — Eu vou ficar com você, isso não é o suficiente?

Eu sorri por baixo dos dedos dela.

— Suficiente por enquanto.

Ela fez uma careta pela minha tenacidade. Ninguém ia se render essa noite. Ela exalou, e o som foi praticamente um rosnado.

Eu toquei o rosto dela.

— Olha — Disse. — Eu te amo mais do que tudo no mundo. Isso não é o suficiente?

— Sim, é suficiente. — Ela respondeu sorrindo. — Suficiente para sempre.

E ela se inclinou pra tocar seus lábios frios mais uma vez em mim.


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Notas finais do capítulo

Hello, guys. Obrigada por todos que me acompanharam aqui, essa fic se tornou minha dedicação exclusiva.
O livro dois vai ser postado beeeeem aqui ~> https://fanfiction.com.br/historia/749401/Unguarded_In_Silence_-_Reimagined_New_Moon/

TT: @pittymeequaliza

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