Girls and Blood — Reimagined Twilight escrita por Azrael Araújo


Capítulo 28
Twenty Seven


Notas iniciais do capítulo

Vocês querem maratona, @?



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Parecia que Charlie estava me esperando e isso era uma droga. Todas as luzes da casa estavam acesas. Minha mente teve um branco quando tentei pensar numa maneira de resolver a situação. 

Edythe parou a uma distância de um carro atrás do Tracker. Os três estavam empertigados em seus lugares, ouvindo cada som da floresta, vasculhando cada sombra ao redor da casa, procurando alguma coisa fora de lugar. O motor foi desligado e fiquei sentada, imóvel, enquanto eles escutavam. 

— Ela não está aqui — sibilou Edythe. — Vamos. 

Eleanor estendeu a mão para soltar o arnês. 

— Não se preocupe, Bellinha — disse ela numa voz baixa embora animada. — Vamos resolver as coisas por aqui rapidamente. 

Tive uma sensação estranha de tristeza ao olhar para o rosto lindo e apavorante de Eleanor. Eu mal a conhecia, mas, de certa forma, era angustiante não saber quando a veria depois dessa noite. Eu sabia que era a despedida mais fácil de todas que viriam em seguida, e a ideia provocou um nó no meu estômago. 

— Archie, Eleanor. — A voz de Edythe era um comando. Eles deslizaram sem ruído para a escuridão e sumiram. 

Saí atrás de Eleanor, e Edythe já estava lá. 

— Quinze minutos — disse ela, entredentes. 

Eu assenti e parei. 

— Vá logo, Bella. 

— Uma coisa. — Eu me inclinei e a beijei uma vez, com força. — Eu te amo. Independentemente do que acontecer, isso não vai mudar. 

— Nada acontecerá a você, Bella. 

— Mantenha Charlie seguro para mim. 

— Pode deixar. Ande. 

Eu assenti de novo, e, com um último olhar para ela, pulei na varanda e abri a porta com um estrondo. Entrei correndo e chutei a porta para fechá-la. 

De repente, eu soube o que faria, e já estava horrorizada comigo mesma. 

O rosto de Charlie apareceu no corredor. 

— Bella, é você? 

— Me deixe em paz, droga — falei, com rispidez. 

Meus olhos estavam começando a ficar vermelhos e úmidos, e eu sabia que teria que me controlar se quisesse fazer aquilo direito: proteger Charlie, proteger os Cullen e fazer o plano dar certo. Seria mais fácil se eu não estivesse olhando para ele. 

Eu me virei e corri escada acima, fechei a porta e tranquei-a. Joguei-me no chão para pegar minha bolsa de viagem debaixo da cama. Enfiei a mão rapidamente dentro do guarda roupa aberto e puxei um punhado de camisetas. 

Charlie bateu na minha porta. 

— Bella, você está bem? O que está acontecendo? 

— Eu vou para casa! — gritei. 

Eu me virei para a cômoda do outro lado do quarto, e Edythe já estava ali, em silêncio, pegando roupas e jogando-as para mim. Peguei o que pude e enfiei na bolsa. 

— Acho que seu encontro não foi bom. — Seu tom de voz estava confuso, porém mais calmo. 

— Ugh, fique fora disso, Charlie — resmunguei. 

— Ela terminou com você? 

— Eu terminei com ela. 

Edythe não reagiu ao que eu estava dizendo. Estava totalmente concentrada. Tirou minhas coisas de cima da cômoda e jogou na bolsa. 

— Por quê? — perguntou Charlie, surpreso. — Pensei que você gostasse dessa garota. 

— Eu gosto. Demais. 

— Hã... não é assim que as coisas funcionam, filha. 

Edythe fechou a bolsa; ao que parecia, o tempo de fazer as malas estava acabado. Ela pendurou a alça no meu ombro. 

— Vou esperar no seu carro. Vá! — sussurrou ela, e me empurrou para a porta. Em seguida, sumiu pela janela. 

Eu destranquei a porta e passei por Charlie. Minha bolsa derrubou uma foto da parede quando desci a escada. 

Charlie correu atrás de mim e segurou a alça da minha bolsa, me puxando um degrau para trás. 

— Você está usando drogas, Bella? — perguntou ele. 

— Não! 

— Vá devagar. Não estou entendendo. Me conte o que aconteceu. 

Ele estava segurando a alça com força. Eu podia larga-la, mas isso deixaria um buraco na minha história. Eu teria que fazer do jeito mais difícil. 

Eu me virei para olhar para ele, torcendo para que a vermelhidão dos meus olhos parecesse raiva. 

— Vou contar o que aconteceu — falei, com a voz mais dura que consegui imaginar. — Tive uma noite maravilhosa com a garota mais bonita que já vi na vida, e nós falamos sobre o futuro. A forma como ela vê as coisas... é exatamente como você. Ela vai ficar aqui o resto da vida. Vai se casar, ter filhos e não quer ir embora nunca desse buraco. E, por um segundo, isso até fez sentido para mim. Estou me perdendo aqui, estou sendo sugada. Se eu não fugir agora, não vou sair nunca! 

— Bella, você não pode ir embora agora — sussurrou ele. — Está de noite. 

— Vou dormir no carro se ficar cansada. 

— Espere só mais uma semana — pediu ele, ainda chocado. — Renée já estará de volta. 

Isso me tirou completamente dos trilhos. 

— O quê? 

O alívio ficou evidente no rosto de Charlie quando hesitei. 

— Ela ligou quando você estava fora. As coisas não estão indo bem na Flórida, e se Phil não assinar um contrato até o final da semana, eles vão voltar para o Arizona. O assistente técnico dos Sidewinders disse que eles podem ter um lugar para outro jogador de segunda base. 

Balancei a cabeça, tentando reorganizar os pensamentos agora confusos. Cada segundo que passava colocava Charlie num perigo maior. 

— Tenho uma chave — murmurei, girando a maçaneta. 

Ele estava perto demais, a mão ainda segurando minha bolsa, o rosto confuso. Eu não podia perder mais tempo discutindo com ele. Eu teria que magoá-lo ainda mais. 

— Me deixe ir, Charlie — falei, entre dentes. E abri a porta. — Não deu certo, está bem? Eu realmente odeio Forks! 

Minhas palavras cruéis fizeram seu trabalho: Charlie soltou minha bolsa. Sua boca se abriu de surpresa enquanto uma dor profunda surgia em seus olhos. Dei as costas para ele e saí. Eu não podia deixar que ele visse meu rosto agora. 

Tentei passar a raiva no meu jeito de andar, mas senti vontade de correr. O jardim escuro parecia cheio de sombras adicionais que eu tinha quase certeza de que eram só minha imaginação. Mas não absoluta. Joguei a bolsa no banco de trás do Tracker e abri a porta. A chave esperava na ignição. 

— Ligo para você amanhã! — gritei. 

Eu jamais conseguiria explicar aquilo tudo para ele, jamais poderia acertar as coisas. Liguei o motor e arranquei. 

Edythe pegou minha mão. 

— Encoste — disse ela quando Charlie e a casa desapareciam atrás de nós. 

Mantive os olhos na estrada, tentando controlar o rosto. 

— Posso dirigir. 

De repente, ela se sentou no meu colo, as mãos no volante e o pé tirando o meu do acelerador. Ela entrou no espaço entre minha perna e a porta e empurrou com o quadril. O carro não oscilou um centímetro, e ela de repente estava no banco do motorista. 

— Você não conseguiria encontrar a casa — explicou ela. 

De repente, luzes brilharam atrás de nós. Dei um pulo e olhei pelo vidro traseiro. 

— É só Archie — garantiu-me ela. Pegou minha mão de novo. 

Quando fechei os olhos, só consegui ver Charlie na soleira da porta. 

— Victoria? 

— Ela ouviu o final de seu teatro. Está correndo atrás de nós agora. Está um quilômetro e meio atrás. 

Meu corpo ficou gelado. 

— Podemos escapar dela? 

— Não. — Mas ela acelerou enquanto falava. 

Meu plano de repente não parecia mais tão brilhante. Eu estava olhando os faróis do carro de Archie quando o Tracker tremeu e uma sombra escura disparou do lado de fora da janela. 

— E...! 

A mão dela cobriu minha boca antes que eu pudesse terminar de gritar o aviso. 

— É Eleanor! 

Ela colocou a mão no meu joelho. 

— Está tudo bem, Bella — prometeu ela. 

Disparamos para fora da cidade, indo para o norte. 

— Não percebi que você ainda estava tão entediada com a vida na cidade pequena — disse ela casualmente, e eu sabia que estava tentando me distrair. — Parecia que você estava se adaptando muito bem, em especial recentemente. Talvez eu só estivesse me iludindo que estava tornando a vida mais interessante para você. 

— Isso foi golpe baixo — confessei, olhando meus joelhos. — Foi a mesma coisa que minha mãe disse quando o deixou. A dor teria sido menor se eu tivesse dado um soco nele. 

— Ele vai perdoar você — prometeu ela. 

Eu fechei os olhos. 

— Amor, vai ficar tudo bem. 

Olhei para ela. 

— Mas não vai ficar tudo bem quando não estivermos juntas. 

— São só alguns dias. Não se esqueça de que foi ideia sua. 

— Isso piora tudo. Por que isso foi acontecer? Não entendo. 

Ela ficou olhando para a estrada à frente, com as sobrancelhas contraídas sobre os olhos. 

— A culpa é minha. Eu não devia tê-la exposto desse jeito. 

Eu segurei a mão dela. 

— Não, não foi isso o que eu quis dizer. Tudo bem, eu estava lá. Grande coisa. Os outros dois não ficaram incomodados. Mas por que tinha que ser justamente ela? Além do mais, tem gente em toda parte, pessoas bem mais fáceis de se pegar. — Olhei por cima do ombro, para a sombra de Eleanor. — Por que todo esse transtorno por mim

Edythe hesitou, pensando antes de responder. 

— Dei uma boa olhada na mente dela hoje — começou Edythe, numa voz baixa. — Não tenho certeza de que havia alguma coisa que eu pudesse ter feito para evitar isso depois que elareconheceu você. A culpa é parcialmente sua. — Ela olhou para mim de rabo de olho por um segundo. — Mas me dei conta de que, mesmo se você não tivesse um cheiro tão absurdamente delicioso, ela ainda assim teria atacado. O problema é a obsessão dela por você. E quando eu defendi você... Bom, isso piorou as coisas. Ela não está acostumada a ser contrariada, por mais insignificante que seja o objeto. Ela se considera uma caçadora, a sua caçadora. A existência dela é consumida com a caça, em procurar por você e tudo de que ela mais gosta na vida é um desafio. De repente, oferecemos um incrível desafio, um grande clã de lutadores fortes, todos determinados a proteger o único elemento vulnerável que ela deseja tanto. Você não sabe como ela está eufórica agora. É seu jogo preferido, e estamos tornando o jogo ainda mais empolgante. — Sua voz estava cheia de repulsa. Ele respirou fundo. — Mas, se eu tivesse ficado de fora, talvez ela teria te matado lá mesmo! — sibilou ela com frustração. 

— Eu pensei... que não tinha o mesmo cheiro para os outros... que tenho para você. 

— Não tem. Mas isso não quer dizer que ainda não seja uma tentação para todos eles. Se você fosse atraente para a maldita ruiva ou para qualquer um deles como é atraente para mim, isso teria significado uma luta lá mesmo. 

Eu estremeci. 

— Não acho que tenha alternativa a não ser matá-la agora — murmurou ela. — Carine não vai gostar. 

— Eu também não gosto — sussurrei. 

Ela olhou para mim, surpresa. 

— Por acaso você quer que eu a poupe? 

Eu pisquei. 

— Não... quer dizer, sim. 

Ela me encarou, os olhos queimando. 

— Não me diga que ainda gosta dela. 

Eu neguei. — Não ligo se ela... morrer. Seria um alívio, não seria? Só não quero que você... E se você se machucar? 

O rosto dela ficou rígido. 

— Não precisa se preocupar comigo. Eu não luto de forma limpa. 

Pude ouvir os pneus atravessando a ponte, embora não pudesse ver o rio no escuro. Eu sabia que estávamos chegando. 

— Como se mata um vampiro? — perguntei, em voz baixa. 

Ela olhou para mim com os olhos inescrutáveis. 

Quando falou, sua voz soou ríspida. 

— A única maneira de ter certeza é dilacerando-o e depois queimando os pedaços. 

— E os outros dois vão lutar com ela? 

— O homem vai. Não tenho certeza sobre Laurent. Eles não têm um vínculo muito forte, ele só está com os dois por conveniência. Ficou constrangido pelo comportamento de Victoria na campina... 

— Mas James e Victoria, eles vão tentar matar você? — Minha voz saiu rouca, como se eu tivesse passado uma lixa no fundo da garganta. 

— Pare. Concentre-se na sua segurança. E faça o que Archie mandar. 

— Como posso não me preocupar com você? O que quer dizer quando você diz que não luta limpo? 

Ela deu um meio sorriso. Mas seus olhos nem se moveram. 

— Você já tentou agir sem pensar? Fora ações involuntárias como as musculares e a respiração, isso é muito difícil de fazer. Principalmente em uma briga. Vou ver tudo que ela planejar, cada buraco em sua defesa. O único que consegue usar isso contra mim é Archie, pois ele enxerga o que decido fazer, mas eu também posso ouvir como ele vai reagir. Costuma dar empate. Eleanor diz que é trapaça. 

Ela parecia relaxada, como se a ideia de lutar com a ruiva e o amigo dela fosse a parte mais fácil dessa confusão. Meu estômago deu um nó e despencou. 

— Então Archie não deveria ficar com você? — perguntei. — Se ele luta melhor do que os outros? 

— Eleanor está ouvindo isso tudo, sabe. Ela está ofendida e não está empolgada com a ideia. Faz um tempo que ela não pode brigar sem restrição nenhuma. Ela planeja deixar eu e meu jogo sujo fora disso o máximo possível. 

Isso me fez sentir um pouco melhor, o que não era justo com Eleanor. Olhei por cima do ombro de novo, mas não consegui ver a expressão dela. 

— Ela ainda está nos seguindo? — perguntei. 

Edythe sabia que eu não estava falando de Eleanor. Ela pegou o caminho escondido. Os faróis de Archie foram atrás. Seguimos direto para a casa. As luzes lá dentro eram fortes, mas pouco faziam para abrandar a escuridão da floresta ao redor. O pátio continuava negro. 

Eleanor abriu minha porta antes que o carro tivesse parado. Ela me puxou do banco, se agachou por baixo do meu braço, passou o dela pela minha cintura e me levou correndo até a porta da frente com meus pés a trinta centímetros do chão, como se eu fosse uma boneca de pano gigante. 

Ela irrompeu pela grande sala branca com Edythe e Archie nos ladeando. Todos estavam ali, já de pé. Laurent estava no meio do círculo. Pude ouvir rosnados baixos na garganta de Eleanor enquanto ela me baixou ao lado de Edythe. 

— Ela está nos perseguindo — sibilou Edythe, olhando malignamente para Laurent. 

A expressão de Laurent era infeliz. 

— Era o que eu temia. 

Archie correu para o lado de Jessamine e cochichou no ouvido dela. Eles dispararam escada acima juntos. Royal os observou e passou rapidamente para o lado de Eleanor. 

Seus olhos estavam intensos e, quando se voltaram involuntariamente para o meu rosto, hostis. 

— O que ela vai fazer? — perguntou Carine a Lauren. 

— Eu lamento — respondeu Laurent. — Fiquei com medo, quando sua garota ali a defendeu, que isso fosse chamar a atenção de Victoria. 

— Não é isso — Edythe esclareceu — Bella já a conhecia, quando era humana. 

Todos ficaram em silêncio, por um segundo, e Laurent me encarou de forma curiosa. 

— Então você... 

— Pode impedi-la? — Carine o interrompeu. 

Laurent balançou a cabeça. 

— Nada detém Victoria depois que ela começa. 

— Nós vamos detê-la — prometeu Eleanor. Não havia dúvida de suas intenções. 

— Não podem derrotá-la — respondeu Laurent. — Jamais vi algo parecido com ela em meus 300 anos. Ela é absolutamente letal. Foi por isso que me juntei ao bando dela. 

O bando dela, pensei, é claro. A exibição de liderança na clareira foi apenas isso, uma exibição. 

Laurent estava balançando a cabeça. Olhou para mim, confusa. 

— Tem certeza de que vale a pena? 

O rugido enfurecido de Edythe encheu a sala; Laurent se encolheu. 

Carine olhou para Laurent. 

— Infelizmente, você vai ter que fazer uma escolha. 

Laurent entendeu. Ele hesitou por um momento. Avaliou cada rosto e observou a sala iluminada. 

— Estou intrigado com o modo de viver que vocês criaram por aqui. Mas não vou me intrometer. Não vejo um inimigo em nenhum de vocês, mas não me colocarei contra Victoria. Acho que seguirei para o norte, para aquele clã em Denali. — Ele fez uma pausa. — Não subestimem Victoria. Ela quer muito a garota e tem uma mente brilhante e sentidos incomparáveis. Parece selvagem, mas fica tão à vontade no mundo humano quanto vocês parecem estar. Ela não os enfrentará diretamente... Lamento pelo que foi desencadeado aqui. Eu realmente lamento. — Ele baixou a cabeça, mas eu o vi disparar outro olhar confuso para mim. 

— Vá em paz — disse Carine. 

Laurent lançou outro demorado olhar ao redor e desapareceu pela porta. 


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Notas finais do capítulo

https://fanfiction.com.br/historia/748419/Give_Me_Love/

TT: @pittymeequaliza



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