"Eu deixei de ser a garota que precisava compulsivamente transformar cada parte da vida em texto. Às vezes o nosso porto seguro muda de direção..." ~Alguém aí

Mais uma segunda feira nublada começava em Sidney, o tempo era de frio como toda manhã mas nem assim os moradores de lá se deixavam levar pela preguiça e permaneciam em seus lares; os padeiros abriam suas padarias, os taxista já levavam seus primeiros clientes aos determinados locais, as mães acordam seus filhos pra escola; e os professores, à os professores, ele iam para suas determinadas escolas.

E Lúcia como todos os outros professores já estava pronta e saindo de sua casa para ir ao trabalho, ao sentir o frio gelado batendo contra seu corpo se arrependeu amargamente de ter colocada uma saia ao invés de colocar uma calça; todas as ideias de roupas quentinhas que ela poderia estar usando passou em sua cabeça até ela terminar o seu caminho da entrada do seu prédio até o táxi que a aguardava no meio fio, suas malas para essa semana já estavam prontas e organizadas de forma perfeita no porta malas do carro.

No caminho para a escola particular onde Lúcia trabalhava e no meio da semana passava a maior parte de suas horas e às vezes até morava, ela passa em frente de um grande condomínio de prédios de apartamentos de luxo para políticos importantes; o mesmo prédio que morava uma de suas alunas Núria sem dúvida nenhuma era uma aluna exemplar se destaca fácil entre os outros alunos e não só pela sua inteligência mas também pela sua beleza sem igual e vontade de fazer o bem para todos.

O que tem acontecido em seu mundo?

O que você tem feito?

Ouvi dizer que você se apaixonou

Ou chegou perto disso

Preciso te dizer a verdade (sim)

Era mais um dia comum para a Núria, ela como todas as manhãs de segunda ela iria fazer a mesma coisa; se levantaria cedo arrumaria as suas malas e então iria para a escola e quando não ficava toda a semana lá, ela permanece lá até praticamente o horário do jantar, onde seria obrigada a voltar e se sentar ao lado de pessoas que ela acreditava que não se importavam com ela mas eram a família dela, e família é sempre família, não tem como fugir dela.

Núria já estava terminando de colocar o seu uniforme que era composto por uma saia e uma camisa social branca e meias compridas; quando percebeu que o carro com o motorista já estava lá embaixo te esperando como todos os dias, e mesmo com o templo nublado ela estava começando a acreditar que talvez aquele dia fosse mudar de um jeito que ela não estava esperando.

O caminho até o colégio era longe por ser um colégio interno, ele fica no interior de Sidney o que agradava muito a Núria por causa do seu amor pela natureza e pelos animais e pelo principal fato de que era distante da sua família.

Quero agarrar os seus ombros e sacudir, querida

Saia dessa (saia dessa)

Tenho a sensação de que saí muito tarde, mas, querida

Saia dessa (saia dessa)

Se o relógio não continuar a rodar

Ou a mulher gorda continuar a querer cantar

Vou estar aqui

Esperando pacientemente para você

Sair dessa

Ela desceu rápido sem se despedir de ninguém que morava naquela casa e dizia ser sua família, mas em comparação deixou um bilhete para a governanta da casa a que ainda não tinha chego porém com certeza era a única que merecia seu verdadeiro amor; e então deixando com que um dos empregados levassem a sua única mala até o carro. O caminho até a escola não era realmente longo mas em um dia como esse que muitos carros estavam na estrada transportando os alunos, fazer aquele caminho precisava de mais paciência que o normal e também levava mais tempo.

Núria se mantinha concentrada em seu livro de inglês tentando entender a última matéria que havia sida a mais difícil para ela conseguir entender, e que por coisa do destino era a matéria da mesma professora que estava carros a frente dentro de um táxi. Se concentrar naquela matéria não era fácil pra ela mas Núria ainda tentava mesmo sabendo que com o segurança encarando ela mesmo que por trás dos óculos escuros em um dia nublado, o segurança era regra de seu pai que ela sempre teria que ser acompanhada mesmo que fosse para ir até a escola, ele sempre tirava sua atenção então era inútil tentar se manter concentrada.

Conforme se aproximava da escola o tempo parecia estar ainda pior o que fazia a maior parte dos carros darem a volta sem nem chegar até a entrada da escola o que significa que durante essa primeira parte da semana a escola estaria vazia; e tudo isso trazia um melhor rendimento pro trânsito e para a felicidade da Núria que preferia a escola vazia mesmo não tendo problemas com outras pessoas.

Para sempre não é para todos

Para sempre é para você?

É como se acalmasse

Ou desistisse

Mas isso não é muito a sua cara, garota

Assim que o carro parou em frente a escola, o segurança desceu rapidamente abrindo um guarda chuva e dando a volta impedindo que a Núria saísse do carro sozinha e ficasse molhada, o motorista que já estava acostumado levou a mala até o local onde momentos dois os funcionários da escola iriam encaminhar para os dormitórios; a morena andava levemente a frente se concentrando para não pisar em alguma poça de água segurando sua mochila com firmeza enquanto o segurança vinha protegendo ela da chuva logo atrás mesmo que acabasse pegando um pouco de chuva.

A entrada da escola era tão antiga quanto a escola, mas ainda sim encantava todos aqueles que passavam por ali; a partir de um determinado ponto somente os alunos podiam passar acompanhados de seus determinados seguranças se tiverem a permissão para isso, enquanto que os professores iam direto para o campus que pertencia a eles. A professora Lúcia com todas suas malas mesmo chegando mais cedo que a Núria acabou levando mais tempo para descer do carro e conseguir o seu caminho enquanto que a morena tentava fazer o mais rápido possível porque ela sabia que dentro do seu quarto não teria o seu segurança como sua sombra.

Era um dormitório que a Núria não dividia com ninguém, não por opção sua mas pela preferência do seu pai que entre as poucas vezes que a via por conta do seu trabalho, sempre acabava aumentando a sua segurança e o dormitório somente para ela com o segurança na porta foi a última das mudanças. A morena gostava de estudar em silêncio, de ler em silêncio, de dormir em silêncio mas ficar todos os momentos em que estava dentro do quarto em silêncio somente fazia ela pensar em como ela estava sozinha por dentro e com o coração partido.

Quero agarrar os seus ombros e sacudir, querida

Saia dessa (saia dessa)

Tenho a sensação de que saí muito tarde, mas, querida

Saia dessa (saia dessa)

Se o relógio não continuar a rodar

Ou a mulher gorda continuar a querer cantar

Vou estar aqui

Esperando pacientemente para você

Sair dessa

Todas as pessoas que se sentem sozinhas mesmo não estando sozinhas só querem uma coisa, elas querem que alguém perceba o seu vazio interno e ajude você a se sentir cheio de si mesmo mas alguns casos você acaba se sentindo cheio da outra pessoa; então cada vez que ela se aproxima de você, você sente o seu coração batendo depois momentos em silêncio e seu rosto se ilumina como se somente com aquela pessoa você fizesse capaz de fazer tudo não se acha capaz, e aquela pessoa para o Núria era a sua professora Lúcia.

FLASHBACK ON

Núria já estava cansada demais para ir para as suas no período da tarde, ela não se sentia bem fisicamente e nem pronta psicologicamente para enfrentar aquele momento de ficar presa na ala hospitalar do colégio com alguém que não se preocupava realmente com ela, que só estava lá porque era o seu trabalho. Ela já havia fugido de uma das suas aulas do período da manhã e ainda não tinha saído para almoçar mas sabia que seu segurança logo iria bater em sua porta informando que iria ser comunicado ao seu pai sobre a aula que ela tinha matado.

Mas antes que ele pudesse bater na porta Núria juntou algumas coisas dentro da sua mochila e saiu do quarto pela janela no do seu quarto que ficava no segundo andar perto de uma árvore que a morena sempre usava para entrar e sair do seu quarto depois que ganhou um segurança particular. Depois de descer da árvore, o seu caminho tinha que ser rápido até um lugar onde o seu segurança iria demorar para procurar ela era a parte de trás do dormitório dos professores onde poucas pessoas conheciam e havia ali um banco com várias flores ao redor dele.

Assim que a morena se sentou no banco e jogou sua cabeça para trás por sentir uma leve tontura foi surpreendida por uma lágrima escorrendo pelo seu rosto mas no momento em que foi limpar essa única lágrima sentiu um cheiro característico de cigarro, fazendo ela se lembrar de que não tinha olhado ao redor para ver se havia outras pessoas ali. Encostada em uma árvore que ficava quase que atrás do banco estava a sua professora de inglês, professora Lúcia; e surpreendendo a morena que sabia que fumar dentro da área da escola era proibido ver a sua professora que estava entre as suas favoritas fumando trouxe pra ela um leve arrepio mesmo que ela não soubesse o porquê.

Lúcia era muito bonita e mesmo Núria que não era acostumada admitir com facilidade isso, deixava claro que até mesmo para ela a professora chegava bem perto da perfeição e principalmente naquele momento com ela encostada em uma árvore com roupas sociais e fumando era como estar vendo um anjo sexy pronto para possuir a sua alma.

— Eu tenho certeza que você deveria estar almoçando junto com os outros alunos ou se preparando para a próxima aula, e não escondida chorando. -Lúcia falou se aproximando ainda enquanto fumava.

— E eu tenho certeza de que você não deveria estar fumando dentro do perímetro da escola. -Núria falou vendo a outra se sentar ao seu lado no banco e tragando lentamente o cigarro, de forma tão sensual que até mesmo fez a morena se esquecer de que não estava se sentindo bem.

— Certo, parece que as duas estão fazendo coisas que não deviam mas aposto que os seus motivos devem ser mais sérios que o meu afinal você fugiu até mesmo do seu segurança. -a professora falou logo tragando o cigarro e soprando a fumaça em direção da morena que pareceu não se abalar pelo cheiro forte mas fica balançada pela forma como tinha sido sexy aquele pequeno fato.
Olho no olho era algo usado para transmitir sentimentos como paz, urgência, medo e desejo; e as duas mulheres sentadas naquele banco se escondendo do mundo, olhando olho no olho viam coisas diferentes.
— Não estou me sentindo bem para assistir as próximas aulas e não quero ter que ficar colada naquele homem nem mais uma hora do meu dia. Agora me diga os seus motivos. -Núria falou como se não fosse nada enquanto que se sentava de forma mais confortável no banco.
— A semana de provas está chegando e junto com ela muito estresse, e fumar é a única coisa que eu consigo fazer para evitar um surto e acabar matando um aluno ou outro professor. -Lúcia falou rindo fraco e dando a última tragada no cigarro antes de jogar ele no chão e pisar.

— Sempre tive vontade de fumar mas meu pai é tão rigoroso que se somente soubesse que eu tenho esse desejo iria colocar mais dois seguranças atrás de mim em vez de apenas um. -a morena falou rindo fraco enquanto pendia a cabeça um pouco para o lado por conta de uma tontura que já vinha acontecendo há algum tempo.

— Se você deixar que eu te leve na ala hospitalar, na próxima vez que nos encontrarmos te ensino como fumar sem deixar as outras pessoas saberem. -a professora falou levantando e pegando a mochila que estava no banco entre as duas e estendendo a outra mão para a Núria.

— Não gosto de hospital ou da ala hospitalar. -a morena falou o que fez a Lucia rir.

— Eu fico lá com você, até você melhorar e isso é uma promessa que não vou quebrar. -a professora falou quando a Nuria ficou de pé e pegou em sua mão.

Não era como se a Nuria nunca tivesse conversado com alguém ou pegado na mão de alguém ou até mesmo andando de mãos dadas por aí mas aquele momento foi especialmente diferente de tudo que ela já tinha passado em sua vida, foi quase como algo mágico em sua vida.

FLASHBACK OFF

Naquele dia a professora Lúcia cumpriu sua promessa, ela passou toda a tarde e à noite ao lado da morena na ala hospitalar do colégio; e a partir daquele dia foram poucas as vezes que ela conversaram sem ser durante as aulas e nem mesmo se viam no banco onde trocaram segredos tempos atrás. Era como se elas não se conhecessem mais, elas eram professora e aluna que tiveram um breve momento que na cabeça da Nuria só tinha ficado em sua memória.

Como se fosse o destino Núria parou de andar e olhou para trás meio que por cima do ombro e se surpreendeu por ver a professora Lúcia parada próximo a um táxi olhando o taxista descarregar algumas malas, e aos olhos da morena ela nunca esteve mais parecida com um anjo. E como se fosse realmente o destino atuando naquele momento, na mesma hora que a morena voltou a olhar para frente e seguir seu caminho Lúcia olhou a entrada da escola e reconheceu a Núria junto com o seu segurança como se ela sempre tivesse visto aquela garota tanto na vida quanto em seus sonhos.
A morena seguiu o seu caminho seria achando que havia sido esquecida, mas para a professora Lúcia tudo que ela podia fazer era sorrir e olhar a garota com que ela sonhava todas as noites, andar para longe dela.