Uma Nova Chance escrita por Arikt


Capítulo 6
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Aqui começam as verdadeiras mudanças da fanfic antiga para essa. Esse capítulo já tinha, mas fiz mudanças consideráveis nele. BTW, só eu tenho uma paixão incontrolável pelo L?



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L se levantou da cadeira e foi até a janela. A cena que estavam observando era para lá de desconcertante.

— Acha ainda que eles não têm algo, Yagami-san? — indagou ao homem que olhava para o televisor com uma cara abobada.

Ele não podia acreditar que o filho, que parecia ser tão responsável, faria uma coisa dessas! E Lucy, escondendo algo tão horrível! Apoiou a cabeça nas mãos, sentindo-se exausto.

— O que vai fazer com ela? — murmurou, pesaroso.

— Não vou prendê-la, se é o que está pensando. Mas estou realmente impressionado em como seu filho e ela são próximos... — disse um L intrigado.

Soichiro desviou os olhos da tela. Não queria continuar a ver aquela cena constrangedora.

— Isso... Pelo menos tira a suspeita de cima de Raito, não é? — perguntou, esperançoso.

— Até tiraria, se não fosse tão perfeitamente bolado o que eles fizeram. — L se virou novamente, tentando não olhar o televisor. — Por que Lucy iria confessar agora que sabe quem é Kira? Alguém poderia estar escutando atrás da porta, ou ouvir acidentalmente. Ela poderia muito bem ter esperado para falar em um lugar mais reservado. De qualquer forma, isso por hora diminui as chances dele ser Kira. Mas as suspeitas caem todas em cima dela.

— Mas... se for assim, você está desconfiado de que ela é Kira? — deduziu o chefe de polícia, muito sério.

— Eu já disse que essa garota não tem a mínima chance de ser Kira. Não que ela não tenha talento para isso, mas não é. Mas tenho certeza de que o que ela disse a Raito é verdade. Essa menina é mais perigosa do que eu pensava...

— Perigosa? O que quer dizer com isso?

A voz de Sayu Yagami pôde ser ouvida, e, finalmente, os dois jovens se separaram.

— Pense bem: se ela conseguiu fazer Kira se apresentar e revelar sua identidade, ela deve ter algo de especial. E não estou dizendo algo material. Como eu havia pensado, alguém pode estar muito apaixonado por ela. Talvez todos esses crimes estejam acontecendo por causa dela. Bem, isso são apenas suspeitas. Vou deixá-la sob observação por hora.

Voltou para sua poltrona, sendo seguido pelo olhar espantado do chefe Yagami. Talvez L estivesse cometendo um grave erro, planejando o que estava em sua mente. Mas tinha que tentar. Lucy poderia ser sua arma principal nessa luta contra Kira.

***

Já era um pouco tarde da noite e o tempo estava instável. O vento frio que soprava fazia os cabelos de Lucy dançarem em volta do rosto, mas ela não estava com a mínima vontade de prendê-los. Suas mãos estavam metidas dentro dos bolsos do casaco, e os pés calçados em tênis confortáveis quase não faziam barulho na calçada.

Olhava, desinteressada, as lojas que exibiam vitrines com roupas extravagantes e caras. Acabara de sair do cursinho pré-vestibular que estava frequentando. Estava arrependida de ter gastado com ele. Não estava aprendendo nada de novo. Raito era melhor professor que as pessoas que ali lecionavam.

Ao se lembrar do amigo, também recordou que deixara o celular desligado. Parou para tirar a bolsa das costas, pensando se teria recebido alguma ligação ou mensagem.

— Lucy Chinatsu? — chamou uma voz conhecida.

A garota se virou abruptamente, olhando surpresa o homem parado em sua frente.

— Senhor Ryuuga!

Ele a olhou daquele mesmo modo entediado.

— Você está bem?

Lucy tentou arrumar os cabelos, passando os dedos pelos fios. Não obteve sucesso, então suspirou.

— Estou bem, sim. Eu... não percebi que você estava atrás de mim.

— Deveria andar com mais atenção. Nunca se sabe quem pode estar te seguindo.

Ficaram se encarando por alguns minutos, sem dizer nada. Ele estava com a mesma roupa daquela noite e sem um casaco. Lucy começou a ficar incomodada com aqueles olhos negros fixos nela. Coçou a cabeça, corando levemente.

— Ahn... Eu acho melhor eu ir, logo passa o último metrô para meu bairro. Melhor eu evitar aquela situação novamente. — falou de modo efusivo, fazendo menção de se virar. — Boa noite.

— Espere, eu ia te convidar para comer algo. — agora ele parecia desconcertado. — É que... Bem, da última vez em que nos encontramos, eu fui um pouco rude, acho. Queria me redimir, mas não tinha nenhum contato seu. E já que te encontrei agora...

Ela encarou-o novamente. Não queria recusar. Aquele homem a salvara de ter o mesmo destino que sua mãe. Sentia que devia algo a ele. Ficou uns segundos inquieta, indecisa. Não seria imprudente aceitar o convite de um homem desconhecido para sair assim, do nada, ainda mais aquele horário? Poderia simplesmente dar seu telefone e marcarem de se ver outro dia.

Mas Lucy já havia feito coisas bem mais perigosas. E, afinal, o que tinha de mal em sair um pouco da linha? Quem sabe ela conseguiria se divertir, e até tirar os assuntos sobre Kira da cabeça.

— Ok, eu aceito o convite. Mas você vai ter que me levar andando até minha casa, depois.

Hideki esboçou um sorriso.

— Sem problema algum. Tem preferência de lugar?

— Apenas que não seja muito caro — respondeu ela, retribuindo o sorriso.

Andaram em silêncio por algum tempo, Lucy seguindo os passos do homem. Pegaram um metrô que estava cheio, e tiveram que ficar em pé. A garota estava intrigada. Hideki dizia querer se redimir pelo jeito estranho que agira naquela noite, mas não fazia questão de interagir. Como diabos ele achava que isso ia funcionar?

— Para onde estamos indo? — perguntou, tentando parecer apenas interessada e não transparecer a irritação que essa falta de diálogo lhe trazia.

— Hã? Ah sim, estamos indo a uma parte de Tóquio que, particularmente, eu gosto muito. Acho que você vai gostar também. — Ele parecia ter despertado de um sonho. Talvez tivesse esquecido da garota ao seu lado.

Sem brecha para continuação da conversa. Lucy suspirou, olhando pela janela o reflexo dos dois. Lado a lado, eles eram contrastantes. O rosto sem expressão de Hideki e a careta enfezada dela os faziam um casal interessante.

Dez minutos depois, chegaram ao destino. Desceram na estação com mais algumas pessoas, e Hideki a conduziu para a saída mais próxima. Quando Lucy avistou as ruas movimentadas, jovens de cosplay andando calmamente, anúncios sobre animes e mangás em cada canto dos outdoors, ficou boquiaberta.

— Você está brincando! — exclamou, olhando para ele com um sorriso maravilhado. — Akihabara! Sério que você costuma vir aqui?

— Eu gosto daqui. É um local onde você pode andar e passar despercebido. Já visitou esse lugar?

— Não, mas ouvi falar muito. É realmente fantástico!

— Bem, então vamos conhecer.

A cada vitrine que passava, Lucy pensava estar em uma história de universo cyberpunk. Tudo ali era sobre a cultura nerd. Ela não tinha muito contato com jogos e eletrônicos, mas não deixava de achar tudo muito incrível. Viraram em algumas esquinas e saíram em uma grande rua, onde quase não havia carros passando. Os pedestres andavam livremente, sem distinção do que era calçada ou asfalto.

Entraram em um maid café. Hideki conduziu a garota até uma mesa perto da janela, distante da entrada. O lugar estava um pouco movimentado. Grupos de jovens conversavam de maneira animada, sem nem prestarem atenção nos dois novos clientes. O homem se sentou daquele jeito estranho novamente, com os pés em cima da cadeira. Talvez fosse por essa mania que ele procurava o lugar mais reservado para ficar.

— Eu frequento bastante esse café. A comida é gostosa e as atendentes são simpáticas. — explicou ele, erguendo a mão para chamar uma das garçonetes. Ela logo chegou, com um sorriso discreto e educado. — Por favor, pode nos trazer o cardápio?

A moça assentiu, afastando-se, minutos depois voltando com dois livretos. Lucy não pôde deixar de admirar as garotas que ali trabalhavam. Todas muito bonitas nos uniformes de empregada, harmonizadas com o local que parecia uma casinha de bonecas.

— Realmente, eu nunca te imaginaria em um local desses. — falou, dando risada. — É surreal.

— Todo mundo esconde algum gosto estranho. Você deve ter um, também. — retrucou ele, enquanto ponderava sobre o que escolher.

— Eu gostava de visitar museus quando ia a Londres. — revelou Lucy, depois de pensar um pouco. — Consegue me ver frequentando museus?

— Só se for da arte punk rock.

— E olha que eu nem escuto punk rock.

A garçonete voltou, dando o mesmo sorriso.

— Já escolheram o que vão pedir?

— Hã... quero um sundae de morango, por favor — pediu Hideki. — E você, senhorita Chinatsu?

— Uma porção de harumakis e mochis de chocolate. E um suco de maracujá.

Quando a garota se afastou, Hideki voltou sua atenção para Lucy novamente.

— Então, você morava na Inglaterra?

— Sim. Na cidade de Carlisle. Costumava visitar Londres com a minha mãe, nas férias. — Não sabia bem qual o sentimento de se lembrar disso. Era uma mistura agridoce de saudades com amargura. Decidiu desviar desse ponto. — Já visitou a Inglaterra?

— Algumas vezes. É um país... simpático.

— Se tirar o clima chuvoso e úmido... — Lucy riu. — Mas quais são seus mangás ou animes preferidos? Vi que tem um monte de mangás.

— Gosto de Lain. E Ergo Proxy.

 A garota só havia ouvido falar de Ergo Proxy, mas nunca tinha assistido.

— Sobre o que fala Lain? — perguntou, interessada.

— A relação das pessoas com a internet, filosofia, perda da identidade própria. Não tenho um mangá particularmente preferido. E você?

— Hmm... Nana. Kimi ni Todoke, Sailor Moon...

— Gostos bem femininos.

Lucy deu de ombros, sorrindo.

— São histórias bonitas, só isso. E livros? De quais gosta?

— Diz ficção? Bem, os autores japoneses fazem bom trabalho com romances. Mas gosto de livros de fantasia. Como Harry Potter, embora eu tenha descoberto que Harry era uma horcrux desde que elas foram mencionadas.

A garota riu.

— Confesso que eu não imaginei, mesmo que tenha ficado óbvio quando foi revelado. Gosta de Nárnia também?

— Não muito, sou mais Senhor dos Anéis. Já leu algo do Neil Gaiman?

— Nossa, eu AMO Neil Gaiman! — exclamou ela com entusiasmo, os olhos brilhando. — Sandman com certeza foi a obra-prima desse autor, mas Oceano no Fim do Caminho, Coisas Frágeis e Stardust são os meus preferidos.

Coisas Frágeis também está entre os meus preferidos. Gaiman é, certamente, meu número um em questão de ficção.

Os pedidos chegaram. Os dois agradeceram a moça e se puseram a comer, pela primeira vez em um silêncio descontraído. Hideki tinha razão. A comida ali era realmente gostosa. Lucy praticamente devorou os harumakis, tomando o suco na mesma velocidade. Decidiu comer os mochis mais moderadamente.

— Você tem quantos anos, senhorita Chinatsu? — Hideki voltou a falar, depois de sua taça estar pela metade.

— Dezessete. Faço dezoito esse ano.

— E pretende entrar para alguma universidade?

— Sim, estava saindo do cursinho preparatório quando nos encontramos. Quero entrar para a Universidade de Tóquio.

— É uma ótima instituição. Vai cursar o quê?

— Design.

— Que interessante. Nunca conheci ninguém que tivesse feito Design.

“Para alguém que nem estava abrindo a boca no metrô, agora ele está falando até demais” pensou Lucy, novamente intrigada. Mas não poderia reclamar. Estava se divertindo.

— Você se formou em algo? — Ela apoiou o cotovelo na mesa e o queixo no punho, colocando metade de um mochi na boca.

— Não, não fiz faculdade.

— E trabalha em quê?

Ele deu um meio sorriso, ficando calado por alguns segundos.

— Sou muitas coisas. Trabalho apenas com o que eu gosto. — acabou respondendo, de um modo enigmático. — Mas e seus amigos? Como eles são?

— Eu... não tenho muitos amigos. — Ela abaixou a cabeça, olhando para seu copo vazio.

— Nenhum?

— Tenho um.

— Um? E qual o nome dele?

— Raito. Raito Yagami.

— O melhor aluno do Japão?

— Sim, ele mesmo.

— Já ouvi falar dele. É um garoto talentoso.

— É, é sim.

— E na Inglaterra?

Lucy percebeu que Hideki estava muito interessado em sua vida. Ela franziu o cenho, achando aquele monte de perguntas, uma atrás da outra, um pouco estranho. Parecia um interrogatório. Embora com muita relutância, decidiu continuar o assunto.

— Bem, eu tinha alguns. Eu costumava fazer parte de uma banda, como vocalista. Meus colegas de banda eram meus amigos. — esboçou um pequeno sorriso ao se lembrar daquela época. — Nathaly era guitarrista, Brian baixista e Richard tecladista. Tocavam maravilhosamente bem. Conheci-os no colégio, embora eu fosse a única que realmente estudava do grupo. Costumávamos nos apresentar em campeonatos e clubes underground. — Lucy se debruçou sobre a mesa e deitou sobre os próprios braços, suspirando. — Deus, foi a melhor época da minha vida. Eu sempre gravava as apresentações para poder mostrar a Raito nas férias, quando nos víamos.

— Então você cantava? — Hideki fez uma cara surpresa. — Deve ter uma voz bem bonita. Gostaria de ouvi-la, algum dia.

A garota sorriu, corando.

— Bem, não tenho certeza se eu vou voltar a cantar. — desviou os olhos para a janela, olhando os pedestres na rua lá fora. — Eu já não tenho mais a banda... e eles não são mais meus amigos.

— E por que não? O que houve?

— Depois que... minha mãe morreu, — respirou fundo, ainda sem olhar para o homem. — eu meio que adoeci. Fui internada em uma clínica, e cortei as relações que eu tinha com eles. Só continuei falando com Raito por insistência dele próprio.

— Sinto muito por isso. — A voz dele expressava uma grande simpatia. — Eu imagino o quanto tenha sido doloroso.

Lucy deu de ombros, endireitando o tronco e sorrindo tristemente.

— Isso não importa agora. Deixei tudo para trás quando vim para cá. Novo começo, nova vida. Temos que seguir em frente em algum momento, não é?

Uma TV estava ligada na parede à direita de Lucy. A garota fixou sua atenção nela por um tempo, sem perceber de imediato o que ela passava. Sua mente estava longe, em imagens do passado. E elas doíam.

— E então... Hoje já consegue me dizer que tipo de sentimento tem em relação a Kira? — A voz fria dele a tirou de seus devaneios.

A garota o fitou. Ele também olhava para a TV. Voltou a ela novamente, mas prestando a devida atenção dessa vez. Estavam falando sobre Kira. E o assunto do qual ela tanto queria se livrar voltou à tona. Imaginava se algum dia se veria livre dessa maldição.

— É capaz de eu estar mais confusa agora — murmurou, abaixando os olhos para as mãos, que seguraram o copo como consolo.

— E por quê?

— Porque... ele não parece estar mais só preocupado em fazer do mundo um lugar melhor.

— Acredito que não o apoie mais, então.

Ela franziu o cenho.

— Nunca o apoiei, na verdade. Só não consigo esquecer... do quão bem eu fiquei ao saber que o monstro que atacou minha mãe teve o destino que mereceu.

― Você sabe que esse tipo de sentimento não é certo, não é?

― Não tenho orgulho disso. Mas, se você já perdeu alguém próximo do modo como eu perdi, você deve entender como é.

A expressão de Hideki ficou levemente circunspecta, e dessa vez ele desviou o olhar para a rua.

― Eu só não gosto dessa ideia de que há alguém brincando de Deus. As pessoas podem pensar que é algum castigo divino, mas eu sei que não.

— As pessoas gostam de um apoio. Nossa justiça falha muitas vezes. Kira pode não ser um deus, mas está fazendo com que diversas famílias deitem suas cabeças no travesseiro sem o peso da injustiça atrapalhando seus sonhos. — A garota suspirou. — É isso que o faz ser tão popular.

— Mas você acha que adianta, senhorita Chinatsu? Olhe para você: isso te ajudou a seguir em frente, como disse?

Lucy olhou dentro dos olhos do homem. Aquilo a atingiu profundamente. Decidiu apenas ignorar e cortar a conversa. Levantou-se e colocou a mochila sobre os ombros.

― Vamos, então? Tenho que acordar cedo amanhã.

O homem se levantou também. Dirigiram-se ao balcão e pagaram a conta, saindo para a rua. Embora fosse tarde da noite, ainda estava muito movimentado o lugar.

― Não vai ter nenhum metrô direto para o meu bairro nesse horário ― disse Lucy. ― Podemos pegar um que fique próximo do caminho. Se quiser, pode voltar para sua casa. Não precisa me acompanhar. Eu não disse aquilo a sério.

― Não me importo de acompanhá-la. Aliás, seria um prazer.

A garota sorriu. Colocou as mãos nos bolsos da calça e abaixou a cabeça, começando a andar na frente. Hideki a acompanhou.

Assim como no começo do passeio, ficaram calados enquanto caminhavam até a estação. Lucy pensava em sua relação com toda aquela história de Kira. Se ele não fosse seu amigo, jamais estaria envolvida, mesmo que o assassino de sua mãe tivesse sido morto. A culpa de todo aquele transtorno que estava passando era de Raito, e somente dele.

E mesmo que soubesse quem Kira era, se ele não fosse Raito, iria guardar esse segredo? Tinha certeza que não. Tinha muito a perder, guardando algo assim. Só não corria agora para a polícia, pois não conseguia se livrar do sentimento forte de amizade e cumplicidade que tinha pelo garoto.

Ela nunca gostou da ideia de alguém julgando por si mesmo as atitudes humanas. Um crime tem muito mais facetas do que se imagina. Algumas pessoas realmente não mereciam estar nesse mundo, mas... será que todos deveriam ser avaliados da mesma forma?

Essa era a resposta para a pergunta de Hideki. Ela nunca conseguiria seguir em frente, enquanto mantivesse essa valiosa informação.

Enquanto pegavam o trem, Lucy explicava seu trajeto para Hideki, conseguindo tirar a atenção desse assunto. Demorariam uma hora para chegar à estação de Yokohama, mas aproveitaram o tempo falando sobre viagens que já haviam feito e quais lugares mais gostaram de conhecer.

Ao desembarcarem, caminharam a pé pelas ruas um pouco desertas do distrito, a garota aqui e ali apontando lugares que gostava de ir para comer ou se divertir. Comparado com a interação no café, a companhia de Hideki estava mais leve para Lucy.

Alguns minutos mais tarde, chegaram enfim à casa dela.

— Bom, é aqui que eu moro. — Ela se virou de frente para ele, apontando com o dedão a casa atrás de si. — Muito obrigada por... sair comigo hoje. Eu me diverti.

Ele esboçou um pequeno sorriso, coçando a nuca.

— Eu quem devo agradecer pela companhia. Seria ótimo se... pudéssemos repetir a dose.

Lucy estreitou os olhos, parando uns segundos para pensar sobre aquele momento. Aquilo tinha sido um encontro? Definitivamente aquele não era o melhor período para se envolver com alguém, mesmo que fosse apenas uma amizade. Sabia que devia dizer não, mas Hideki representava um desafio. E ela sempre gostou disso.

Vasculhou a mochila e tirou um pequeno caderno de dentro dela, assim como uma caneta. Escreveu seu nome e número de celular em uma folha, arrancando-a em seguida e a entregando para o homem, que olhava interessado.

— Este é meu número. Mande uma mensagem quando quiser fazer algo. — Deu um meio sorriso. — Agora vou entrar. Boa noite, e volte com segurança para casa.

— Obrigado, senhorita.

— Pode me chamar de Lucy.

Enquanto ela sumia portão adentro, Hideki a observava. Quando finalmente se viu sozinho, ligou para Watari ir buscá-lo. Esperando, sentia um misto de confusão e incredulidade.

Não era possível que uma menina doce como aquela pudesse conhecer alguém tão vil como Kira. Não fazia sentido. L pôde perceber, durante a conversa sobre o assassino, que ela nutria um sentimento a mais do que simplesmente confusão. Decepção. Ela tentava impedi-lo de cometer os assassinatos?

Olhou para o papel em sua mão, a caligrafia fina e delicada um pouco difusa pelas luzes amareladas dos postes. “Por que ela, Kira?”, perguntava-se. “O que ela significa para você? O que faria se alguém como eu tentasse se aproximar dela?” Aquele caso estava mesmo sendo mais desafiador do que imaginou. E estava mais animado do que devia ao pensar no próximo encontro dos dois.


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