Acordei sobressaltado. Todo o meu corpo suava devido ao pesadelo que me atormentara durante toda a noite. O meu peito, palpitava sobre uma respiração acelerada. Levei a mão ao peito e tentei recompor a respiração. Voltou ao normal poucos segundos depois. Porém todo o meu corpo tremia. Já não era a primeira vez que aquele sonho me atormentava. Há uma semana atrás voltara a sonhar. 

“Nele havia neve por todo lado. Nada se via para além de um manto branco conjugado num nevoeiro denso. As árvores, como as casas em redor, foram “comidos” pelo manto meio acinzentado que persistia em se manter. Os meus pés descalços, percorrem a neve gélida sem qualquer orientação possível. Vaguei sobre o manto branco numa correria tentando alcançar algo sem sucesso. Acabei por cair de joelhos neste, assim que a minha respiração faltou.

— Só mais um pouco, Zero. – uma voz suou melodiosa e fina por dentro do nevoeiro.

Os meus olhos violetas tentaram verificar de quem era aquela voz, mas só avistava o nevoeiro como a dos flocos de neve que começaram por cair sobre o solo branco, preenchendo mais o manto denso.

— Só mais um pouco… - a voz continuava-me a chamar.

Levantei-me, com alguma dificuldade, e adentrei por entre o nevoeiro. O vento, que já preenchia os ares com um pouco de ferocidade, acabou por ficar mais veloz e os flocos de neve dificultaram o meu campo de visão. Mesmo assim, avancei um passo atrás do outro e desviei o meu braço, que há segundos me protegia os olhos contra a neve, e foi então pela minha face lágrimas de sofrimentos começaram a escorrer. Primeiramente e lentamente, mas pouco tempo depois com mais ferocidade. As minhas mãos foram levadas há boca. Perante o chão coberto pela neve, um corpo inundado em sangue permanecia quase coberto pelos flocos de neve.

— Kaname! – gritei com todo o meu fôlego e corri até alcançar o corpo. – Kaname! – a minha voz suou agora com angustia. 

As minhas mãos foram levadas ao corpo, pegando na cabeça com um dos braços e com a outra, sacudi-lhe a neve que tinha na cara. Reparei que o seu peito ainda subia e descia, mas com muita dificuldade. 

— Ze…ro…- a sua voz fraca suou com angústia.

— Kaname, porquê…o que raios aconteceu? 

— Afasta-te de mim! – disse

— Não! – disse friamente – Não te vou deixar aqui.

— Zero, por favor…afast…- as palavras morreram no ar. O seu peito começou a movimentar-se muito lentamente até que por fim acabou por….
O som de alguém bater na porta, despertou-me do meu pensamento.”

— Sim? – dei permissão.

— Não achas que está na hora de te levantares da cama? – resmungou Kaname que parecia zangado. 

Eu nada disse. Com um movimento de mão, pedi que se aproxima-se de mim e ele assim o fez.

— Aproxima-te! – pedi e Kaname obedeceu.

Foi então que os meus lábios tocaram nos seus num suave beijo apanhando-o desprevenido. Exigi mais do beijo, fazendo com que este abrisse a boca para poder o explorar mais e conseguiu receber o que queria da parte do outro. O beijo prolongou-se durante minutos até a respiração faltar.

— Eu amo-te! – balbuciei

— Eu sei! – sorriu o outro.

FIM

***
Quando sonhamos, pudemos sonhar coisas extremamente surreais, mas assim que voltamos a realidade, acabamos por ficar mais sensíveis mesmo sabendo que tudo não passa de um sonho.