Sequestrada escrita por AC Espadeiro


Capítulo 5
Jantar com os Belshoff




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Após a sessão, que começou às 16:00 e acabou as 17:00, minha mãe acabou lembrando que tinha que passar no supermercado. O que acabou por ser um grande problema pois eu não vou em supermercados. De forma alguma. De jeito algum! Isso é algo indiscutível em minhas sessões de terapia. Eu não tento, eu não quero nem ouvir falar. Eu não vou entrar em um supermercado porque isso significa entrar em um estacionamento, e acreditem, isso não vai rolar. Está completamente fora de cogitação. 

 

O mercado na 13, onde tudo aconteceu, fechou. Minha médica me contou quando eu sai da cirurgia que ele havia fechado porque o meu sequestro havia tomado tanta repercussão que as pessoas ficaram com medo de ir ao mercado e ele faliu. 

 

Mas, mesmo assim, não entro em outros estacionamentos. Nem abertos, nem fechados, cheios ou vazios, com câmeras ou sem. Eu não entro. Então, minha mãe resolveu me deixar na casa de nosso vizinho. Em situações normais eu não conseguiria aceitar isso, entrar na casa de um estranho, ficar sem meus pais. Mas, ao menos, eu conheço esses vizinhos desde que nasci. Eu e Nate, que hoje tem 17 anos, e também é meu professor particular, costumávamos brincar juntos pela vizinhança quando éramos pequenos. Me lembro vagamente disso, mas lembro. E o pai de Nate, o doutor Lawrence Belshoff, bem... Ele foi meu cirurgião na fuga. 

 

Ele é o homem que pôs minha costela e meu braço de volta ao lugar, foi ele quem recomendou que eu me tratasse com a doutora Pilar, e foi ele quem contactou meus pais quando minha identidade foi descoberta, já que eu estava desfigurada no dia e ele não tinha muita proximidade comigo pra me reconhecer 4 anos depois, até porque, muitos pensavam que eu já estava morta. Contudo, ainda me recordo perfeitamente de seu rosto espantado, sua expressão desacreditada. Ele é branco, mas naquele momento era como uma folha de papel. Ele não tinha palavras pra falar e nem conseguia se mexer ou piscar. 

 

Ele ficava me encarando, e eu estava sedada graças a enorme quantidade de analgésicos que estavam me dando, foi a primeira vez que eu pude olha-lo direito, observar suas feições com calma, e conseguia sentir uma familiaridade com ele, mas não me recordei ao certo. Foi ele quem se aproximou de mim após uns 5 minutos na minha frente, imóvel, incrédulo, e perguntou: "Você é Melanie Castellamary? Seus pais são Hollena e Roger Castellamary?" 

 

Assim eu reencontrei meus pais ainda naquela noite.  

 

E a mãe de Nate, Joanne, é policial, mais especificamente agente do F.B.I. e claro, como tudo nessa cidade está tão interligado, ela está sim envolvida no meu caso, mas não tem permissão pra falar sobre ele ou me questionar qualquer coisa sem a presença de meus pais e o consentimento deles por eu ser de menor. Então estarei segura sem ter que me preocupar em passar por um interrogatório.

 

Por mais que eu não tenha confiança na polícia em geral, por saber que ela não foi capaz de me encontrar, ou de encontrar meu sequestrador, tenho o mínimo de confiança necessária nela para atirar na cabeça de algum invasor. 

 

E pra completar, tem o Nate. Ele é a doçura em pessoa. Ele sabe o que houve comigo, o que significa que não preciso ficar escondendo nada e por isso ele não me acha uma louca que fica devaneando do nada. Bem, talvez um pouco, mas isso não atrapalha nossa amizade.

 

Acordo de meus pensamentos quando o táxi vai parando na porta da casa de Nate. Eu poderia ir pra minha casa. Ela está aqui. Bem ao lado, e eu ja tenho idade pra ficar sozinha. Como eu queria ter essa coragem...

 

Abrir a porta de casa, ficar na minha cama vendo algum filme, fazer algo pra comer, acabar com os doces na geladeira. Porém, tudo que eu consigo pensar é nas luzes vermelhas dos aparelhos eletrônicos que no escuro brilham de tal forma que parecem os olhos dele me fazendo estremecer de medo. Penso no interruptor que fica do outro lado do corredor, e no quanto eu tenho pavor de escuro. E penso que eu estaria sozinha, sem testemunhas, desarmada, vulnerável, assim como na primeira vez. Seria como montar uma armadilha para mim mesma. 

 

—Filha, você vai ficar bem? -Pergunta minha mãe mexida por ter que me deixar. Ela ja se culpa por tudo, sei como ela fica mal quando isso acontece.

—Vou sim, mãe. Eu gosto deles, tá tudo bem! -Em parte é verdade, mas também tem uma mentira. Digo saindo do carro batendo a porta enquanto ela abre a janela pra poder falar:

—Me desculpa mesmo. Eu não queria fazer isso com você, mas seu pai foi pra essa reunião e agora eu preciso ir ao mercado, mas eu vou voltar o mais rápido possível, eu prometo!

—Ta tudo bem, mãe, é sério! -Visto a mesma máscara que usei pela manhã para ir a escola. Só espero que ela não caia. -Tenho seu número, qualquer coisa eu ligo. 

—Jura?

—Juro, mãe. Agora vá, antes que a corrida fique mais cara. -Damos uma risada breve e eu completo. -Tchau! 

—Tchau, filha! 

 

Ela fecha a janela com um pesar no olhar e pede ao motorista que siga, mas, percebo que o mesmo vai devagar pela rua, provavelmente porque ela pediu para poder me ver entrando. 

 

Trepidando enquanto ando, vou rapidamente para a porta, e toco a campainha daquela casa branca. A porta se abre e quem a atende é o doutor Lawrence. 

 

—Olá, Mel! Que prazer revê-la, querida! -Ele fala com sua voz amigável e receptiva. Consigo me sentir bem com eles, sem aquela sensação de que estou atrapalhando. Quase como se eu fosse uma garota normal de novo. 

—Oi, doutor! É um prazer revê-lo também! -Nos cumprimentamos e eu entro, logo após ele tranca a porta. Um ato o qual eu não deveria nem perceber, mas, que para mim faz total diferença. 

 

A mãe de Nate, Joanne, levanta do sofá e sai da sala vindo para a entrada me receber. Ela usa um vestido vermelho de manga cumprida, que vai até metade de suas coxas feito de um tecido que parecia com lã, mas não era. Nos pés, uma sapatilha preta, e na cabeça um coque preto muito bem feito, mas simples, o que realçava sua postura de mulher séria e firme. Ela tem traços finos. Seus olhos são grandes porém a boca é pequena. Ela aparentava ter uns 40 anos, mas não me lembro ao certo. 

 

—Oh Mel, minha querida! Há quanto tempo! -Ela me abraça fortemente e eu tento retribuir, mas, só consigo dar uns leves tapinhas em suas costas me sentindo um pouco sufocada. 

—Tem só alguns meses que nos vimos, senhora Belshoff. -Digo tentando ser amigável mexendo incontrolavelmente na minha unha meio estranha com toda a situação. 

—Senhora? Ah! Por favor, Mel! Me chame de Jo! E o meu marido bonitão ali, você pode chama-lo de Lawrence, não precisa de toda essa formalidade conosco, menina! Não estamos na delegacia! -Ela fala animada, rindo, com um tom a mais de alegria que me fazia querer dançar com ela mas, infelizmente algo me prendia. Como hoje de manhã quando eu quis ser legal com a diretora mas, não consegui. 

 

Ela pergunta sorrindo e eu acordo na hora de meus pensamentos. Não é o melhor momento pra devanear. 

 

—Em falar em bonitão, cadê o meu filho, hein? -

—Oi! Cheguei, mãe, desculpe a demora! -A voz grossa vem da escada. Desvio o olhar para a mesma e vejo Nate, o garoto de 17 anos, alto, de cabelo louro curto, liso, jogado pra sua esquerda e suavemente ondulado nas pontas. Seus olhos verdes pareciam a relva das montanhas durante um admirável crepúsculo. Seu nariz fino apoiava seus óculos quadrados pretos que pairavam perfeitamente ali, acima de sua boca não tão fina, mas também não tão grossa. 

 

Ele possuí umas poucas sardas acastanhadas, que definitivamente trás um charme pra seu rosto. Ele usa uma camisa de maga cumprida e gola em círculo toda branca e uma calça jeans azul escura com seus tênis pretos. Em sua mão esquerda, ele usa um anel de prata presente da idosa avó. Ele que me contou. 

 

Nate de fato era lindo. Muito lindo. Ninguém podia dizer o contrário. Todas as garotas sofrem de uma queda enorme por ele, mas o Nate não é assim, do tipo "pegador". Sei disso porque conheço os pais dele, vejo como ele fala deles, como ele se porta, como ele age no dia a dia. Nate vem de uma longa linhagem cristã, ele não é do tipo que se envolve com alguém por uma noite e depois vai embora. Acho que é por isso que eu gosto de conversar com ele! 

 

—Mel! -Ele abre um sorriso de ponta a ponta com aqueles dentes brancos quando me vê e eu não consigo evitar retribuir aquele sorriso. O que é algo muito difícil pra mim, sorrir, mas após aquele sorriso era impossível não ficar feliz. 

—Nate! -Vou em sua direção e ele me envolve em seus braços e meu rosto se apoia em seu pescoço sentindo o cheiro de seu perfume. Como eu amo perfumes masculinos! 

—Crianças, vocês querem jantar agora ou preferem esperar um pouco? -Lawrence pergunta sorrindo.

—Por mim pode ser agora, mas, e você, Mel? Se não estiver com fome podemos assistir TV. -Nate pergunta, sempre educado. 

—Depende! O jantar é a sua famosa macarronada? -Sorrio me voltando para Lawrence e paro estranhando a mim mesma. Eu não costumo ser assim. 

—Mas é claro!- Ele responde orgulhoso.

—Então eu também estou com fome!- Rimos os 4 e vamos para a sala de jantar que é do lado esquerdo da entrada. Me sento ao lado de Nate, de frente para sua mãe. 

 

Sento-me e começo a me servir, pondo uma boa remessa de macarronada que tinha uma mistura de molho de tomate com carne, orégano e queijo. Era difícil dizer o que tinha, mas era definitivamente uma delícia.

 

Dou uma garfada percebendo com quanta fome eu estou, não como tem umas boas horas e nem havia me tocado. Nate me serve com a jarra de suco de morango e diz em seguida: 

 

—Suco de morango ainda é o seu favorito? -Ele pergunta rindo e eu respondo:

—Sim. Como sabe?- Rio de volta dando um gole no suco gelado e delicioso. 

—Quando sua mãe ligou pedindo para que você ficasse aqui está noite, minha mãe lembrou o quanto você gostava do suco de morango que ela comprava, então fomos correndo na mercearia comprar. 

—O quê? Ta brincando? Não precisavam ter feito tudo isso por mim! -Agradeço meio sem jeito mas, feliz com aquilo. 

—Claro que precisava! Queremos que se sinta bem-vinda, e que saiba que sempre que precisar, ou que quiser pode vir! -Fala Jo sorrindo para mim e eu retribuo sinceramente e nós voltamos a comer. 

—Então, Mel, soube que você se mudou pro colégio aqui perto. -Comenta Lawrence. 

—Sim, sim. Mas ainda não pude julgar o colégio, fiquei umas poucas horas, minha mãe foi me buscar após o intervalo. -Tento evitar o assunto. 

—Ah, isso é bom! Você vai se adaptando aos poucos! -Assinto com a cabeça sem tirar os olhos do meu prato. 

—Mel, você faz algo no seu tempo livre? Algum hobby? -Me estremeço com o tilintar do talher contra o prato que causa um barulho alto no meio daquela paz. Foi Nate que soltou o garfo na exata hora. Ele encara para a mãe com uma expressão hilária. Os olhos arregalados e a boca em silêncio apenas formando as palavras: "Não! Não! Não!" Tentando a impedir de fazer algo. 

—Eu? -Solto uma risada ainda olhando pra Nate sem entender direito, enquanto respondo a Jo. -Não! Eu fico em casa quando não estou na terapia ou tendo aulas com o Nate. -Ela da um tapa na mesa e saltita se pondo de pé gritando:

—AH! QUE COISA BOA!- Nate abaixa a cabeça cobrindo o rosto com as mãos. -Venha amorzito! Vamos mostrar pra esses dois um pouco de tango!!! -Ela diz de um jeito sensual segurando o marido pelo colarinho da camisa. 

—Ah não! Tango não! -Nate diz choraminga mas sou eu quem chora de rir com aquilo. Rio tanto que minha barriga chega a doer e ele ri também de sua própria família.

—Vamos, amorzito! -Responde Lawrence completamente encantado pelo charme da esposa.

 

Eles vão para o centro da sala. Jo da play na música e eles se juntam em uma posição um tanto quanto "quente". Quem diria que aquela mulher fardada teria uma queda pelo tango?

 

Nate fica completamente constrangido com a situação enquanto eu acho o máximo tudo aquilo. Ele segura meu braço e fala: 

 

—Gente! Eu e a Mel vamos subir, tá? Ela ja viu demais por hoje! -Ele grita tentando superar o som da moderna vitrola. 

—Que? Ata! Tudo bem! Se divirtam! -Ela fala sem entender muito pois está focada na dança e eu continuo rindo.

—Vamos, antes que eles mudem para o funk! -Levantamos e subimos as escadas correndo e rindo muito. 

 

Viramos o corredor e entramos em seu quarto. Damos de cara com a janela na frente. Ao lado dela fica a televisão, e em frente fica a cama encostada na parede. Do outro lado, o armário de 4 portas e 6 gavetas. Ele fecha a porta e eu caio sentada em sua cama rindo sem parar. 

 

—Isso foi a coisa mais humilhante da minha vida! -Ele diz. 

—Ah eles dançam super bem! -Digo e ele me encara sério fazendo-me voltar a rir. 

—Pelo menos eles te fizeram rir!

—Eles não. -Falo. -Você! 

—Então parece que o meu dia não foi tão ruim quanto eu achava. -Ele fala virando de costas e eu sinto meu rosto ruborizar. 

 

Olho para baixo tentando disfarçar o ruge em minhas bochechas antes que ele veja, embora eu suspeito que ele já tenha percebido. 

 

—Mas, me fale a verdade. -Ele diz em pé me encarando desta vez. -Agora que estamos a sós, diga, como foi de fato o primeiro dia de aula?

—2 surtos em menos de 30 minutos! -Respondo de imediato. -É um novo recorde, eu acho!- Falo pondo o cabelo atrás da orelha ponderando sobre aquilo. 

 

É constrangedor surtar. Eu me sinto como uma menininha de 5 anos chorando no meio da sala por um brinquedo quebrado enquanto todos os outros olham e caçoam pelas costas. 

 

—Você estava em um lugar diferente, novo, com muitas pessoas novas, é natural. Você foi forte. Muitos não conseguiriam dar esse passo. -Ele fala se sentando ao meu lado e ambos encostamos na parede. 

—Valeu... -Ele me envolve em seus braços e me abraça como um irmão, compreensivo, e atencioso. Apoio minha cabeça em seu peito enquanto ele acaricia meu cabelo com leveza. Eu posso ouvir a batida de seu coração levemente acelerada, e curiosamente aquele som me acalmava. 

—Fez alguma amigo? -Ele sussurra baixinho. 

—Sim... O zelador. -Digo em meio a um bocejo. 

—O zelador? -Ele pergunta confuso. 

—Sim! Seu nome é Olaf. Ele é um vovô de mais de 60 anos! É um amor de pessoa. -Falo lembrando de Olaf e do quão ele foi bom pra mim hoje. 

—Como sabe? 

—Senti confiança.

—Contou pra ele?

—Contei!

—Melanie! -Ele fala com um tom diferente. 

—O que foi? 

—Não pode confiar em um zelador do nada, não estou dizendo que ele é teu sequestrador, mas que ele pode ser, sei lá... 

—Outro sequestrador? -Pergunto. 

—Foi mal! 

—Nate, olha pra mim! -Tiro a cabeça de seu peito o olhando nos olhos ficando hipnotizada por alguns instantes, em silêncio, mas me forço a acordar desse transe. -Está tudo bem, contanto que não seja ele, eu sei me cuidar! 

—Pensei que tinha dito que ia guardar segredo, pra não ficarem te olhando estranho, como vítima. 

—E vou! Mas, Olaf ouviu meus gritos no banheiro enquanto eu surtava. Tinha que contar ou ele ia achar que eu sou louca de fato. 

—Ah... Mas você é um pouquinho! -Num súbito movimento suas mãos agarram minha cintura e ele começa a me fazer cócegas sem parar, sem parar e sem parar. Eu vou me contorcendo, gargalhando, ate cair deitada na cama e ele não parar mesmo assim enquanto eu grito de tanto rir. Então rapidamente, num momento de lucidez, agarro seus braços com força e o jogo para o lado caindo por cima do mesmo que agora estava imobilizado. 

 

Paramos os dois, percebendo nossos rostos próximos. Tão próximos como nunca. De repente não ríamos mais, apenas nos fitávamos um ao outro sem entender aquilo. Eu era capaz de sentir sua respiração se misturar a minha. Seus olhos verdes me encaram por alguns segundos, como se pudessem ver minh'alma. Em um ato de desespero, sem saber o que fazer, me jogo para o lado caindo deitada ao seu lado fingindo que nada daquilo acabou de acontecer. 

 

Nós respiramos ofegantes por alguns segundos, encarando o teto branco acima de nós. Lado a lado, caídos naquele colchão quando eu digo: 

 

—Ta a fim de assistir algum filme? 

—Pode ser! Qual você quer ver? -Ele pergunta. 

—Tenho que responder? -Viro o pescoço olhando-o ainda deitada. 

—Amelie Poulain? -Ele arqueia as sobrancelhas como se fosse a coisa mais óbvia do mundo e eu abro um sorriso enorme. 

—Com certeza! 

—Nós vimos esse filme 1000 vezes, Mel!

—E essa será a 1001! Anda! -Digo e ele ri se levantando e procurando o DVD. 

 

Pego meu celular e envio uma mensagem para minha mãe avisando que está tudo bem e ela logo responde:

 

Mãe:

Seu pai veio me ajudar. Daqui a pouco estamos indo embora! 

 

—Nate? -Ele para de abrir o DVD e me olha. -Acho que não teremos tempo de ver o filme, meus pais estão voltando, e eu não quero ficar aqui com eles já tendo voltado, vai parecer que eu estou me aproveitando.

 

Como se fosse algum tipo de força do universo, a porta se abre na mesma hora, é a Jo. 

 

—Ah, Mel, sua mãe acabou de me falar que já está voltando, mas se você quiser ficar ou dormir aqui, não tem problema!

 

Olho para Nate meio desajeitada e pergunto:

 

—E ai?

—Fica! 

—Quer mesmo que eu fique? -Pergunto. 

—Claro, vamos assistir o Nico procurar o álbum pela 1001ª vez! 

 

Eu sorrio feliz por seu pedido e agradeço a sua mãe que sai do quarto nos deixando a sós e ele sorri pra mim. Ele parece contente com minha escolha em ficar, e eu admito que fiquei feliz sim em poder escolher. 

 

Ele da play no filme e nos sentamos na cama que é virada para a TV. 

 

A música francesa, suave, mas contagiante, começa a tocar junto ao filme que se inicia e eu abro o mesmo sorriso de sempre. Nate me olha, e diz:

 

—Essa é a melhor parte de assistir esse filme com você. Por isso eu nunca me canso de vê-lo.

—Por quê?

—Porque sempre que ele começa você abre o sorriso mais inocente e mais lindo que já vi...

 

Eu sorrio pra ele e me recosto em seu ombro, voltando a olhar pra grande televisão. 

 

Aquele filme me encantava de uma forma a qual que não sabia descrever. Os pequenos prazeres da vida. As pequenas alegrias. Isso era tão fascinante...


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