retr(atos) escrita por Lyn Black


Capítulo 6
FRAGMENTO 6 – Lily Luna POTTER.


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou pra colocar a cara na chuva?
Vem que esse capítulo gostosinho foi feito com muito carinho nessa tarde de sábado para vcs.
Boa leitura, venham bater papo comigo quando acabarem :D



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FRAGMENTO 6 – Lily Luna POTTER.

(ela sussurrou ao pé do meu ouvido: “cuidado, querido, a vida vai te quebrar”)

 

 

O castanho claro dos seus olhos brilhava contra a luz forte dos holofotes, e o gloss labial vermelho rose passava a sensação de uma cola, selando seus lábios, embora o sorriso não deixasse sua face enquanto subia os degraus em direção da figura altiva do diretor Longbottom, quem segurava seu diploma. Lilian arrastou a saia longa pelos degraus, graciosa como sempre, e seu sorriso cegou com certeza aqueles na primeira fileira ao posar para a foto bruxa. O antigo chefe da Grifinória a envolveu em um abraço desajeitado de lado, murmurando congratulações, enquanto a plateia de desconhecidos aplaudia animada.

Era visível como a celebração era bem mais comovida do que quando, por exemplo, Dália Parkinson subira para receber não somente diploma, mas uma honraria. Deixemos de passagem que ela é provavelmente a aluna mais brilhante que por lá passou nos últimos dez anos, mas os nomes são muito mais importantes. Lily sabe disso. A sua mãe também, e a garota mal a localiza aplaudindo educadamente numa cadeira mais ao fundo, em intenção de sair do olho do público após o último escândalo sobre seu problema com álcool explorado pelo “Skeeter Diário”

Molly Weasley se dependura nos braços da filha, e a neta aposta que ela é provavelmente a única orgulhosa, e talvez esse seja o motivo para os seus olhos marrons brilharem de verdade quando o “clic” é escutado e ela é apressada discretamente para fora do palco. Luna morde o lábio inferior enquanto tenta se equilibrar para descer as escadas sem tropeçar nos saltos altos que Victorie emprestara de última hora. Ela não podia causar um desastre negativo, sua formatura deveria mostrar que os Weasley-Potter ainda tinham tudo sobre controle, muito bem, obrigada.

Lilian recebera uma carta do pai lamentando não poder estar presente, mas que era muito importante que tudo acontecesse perfeitamente para uma boa cobertura do tabloide contratado por ele. O vestido coral se alinhava bem no seu corpo, mas ela estava tentada a arrancar os brilhos cintilantes que contornavam sua barriga, certa de que eles provavelmente estavam aumentando a sua forma: Lily havia contornado o seu distúrbio alimentar dois anos atrás sem uma linha em nenhum jornal sequer. Pouco sabe, até hoje, sobre os movimentos de Tia Mione para que a história não vazasse para a população bruxa já que sua mãe ainda estava sem falar com Hermione naquela época.

— Lily! Você brilhou lá em cima. – a voz chegou aos seus ouvidos antes de tomar a imagem que se formava com maior nitidez em sua frente, os braços longos de Paul Shackelbolt logo circundando sua cintura.

Ele surpreendeu-a quando plantou um beijo mais demorado do que necessário em sua testa, mas ela colaborou sem muito entender. Lilian escrutinou aqueles ao seu redor para notar a coincidência: o jornalista de fofocas do Profeta Diário estava fingindo não encará-los alguns metros adiante. Lily engole seus suspiros e, como se desejasse buscar privacidade com o namorado, agarra-o pela mão, se desviando por entre as pilastras e gárgulas de Hogwarts, intimamente querendo se livrar dele o quanto antes.  Ela questiona-se mais uma vez se os sacrifícios que faz pela família valem a pena.

Lilian logo se vê rodeada pelos colegas de classe, e é posta em prova de atuação mais uma vez quando percebe que ninguém menos que Scorpius Malfoy caminha em sua direção, em sua pose e graça de herdeiro de um ex-comensal da morte. Parece que ele nem saiu de Hogwarts uns anos antes, mas a correspondência diária com Lily passou a sensação de suficiência, pelo visto.

— Então você é o namorado que a Lily se esqueceu de mencionar? – seu tom brincalhão tira qualquer tensão entre o círculo de jovens alegres por vê-lo e um sorriso constrangido aparece em Paul, que estende a mão para o outro:

— Paul Shackelbolt, prazer...

Os olhos azuis-gelo de Malfoy costumavam dar arrepios em Albus, Lily lembra-se de uma confissão bêbada do irmão, e admite finalmente que ele não é o único Potter que se achou se revirando em sono pelo loiro. Ela faz o impossível para não ler demais em supostas expressões corporais. O maxilar trincado de Paul é o mais longe que se permite chegar, Scorpius agarrando a mão do homem com firmeza, mas ele encara Lily de lado quando responde:

— Malfoy, sem formalidades, por favor.

E depois de quinze minutos, Lilian percebe como ele espertamente conduziu a conversa parecendo sempre receptivo ao seu acompanhante, quando, na verdade, Paul foi sutilmente deixado de escanteio à medida que Scorpius se aprofundava em algum assunto, ou falava algo específico das conversas por lareira deles. Seu olhar encontra o de Paul, e ele afaga sua mão e encara-a como se estivesse passando uma mensagem, mas eles não têm essa conexão, será que ele não entende?, e a Potter corre seus olhos para o adorável riso de Katie Sinistra. É uma pena que o ano está acabando, pensa, tinha certeza que elas poderiam desenvolver uma conexão especial, a moça sempre conseguira descomplicar Potter.

Lily consegue pedir licença e sabe que Scorpius a observa curioso se distanciar, mas ela realmente precisa encontrar a avó, é um momento único na sua vida. Encontra a matriarca Weasley conversando com a ex-diretora McGonagall, ponche na mão direita, e uma séria Ginny ao seu lado, encarando o vazio.

A comoção quando é notada é até linda de se ver, e a sensação de acolhimento ao abraçar Molly é sem dúvidas uma das melhores no mundo, a menina diria. Acho que foi Ginny quem conseguiu um fotógrafo voluntário, Smith do 6º ano, mas Luna estava incerta de sua identidade, então se manteve calada para não colocar mais uma vergonha na sua lista. Ele bateu algumas fotos, pediu poses e seus olhos grandes (parecia um filhote de veado) convenceram Ginny de abraçar a filha em mais de um momento.

— Como está, meu bem? Estamos tão orgulhosos de você! – a energia de Molly era contagiante, com certeza.

— Tudo bem, mas a ficha ainda não caiu. Eu não acredito que não vou voltar para Hogwarts mais! – talvez essa fosse a segunda vez na noite que não houvesse uma gota de falsidade em seu sorriso.

— Você sempre pode voltar como professora. – ela não pode dizer o que a sobressaltou mais, a voz perto de seu ouvido ou a mão deslizando pela sua cintura como se lá pertencesse.

— Oh, Scorpius! Quanto tempo, meu menino, você deveria me visitar mais. – o carinho desenvolvido pela Weasley por Malfoy era inexplicável para maioria e não muito apreciado por Ronald, especialmente. Ele foi envolvido num abraço acalorado, e pareceu devolver na mesma proporção.

Lily sorriu diante da troca, e até Ginny destorceu o nariz. Tão entretida pela conversa leve dos dois, tomou um susto quando a mãe se aproximou:

— Eu só notei o que seu pai fez quando você foi pegar o diploma, filha. Pelo menos ele é um bom garoto. – a condescendência no seu tom irritava a filha mais nova.

— Um garoto quem acha algo de real nesse fingimento. Parece que o pai dele não avisou o que “acordo para mútuo benefício” significa. – ela tentou manter o tom o mais baixo possível, mas riu com amargor ao notar que captara a atenção de Scor.

— Menos dramas, Paul sempre teve uma queda enorme por você.

Um silvo de irritação dominou-a.

— Eu não devo nada a ele por isso. Friendzone é a ideia fudida que mulheres são ingratas e deveriam dar algo em troca quando homens são decentes e legais com elas.

O cansaço atravessou o olhar de Ginny.

— Eu sei disso tudo, Lily, mas ele era a única opção viável. Agora aproveite a sua noite, querida.

 Lilian suspirou e virou as costas para a mãe, dando de encontro com o queixo pontiagudo de Malfoy, quem vinha na sua direção.

— Oops. – ele riu e tomou sua mão, e ela sabia que eles deveriam conversar. Afinal, ontem mesmo o garoto estava na Sibéria e cá se encontrava, ela sendo a única razão aparente para seu súbito aparecimento. Porém, Luna se calou e se deixou sentir a música ao lado de outro ser que parecia a entender.

Ela nem sentiu surpresa quando, antes de o ver deixar o castelo, cabelos rebeldes contra o vento e boina falhando em segurá-los, ele selou seus lábios com o seus próprios como se fosse seu “Boa-noite” costumeiro, quase um hábito que nunca fora abandonado. Talvez um susto leve, e o desejo de manter-se agarrada nele até a manhã tenham se sobressaído por alguns segundos, mas Potter neutralizou o rosto com maestria, um pequeno sorriso no rosto. Ele aparatou no momento que soltou sua mão, e ela podia jurar que viu estrelas em seus olhos. Lilian preferia fingir que não sentiu galáxias nos seus também, pois aprendera cedo que sua imagem em certos aspectos vinha antes da sua pessoa. Não havia nada que pudesse fazer.

 


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Notas finais do capítulo

NÃO VAI EMBORA NÃO.
Deixa um comentário pra essa autora simática, juro de dedinho mindinho que respondo ;)



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