retr(atos) escrita por Lyn Black


Capítulo 12
FRAGMENTO 12 - Albus Severus Potter.


Notas iniciais do capítulo

Olá fantasminhas!
Agora entramos numa nova fase da fanfic e acho que por essa vocês não esperavam (caso esperassem algo).
Aproveitem a leitura!



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FRAGMENTO 12 – Albus Severus Potter.

(Ninguém adivinharia o futuro moldado pelos Potter. Pior, ninguém saberia o que esperar dos filhos dos heróis.)

 

 

Granizo descia do céu como uma saraivada de balas, batendo nas vidraças da Mansão Potter, mas as cortinas estavam aparentemente fechadas. A casa seria dada como desocupada não fosse a luz avermelhada que escapava de uma janela do segundo andar. De lá, foi possível distinguir a figura que apareceu subitamente nos limites da propriedade – a magia é algo curioso somente para trouxas, já que nenhum dos observadores moveu um músculo diante da aparição.

O vulto seguiu correndo até a porta da casa, se agarrando ao capuz cinza do casaco para evitar as gotas que se misturavam ao gelo que o acertara várias vezes no caminho. Albus chegou a alcançar a varinha no bolso do moletom, mas a porta se abriu antes que a alcançasse, e ele entrou com as botas molhadas pelo saguão decorado em tons vermelhos. Antes mesmo de alcançar a escada envernizada, a porta já havia se fechado com uma pesada batida.

O jovem homem estacou em frente a um espelho no primeiro andar, e limpou mais uma vez seus óculos quadrados no casaco pesado, antes de retirá-lo, ficando apenas com sua blusa verde-musgo e uma jaqueta por cima. Traçava a linha do nariz que herdara da mãe com o dedo, vidrado nos seus olhos verdes, a herança da tal Lily Evans.

— Ah, é você aí, Albus. – a voz despertou Potter do seu transe.

Ele mediu com os olhos o corpo esguio e magro do afilhado dos Potter, quem fora ensinado ser o seu irmão mais velho. O mais novo torceu o nariz discretamente.

— Lupin, não esperava te encontrar aqui hoje. – falou, arrebitando o nariz em gesto automático.

— Já estou de saída, Al-al. – o tom de Teddy não era amistoso como Lily cansara de afirmar quando Albus vinha encher seus ouvidos sobre como ele era a ruína da família.

Eles mantiveram contato visual enquanto Lupin atravessava o corredor, descendo as escadas no seu gingado trôpego e descuidado. Potter não enxergava nem um pouco de elegância no homem, mas nada mudaria os fatos: Teddy sempre seria o orgulho de Harry Potter e isso fora uma semente amarga ao longo da sua adolescência na casa de Hogwarts mais desprezada pela família.

 

******

 

A porta está entreaberta quando Albus atinge o segundo andar. A luz já parece mais alaranjada ali em cima, diferente da visão de fora da casa, mas ainda assim incomoda as retinas do jovem.

— Você deveria ativar o feitiço para aparatar diretamente dentro da casa, filho.

O emissor de tal sentença é, previsivelmente, Harry Potter na casa dos 50 anos, com ainda a fina marca da cicatriz emblemática. Sentado numa cadeira acolchoada em rubro, a hipocrisia da temática grifinóriana que é a marca do escritório dele sempre causou arrepios em James, o filho mais velho de Ginny e Potter. Os cabelos negros ainda estão lá, mas um leve caminho de fios prateados já aparece se a luz for mais clara. Suas roupas bem cortadas e formais, o sobretudo longo e preto são um uniforme condizente com sua alta posição no Ministério.

Ele não se levanta, nem mesmo desvia o olhar dos pergaminhos que lê, mas Severus já sabe os costumes, e arrasta sem questionar a cadeira posta em frente da mesa de mogno de Harry. O assento ainda está quente, e com desgosto chega a sua mente quem era o antigo ocupante, porém Albus ignora os sentimentos que dirige a Teddy.

— Alguma nova diretriz, senhor? – fala, a voz resguardada.

Por um momento, Harry pausa a pena em meio da ação, e verde encontra verde.

— Conseguiu lidar com aquele garoto de Brighton? – Harry questiona inquisidor.

— Ele tinha oclumência natural, como nunca vi antes. – Albus engole em seco após colocar a verdade na mesa.

— Então ele continua sabendo como Molly II deixou a companhia dos vivos. – ele conclui a ideia introspectivo, perturbação perpassando a sua face.

Harry pula da cadeira, e passa a andar em pequenos círculos atrás de Albus, quem não se digna a virar para encarar o pai.

— Ele concordou em fazer um voto de silêncio. – Albus arrisca dizer. – Em memória dela.

O barulho dos passos para.

— Em quais condições? –questiona alarmado o famoso bruxo.

Albus olha para o teto e empurra a cadeira, encontrando os olhos do pai no mesmo nível ao se posicionar praticamente em frente dele.

— Tem que ser com você.

— Impossível. – a decisão é resoluta. – Manteremos vigilância constante nele, ele não pode ter contato com ninguém do mundo magico, você se certificará disso. Algum relativo positivo, Albus?

Harry faz a pergunta num tom aborrecido e quase desgostoso. Um grunhido de irritação escapa sem querer do mais jovem.

 - Eu posso me informar dos passos dele, mas eu não vou ficar de babá dele, pai. Eu tenho a minha própria vida. Arranje outra pessoa para manter um homem de vinte anos dentro do próprio apartamento.

Albus às vezes questiona se sua vontade infinita de se provar para o pai não está o destruindo aos poucos, mas no final das contas, ele não colaborar com o pai é equivalente a não ser ele mesmo. É a sua natureza, gosta de colocar de forma poética. Hugo Weasley criticava-o ferrenhamente por isso, e foram as confissões quanto aos planos de Harry para ele que arruinaram sua amizade com o primo. Terminara tragicamente sozinho.

Harry parecia enfrentar uma contradição.

— Verdade. – ele nunca falaria explicitamente que Albus estava certo, e não era uma questão geral, mas específica da sua relação com o garoto do meio. – Eu me encontrarei com Aldous Malfoy pessoalmente então, se é a vontade dele, mas não farei o voto com ele. Não é extremo como um voto perpétuo, mas poderiam provar nosso envolvimento. 

Albus arregala os olhos.

— Malfoy?

Harry sorri com cinismo para a janela praticamente encoberta pelas cortinas. O barulho das gotas de água é um eco distante.

— Oh, omiti esse detalhe, filho, desculpe. Descobri por um acaso, há muitos anos atrás, mas não mencione com ninguém, sim? Não faz diferença para o nosso problema.

— Ahm, claro. – ele gagueja um pouco, e se pergunta irônico o quanto aquelas missões lhe pertence. – Mas o que fará sem o voto dele?

— Nada, só quero saber o quanto ele sabe. Ele estava na região, segundo as câmeras trouxas, mas a neblina era muito densa naquela noite. Foi um erro você ter ido falar com ele sobre.

— Eu só banquei o primo preocupado e aficionado com a ideia de que a Molly precisa descansar em paz, e todo esse texto pré-pronto. Foi um jogo perigoso, mas agora temos certeza de que ele já sabia de algo.

Harry concordou com um gesto da cabeça, e pousou a mão no ombro de Albus, num gesto de afirmação paternal, muito comum antes da crise de Ginny a qual fora seguida do distanciamento completo dos dois em questões de coração.

— Eu sei que cobro de você mais do que de qualquer um, Albus Severus, porque me importo. Assim que essa inconveniência for resolvida, tire um tempo para você. Depois, se quiser, será uma peça valiosa para o Esquadrão dos Aurores. Seu treinamento poderia ser reduzido para três meses devido a sua experiência como meu agente.

O filho tentou desviar os olhos, e deixou o velho sem resposta. Não tinha mais vontade de conseguir o trabalho no Ministério de subordinado do Harry Potter, o que não mudaria nada a sua situação, só ganharia um emprego pelos favores de seu pai. Seria um inferno, e ambos sabiam disso. Optou por desviar de assunto:

— O jantar deve estar sendo posto agora, melhor descermos para comer com Lilian Luna.

— Ah, sua irmã pegou um trem para Rússia ontem à noite. Sua mãe falou que ela ia se encontrar com o filho de Draco em Moscou, mas Lily claramente não compartilhou essa parte comigo.

— Você nunca foi fã do Scorpius, pai. – respondeu, já saudoso do brilho castanho dos olhos de quem dizia ser a mulher de sua vida.

A menina crescera e o deixava, finalmente. Albus sabia a razão de ela não ter avisado, afinal, ele com seus olhos cheios de dor reprimida atrasariam a partida da mais nova.  Lily era por demais amável para deixar o irmão machucado para trás.

Harry deu de ombros, condescendente.

— Eles sabem cuidar um do outro, e eu não gostava de ter que fazer prosa com Draco, só isso. E Lily já tem até a bolsa de estudos em magia rúnica arranjada, não há quem a impeça. – falou com certo orgulho da filha.

— Lily sempre foi a mais inteligente de nós três. – o Potter nunca conseguiu conter sua simples adoração pela irmã mais nova.

Harry sorriu para ele, também apegado na lembrança da moça que começava o seu caminho pela vida adulta em outro continente. O brilho em seus olhos foi logo substituído pelo opaco monótono das obrigações de trabalho, e acabou dispensando Albus.

— Eu tenho que acompanhar o desenvolvimento das missões oficiais. – ele indicou uma pilha de relatórios na mesa com o emblema dos Aurores. – Já jantei com Teddy e sua mãe, você não se incomoda se eu adiantar esses papéis, sim, Albus?

— Sem problemas, senhor.

E ambos ignoraram a forma de tratamento. O jeito mesclando insolência da pessoa que Harry mais confiava para realizar serviços pessoais foi ignorado descaradamente. Albus comeu encarando o vazio, a mente vagando longe. Aldous ainda permanecia preso no reflexo dos seus olhos, mas o Potter não tinha remorsos por ocultar do pai um fator que descobrira acidentalmente.

Aquele Aldous certamente era muito próximo de Hugo, e independente das feridas numa amizade de toda uma vida, Albus prometeu a si mesmo algo no dia em que descobriu o que acontecera com Molly, sua prima vibrante e geniosa, pelas mãos da própria família: proteger quem ama a todos os custos.

E lamentavelmente, Harry Potter não estava mais na lista. Hugo Weasley nunca a deixaria, e ele podia sentir a magia do primo impregnada no garoto de Brighton. Ele seria poupado, ele faria o que fosse necessário. Se Lily era a mais inteligente, a ambição e determinação de Severus eram indiscutivelmente incomparáveis.

 


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