retr(atos) escrita por Lyn Black


Capítulo 1
FRAGMENTO 1 - dominique


Notas iniciais do capítulo

Alô alô marciano aqui é da Terra...
Olá todo mundo! Espero que gostem desse primeiro capítulo!
Boa leitura



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FRAGMENTO 1 - dominique

(obtido através de vídeos de câmeras já destruídas, e relatos confidenciais)

 

 

Dominique desliza a ponta do dedo indicador pelo fio de cabelo desalinhado. A luz é boa o suficiente para ver que uma parte do seu cabelo tem um tom levemente mais claro, resultado do feitiço de Fleur após se deparar com as madeixas da filha tingidas de preto algumas horas antes. Ela se encara no espelho: as argolas com ametista nas orelhas, o vestido longo lilás com a fenda que vai até a sua coxa, os sapatos mais desconfortáveis que já colocou em seus pés e o pó no seu rosto ocultando a acne. Seu olhar se prende por alguns segundos na janela: vigésimo sétimo andar. Seus dezenove anos não são suficientes para aparatar em queda e sair ilesa.

Seus olhos vagam pela suíte luxuosa, a arara cheia de vestidos e casacos que não se parecem em nada com quem ela é e o seu reflexo refletido no chão. Pratica mais uma vez o sorriso para o espelho antes de endireitar a postura. A garota sente sua pele formigar, sua essência mágica, diria uma das primas, agitada. Se bem se lembra, só havia uma pessoa capaz de mexer com algo tão profundo e enterrado dentro de sua mente como magia, mas aparentemente o nervosismo é forte. Afinal, é simplesmente impossível a outra explicação plausível.

Os passos rítmicos tão característicos da organizadora do evento chegam aos seus ouvidos momentos antem do “clic” da chave. Dominique posiciona-se em frente à cadeira, a mão repousada na mesa, mordendo o interior da bochecha para impedir que seus olhos viajem para fora de órbita. O impulso lhe diz para simplesmente lançar na direção da outra o objeto afiado mais próximo, porém não passa de uma fantasia violenta produzida pela sua cabeça. É nesse momento que se arrepende de não ter aprendido a fazer magia sem varinhas, mas ora tudo fora feito às pressas para conseguir o diploma em Hogwarts um ano antes do previsto, eram grandes os planos de Aunty Gabrielle, algo entre modelo e ícone das mídias digitais bruxas.

A Weasley sabia que Rose havia começado a trabalhar na sincronização de tecnologias trouxas e magia alguns anos antes, e agora ela seria a garota propaganda a manipular o resto dos tolos feiticeiros. É verdade, Domi nunca se importara em guardar informações sobre o que chamavam de “a família do século” em tantas manchetes, preferia se concentrar nas bebidas que Peter Finnigan iria contrabandear para a próxima aventura deles. Ela escutara por entre os sussurros de sua mãe com outros parentes sobre o tio que só se lembrava de jantares de família e dos livros da história contemporânea da bruxaria, algo sobre preservar o legado, consolidar seu papel naquele mundo, entretanto, Harry Potter era um borrão na sua adolescência de qualquer jeito, e sendo uma das caçulas da família, fora para o bem de sua sanidade, cercada por ignorância.

O último sobrenome foi deixado de lado por razões de venda da marca Delacour, foi lhe dito na noite anterior quando participou do ensaio para essa noite. Ela não se enxerga ao se ver conduzida pelas escadarias de mármore até atrás das cortinas que cintilam um vermelho rubro, mas encontra-se posicionada na entrada certa sob o olhar escrutinador de sua mãe que fala num estranho celular. A mulher quem a guiara já se encontra desaparecida, mas um homem de terno, varinha em punho e óculos escuros mantem a sua guarda. O eco de um barítono desconhecido anunciando a “única Dominique Delacour” a traz para a realidade.

Os aplausos são reconfortantes enquanto desliza pela plataforma. Seus olhos alienados sofrem certo choque ao encontrar olivas pupilas de Safo Nott na primeira linha plateia. É o tempo suficiente para rodar suavemente e posar por cronometrados 3 segundos, e talvez ela se lamente depois por ser sempre a princesa resgatada e não aquela disparando as balas, mas o alívio espalha pelo seu coração quando em meros instantes sente a mão tão conhecida da garota três anos mais velha tomando a sua.

A plateia já está se levantando uma vez que os alarmes de perigo soam ensurdecedores, e é óbvio que eles haviam de derrubar as cortinas rubras, levando parte do palco abaixo no processo. Weasley escuta outra voz conhecida disparando uma maldição (ou feitiço qualquer, ela se desacostumou com magias avançadas) antes de ver a boca da outra sussurrando um “Desculpe” antes de sentir a agulha em uma veia proeminente no seu pescoço.

Encontra-se inconsciente antes mesmo de deixar o prédio francês nos braços da mulher mais odiada pela sua mãe, porque ora, é claro como água cristalina que Fleur Delacour sempre nutriu um ódio especial por quem roubou o coração da filha do meio. 

Dominique, mesmo em seu estado letárgico, sente-se em casa pela primeira vez em anos ao acomodar sua cabeça na curva do pescoço de Safo.


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