Conexões escrita por Creeper


Capítulo 3
Baby, sir and...


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaaa ♥! Lhes desejo uma boa leitura e espero que gostem ^^! Esse cap tá beeeem curtinho em comparação aos outros ;u;

AVISO: o capítulo contém insinuação de sangue e descrição de mordida dolorosa O.o



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O sol acaba de nascer, o comércio começa a ganhar vida, a terceira idade varre a frente de suas casas e estudantes correm para não perderem o metrô. Observo tudo isso do banco de trás do carro, sentindo a suave brisa da manhã.

— Você dormiu direito? – Yumi, a estagiária da Scarlet’s Music, me olha pelo retrovisor.

— Nem um pouco... – murmuro e me esforço para manter meus olhos abertos. Sinto minha cabeça latejar.

— Estamos quase chegando, é melhor você se trocar. – Yumi avisa e aperta um botão para que as quatro janelas de vidro escuro se fechem em sincronia.

Endireito minha postura, levando em conta que estou praticamente jogado sobre o banco. Abro minha bolsa esportiva sem ânimo, arrastando o zíper lentamente. De dentro dela, retiro uma camiseta cor vinho, uma jaqueta de jeans escuro e óculos de sol. Já trajava jeans rasgados, coturnos pretos e o toque final: cabelos escarlates; tingi meus fios loiros com um spray lavável logo que acordei.

Termino de me caracterizar e Yumi pergunta:

— Onde está o seu penduricalho?

— Pendu... O que? – faço uma careta de desentendimento.

— Oh, desculpe, sua correntinha... Aquele colar de cruz! – ela se corrige. – Ele é a marca registrada do seu irmão, não?

Yumi e seu palavreado caipira, chega a ser engraçado.

— Devo ter o deixado no estúdio, ando meio esquecido. – forço uma risada enquanto fecho uma pulseira em volta de meu pulso.

Chegamos ao enorme prédio da Scarlet´s Music, os raios de sol batem contra a construção espelhada e me fazem agradecer por “Luck” estar sempre de óculos escuros.

Vou até o banheiro, cumprimento rapidamente a todos que vejo pelo caminho, torcendo para não trombar com o técnico. Tranco a porta e me direciono ao grande espelho acima do conjunto de pias.

— Luck, Luck, Luck. – sussurro e consigo visualizar a imagem de meu irmão refletida ali.

— Oh, você está uma graça. – ele diz com um ar irônico.

Reviro os olhos, retiro os óculos escuros e os prendo na gola da camiseta.

— Nossa, você é muito bom nesse lance de se vestir de mim! Veja só, está igualzinho a um fantasma, adorei as olheiras. – Luck debocha de minha péssima aparência resultada de noites mal dormidas.

— Preciso do colar. – ignoro sua brincadeira.

Luck dá um sorrisinho de canto e estende sua mão. Faço o mesmo, de modo que a minha encoste na sua, tendo apenas o espelho para barrar nosso contato.

As luzes começam a piscar, as torneiras despejam água exageradamente e as portas das cabines abrem e se fecham repetidas vezes, o ambiente fica absurdamente barulhento.

Fecho os olhos suavemente, sinto a queda da temperatura e os arrepios contínuos que sobem por minha espinha. Escuto um tilintar de correntes, seguido por um toque gélido.

Dedos se entrelaçam aos meus.

— Tão frio... – sussurro e abro os olhos.

— Tão quente... – Luck sorri ao encarar nossas mãos entrelaçadas. – Havia me esquecido de que os vivos são assim... – solta uma risada abafada e carregada de dor.

Mesmo sendo um espírito, seu toque é tão real ao ponto de me despertar o desejo de puxá-lo para fora do espelho e dar-lhe o mais apertado dos abraços.

Há uma corrente prateada entre nossas palmas. Cheio de hesitação, Luck afasta sua mão lentamente e volta a ser somente uma imagem no espelho. As luzes se estabilizam, as torneiras se fecham e as portas param de bater.

— Vai lá e me permita sentir o gostinho que é estar vivo. – Luck mostra sua língua, exibindo o piercing que há nela. Fui obrigado a colocar um também, afinal, quanto mais autêntico, melhor.

Apenas sorrio em resposta, coloco o colar em meu pescoço e saio dali.

—  Oh, não! Luck usou o banheiro novamente! – o faxineiro não demonstra bom gosto ao me ver. – O que você faz lá dentro que deixa tudo inundado, hein?

— Sinto muito, acontece! – rio constrangido.

Volto a colocar os óculos escuros e corro até a sala em que a banda está, sou logo recebido por um baixinho impaciente:

— Que droga, Taylor! Você sempre se atrasa!

Alexy Blanc, mais conhecido como baterista da Crux. Pode ser o membro mais novo e o de aparência mais fofa, contudo, é “a própria cobra do Éden” (palavras do Sora).

— Já podemos começar? – o guitarrista boceja. – Tenho assuntos importantes para resolver em casa. – massageia sua nuca.

Mesmo que Philipe Vitorinni seja o membro mais velho e “responsável”, ele não larga seu vício pelos videogames (os tais assuntos que ele tem para resolver) desde que Luck o entende por gente.

— Sora, se você for abrir a boca para fazer alguma piadinha, eu juro que te faço engolir o baixo que está segurando. – Philipe lança um olhar ameaçador para o baixista.

Sora Shimizu pode ser considerado o mais bem-humorado da banda, apesar de ser o dono das piadas ruins e pensamentos sacanas em momentos desnecessários.

— Sim, podemos começar. – respondo à pergunta anterior e me dirijo até um canto isolado.

Sora bate no vidro que separa a sala em que estamos da que manipula o som, Yumi compreende e vai atrás do técnico.

Enquanto os garotos conversam e afinam seus instrumentos, levanto a manga da jaqueta e levo meu braço até minha boca: cravo os dentes com força o suficiente para rasgar a tez. Rosno de dor ao observar o sangue vivo que escorre pela corrente abaixo da mordida e fico hipnotizado pela imagem do pingente de cruz sendo banhado de vermelho.

Fecho os olhos e consigo materializar uma sala escura. Há duas pessoas nela: eu e meu irmão, um de costas para o outro. Pingos vermelhos começam a pintar o ambiente, deixando-me atordoado pela mistura de cores agonizantes. De modo abafado, ouço um som de correntes se partindo e meus pulsos ficam pesados até demais, levando-me ao chão.

A troca foi realizada, pertenço ao mundo espiritual momentaneamente. Os pingos preenchem a sala em excesso, não vazam e nem evaporam, apenas se juntam para construir um mar de cor suja. Meus ouvidos já estão imersos e meus olhos já não enxergam mais com clareza. Me sinto pesado, ao ponto de desmaiar e logo em seguida estou tão leve quanto uma pena, pronto para flutuar.

— Vamos arrasar! – falo animadamente e agarro o microfone no centro da sala.

— Eu acho incrível essa mudança de personalidade do Taylor... – Sora ri, diminuindo o tom de voz para falar o nome de meu irmão. – Parece até que ele incorpora o... Vocês sabem... – encolhe os ombros e vira o rosto, aparentemente receoso.

— É, mas eles são gêmeos, é de se esperar. – Alexy sussurra e revira os olhos.

Cubro a boca ao rir da ingenuidade de meus amigos e ligeiramente limpo o sangue do pingente.   

— Vamos lá, senhor atrasadinho? – o técnico adentra a sala do outro lado do vidro, junto de Yumi.

Respiro fundo, sentindo-me ótimo. Com certeza, essa é uma das minhas sensações favoritas pós-morte. Meus pulmões se enchem de ar após muito tempo... Isso é incrível!

— Claro! Hoje eu estou louco para cantar, sir! – dou um sorriso torto e retiro os óculos de maneira sedutora.

Estou de volta à vida, baby!

 

xXx

Regra II: Para que outra alma possa viver, o seu sangue deverá ceder.

xXx

 

 


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!
Bjjjoes.
—Creeper.



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