Multiuso escrita por AoKiseForever


Capítulo 1
Capítulo 1




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Talvez mesmo que passasse 1000 anos jamais esqueceria daquela dor.

A vida é imprevisível. Nunca sabemos ao certo o que pode acontecer em um minuto, uma semana, um mês ou um ano. A realidade é: Não temos controle de nada. Não importa seu dinheiro, fama, influencia ou qualquer outro tipo variado de poder que tenha. Ser rico, famoso e bonito não te torna invulnerável aos imprevistos.

Ou a dor...

Eu sabia bem disso. Infelizmente eu sabia muito bem disso.

—Você precisa seguir em frente.... Eu sei que é difícil. Mas já são dois anos. Você vai sofrer para sempre?

Há dois anos. Para ser mais especifico... Dois anos, quatro meses, treze dias e 36 horas que perdi alguém muito especial. Meu namorado.

Talvez estejam pensando: “Ah, é só mais um luto no mundo”. Não. É pior que isso. Porque quando ele morreu, não perdi apenas o meu namorado. Foi um conjunto. Ele era bem mais que alguém que eu trocava beijos e caricias. Não era somente o amor da minha vida. A única pessoa que verdadeiramente amei. Era o meu melhor amigo, rival, cumplice.

Vocês já tiveram alguém que conseguia ser várias pessoas em uma só?

Parecia aqueles produtos multiusos que compramos em supermercado, mas no fim só damos uma utilidade a ele.

Bem, eu tinha uma pessoa “multiuso” na vida. Mas diferente desses produtos, eu fazia bom aproveitamento de tudo que ele era para mim.

A vantagem?

A vida era completa com ele.

Desvantagem?

É só ler a resposta da pergunta anterior.

Sim. Esse é o mal de você ter uma pessoa “multiuso” em sua vida. Porque se a perder.... Você não perde só um amigo, amor, rival ou cumplice. Você perde tudo. A vida fica um eco, vazia e incompleta no fim.

O que é um amigo? Um irmão que não é de sangue? Alguém que Kami¹ não te deu uma ligação de laço sanguíneo, mas deu algo tão forte – ou quem sabe- até mais forte que isso? Alguém que você divide tudo. Se for verdadeiro, claro. Com ele era assim. Dividia tudo. Desde meu lanche aos meus medos. Ele sabia minha senha do celular ao cartão de credito.

Amor? Acho que essa palavra dispensa explicações, não é? Mas vou tentar por menos de 1% nessas linhas o que é.

Existe vários tipos de amor no mundo. O amor movido ao desejo da carne. Chamando de Eros, pelo menos já ouvir falar uma vez disso. Seria como, popularmente falando, a atração física. Aquele desejo irrefreável que necessita ser saciado. Aquele fogo invisível que te queima o corpo. Agora vem um amor mais maduro, calmo, alegre, geralmente direcionado a amigos e familiares (prestem atenção que digo familiares e não parentes). Esse amor anda lado a lado com a gratidão pela alegria pela pessoa existir em sua vida. Casais que adquirem a maturidade do tempo possuem esse amor. Aquele amor altruísta, que você não se importa de fazer coisas para deixar o outro feliz. Que um sorriso genuíno dela já te faz mais feliz do que se tivesse recebendo esse agrado da pessoa amada. Você se doa por completo sem se preocupar quem está mais entregue ou não na relação. É um tipo de amor bastante restrito. Você não sente por qualquer pessoa. Existe também aquele amor mais obsessivo. Tudo que é demais em quantidade se torna nocivo, correto? O amor não fica de fora. Existe o amor platônico, o amor próprio, o amor ligado a religião... São tantas variações desse sentimento que geralmente é o protagonista de todos os sentimentos.

E qual tipo eu sentia? Bem.... Seria correto dizer que fosse um que era uma variação de todos. Por que? Eu explico.

Vejam bem, eu não vivo em mundo de fantasias ou sou daqueles que ama a ponto de perder seu amor próprio. Eu acredito fielmente naquele ditado que diz “Se você não se ama em primeiro lugar, então não saberá nunca amar direito os outros”. Para amar alguém direito você precisa se amar, correto? Ou então só terá variações de sentimentos obsessivos por uma pessoa, não amor.

Intensidade é meu segundo nome. Então obvio que eu só posso amar as pessoas dessa forma. Quente ou frio. Viver no morno não me agrada. Conheço muita gente, falo com vários, mas não é todos que eu amo. E ele era uma das pessoas que eu mais amava com toda minha intensidade no mundo.

Amava...

Não. Esse verbo no pretérito imperfeito não condiz com minha situação que está mais do que nunca no presente. Eu amo.

O desejo incontrolável sempre que chegava perto dele. Um fogo que incendiava não só meu corpo, mas minha alma. Ele me fazia viver com ainda mais emoção do que eu costumava. Apesar do mesmo ser tão preguiçoso. Mas juntos.... Não existia sono. Nem na cama ou fora dela. Se é que vocês me entendem.

Apesar de novos.... Existia o amor maduro. A gente seria capaz de qualquer coisa pelo outro. Nunca me importei de agrada-lo e nem ele de fazer coisas que normalmente odeia para ficar comigo. Por ele, eu ficava o dia todo parado na cama e por mim, ele ia para uma tarde agitada no shopping.

Exista até mesmo um pouco daquele amor obsessivo. Ambos ciumentos e possessivos demais. Ele era meu. Então claro que eu tinha razão de não querer peituda oferecida ciscando para cima do meu namorado. E digo a vocês que só não estou na cadeia hoje porque amo minha liberdade e não ia matar ninguém e deixar caminho livre para as oferecidas caírem em cima dele.

Nós tínhamos também o amor de amigos, claro. Afinal éramos melhores amigos...

Usar esse verbo no passado doí. Nunca achei que nos separaríamos. Nem como namorados e tampouco como amigos. Mas.... Nem sempre estamos certos, né?

Vocês devem estar se perguntando como eu o perdi. Como ele morreu. O que aconteceu.

Ele não morreu.

Sim, choquem. Ele não está morto. Pelo menos não fisicamente.

Ele teve outro tipo de morte. Aquela que ocorre dentro de você mesmo. Que você morre, mas continua respirando. Ele se perdeu em meio a tanta gloria, tanto talento. Talvez por não ter tido altos e baixos, ele acabou caindo mesmo continuando no topo.

E eu?

Cai junto com ele. Mas não sei se ele chegou a notar. Talvez meus sorrisos radiantes para a mídia e minha popularidade ofusquem como eu estou machucado. Ele tentou me proteger do seu novo eu e se afundou mais nesse lado depressivo. Mas não percebeu que me “protegendo” dele, apenas me machucaria mais.

Eu teria ficado ao seu lado. Doeria não ver o sorriso verdadeiro que eu tinha me apaixonado? Doeria. Mas ao menos o teria comigo. Me esforçaria para não o deixar ainda mais fechado do que ficou. Eu só queria continuar com ele...

...................

—Ei, Satsuki. Você ta livre amanhã? – Perguntou, mantendo sua atenção sobre o céu que não estava exatamente estrelado aquela noite.

—Hm? Sim, por quê? – A rosada perguntou. Estava curiosa sobre a pergunta.

—Vamos fazer umas compras? Quero comprar um tênis novo. Quero treinar... – O moreno respondeu à pergunta da manager da Too com uma expressão pensativa.

Momoi alargou os olhos por frações de segundo ao ouvir a resposta do amigo. Aquilo gerou um sorriso verdadeiro que beirava ao emocionado.

—Sim! Mas você me paga um jantar. – Disse com uma voz divertida.

—Ehh??

..........                                                       

—Por hoje é só, Kise-kun. Belo trabalho! – A fotografa elogiou o modelo, que tinha um sorriso simpático nos lábios, mas sua cabeça passou a sessão inteira de fotos na arena há uns km dali.

—Obrigado! Boa noite. – Cumprimentou a mais velha, enquanto ela ia embora.

O modelo se despedia da equipe que o auxiliou em mais um trabalho e foi até seu camarim.

Ryouta trocou de roupa e quando estava pronto para sair, sentiu seu celular vibrando no bolso da calça.

“Kii-chan... A Too perdeu. Achei que você iria querer saber disso. Ele voltou. Beijos ♥ “

Os olhos de Kise estavam arregalados diante do conteúdo da mensagem que acabara de ler.

Too perdeu?

Perdeu??

Tetsuya junto com a Seirin haviam derrotado Daiki e a Too...

—Ei, Ryou- O que houve?? – Sua amiga entrou no camarim e viu os olhos do loiro marejados e um sorriso involuntário ia nascendo nos lábios.

—Too perdeu... – Kise contou a novidade e viu a confusão nos olhos de Maya.

—Você queria tanto assim que eles perdessem? – Indagou preocupada. Sabia sobre a história por trás do modelo e Aomine.  

—Era um mal necessário. Eu sempre quero que ele vença, mas foi isso que o levou a ruina. Eu sempre achei que se ele perdesse... O antigo Daiki voltaria. – Confessou para a morena. A menor o fitou compreensiva.

—Pelo seu sorriso.... Presumo que você acertou. – Disse sorrindo. Ryouta alargou o sorriso.

—Já me faz feliz saber que ele está bem.... Mesmo que os dias não possam a voltar a ser como antes. – Sussurrou, sentindo o coração doer, mas era sincero. Queria Aomine bem como antes. Ainda que jamais recuperassem a amizade.

Ele o amava. O amava verdadeiramente para torcer pelo astro do basquete da Too sempre. Daiki conhecera a derrota, finalmente. Agora ele saberia valorizar os momentos de vitória. Afinal.... Ela já não era mais uma certeza. Assim como tudo na vida. Idas e voltas. Vitória e derrota. Subida e descida. Começo.... E fim.

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

¹- Deus em japones.

Quem leu, eu agradeco e espero que tenham gostado.



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