A Morte de Dorian Gray escrita por Laiz_Diniz


Capítulo 1
A Morte de Dorian Gray


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, deixem reviews, não atirem pedras e não corram atrás de mim com essas foices. É só.



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Na escuridão de meu sonho, uma voz sussurrava. Eu estava no meu quarto, ao lado do quadro e do espelho. A boca do meu retrato parecia se mexer.

‘Você é lindo, Dorian Gray. As pessoas o desejam, invejam a sua beleza tenra e eterna. Porém, ela esconde algo, não é Dorian?’

– Não sei do que você está falando. – Menti.

‘Sua alma... O aspecto dela, não é repugnante? Observe como seu interior se tornou asqueroso, meu jovem. O reflexo de seus desejos mais ifames, mais impuros, de seus erros mais hediondos.’

– Não é minha culpa. – Murmurei, quase chorando vergonhosamente.

‘E Sybil Vane, Dorian? Você ainda tem o amor dela?‘

– Sybil... – Algumas lágrimas percorreram minha face

‘Você a matou! Matou o amor puro que ela tinha por você. Você matou tudo o que tinha de mais precioso por esse maldito quadro. Matou Basil Halloward, seu assassino desprezível.’

– Eu... Eu não queria! Eu não queria que ela se... – Soluçava tanto que mal conseguia falar. Passei as mãos pelo meu cabelo loiro, os joelhos cedendo e indo ao chão. – Eu não sou assassino. 

‘Esse não é seu verdadeiro rosto, Dorian. Esse não é você.’

– Henry bastardo... Ele me fez assim. Ele me transformou num monstro. Me deu a vida que sempre quis mas nunca teve a coragem de viver.

‘A culpa é do retrato, Dorian. Destua-o.’

– O quê?

‘Vê o sangue nas mãos dele? Vê a degradação de seu interior?’

Balbuciei algo sem nexo enquanto pensava. Meu reflexo horrendo continuou.

‘Ele o tornou desumano, cruel e vazio. Essa pintura é maldita, Dorian.’

Ele estava certo. Eu devia destruir a pintura de Basil.

‘Sua vida está acabada, Dorian. Você está acabado...E irá pagar por todos os seus erros.’

– Não! – Gritei ao acordar. 

Olhei em direção às janelas, o céu ainda escuro e o vento frio soprando sobre a fina camada de suor da minha testa. Em frente à cama, o cavalete descansava coberto por um lençol de veludo fino e vermelho. Cambaleei sonolento até lá e o puxei, fazendo com que caísse no chão. 
Era desagradável de olhar.
O cabelo branco, a pele cinzenta, os olhos baços e maldosos. A posição, antes elegante, agora era ameaçadora, como se aquela criatura estivesse pronta para me atacar. A roupa era amarrotada e o aspecto nojento e a expressão intimidadora me causava náuseas e desconforto. Minha bengala estava encostada na parede, e o cabo de prata deslizou pela madeira liberando a lâmina fina de aço reluzente. Apontei para a tela e tremi. Eu senti raiva daquilo. Nojo do que a maldita pintura me fizera. Nojo do que eu havia me tornado.
E então a lâmina penetrou o centro do retrato, impiedosa. Com mais força, investi contra os ombros, o tórax, o rosto. E antes que pudesse perceber, estava sangrando. Continuei golpeando até que estivesse totalmente destruído. Enquanto caía, derrubei alguns castiçais, incendiando as cortinas. O espelho mostrava meu rosto envelhecendo rapidamente, a pele tornando-se enrugada e os cabelos perdendo a cor dourada que sempre teve. Gemi, arrependido.
O sangue esvaiu através dos ferimentos, levando minha vida e talvez os meus pecados.
Era o meu fim.

‘Sua vida está acabada, Dorian. Você está acabado...E irá pagar por todos os seus erros.’


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Notas finais do capítulo

Olha, não custa nada comentar.