ReLurst: The Burst Academy escrita por Tsukiel


Capítulo 3
O3 - Welcome.




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— Meu pai? Você está mentindo. Meu pai nunca nos faria mal algum. - Respondeu Tsukiel com raiva.

— Eu sei, e foi por isso que nós atacamos. Ele queria que vocês despertassem seus poderes. Além do quê, foi uma ordem direta dele, não podemos questionar. - Explicou Duster.

— Como não podem questionar? Por que não podem?

— Seu pai é nosso superior. Ele é um guerreiro renomado da ReLurst, meu mestre. Mas acalme-se, você vai ter tempo para sanar essa dúvida. Venha, vamos.

Ele se levantou e fez um aceno para que Merva viesse. A maga levantou-se e ajeitou as roupas. O vestido azul-piscina com uma fenda na perna direita e a echarpe branca no pescoço.

— Pra onde vamos? - Perguntou Tsukiel.

— Apenas siga-nos.

Duster abriu a porta da esquerda e os convidou à entrar. Merva entrou primeiro e depois ele fez um aceno para Tsukiel. Frost tinha se levantado, estava conseguindo andar normalmente mas ainda estava um pouco fraco. O primogênito ajudou seu irmão a chegar até a entrada e a partir dali ele caminhou sozinho. Logo após Tsukiel entrou e Duster foi por último, fechando a porta atrás de si. O caminho estava escuro e Merva usou uma magia com seu cajado em que uma faísca saiu e pulou de luminária em luminária, acendendo-as. Ele prosseguiram a caminhada em silêncio.

Alguns minutos depois, Duster quebrou o silêncio, perguntando se podia ver o colar de ambos os rapazes. Frost olhou para seu irmão desconfiado, receoso de entregar o artefato. Tsukiel fez um gesto para que o irmão não ligasse tanto e tirou o colar entregando-o à Duster.

— Ele não é inimigo, pode ficar tranquilo. — Disse Tsukiel bem próximo de Frost. O garoto ainda estava um pouco desconfiado, mas entregou o objeto também.

Duster comparou os dois colares e os observou milimetricamente, avaliando-os. Mostrou para Merva que fez um aceno com a cabeça em negação. Após observar mais um pouco, ele devolveu os colares para seus donos e explicou um pouco mais sobre o artefato funcionar como um catalisador de poder.

Talvez seja temporário, costuma ser pelo menos. Eu já tive um. Mas a tendência é evoluir gradualmente de acordo com os seus poderes. Ele deve se fundir à sua alma ou simplesmente desaparecer quando sentir que você já está preparado o suficiente. E também que você tem um bom controle dos seus poderes. É muito fascinante, você é realmente filho do Kamiya-san.

Ouvir o nome de seu pai naquele momento fez o coração de Tsukiel apertar. Ele não tinha parado para perceber como ele estava apreensivo e com saudades de sua vida normal ao lado de seus pais e seus irmãos. Haviam apenas algumas horas do ocorrido mas pareciam que dias já tinham sido passados. Ele balançou a cabeça como se quisesse se desfazer daqueles pensamentos.

Andaram mais alguns minutos e já era possível ver uma porta de madeira comum gasta e úmida, aparentemente maltratada pela chuva.

O casal parou na frente dos irmãos, olhando-os. Merva levou a mão à maçaneta e abriu a porta dizendo: - Sejam bem-vindos à ReLurst.

Tsukiel e Frost tinham imagens diferentes em suas mentes de como era a ReLurst, entretanto foram surpreendidos. Assim que saíram pela porta se depararam com uma paisagem imensa. Uma planície com pequenas elevações, a grama verde e rasa, parecia ser cortada diariamente pois era simetricamente perfeita. Algumas poucas árvores bem distribuídas e iluminadas pela luz da lua e cerca de dois quilômetros de gramado a frente. Mais a frente era possível ver um castelo imenso, muito iluminado. Era um espetáculo de iluminação: o castelo numa coloração escura sendo iluminado pelas próprias luzes em adição a luz da lua.

Havia uma elevação que formava um pequeno pico diagonal, semelhante à pedra do "Rei Leão" e na ponta estava sentado um garoto um pouco mais velho que Duster. Quando o mesmo percebeu a presença dos quatro, levantou-se.

Esté é Regulus, ele é o líder do meu grupo e o segundo aluno mais forte da academia. - Comentou Duster falando baixo bem próximo de Tsukiel.

O homem fitou Frost que estremeceu, recuando um pouco. Tsukiel aproximou-se dele e se manteve apto a segurá-lo caso ele perdesse as forças.

— Vocês são Tsukiel e Frost? - Disse um homem com uma voz grave que emanava poder. Era possível sentir sua aura deixando o clima mais pesado.

Sim, porquê? - Respondeu Tsukiel.

— Vou poupar apresentações até porque vocês já devem saber quem eu sou. Sei a origem de vocês e porquê estão aqui, entretanto para entrar na ReLurst vocês precisam ter no mínimo o Kaisenkou. Portanto - Ele deu uma pausa, virou para trás e deu um berro: - Mikaella!! — O grito ecoou por toda a planície e de repente um X vermelho apareceu no céu ao lado de Regulus e um portal foi aberto saindo uma garota de dentro. Ela tinha uma expressão de seriedade única, tinha em torno de vinte anos. Tinha uma cicatriz em formato de X que pegava da ponta do queixo até o ombro esquerdo e da nuca até o centro de seu pescoço. Ela segurava duas espadas gêmeas mas elas eram irregulares, num formato indescritível e desconhecido. Tinha um longo cabelo vermelho preso por um rabo de cavalo simples. Vestia um sobretudo preto com alguns detalhes vermelhos, uma blusa vermelha lisa e simples e uma calça preta também lisa. Os sapatos eram de couro e extremamente resistentes.

— Mikaella ficará responsável por Tsukiel. - Disse Regulus.

— Mas eu não- A mulher tentou cortar a fala do homem mas foi subitamente interrompida.

— Isso é uma ordem!! - Vociferou Regulus como um leão furioso. - Só traga-o quando ele já tiver liberado este poder!

— Tsc! — Resmungou Mikaella embainhando as lâminas.

A espadachim não se alegrou com a ordem de seu líder, mas era leal o suficiente para cumprir sem maiores questionamentos.

Ela fez um aceno com a cabeça para Tsukiel se juntar a ela. O rapaz achou que seu irmão ficaria aos cuidados de Duster mas foi Regulus quem se aproximou do mesmo. Antes de partir, os irmãos se abraçaram e Tsukiel sussurrou no ouvido de Frost que tudo ia ficar bem e que eles estariam sempre juntos independente da circunstância ou da distância. Os colares reagiram um ao outro e os rapazes seguiram seus caminhos distintos.

Tsukiel virou-se e seguiu Mikaella que estava nitidamente descontente, dando passos tão fortes que criava pequenas crateras no chão. Em sua cabeça, Tsukiel já estava considerando-a um monstro.

Eles caminharam cerca de quinze minutos até que Mikaella parou e olhou para trás, na direção de Tsukiel, com um olhar ameaçador. O rapaz ficou atônito, achou que ela estava querendo matá-lo. Ela sacou as lâminas e correu para desferir um golpe. Tsukiel apenas fechou os olhos e aguardou pelo pior. Ele ouviu o barulho das lâminas retalhando alguma coisa e ouviu um som abafado e reprimido.  Então ele abriu os olhos e viu que estava intacto, olhou para trás e Mikaella estava limpando as lâminas enquanto um espectro se desintegrava em sua frente.

Essa área da planície é traiçoeira. Estamos entrando na flores, menospreze-a e ela te destrói. — Disse a mulher simplesmente.

De fato, a área que eles estavam era semelhante à uma floresta, porém as árvores estavam mortas, apenas galhos secos a preenchiam. O gramado não era verde e vívido como o da área que levava até a ReLurst. Aquela área já não mais pertencia à academia, era, de certa forma, livre.

Após mais alguns minutos de caminhada, Mikaella deu uma pausa aonde os dois estavam. Tocou o solo e olhou a posição da lua que estava se preparando para dar lugar ao sol. Devia ser por volta de quatro horas da madrugada. A ruiva derrubou uma árvore seca e mandou Tsukiel sentar-se. O rapaz sentou no chão e ficou encostado na árvore. Ela também procurou alguns gravetos e acendeu uma fogueira. Eles ficaram sentados paralelamente olhando a fogueira. Periodicamente ela observava a lua como se estivesse esperando algo.

— Levante-se, está na hora. - Disse ela quebrando o silêncio depois de algum tempo.

— Na hora de quê? - Indagou Tsukiel sem entender.

Mesmo questionando, o rapaz levantou, não queria desafiar a mulher.

Ela foi até ele, mordeu o polegar fazendo-o sangrar e fez um desenho na testa de Tsukiel, depois jogou o sangue restante em seu dedo na direção do fogo fazendo com que o mesmo queimasse e fizesse uma fumaça diferente.

Deita na árvore.

Tsukiel obedeceu em silêncio e se deitou sobre o tronco. O rapaz olhou a lua e sentiu sua testa arder um pouco, ele fechou os olhos apenas por um instante e abriu-os subitamente quando sentiu um soco de força desumana na boca de seu estômago. Foi o suficiente para que ele desmaiasse.

A partir dali as coisas tomaram um rumo estranho. Tsukiel entrou em um profundo sonho e viu sua alma saindo de seu corpo lentamente. Ele viu Mikaella sentando-se ao lado de seu corpo pálido. Ele parecia estar sendo puxado, aquela visão estava se tornando cada vez mais distante. Então ele recebeu um puxão mais forte e levantou assustado. Ele tocou-se e parecia estar seu corpo de verdade.

Ele estava sentado em um sofá grande e vermelho. Era macio e bonito. Ele ajeitou o corpo, sentando-se e colocou os pés no chão. Apesar de estar calçado com o tênis, sentiu o chão gelado. Ele olhou em volta e tudo era branco como a neve, tinha apenas uma porta gigante e vermelha.

A maçaneta era brilhante e convidativa, como se quisesse que Tsukiel abrisse-a. Ele estava hesitante, não sabia o que poderia ter atrás daquela porta.

Ele avaliou a porta novamente e viu que bem lá em cima, no início dela, havia uma placa dizendo "Bem-vindo à Morte."


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