Hopeless escrita por vivian darkbloom


Capítulo 6
Capítulo V - A Festa.


Notas iniciais do capítulo

50 comentários, vocês são incríveis! Fico muito feliz da fanfic ter alcançado essa margem! Eu demoro um pouco a responde-los, mas, no final, saibam que eu leio cada um com muito carinho e tento responder cada detalhe. Muito obrigada mesmo, pessoal.
O último capítulo teve alguns sumidos, mas espero que apareçam! Como eu disse no tumblr, a fanfic finalmente está tomando um novo rumo. Agora que todos os interativos foram já apresentados, diretamente ou não, vamos realmente desenvolver o enredo. Espero que gostem dessa nova fase!
Aliás, mudei a capa, o que acharam? Eu logo também vou mudar os banners dos capítulos, para deixa-los mais bonitos (como o desse capítulo).

Esse é o capítulo mais longo já postado, foi muito bom escreve-lo, então boa leitura!



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Áquila L. Malfoy.

As masmorras de Hogwarts eram, muitas vezes, apreciadas por diversos alunos. Com inúmeras salas vazias e o clima de mistério que se instaurava por suas paredes geladas, é claro que se tornaria o local favorito da maioria dos adolescentes que viviam no castelo. E, se você tivesse a sorte de não esbarrar com o Barão Sangrento, poderia aproveitar-se das sombras do local.

Muitos já sabiam todos os segredos de lá, visto que faziam seu caminho todos os dias através dos escuros corredores, até chegar em uma passagem, escondida por entre tapeçarias velhas, que leva ao Salão Comunal da Sonserina. Considerado como o mais luxuoso das quatro casas, esse se encontrava debaixo do lago negro, fazendo com que houvesse o som confortável da água batendo contra as altas janelas. Lustres de prata pendiam do teto, trazendo uma iluminação esverdeada e belas tapeçarias enfeitavam as paredes, mostrando cenas de diversas aventuras de sonserinos famosos. Era mobiliado com confortáveis sofás de couro, pequenas mesas de centro e belas lareiras, que mantinham os alunos aquecidos.

Não fazia muito tempo que o jantar havia se encerrado, portanto diversos alunos já se encontravam preenchendo a sala em pequenos grupos. Em um canto, perto de uma pequena prateleira de livros, estava sentada Áquila Malfoy, acompanhada por Lyra Lestrange e Jonathan La Marche, os três conversavam enquanto completavam a tarefa de História da Magia, usando as anotações da loira, que era uma das poucas alunas que não dormia na aula.

— Como você consegue simplesmente não desmaiar de sono? — Sua prima perguntou, relendo pela terceira vez sobre a Revolta dos Duendes. O assunto, para si, era simplesmente detestável.

— Não sei.... Nossa tutora me ensinou bastante quando a gente era criança, então acho que peguei algum tipo de paixão pela matéria. — Áquila explicou, dando de ombros, relembrando da senhora Mayers, uma bruxa que seus pais haviam contratado para ensinar a ela, o irmão e a prima o básico sobre bruxaria, antes de irem para Hogwarts. Era claro que, além dessas aulas, Lucius havia ensinado aos filhos bastante sobre magia negra, também. Contudo, isso não era algo que deveriam comentar abertamente.

— Já disse que você é doida? — Jonathan comentou, revirando os olhos e a fazendo rir.

— Na verdade, já disse bastante. — Respondeu, ainda sorrindo. Ambos eram amigos desde o primeiro ano, ele havia se tornando uma companhia indispensável em sua vida.

Ela estava terminando o último parágrafo em seu pergaminho, quando sentiu algo se esfregando em suas pernas, mas especificamente em seu tornozelo. Abaixando os olhos, Áquila encontrou uma gatinha lhe olhando curiosa.

Hécate havia sido um presente de Elia Fimmel, quando iniciou seus estudos em Hogwarts. Ela era extremamente pequena, com pelos negros e profundos olhos azuis.

Áquila suspeitava que era encantada de alguma forma, visto que a mesma nunca havia crescido muito, tendo a aparência de um filhote ainda, e parecia ter uma ligação especial consigo, sempre perto e ficando particularmente carinhosa quando a mesma estava triste ou arisca com as pessoas ao redor, quando a dona encontrava-se irritada. Ela era extremamente inteligente. Além de tudo, assim que a Malfoy começou a namorar com Charles, a gatinha dividia-se entre os dormitórios dos dois, como se fosse dele também. Como a mãe de sua madrinha trabalhava com criaturas mágicas na Áustria, a loira não duvidava que realmente tivesse algo profundamente magico com ela.

 Abaixou-se um pouco, para pega-la no colo e deixar que se acomodasse, quase jogando sua pena no chão, com sua patinha.

— Calma, eu já te dou atenção. — Disse, fazendo-lhe um carinho com a mão livre, o que pareceu aquietar a bichana geniosa. Porém, a mesma saltou de cima de si, para o sofá, se escondendo entre as almofadas, quando uma bela coruja preta passou voando a entrada do Salão e deixou cair na mesa uma carta amarrada em um pequeno pacote, fazendo com que os tinteiros espirrassem em alguns dos pergaminhos.

— Salazar! — Lyra exclamou, irritada, olhando feio para a coruja de seu primo, que calmamente havia dado a volta na sala, procurando o dono, que conversava com Charles. — Bicho mal-educado.

Áquila estendeu o braço, pegando o que ele havia deixado. Era uma carta endereça a si, ela logo reconheceu a letra de sua mãe, Narcissa. Abriu-a calmamente, olhando ao redor e certificando-se que ninguém iria ver o conteúdo.

“Querida Áquila,

Espero que use a poção direito, deverá toma-la toda semana. Me avise quando estiver acabando, mas mande pela coruja de seu irmão, para que seu pai não desconfie.

Com amor,

Mamãe.”

Ela rapidamente dobrou o pergaminho, guardando-o em suas vestes, o rosto corado de vergonha.

— O que é isso? — Jonathan perguntou, pegando o embrulho que estava na mesa, enquanto Lyra limpava a mancha de tinta das lições deles. Áquila rapidamente tomou de suas mãos, ficando ainda mais velha.

— Nada! — Exclamou, colocando o pacotinho dentro de sua bolsa, que estava no chão. Ao seu lado, a prima lhe olhou de canto. — O que foi?

— Geralmente esse seu “nada” significa problemas ou confusão, Malfoy. — Disse, ainda lhe olhando séria, sendo apoiada pelo La Marche. A jovem suspirou, puxando Hécate novamente para o colo e procurando lhe acalmar do susto.

— Bem, dessa vez não. E isso é uma poção anticoncepcional, o que não é da conta de vocês. — Respondeu, abaixando o rosto e deixando que o cabelo platinado caísse sobre ele, para lhe esconder um pouco. Lyra riu de sua vergonha, enquanto Jonathan revirava os olhos.

— Desde quando sente vergonha da gente? — Ele preguntou, lhe cutucando de leve e a fazendo sorrir.

— E é bom que a tia esteja te apoiando nisso. — Lyra disse, enquanto distraia Hécate, fazendo-a tentar agarrar a ponta de sua pulseira com a pata. — Mesmo que vá contra a tradição da família.

Áquila se manteve quieta, pensativa. Era costume nas famílias de sangue-puro que os pais enfeitiçassem as filhas para que elas casassem virgem, sua mãe havia seguido isso, suas avós também e mesmo sua tia Bellatrix, até onde sabia. Ela, contudo, nunca havia sido enfeitiçada, graças à intervenção de Narcissa, que sempre achou a ideia ridícula. Seria, também, a primeira a quebrar a tradição.

— Ela reagiu bem? — Jonathan perguntou, se erguendo para olhar o trabalho dela por cima de seu ombro. Ela gentilmente o arrastou em direção a ele, sem se importar que o mesmo o consultasse.

— Até que sim.... Ficou mais preocupada do que irritada e disse que já esperava por isso. — Explicou, enquanto os dois prestavam atenção em suas palavras, Lyra já tendo terminado o dever. — Mas me aconselhou a não contar nada ao meu pai, ele ficaria furioso.

— Realmente, acho que ele viria para Hogwarts atrás de Charles. — Sua prima respondeu, rindo e sendo acompanhada por Jonathan. Áquila, entretanto, se manteve séria ao sentir um arrepio passar pelo seu corpo, com a ideia. Seu pai realmente odiaria saber. E ela odiava mentir para ele. — Eu só estou brincando, calma.

— É, eu sei.... — Comentou, sorrindo para aliviar a tensão, embora seu olhar fosse em direção ao namorado, distraindo em sua conversa com Draco.

— É bem injusto isso, não? Quero dizer, seu irmão não precisa se preocupar com essas coisas, acho que ele até conversa sobre isso com Lucius. — Jonathan reclamou, finalmente terminando o que faltava de sua tarefa e se sentando mais confortavelmente no sofá.

— A vida não costuma ser muito justa mesmo. — Principalmente se você for uma mulher, completou em pensamento. — E isso me lembra que eu preciso ir para a aula com Snape.

Há semanas atrás, Áquila havia pedido ao professor Severo, que lhe desse aulas particulares de poções e feitiços. Ele havia se mostrando relutante, no começo, mas a jovem sempre havia sido uma de suas melhores alunas e a busca por aulas a mais só demonstrava seu interesse crescente, o que não era problema algum. Assim, ele havia concordado em lhe ensinar uma vez por semana, toda sexta feira.

— Completamente doida... — Ouviu o amigo resmungar, enquanto arrumava suas coisas em sua bolsa, conferindo se tudo que precisava estava com ela. Hécate rapidamente pulou de seu colo, quando viu que iria levantar, indo em direção a Charles. Áquila a acompanhou com o olhar, sorrindo para ele antes de sair do Salão Comunal.

A sala de Snape era próxima, portanto em poucos minutos ela já batia em sua porta, ouvindo um gélido “entre” como resposta. Ela era menor que a que usava para dar aulas, porém com mais prateleiras e diversos livros espalhados pelo local. Só havia uma mesa, com duas cadeiras na frente e uma atrás, cujo qual ele já estava sentado.

— Professor. — Cumprimentou, sentando-se a sua frente e o olhando, ansiosa. Haviam tido somente duas aulas, mas já eram mais que o suficiente para sua empolgação falar mais alto.

— Senhorita Malfoy. — Respondeu, sem lhe dar muita atenção, olhando para os pergaminhos a sua mesa. — Hoje iremos começar o preparo da Poção da Incoerência, o que você sabe sobre ela?

Áquila sorriu, conhecia bem a mesma.

— É usada para deixar o indivíduo atordoado, muitas vezes o fazendo falar diversas besteiras e também causa alucinações. — Respondeu, rapidamente.

— Ela é muito conhecida pela sua família, sabe me dizer porquê?

— Abraxas Malfoy, meu avô, trabalhou nela durante alguns anos, para intensificar e prolongar seus efeitos, fazendo com que a mesma pudesse ser usada para induzir a pessoa a lhe dizer o que deseja.

— Exato. — Ele concordou, finalmente levantando os olhos de suas anotações e fazendo sinal para que ela pegasse pergaminho e tinta, o que foi prontamente atendido. — Os ingredientes são: duas pétalas de moly, três pitadas de raiz de asfódelo em pó, 110 gramas de pele de cobra, 200ml de chá de cogumelo, três sementes de abóbora e 50ml de leite de papoula. Pegue-os

Ela rapidamente se levantou, procurando por toda sala tudo que precisava. Não demorou até encontrar, eram fáceis de serem achados e logo estavam todos repousando sobre a mesa do professor.

— Agora, coloque para ferver o chá, enquanto corta a pele de cobra em exatos 2cm, depois a adicione ao caldeirão e, quando atingir a cor azul, coloque a raiz de asfódelo. Você tem 20 minutos. — Explicou, já desviando o olhar da mesma e voltando a se concentrar em seu próprio trabalho. Áquila não perdeu tempo, rapidamente começou a fazer tudo que ele havia instruído, consultando as anotações que fez vez ou outra.

A poção não era difícil, mas exigia atenção e ela sabia que qualquer coisa que fizesse errado, não teria tempo de arrumar. Os minutos passaram rápido, mas felizmente, ao fim, tudo estava pronto.

Snape se aproximou, olhando para dentro do caldeirão e, aparentemente, aprovando os resultados.

— O que faremos agora? — Ele perguntou, embora esperasse que a jovem não soubesse lhe responder.

— Deixamos descansar por uma semana e depois terminamos. — Disse, feliz consigo mesma pelo conhecimento.

— Precisamente. Está dispensada, senhorita. — Poderia ser prepotência, mas Áquila gostava de pensar que havia um pouco de orgulho na voz dele. — Até semana que vem.

— Boa noite, professor. — Respondeu, reunindo suas coisas.

— Boa noite. — Ouviu, antes de finalmente sair da sala, apertando o casaco ao seu redor, graças ao frio as masmorras. Enquanto andava calmamente, ouviu um barulho ao seu lado e, de maneira rápida, puxou a varinha de dentro das vestes, a apontando para a escuridão.

— Calma, sou eu. — A voz conhecida de seu namorado a fez abaixar a guarda, enquanto ele surgia de entre as sombras.

— O que você estava fazendo aí? — Perguntou, irritada pelo susto.

— Esperando você... — Ele explicou, sorrindo para ela e se aproximando, depositando um beijo em seu rosto. — A aula foi boa?

— Ótima, Snape é um professor incrível! — Disse, o abraçando e deixando que a ajudasse a se esquentar. Era uma noite realmente gelada.

— Realmente, ele é muito bom... — Charles parecia meio chateado, o que a fez rapidamente levantar o rosto e encara-lo.

— Está tudo bem? — Questionou, enquanto o mesmo se apoiava na parede, com os braços ainda ao redor da sua cintura.

— Eu recebi uma carta da minha mãe... ela e meu pai andaram discutindo novamente. — Explicou, soltando um suspiro em seguida. Áquila amava seus padrinhos, mas precisava assumir que nunca havia visto um casamento tão conturbado quanto aquele.

— Bem, eles vão se acertar, mesmo depois de todas as brigas, no final eles se amam demais para se separar. — Tentou acalma-lo, passando de leve as mãos sobre seu cabelo um pouco comprido. Infelizmente, suas palavras eram verdade. Elia, mãe de Charles, amava muito o marido, Anthony, para deixa-lo, mesmo com todos os erros que o mesmo cometia.

— É, acho que sim... — O garoto a apertou ainda mais contra si, afundando o rosto em seu cabelo loiro. Ela odiava como essas coisas o atingiam, mesmo que indiretamente.

— Vai ficar tudo bem, Char. — Entrelaçou os braços ao redor de seu pescoço, tentando lhe passar alguma confiança, mesmo sabendo que isso era difícil. — E se não ficar, você sempre pode ficar em casa nas férias, minha mãe vai amar a ideia.

Eles riram. Realmente, Narcissa sempre havia sido muito próxima do afilhado e, agora, genro.

— Obrigada. — Ele disse, acariciando seu rosto de leve e a fazendo sorrir. — Você sabe que eu te amo muito, certo?

— Eu sei. — Respondeu, o beijando.

No final, Áquila sabia que podiam enfrentar o mundo inteiro, até seus pais, desde que ficassem juntos.

June A. Black.

As visitas a Hogsmead eram sempre muito aguardadas por todos os alunos. Afinal, somente lá poderiam apreciar algo além da já tão conhecida escola, conversar com novas pessoas e buscar novas formas de diversão e entretenimento. Portanto, a fila para conferir as permissões antes da saída do castelo, estava enorme.

Já tendo passado pela inspeção, June Black subia a estrada que levava para o vilarejo, acompanhada pelos gêmeos Weasley e Selina Campanella. Os quatro riam de uma piada que Fred havia contado a pouco.

— Vocês realmente têm futuro nisso, meninos. — Ela comentou, já se recuperando do ataque de risos e examinando a última invenção deles, as orelhas extensíveis.

— Nós sabemos. — Disseram, juntos, fazendo as meninas sorrirem.

— E já estamos investindo nisso. — Fred disse, mostrando para ela pequenas balinhas. — Vamos montar um kit mata-aulas que todo mundo vai amar.

— Vai ser bem útil com aquela megera nos dando aula. — Jorge continuou, olhando irritado em direção ao castelo, como se Umbridge pudesse se materializar ali.

— Eu vou ser a primeira a comprar. — Selina disse, animada.

— E eu a segunda. — June completou, orgulhosa dos amigos. Sempre haviam se esforçado muito, era incrível ver que finalmente estavam realizando seus sonhos, embora ela não tivesse a mínima ideia de onde haviam conseguido tanto dinheiro para isso.

— Colocaremos vocês na lista de compradores. — Fred brincou, dando uma piscada em direção a Black, que revirou os olhos.

— Então é isso que vão fazer após Hogwarts? — Perguntou, enquanto passavam por um grupo particularmente barulhento de grifinórios, que os cumprimentou entusiasmados.

— Não se vamos esperar até o “após”, mas sim. — Jorge lhe respondeu, fazendo-a estreitar os olhos.

— Como assim não irão esperar? — Os gêmeos eram dois de seus melhores amigos, a ideia de continuar Hogwarts sem eles lhe fazia querer voltar para dentro do castelo e se esconder em seu salão comunal, até o sétimo ano.

— Olha, June, escola não é bem a nossa área. — Fred começou a lhe explicar, enquanto Selina observava a cena.

— Na verdade, estamos estudando o que os alunos da nossa idade geralmente querem.

— E como querem.

— Para oferecer a eles ano que vem.

— E quando dizemos oferecer, é já com nossa própria loja.

— Bem longe daqui. — Jorge finalmente completou, com um sorriso.

— Isso é genial! — Selina disse, entusiasmada com a ideia. Já imaginava diversas formas de escapar da casa de seus pais e ir para onde quer que ambos estivessem, em uma grande e lotada loja, para comprar seus diversos produtos.

— Então vocês não vão estar aqui até o final do ano? — June perguntou, ainda surpresa.

— Bem... não. — Fred respondeu, colocando o braço ao redor dos ombros dela, tentando lhe confortar. — Mas vamos te mandar cartas sempre, não se preocupe.

Ela limitou-se ao silêncio. Não queria imaginar como seria aquilo, principalmente em relação a ele. Balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Porém, antes que pudesse dizer qualquer coisa para sair daquele assunto, foram surpreendidos com Lyanna Black vindo em direção a eles.

— Sel! — Ela chamou, atraindo a atenção da amiga.

— Oi, Lya. — A cumprimentou, quando a mesma chegou perto. Os gêmeos e June rapidamente a imitaram, embora a última não conhecesse a garota tão bem assim. Eram de casas diferentes, sem muitos amigos em comum, tendo (e June acreditava ser por coincidência) o mesmo sobrenome, portanto nunca haviam realmente conversado.  

— Pode me encontrar no Três Vassouras mais tarde? — Perguntou, após dizer olá para o resto do grupo. Os gêmeos, pelo que June notou, pareciam particularmente interessados na sua presença. Ela tentou controlar o impulso ciumento que sentiu quando viu Fred sorrir em direção a ela. — Áquila quer combinar as coisas de... bem, de mais tarde, com você

— Claro! Nós vamos na Zonko’s agora, mas assim que saímos eu vou lá. — Selina disse, acenando também para um grupo atrás da jovem. Era incrível a capacidade social que a menina tinha. Normalmente ela vinha para esses passeios com seus amigos de outras casas, mas as duas haviam finalmente se aproximado com os treinos de Quadribol das últimas semanas e a frequente presença dela no time, já que antes eram apenas conhecidas de dormitório.

— Tudo bem, até depois então. — Lyanna falou, sorrindo. — Tchau. — Ela acenou para os outros três, antes de virar as costas e voltar para os amigos, que lhe aguardavam.

— Bem, vamos então? — June perguntou, ainda meio irritada com os olhares de Fred, embora nada pudesse demonstrar.

Eles lhe acompanharam até a rua cheia de lojas, indo em direção a de logros, que era a mais cheia de todas, com diversos alunos se amontoando lá dentro.

— Você precisa realmente de umas brincadeiras para se distrair. — Fred comentou, enquanto Selina e Jorge iam na frente, já em busca de algo para comprar. — Anda estressada esses dias.

— É o Quadribol. — Explicou, suspirando. — Ninguém havia me dito que era tão difícil assim ser capitã.

— Bem, como seu rival, espero que não seja uma capitã tão boa assim. — Ele disse, rindo da expressão de indignação dela.

— Pois saiba que a Grifinória precisa se cuidar esse ano. — Ameaçou, embora seu tom sério logo foi desfeito por um sorriso.

— Tudo bem, senhorita competitiva. — Brincou, a puxando para dentro da loja e a ajudando a escolher alguns artigos para levar.

— Eu realmente vou sentir sua falta. — Ela comentou, enquanto fingia olhar curiosa algumas gomas expansivas que estavam sobre o balcão.

— Também vou sentir a sua, June, você sabe disso.... — Fred virou sério em sua direção, forçando-a encara-lo também. — Mas olha, não vai ser como se não pudéssemos continuar amigos. Eu vou te escrever sempre e nas férias a gente pode se encontrar na sede da Ordem.

— É, eu acho que sim.... — Ainda sentia-se insegura, mas não queria demonstrar isso. Era muito difícil expressar as coisas que sentia pelo garoto e não queria deixar tudo confuso, ainda mais com a iminência de sua partida.

— Não se preocupa com isso, pirralha. — Brincou, bagunçando o cabelo dela de leve.

— Não me chama assim! — Tentou fingir uma irritação, embora seu rosto se mantivesse em um confortável sorriso. Ele lhe respondeu com uma piscada, antes de virar em direção a Jorge e Selina, que os chamavam.

June o seguiu, dessa vez realmente prestando atenção nos artigos. No fim, decidiu comprar algumas coisas a mais. Queria, no Natal, levar alguns daqueles itens para seu pai, Sirius, para que o mesmo pudesse se distrair dentro daquele local horrível.

Nas últimas vezes que havia ido lhe ver, ele parecia sempre nervoso ou ansioso com algo, embora não quisesse contar para ela diretamente o que era, o que a fazia pensar que ele provavelmente estava escondendo alguma coisa. Seja o que for, estava determinada a descobrir e, enquanto não conseguisse, aliviar o ressentimento dele em estar preso, mesmo que indiretamente, na casa dos Black.

Os quatro haviam enchido diversas sacolas e esvaziado bastante os bolsos, quando saíram para o ar frio. Nevava um pouco e, quando pisaram para fora, quase esbarram em um grupo de sonserinos. Com desgosto, June reconheceu Lyra Lestrange, a única a pedir desculpas pela quase colisão.

— Tudo bem, Lyra. — Selina respondeu, sorrindo para a garota, que acenou simpaticamente, antes de seguir o resto dos amigos.

— Ela parece ser legal, para uma sonserina. — Jorge comentou, ajudando as meninas a carregarem as compras.

— Se você acha.... — June disse, dando de ombros.

Infelizmente, elas eram primas. Não que houvesse tanta semelhança assim, na opinião da Black. Nem proximidade, para ser sincera. O que havia restado de sua família paterna nunca havia sequer procurado seu pai, não que ele achasse isso ruim, mas o sentimento de abandono e rejeição incomodavam muito a jovem, principalmente devido ao fato de Sirius ser uma pessoa tão boa, que definitivamente merecia uma família melhor. A única prima que June gostava era Andrômeda Tonks, que vez ou outra aparecia na casa.

Eles seguiram o caminho até o Três Vassouras, parando vez ou outra para conversando com alguns conhecidos. Lá, Selina se despediu deles, para se juntar a Lyanna e Áquila, enquanto os três se mantiveram no balcão, procurando um bom lugar para sentar.

— Ei, June! — Ela ouviu uma voz conhecida lhe chamar, em algum canto. Não demorou a achar Phillipa Lane lhe acenando, junto com Rigel.

— Vamos lá com eles? — Disse, já puxando os gêmeos pelas mãos, sorridente. Adorava aqueles dois, embora Pippa constantemente lhe irritasse ao se atrasar para os treinos. — Oi pessoal, acho que já conhecem os Weasley.

— Quem não conhece? — Perguntou Rigel, indo para o lado para dar espaço para que todos sentassem.

— Olha só, somos famosos, Fred. — Jorge brincou, rindo.

— Tentaremos não deixar isso subir à cabeça. — O outro completou, arrancando sorrisos dos colegas.

— Vocês vão para a reunião da Hermione? — Pippa perguntou, agora bebericando a cerveja amanteigada que o garçom havia trazido aos cinco.

— Sim, daqui a pouco, vocês também?

— Com certeza. — Rigel confirmou a ela. — Ainda não entendi muito bem qual é a ideia dela, mas definitivamente deve ser fascinante.

— Provavelmente, é a Hermione, afinal. — June concordou, com um sorriso. Não era próxima da garota, mas com o tempo que passou na casa do pai e, consequentemente perto dela e do Weasley, deveria admitir que a mesma era muito inteligente e aplicada em tudo que fazia. — Ouvi dizer que é alguma espécie de clube que ela quer formar, algo relacionado a defesa.

— Parece ser genial! — Os gêmeos disseram, juntos.

Eles continuaram conversando, enquanto terminavam suas bebidas. Não demorou até estarem acertando as contas com Rosmerta e saindo em direção ao Cabeça de Javali, notando que vários alunos também faziam o mesmo caminho.

Bem, o que quer que Hermione estivesse planejando, parecia ter atraído a curiosidade deles. O espirito maroto que havia herdado de Sirius, embora geralmente adormecido, se acendeu dentro dela. Independentemente do que fosse, June tinha a certeza que queria participar.

Angus Grant.

A visita a Hogsmead havia passado como um flash rápido para a maioria dos alunos da Sonserina. Isso porque, todos eles se preocupavam com algo muito mais grandioso: a festa que aconteceria no Salão Comunal. Portanto, tal passeio havia sido utilizado para se comprar decorações, logros e até mesmo produtos ilícitos para a noite.

Famosas como eram, essas ocasiões eram as únicas em que alguns sortudos de outras casas poderiam ir até as masmorras e festejar junto com eles, sempre muito conhecidos pelo bom gosto e polêmicas que geravam em tais reuniões. Sendo assim, os responsáveis por tal evento aguardaram até o anoitecer e expulsaram os alunos mais novos para o dormitório, iniciando a organização de tudo.

Entre eles, Angus Grant estava responsável como aquele que levaria as bebidas mais fortes, enquanto Draco Malfoy cuidava de garantir que nenhum professor ou monitor de outra casa fosse atrapalhar e Charles Fimmel havia levado alguns produtos proibidos que roubou do escritório de seu pai. Tudo foi preparado com o maior cuidado do mundo e, em poucas horas, o salão encontrava-se banhando em luzes fracas, com uma mesa cheia de bebidas, poções e comidas diversas.

Angus olhou orgulhoso para o trabalho deles. Conseguiu, com os gêmeos, algumas pequenas caixas encantadas que flutuavam e, conforme se moviam, tocavam uma suave melodia que, ao comando de sua varinha, mudaria para músicas mais rápidas e agitadas. Estava tudo perfeito.

Ele subiu para se arrumar, colocando uma camisa social escura, com uma calça jeans preta, sem querer parecer muito formal. Jogou seus cabelos para trás, de forma um tanto bagunçada e sorriu maliciosamente para o espelho, aprovando o visual, antes de descer as escadas.

O pessoal de sua casa já estava lá, em sua grande maioria, todos muito bem arrumados e, aparentemente, ansiosos. Ele procurou alguém mais conhecido e avistou Áquila sozinha, próxima a mesa de bebidas.

— Posso te recomendar o absinto de dragões. — Ofereceu, apontando a garrafa que se destacava entre todas as outras, com um liquido verde tão intenso que parecia brilhar.

— E eu recuso, prefiro algo mais leve. — Disse, procurando pelo gim e servindo-se de uma pequena dose.

— Você está muito bonita. — Elogiou, observando de maneira um tanto descarada o vestido vermelho que ela usava, com um profundo decote, que parecia se destacar em meio a sala tão escura. Os cabelos platinados dela estavam soltos e lisos e o rosto emoldurado por uma maquiagem forte. Havia um pequeno rumor na Sonserina que os Rosier, a quem a mãe da garota descendia, possuíam sangue de veela e era daí que vinha tanta beleza, o que o jovem nada duvidava.

— Obrigada, Angus. — Ela sorriu, jogando os longos fios pelo ombro e tomando um profundo gole da bebida.

— Sabe, se continuar assim serei forçado a te sequestrar.... — Provocou, vendo a revirar os olhos. A mesma já estava acostumada a essas insinuações recorrentes dele, com o passar dos anos aprendeu a ignorar e levar apenas como uma brincadeira boba.

— Para isso, você teria que duelar comigo, coisa que nós dois sabemos que você perderia. — Disse, virando o rosto e procurando alguém, em meio a tantos alunos que chegavam.

— Isso é um desafio? — Ele riu e nem ela resistiu a esboçar um sorriso, negando com a cabeça. — Aliás, acho que seu cachorrinho está te procurando, Vossa Majestade. —  Ele indicou o namorado dela com a cabeça.

— Ele não é meu cachorrinho. — Respondeu, irritada, antes de lhe virar as costas e ir em direção ao mesmo.

Angus se limitou a balançar a cabeça, ainda rindo. Ao olhar o relógio, viu que já eram onze horas e o pessoal começou a se reunir e beber no centro da sala, aos poucos ele foi reconhecendo alguns de outras casas e, ocasionalmente, cumprimentando todo mundo. Não demorou muito para alguns grupos estarem mais agitados, dançando animadamente. O jovem, é claro, rapidamente se colocou entre eles, com um copo de whiskey de fogo na mão.

A música embalava a todos de maneira contagiante, quando ele olhou ao redor pode ver alguns casais já caídos pelos sofás, aos beijos, enquanto outros iam com cada vez mais frequência em direção as bebidas.

— O que, em nome de Merlin, tem nesse negócio? — Perguntou uma voz conhecida atrás dele e Angus se virou sorrindo para Lyra Lestrange. Ela tinha um frasco de poção verde em suas mãos e parecia um pouco zonza.

— Sinceramente? Ninguém sabe. O Fimmel acha que é uma das misturas que a mãe dele faz, parece que ela é curandeira ou algo assim, mas de vez enquanto faz umas bebidas encantadas para o pai dele. — Explicou, tirando a bebida das mãos dela. — Enfim, quer ajuda?

Lyra lhe olhou desconfiada, vendo o seu sorriso torto e um pouco convencido.

— Eu não preciso de ajuda. — Respondeu, virando-se de costas e se afastando, porém quase tombando em cima de uma mesinha. — Merda!

— Ei, calma, eu só vou te ajudar, sério. — Ele se adiantou, passando o braço ao redor de sua cintura e, sem poder evitar, reparou o quanto aquele vestido parecia deixa-la incrivelmente mais.... bonita, valorizando suas curvas.

Devagar, eles atravessaram a sala, encontrando um dos poucos sofás vazio, cujo qual se sentaram.

— Melhor? — Perguntou, vendo-a se jogar contra o encosto do mesmo.

— Um pouco. — Ela respondeu, tirando o cabelo da frente do rosto e olhando ao redor. — Acho que daqui a pouco vou subir e deitar.

— A festa nem começou direito ainda, Lestrange. — Reclamou, porém a mesma se limitou a revirar os olhos.

— Eu sei, mas eu nem deveria ter vindo, para começo de conversa. — Parecia estar confusa, se enrolando um pouco nas palavras.

— Por que? — Questionou, deixando que sua curiosidade tomasse o melhor de si.

— Porque não é certo comemorar algo quando você perde alguém que ama. — Ele poderia jurar que a mesma já estava bêbada além do que deveria, para dizer aquelas coisas, principalmente a ele, cujo qual nunca foi muito próxima.

— Bem, nós não estamos comemorando nada, a maioria aqui só está bebendo para esquecer a vida miserável que tem, então.... Não se sinta culpada. — Disse, tentando conforta-la, embora soubesse que era péssimo nisso. — Quer que eu chame alguém para ficar com você?

— Não, eu vou ficar bem.... Obrigada pela ajuda. — Agradeceu, se ajeitando mais confortavelmente no sofá.

— De nada. — Angus levantou, deixando-a sozinha. Não queria permanecer ali e acabar falando algo que a deixaria pior ou, Merlin o ajude, a fizesse chorar. Anotou mentalmente para conferir se ela estaria bem, daqui algum tempo.

Ele voltou para a mesa de bebidas, dessa vez procurando algo forte que o animasse de verdade. Encontrou uma poção escura, que definitivamente não deveria ser muito recomendada e a misturou com um pouco de absinto, bebendo todo o copo em goles rápidos.

O efeito não foi instantâneo, mas foi o suficiente para fazê-lo se enturmar com uma turma de garotas que dançavam animadas em um canto, ajudando uma delas a subir na pequena mesa de centro, chamando a atenção de muitos garotos ao redor, é por isso que eu amo essas festas, pensou, ao ver a mesma dançar de forma provocante ainda.

— Gostando da visão? — Ele olhou de canto para o lado, vendo Selina Campanella, que também estava admirando o pequeno show da jovem.

— Muito, e você? — Perguntou, esperando que ela fosse corar. Entretanto, a garota riu, sem ainda virar-se para Angus.

— Sinceramente, bastante. — Respondeu, em um tom malicioso. Ele nunca havia visto a lufana agir daquela forma, mas tinha que admitir que estava gostando... e muito.

— Particularmente, estou gostando mais da que estou tendo agora. — Ele disse, virando-se e a olhando de cima a baixo. Selina usava um vestido claro e sem muito decote, mas que era bastante curto e deixava visível suas belas pernas. Ela sorriu, finalmente encarando-o também.

— Obrigada, aliás, onde ficam as bebidas? Eu acabei de chegar. — Disse, piscando inocentemente para ele, que poderia apostar que a mesma havia chegado a muito tempo já, apenas estava achando uma desculpa para ir a um canto mais tranquilo com ele.

— Posso te mostrar. — Ofereceu o braço a ela, que aceitou prontamente. Enquanto iam até a mesa em questão, Angus aproveitou para olhar ao redor e se espantou um pouco ao ver Lyra aos beijos com Zabini no sofá que havia deixado-a. Bem... ela estava melhor, aparentemente.

— Então, m’lady, o que deseja? — Brincou, fazendo um gesto abrangente em direção as garrafas. Selina sorriu, pensativa, antes de apontar para uma lilás, já meio vazia.

— O que é aquilo? — Perguntou, curiosa.

— Aquilo é Tônico dos Elfos, bastante alcóolica, porém deliciosa. — Respondeu, com um olhar malicioso que, notou com satisfação, fez a mesma corar.

— Acho que vou querer. — Aceitou, estendendo o copo para que ele lhe servisse um pouco. Selina tomou um pequeno gole, sorrindo em seguida. — É ótima!

— Como eu disse, deliciosa. — Disse, também bebendo. Atrás deles, algumas vozes exaltadas começaram a ficar mais altas, atraindo a atenção dos dois que rapidamente se viraram.

— O QUE VOCÊ FEZ PARA ELA, BLÁSIO?! — Um Draco, visivelmente exaltado, gritava, apontando o dedo para o amigo, enquanto ao lado dele, Lyra chorava sendo consolada por Áquila e Charles.

— Nada, cara! Nós estávamos nos beijando e aí ela começou a chorar! — O moreno tentava se explicar, parecendo confuso com a situação.

— Ah e ela começou a chorar do nada?! — O Malfoy questionou, quase indo para cima do Zabini, quando alguns de seus colegas entraram no meio. Uma das regras da festa era: não brigar. Isso atraia atenção e atenção levava a professores, que era a última coisa que precisavam. — Me solta, inferno, eu não vou bater nele!

— Blásio é um idiota. — Selina murmurou, ao lado dele, ainda tomando sua bebida. Angus notou que ela parecia mais solta e relaxada agora.

— Sem dúvidas.... Aliás, não quer ir para algum lugar mais tranquilo? — Perguntou, já passando o braço ao redor dela e ignorando a discussão que se desenvolvia. Realmente não tinha paciência nenhuma para aquilo.

— Que lugar você tem em mente? — Ela parecia interessada, deixando-se chegar mais perto do mesmo.

— Meu dormitório, talvez... — Ofereceu, vendo com satisfação que Selina se aproximava, lhe dando um provocante e rápido beijo, antes de se afastar um pouco.

— Acho uma ótima ideia. — Ela disse, enquanto ele apertava seu corpo um pouco contra o dela e a conduzia entre as diversas pessoas que haviam se reunido ao redor para ver a briga e a levou até as escadas, que davam para os quartos.

Enquanto subiam, ele notou um movimento entre as sombras mais próximas e a leve impressão de ver dois garotos aos amassos, um deles bem conhecido por si. Bem, aquela noite seria ótima para muitas pessoas....

 


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Notas finais do capítulo

Aguardo os comentários de vocês, espero que tenham gostado!