Coloque suas mãos sobre meus ombros e diga que vai ficar tudo bem, que o inverno logo vai passar e, com ele, o frio irá embora. Diga para mim palavras dóceis e suaves para que eu possa dormir em paz. Me acorda de noite dizendo besteiras que você acha incríveis só porque leu em um site que ninguém nem conhece.

Me lê duas páginas de um livro antigo seu e desiste por se distrair demais com os meus dedos, que estarão te cutucando nas bochechas fofas, nas orelhas quentes e nos cabelos longos que, provavelmente, eu vou querer puxar só para você gritar comigo.

Me abraça de vez em quando, a gente pode arrumar a cozinha e depois limpar o quarto, mas me chama de Amor mais uma vez.

Abre a janela e diz que é um ótimo dia para a gente rolar na grama, pega a toalha e põe lá no jardim, faremos um piquenique à luz do sol. Põe a mão no meu cabelo, faz uma careta por querer, permita-se a rir um pouco. E quando se cansar, arrumemos as coisas e vamos para a praia.

Coloca a cabeça nas minhas pernas, mostra que você também me ama, cola os lábios nos meus porque já é tarde demais, a gente já se apaixonou.

Quando cair a última folha do outono, sorri tão amarelo quanto ela, chuta o ar na sua frente de leve, sorri para mim ajeitando a minha touca e sussurra algo embolado, embaraçado na sua vergonha de ser feliz.

Ponha as mãos sobre meus ombros, diz que vai ficar tudo bem e, quando o inverno acabar, ria duas ou três vezes escandaloso antes de me chamar de Amor.