O Garoto dos Olhos Castanhos escrita por Alison


Capítulo 8
Capítulo VIII - Não será fácil.


Notas iniciais do capítulo

AVISO IMPORTANTE: Esse capítulo se passa no ponto de vista do LUCAS!

Oi oi pessoas lindas! Primeiro de tudo queria agradecer aos comentários! Eles aumentaram bastante e isso está me deixando super feliz! Amo todos vocês, amo todos mesmo, os que comentam os que não comentam mas estão aqui! Vocês fazem parte de tudo!



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“Você é especial!

—Lucas”

Não foi nada fácil meu final de semana. Eu esperava que ele fosse especial, esperava que nele as coisas iriam dar finalmente certo pra mim, mas infelizmente as coisas não deram tão certo, na verdade deu tudo errado!

Estou me apaixonando pelo Rafael desde a vez que eu vi ele na sala de espera da inscrição. Pode parecer meio rápido, mas naquele dia eu senti algo especial por ele! Foi algo especial e mágico, algo que eu não sentia desde meu último relacionamento, se é que posso considerar aquilo como um relacionamento. Mas o fato é que eu estava gostando dele, depois de o conhecer melhor acabei quase que confirmando isso, ele era doce, educado e muito gentil comigo.

No dia da chuva ele foi extremamente cuidadoso comigo, eu me senti amado aquele dia, me senti especial de forma que nem mesmo minha mãe demonstrava, ele se preocupou comigo ele cuidou de mim em sua casa. Aquele foi um dia muito especial. Mas eu sentia, sentia que eu ainda não podia revelar tudo isso, então eu apenas me segurava, eu esperava um momento certo, um momento ideal!

A festa de sábado foi o momento onde pensei que seria ideal. Eu sabia que Rafael não tinha se descoberto, mas eu pensava, pensava que poderia ajudar ele, com um impulso! Foi isso que eu tentei fazer naquele sábado a noite.

 

Sábado, na Festa.

Consegui colocar ele contra a parede, consegui finalmente me aproximar dele sem que ele saísse correndo e me pedisse pra parar. Fui devagar, claro, me aproximando no seu tempo até que finalmente toquei nos lábios dele, esperei que ele reagisse de qualquer forma agressiva possível, mas ele continuou o beijo.

Nosso beijo estava incrível, foi especial e eu sentia que tinha enormes sentimentos nele, tinha um grande prazer e acima de tudo um grande amor, eu não sentia toda essa explosão de sentimento a anos! Era algo que eu queria que durasse pra sempre.

Porém tudo acabou, tudo foi destruído quando a porta do quarto foi aberta, aberta por uma garota.

Larissa é o nome dela. Ela entrou no momento errado e invés de apenas fechar a porta como se nada tivesse acontecido ela tirou sarro! Não se faz isso com alguém que ainda não de aceita. Ela cutucou a ferida profunda.

Depois que ela fechou a porta a pior parte aconteceu. Eu não esperava aquela reação dele, era como se ele estivesse possuído por raiva, fiquei até mesmo com receio dele me bater naquele momento, ele estava vermelho de raiva, os olhos deles estavam cheio de água, ele estava fora de si.

Tentei conversar com ele, mas ele me deixou falando sozinho, ele saiu correndo e então fiquei ali em choque. Eu estava simplesmente arrasado, não sabia o que fazer.

Então me sentei na cama onde tudo estava tão maravilhoso e desabei, não aguentei e chorei muito, acho que até demais. Eu estava sentindo algo por ele e tudo foi estragado! Estava indo tão bem. Tão bem!

Fiquei ali por minutos, até que alguém apareceu no quarto e tive que dar espaço para o novo casal. Desci as escadas e quando cheguei lá embaixo notei que tinha cacos de vidro no chão, teria sido ele?

Fui até a mesa onde estava as bebidas e peguei a mais pesada possível, eu precisava me distrair daquilo tudo.

— Então realmente é você o grande amor de Rafael?

Era Larissa, ela estava aqui novamente, estava aqui pra fazer o resto da minha noite um inferno. Como ela pode ser tão cruel?

— Não sei o que está falando...

— Ora, eu vi tudo, aquela pegação maravilhosa. Ia ter uma bela de uma foda né?

— O que você quer? – Ela me irritava, me dava raiva e ódio.

— Quero que fique longe dele! – Ela se aproxima de mim com a bebida que ia pegar.

— Você nem gosta dele, aposto que só quer foder com ele e largar ele! É isso que vadias fazem!

Ela me dá um tapa. Um tapa violento que chamou atenção de algumas pessoas que estavam por perto, eu sentia meu rosto queimar de dor e sentia acima de tudo uma raiva imensa por ela.

— Eu não sou igual você! Eu gosto dele já fazem anos!! E não é você que vai me impedir de conquistar ele.

— Parece que ele não gosta da sua fruta, Larissa. – Pego a bebida da mão dela – Se amasse ele, daria espaço.

Ela fica me encarando brutalmente e logo sai batendo os pés. Que raiva, que merda! Por que todo mundo vira contra mim? Por que eu não posso ter paz?

 

Dias atuais.

Tinha decidido comigo mesmo que falaria com ele na ETEC! Sim, a gente precisava conversar. Eu poderia ajudar ele, eu já passei por essa fase. Se bem que... eu me aceitei de forma fácil e rápida, mas ele é diferente, eu sei que ele tem medo, medo de perder tudo.

Esperei passar a manhã e à tarde toda com muito nervoso e ansiedade, faltava agora poucos minutos para o ônibus passar no ponto. Espero que ele sente comigo como sempre faz, mas mesmo se não sentar eu entendo e não desistirei, na sala podemos conversar.

O ônibus chegou, dessa vez eu apenas entrei, se quer dei Boa Noite para o motorista, eu estava muito nervoso e impaciente. Desde sábado ele não fala comigo, não responde minhas mensagens, não dá um único sinal de vida e isso estava me deixando agoniado.

Eu podia ir na casa dele, mas lá seria um péssimo local pra debater esse assunto, a mãe dele poderia escutar ou ele poderia simplesmente bater a porta na minha cara.

Quando estava chegando no ponto dele eu comecei a gelar, eu sentia meu coração bater forte, aposto que quem tem uma boa audição escutaria ele bater se estivesse em um local vazio. Assim que o ônibus parou eu vi algo que meus olhos não acreditaram.

Rafael estava com Larissa, os dois estavam se beijando e só pararam quando o último do ponto dele entrou , eu não acreditava naquilo, eu queria morrer!

Ele deixou Larissa enquanto entrava no ônibus e ela cinicamente fazia sinal de Tchau pra ele. Esperei que ele sentasse comigo, mas ele apenas me olhou por alguns segundos e sentou com outra pessoa.

Ok. Eu não sabia que aquilo iria me destruir tanto, não sei explicar o sentimento, mas era como se fosse uma dor no peito, uma dor leve que incomodava muito, misturada com o coração batendo forte e os olhos querendo sair lágrimas. Minha boca tremia querendo fazer uma expressão triste enquanto eu forçava ela ficar normal.

Fiquei o caminho todo lutando contra meus sentimentos e quando o ônibus parou eu desci, mas desci o mais rápido possível e fui indo direto pro banheiro. Me tranquei no primeiro disponível que eu achei e lá chorei o que queria chorar no ônibus.

O sinal tocou e eu continuei ali pensando nas coisas que aconteceram, está tudo tão confuso pra mim que fica difícil de processar tudo de uma vez, é uma bomba atrás da outra, uma desgraça maior que a outra! Eu sou forte mas não o suficiente pra tudo isso... Só depois de alguns minutos de tortura eu decidi parar. Decidi que teria que ser muito mais forte, eu não poderia ficar chorando assim, isso não ajudaria em nada! Eu tenho que agir, correr atrás dos meus sentimentos.

Me olhei no espelho e notei meus olhos exageradamente vermelhos, meu rosto também estava um pouco. Lavei minha cara com bastante água, arrumei meu cabelo e sai de lá. Vou pra sala.

Bati na porta e entrei, esse momento foi horrível.  Como entrei no meio da aula todo mundo ficou quieto inclusive o professor.

— Um pouco atrasado, não é? – Professor perguntou.

— Sinto muito, tive problemas.

Entrei e fechei a porta e fui pro meu lugar. Pelo menos ele estava no mesmo lugar que antes, perto de mim. Porém nenhuma palavra foi trocada durante a aula inteira.

Assim que tocou o sinal para o intervalo todo mundo começou a sair como de costume, apenas algumas pessoas continuaram na sala. Eu e Rafael sempre ficávamos na sala, era o momento em que conversávamos sem parar sobre qualquer coisa, era um dos melhores momentos das minhas noites.

Eu estava criando coragem pra falar com ele, mas ela não vinha. Até que num impulso eu levantei, puxei uma cadeira e sentei do lado dele. Assim que me sentei percebi a expressão dele, era uma expressão de tensão.

— Rafa, precisamos conversar. – Tentei manter meu tom de voz o mais normal e calmo possível.

— Não temos o que conversar, Lucas! Estou tentando fazer lição. – A voz dele por sua vez estava trêmula.

— Lógico que precisamos! Esta tudo uma confusão.

— Você causou isso! Você só atrapalhou minha vida.

— Vai dizer que você não queria aquilo! Rafael, eu sei que é difícil mas por favor...

— Difícil? O que é difícil, Lucas? Eu já te disse e repito! Eu não sou gay!

Suspirei bem fundo, eu sabia que aquilo não seria fácil. Nunca é fácil  pra ninguém. Eu só quero mostrar pra ele que quero ajudar!

— O que foi aquilo com a Larissa?

Eu não resisti em fazer aquela pergunta. Isso é muito estranho, ele se quer gosta dela, ele nem queria ficar na frente dela direito.

— A gente tá namorando! – Ele mostra seu dedo com a aliança.

Eu não conseguia acreditar, sério! Isso só pode ser brincadeira. Não e possível, isso é uma... uma falsidade, uma calúnia, uma mentira enorme!

— Você tá zoando né? – Diz que sim, por favor.

— Não, Lucas! Ela... ela é meu amor e sempre foi.

— Para de mentir! – Eu gritei, isso chamou atenção de toda a sala.

— Para você de ser uma bicha escandalosa! – Nesse momento sua voz estava muito tensa, ele estava ficando vermelho e seus olhos logo encheram de água.

— Você é um idiota, Rafael! Eu só quero te ajudar!

— Me ajudar? É isso que quer? Então por que não some da minha frente e me deixa em paz?

Eu explodi. Não podia suportar mais ele cuspindo aquelas idiotices e mentiras pra cima de mim. Esse não é o Rafael que eu conheço.

— Tudo bem! Se é assim que você quer. Mas se lembre que eu não vou te esperar pra sempre.

Sai do lado dele e voltei pro meu lugar e lá permaneci em silêncio até a última aula, até o último momento de explicação e o último toque do sinal de ir embora.

Fui direto pro ponto, onde lá seria mais uma tortura afinal ele espera no mesmo lugar que eu. É triste, eu estava triste. Ele era meu único amigo, eu conversava apenas com ele praticamente e agora parece que não tenho ninguém novamente, parece que estou vazio de novo.

Eu via ele rindo conversando com algumas pessoas, como ele pode estar tão bem assim? Como ele pode estar contente e feliz depois de tudo que aconteceu? E ainda mais como ele começou um relacionamento com aquela menina assim do nada? Sem explicação? Sério, isso está muito estranho, isso está muito mal contado, porém ele não confia em mim, ele não fala comigo. Eu só queria poder ajudar ele nessa fase, mas como ajudar alguém que não quer ajuda?

Quando cheguei em casa fui direto para meu quarto, eu estava bem acabado com tudo que tinha acontecido, eu ainda estava processando as ideias. Queria ter alguém pra conversar, pra desabafar, mas eu não tenho ninguém, a única pessoa com quem eu poderia fazer isso está agora me odiando.

Não que eu não tenha amigos, mas eles se quer ligam pra mim, depois que me mudei nenhum deles mais entrou em contato comigo. Eu me sinto como se fosse descartável, sabe? Como se eu não fosse permitido de ser feliz. Não estou fazendo drama, a vida me castigou muito. Desde a infância com meu pai.

Não quero pensar nisso novamente, vou mergulhar no melhor lugar onde tudo que eu quero pode existir, meus sonhos. Lá eu posso moldar o mundo perfeito. O mundo onde Rafael entendesse que ser quem ele é não é algo ruim! Eu espero que ele volte, eu preciso dele.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! O que acharam de ter o ponto de vista do Lucas? Querem mais com ele ou preferem apenas o Rafael?