O Garoto dos Olhos Castanhos escrita por Alison


Capítulo 11
Capítulo XI - Tudo culpa minha..


Notas iniciais do capítulo

(LEIA, IMPORTANTE)

Oi pessoal! Fiquei um bom tempo sem postar né?? Mas assim, eu tenho uma explicação e talvez essa demora por capítulo seja um pouco frequente até o ano que vem!

Bom a explicação é: Escola!

Sim, eu estudo de manhã o ultimo ano do Médio e to quase acabando, mas também estudo a noite na Escola Técnica e é lá que as coisas estão me pegando, provas estão vindo tudo agora, trabalhos e tudo mais e não estou conseguindo descansar a cabeça pra fazer capítulos legais! Então, desculpem galera ;-;



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Eu e Guilherme somos amigos a muito tempo e nossa amizade é mais forte que qualquer arma que exista hoje em dia. Passamos por muitos momentos bons e ruins ao decorrer desse tempo e isso só fez a nossa amizade fortalecer ainda mais!

Guilherme sempre foi o “menino alfa” e aí vocês me perguntam, o que raios é menino alfa? Então eu te explico. Menino alfa é aquele que todos admiram e acham ele o mais bonito de todos, é sempre o mais comentado na roda de meninas e também o mais comentado na roda de meninos na parte de esportes. Gui sempre foi o mais popular da sala e talvez da escola e isso sempre me vinha a dúvida do por que ele me escolheu como melhor amigo.

Talvez a resposta seja que eu nunca o tornei o menino alfa, eu sempre agia como se ele fosse a pessoa mais normal e patética do mundo! Talvez esse modo de tratar diferente foi que nos uniu e que nos une até mesmo hoje. Logo depois dele me conhecer e ficarmos super amigos, acabamos virando a dupla de alfas. Sabe, eu nunca tinha sido notado até virar amigo dele, confesso que ser um “alfa” não é uma coisa muito legal, mas muitas meninas corriam atrás de nós.

Nossa amizade nunca passou por uma briga séria! A gente tinha sim alguns desentendimentos mas eram tão pequenos e vazios que não posso considerar uma briga! Nos dois éramos unidos e nossa harmonia era perfeita de forma que nada pudesse estragar ela, e continua assim até hoje.

Na verdade, esse ano nos afastamos um pouco, nossa conversa foi reduzida e acho que isso aconteceu devido ao Lucas. Ele tirou muitas coisas de mim, minha dignidade, felicidade e iria tirar meu melhor amigo. Era como se Lucas fosse uma cobra, rastejando pela minha vida e envenenando cada ponto.

Mas isso está para mudar, avisei ele que hoje teríamos um dia único. Um dia apenas pra nós dois, eu e Guilherme precisamos disso, irei rancar esse veneno do nosso meio.

A ideia seria eu passar um dia inteiro com ele, seria na quinta feira, hoje claro, dia de finados – belo dia pra escolher não é mesmo? – mas é um dia bom, não teríamos aula e daria pra passar o dia todo juntos, além disso Gui arrumou uns ingressos pra irmos numa pequena festinha/balada que teria hoje.

Quando acabei de almoçar fui direto pra casa dele, coloquei algumas roupas numa bolsa e fui, lá estaria roupas pra balada a noite e até mesmo uns pijamas caso decidisse dormir na casa dele essa noite.

Assim que cheguei na casa dele fui recepcionado pela mãe dele. Bom, a mãe dele é uma pessoa muito doce, pelo menos com as visitas. Guilherme me contava várias vezes das brigas que ela tinha com ele, não que ela batia nele, mas cobrava muito, via defeito em tudo por mais que ele se esforçasse. Mas por outro lado o pai dele era bem nervoso e agressivo! Ele bateu algumas vezes em Guilherme, o ameaçou várias vezes por motivos bestas, como o corte de cabelo dele, eu mesmo tinha muito medo dele, a cara sempre estava fechada, o olhar que ele olhava pra gente era de gelar a alma, por isso quando o cumprimentei na sala fui correndo direto pra onde estaria o Guilherme, no quarto dele fazendo alguma coisa aleatória de inútil!   

Assim que entrei no quarto dele e sentei em sua cama ele me lembrou de algo que eu tinha esquecido e estava tão bom ter esquecido aquilo.

— E a namorada? – Disse ele rindo.

Larissa, aquele demônio em forma de garota na minha vida. Não a aguento mais, de verdade! Ela pega no meu pé vinte e quatro horas, hoje ela só não pegou no meu pé ainda por que não liguei o WiFi pras mensagens delas chegarem loucamente, mas eu dou apenas algumas horas pra ela me mandar mensagens de texto. Hoje além de passar um dia com meu melhor amigo eu também queria ele pra esquecer ela! Depois do dia da ameaça ela nunca mais saiu de perto de mim, as vezes ela vai em casa cedo e fica me esperando acordar,  isso é bizarro!

Ela é uma piranha. Queria sexo já no segundo dia em que fui obrigado a ficar com ela, eu recusei e recuso até hoje, não quero desperdiçar minha primeira vez com alguém nada ver, ainda estou planejando um jeito de fugir dessa chantagem sem me prejudicar.

Segundo dia da chantagem...

Ela estava apenas com as roupas íntimas em cima de mim, ela beijava todo meu corpo de forma grotesca e violenta como se fosse uma cadela faminta. Eu estava totalmente desconfortável, eu não estava excitado, não conseguia, não com ela. Não daquele jeito.

— O que você acha de fazermos...?

— Fazermos? – Perguntei, mas já sabia do que se tratava.

— Você sabe, Rafael. Eu estou pronta!

— O que? – Empurrei ela. – Eu não quero fazer isso!

— Como não? Você realmente é um viado então?

— Cala sua boca, Larissa. Eu não amo você, eu odeio você! Você não passa de uma qualquer pra mim e só estou com você por chantagem.

Ela ficou quieta e vi os olhos dela ficaram com lágrimas, mas eu estava falando a verdade, eu não quero estar com ela. Eu não a amo!

Dias atuais.

— Não sei cara, eu quero esquecer ela por hoje!

— Mas nossa. Não está feliz não?? – Parece que ele percebeu, aleluia.

— Não é isso... – Tive de mentir – É que hoje é um dia só nosso! Nada de namoradinha.

Assim ele deu de ombros, acho que não o convenci mas ele mesmo deixou de tentar. É difícil, as vezes não consigo disfarçar. Sou péssimo nisso.

— Tem mais uma coisa.

— Pode dizer! – Eu olho pra ele.

— Aquele seu amigo, Lucas. Faz tempo que não vejo vocês juntos.

Nossa, ele parece que sente. É impressionante ele só perguntar de coisas que estão erradas. Não quero falar do Lucas, não tenho o que falar, estou seguindo minha vida e é tudo culpa dele, se não fosse ele eu não estaria com aquela menina infernal, não estaria beijando e quase transando com quem não quero.

— Acha! Tá tudo ok entre a gente também. Só não temos assunto.

— Não mente. Você me deixou de lado por ele, pensa que não notei? Você se aproximou dele e vivia grudado, e do nada parou? Alguma coisa aconteceu.

Fiquei sem reação, tanto por ele ver que o motivo do nosso distanciamento foi o Lucas quanto que tem alguma coisa errada, eu não sabia o que falar, geralmente eu sou calculista e seu dar respostas super boas e eficientes mas agora eu tinha travado, tinha ficado em choque digamos assim, apenas abaixei a cabeça e fiquei olhando pro chão.

— É, aconteceu algo. Você vai me contar? – Ele disse num tom sério.

— Não estou preparado pra falar isso... por favor deixa isso pra lá!

Guilherme suspirou fundo, senti que ele estava bem desapontado comigo, não gostei disso. Fiquei meio sem o que falar, apenas olhando pro chão e o silêncio tomou todo o lugar. Sabe eu costumava contar tudo pra ele, talvez isso o fez ficar chateado ou algo do tipo, pensar que eu tinha perdido a confiança dele, mas na verdade era apenas medo de contar isso, era algo difícil, contar que eu me afastei por que a gente se beijou, que ele era gay, não sei a opinião dele sobre isso, talvez se eu perguntasse...

— Gui, o que você acha dos gays? – deixei de olhar pro chão e olhei pra ele, sua expressão no início foi de risada, ele queria rir mas percebeu que estava falando sério.

— Nada contra, mas acho errado e não gosto, sabe? Não apoio.

— É, eu também penso isso!

Abaixei a cabeça novamente e pensei, viu por isso que não devo contar as coisas do Lucas pra ele. No fundo era vergonha, mas na verdade acho que era medo do Guilherme se revoltar com o Lucas. Enfim, devo esquecer isso, escolhi esse dia pra me distrair e não ficar pensando nos meus diversos problemas.

— Enfim, cara. O que vamos fazer hoje mesmo? – perguntei apenas pra quebrar o gelo.

— Bom, agora a tarde vamos ficar jogando ou apenas conversando. A noite vamos pro lugar que eu te falei, já esqueceu?

Ele estava seco. Aquilo me deixou com o estômago revirado e cheio de dor no peito. Mas tudo bem, vamos que eu consigo animar novamente.

— Entendi, então... nessa festa você vai tentar sair com alguém?

— Não sei ainda, só quero me divertir mesmo.

— Eu também, entendo você.

Aquela tarde ficou silenciosa, não tivemos muito assunto é muito menos jogamos muito. Estava um clima difícil mesmo, mas quando chegou a noite ele começou se animar novamente, começou a querer falar mais e até começou a fazer as brincadeirinhas básicas dele, fiquei mais aliviado.

Fui tomar banho, entrei no banheiro e comecei a tirar a roupa, ia abrir o chuveiro quando escutei a voz do pai dele, não sei, mas alguma coisa me disse pra ouvir, pra ouvir o que ele estaria falando. Me aproximei da porta e fiquei em silêncio e consegui ouvir algumas coisas, o pai dele estava perguntando sobre mim, disse que eu estava estranho e com um jeito muito feminino, Guilherme me defendeu mas o pai dele disse que era pra Guilherme ficar de olho que não quer o filho dele com alguém “viado”.

Liguei o chuveiro e fiquei pensando naquilo, minhas paranoia começaram a rodar minha mente. Eu estava com um jeito estranho? Um jeito feminino? Olhei pro meu corpo, olhei pra minhas roupas no chão, estava tudo normal, como eu sempre era, o que teria mudado? Fui até mesmo na frente do meu espelho e olhei pro meu rosto, eu continuava igual, o que eu não teria percebido? O que eu teria mudado? O que teria me deixado com ‘jeito feminino’?

Fiquei pensando nisso meu banho inteiro, depois me troquei ainda pensando nisso, arrumei meu cabelo pensando nisso, escovei meus dentes pensando nisso e sai do banheiro pensando também.

— Eita,  que cara é essa mano?

— Hum? Nada – Dou risada – eu só estou lesado mesmo.

Ele riu e foi tomar banho, então eu fiquei sentado na cama dele, mexendo em algumas coisas. O pai dele depois de um tempo passou na frente do quarto e me encarou, meus olhos ficaram trêmulos e deu vontade de chorar, mas aguentei e sorri carinhosamente pra ele como se nada tivesse acontecido.

Fiquei esperando ali, encarando cada parte do quarto do meu amigo, não conseguia me concentrar em uma coisa só, reparei numa foto enquadrada, era uma foto minha e dele. A gente era pequeno, estávamos sorrindo, minha mãe tinha tirado essa foto, foi um dia especial, primeira vez que tínhamos viajado junto, foi incrível!

— Voltei! – lá estava meu amigo, bem arrumado e bastante cheiroso, hoje é dia que ele vai conquistar várias meninas.

— Olha ele! – Dou risada – Vai sambar demais.

— Nossa, que gírias são essas?! – ele riu – Tá pronto? Já já vai dar o horário.

Dei uma risada abafada e levantei, fomos indo até a porta e começar a ir até a balada que estaria prestes a começar, ou creio eu que já tenha começado. Fomos conversando o caminho todo, tudo o que não falamos de tarde por causa do clima tenso, nos falamos no caminho ao local, falamos de tudo e ele até mesmo soltou um “que saudade de você”! Aquilo me deixou feliz, alguém gosta mesmo de mim.

Assim que chegamos fomos entrando e Guilherme logo foi pro meio de todas aquelas pessoas, confesso que tenho muita agonia disso, então fui até a parte mais leve onde ficava as bebidas, poucas pessoas estavam lá então fiquei ali mais a vontade observando e tomando alguma coisa que eu pedi.

— Você é o Rafael? – uma garota sentou ao meu lado.

— Sim, sou eu. Nos conhecemos? – olho pra ela.

— Na verdade não, você nunca me viu, mas eu já escutei muito se você, pelo menos nos últimos dias.

A garota tinha um estilo meio gótico,  longos cabelos negros, algumas tatuagens bonitas, fiquei a encarando pra ver se reconhecia ela de algum lugar, mas não.

— Então... – fiquei esperando ela falar.

— Conheci o Lucas no Halloween.

Olhei surpreso pra ela, o que será que ela queria?

— Não conheço ele.

— A não se faça de tonto, ele me contou tudo. Uma pena ele ter ido parar no hospital.

— O que? No hospital?!

Meu coração gelou.

— Sim, Rafael. Eu o encontrei jogado na rua com os braços cheios de sangue. Ele se cortou, cara.

— O que? Mas ele está bem? Como assim? Por que ele fez isso?

— Agora você se importa com ele?

Fiquei arrasado, imaginei a cena do Lucas deitado na rua todo machucado, talvez tenha sido culpa minha... sim deve ter sido culpa minha, eu cuspi na cara dele naquele dia, deve ter sido a última gota...

— Ele quer te ver. Se você tiver algum coração, deve ir. Espero que tenha.

A garota se levanta.

— Qual seu nome? – perguntei, tremendo.

— Meu nome é Sofia.

Ela saiu, me deixando ali com uma expressão de horror. Eu devia mesmo ir lá, eu tinha que ver ele. Levantei e fui procurar o Guilherme, acho que ele vai ficar puto, mas preciso ir embora.

Quando o achei ele estava conversando com uma menina. Eu o puxei pra perto de mim.

— Cara, eu preciso sair! Minha mãe me ligou com urgência.

— O que? Mas esse seria nosso dia, eu iria agora mesmo te chamar. Essa menina tem uma amiga que tá super afim de você!

— Esquece cara, eu preciso ir mesmo. Teremos outro dia eu prometo.

— Sempre é assim! Vai logo então.

Suspirei triste e virei de costa e fui indo até a saída, precisava ir no hospital e ver ele, ver como ele está, estou me sentindo tão culpado. Como eu fui babaca com ele, como eu fui cruel! Tudo está voltando na minha cabeça.

Cheguei no hospital e fui direito falar com a enfermeira.

— Quero ver o Lucas...

— Ah, ele está mesmo te esperando já faz dias. – ela nem tinha deixado eu terminar de falar. – Venha.

Fui a guiado pelos corredores do hospital,  aquele cheiro horrível de hospital me dava náuseas... e pensar que ele está aqui, em uma dessas camas, sofrendo...

A enfermeira parou na frente de uma das portas, número 22. Lá estaria ele, ela me olhou bem e respirou fundo.

— Por favor, seja delicado.

Parece que todos sabem que eu sou o mal que fez isso nele... É ruim ver todos assim, me olhando com esse olhar de reclusão. Mas eu suspirei fundo e sorri pra ela e fiz que sim com a cabeça. Assim que a porta abriu eu o vi, ele estava horrível, sua pele estava mais branca que o normal, seus braços estava cheios de curativos, cheguei mais perto e ele abriu os olhos. Meu deus, o tom do olhar dele, aqueles olhos que eu era fascinado agora estavam tão apagados, estavam sem vida, sem cor! Aquilo me matou por dentro, me destruiu. Ele olhou pra mim devagar e não disse nada.

— Lucas? – Sentei ao lado dele – Você está bem?

— Por que fez tudo isso comigo? Você me deu amor, me deu uma fortaleza pra depois destruir? Por que fez isso?

— Não... Eu não quis...

Eu não sabia o que dizer e nem o que sentir naquele momento. Eu fui tão ruim assim? Eu estava pensando que ele tinha me destruído, mas foi o contrário? Por que eu fiz isso com ele?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. s2