A Presa escrita por bombomlegal


Capítulo 2
Seis meses em duas horas de lembranças


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu sei que meus títulos não são bons, namoralzinha, desculpa ♥
Mas espero que vocês gostem do capítulo, o terceiro não ta completo ainda. A medida que forem lendo comentem e digam o que acharam, isso me ajuda muito.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742382/chapter/2

Entrou na fila de embarque, e aguardou inquieto para entrar no avião. Haviam cerca de 15 pessoas na sua frente, entre eles, uma moça estranha com óculos escuros e um chapéu nada discreto, que não parava de encará-lo. A todo momento olhava para trás e, por mais que ele não consiguisse realmente ver para onde ela olhava, ele sabia que era ele, pois enquanto sentados ela já estava o secando. Não podia mentir, isso era ótimo pra sua autoestima.

A fila começou a andar e ele, silenciosamente, comemorou por isso. Finalmente, poderia dizer que estava a caminho de casa. Olhou seu celular e viu que tinha mensagem de sua mãe, perguntando se ele já tinha embarcado. Riu, um pouco debochado, refletindo. Se ele tivesse embarcado não receberia a mensagem, porque precisa desligar o celular. Então mandar a mensagem seria bobeira. Respondeu, ainda rindo, que estava prestes a fazê-lo.

Sua vez chegou. Entregou o cartão de embarque e sua identidade para a atendente de bordo. Ela conferiu as informações, permitiu-lhe a passagem e ele seguiu em direção ao avião.

Entrou no grande passaro metálico, distraído, cumprimentou a aeromoça na porta e foi para seu assento, número 4A. Agradeceu por ser na janela, amava ver a paisagem de cima. Olhando para tudo minúsculo, como se tudo aquilo fosse um desenho muito bem feito em um papel. Sempre amou a vista, desde a primeira vez que viajara de avião, com dez anos, que foi visitar sua avó a beira da morte. Era uma viagem de intuito triste, porém suavizada com toda a vista que teve.

Viu seu lugar, e notou que em cima dele não cabia a sua mala. Analisou e percebeu que o espaço vago mais próximo era duas poltronas atrás. Direcionou-se a ele e ficou na ponta dos pés para alcança-lo, já que precisava por a mala no mais fundo possível para que coubessem a dos outros. Pressionou a mala e desequilibrou-se, caindo no colo da mulher que o encarara no salão de embarque. Desculpou-se sorrindo e gracejou.

— Parece que estou me jogando no seu colo, não é mesmo? – sorria enquanto se levantava.

Ela não disse nada, apenas deu um sorriso frouxo e breve enquanto virava o rosto para a outra direção. De duas era uma. Ou ela era extremamente tímida, ou uma ridiculamente grossa. Torceu para ser a primeira, porque ficara sem graça com o que acabara de acontecer, e a piada foi seu mecanismo de defesa. Não era muito extrovertido, mas fazia o possível para se abrir mais.

Esse foi um dos motivos do seu termino com a Ana, sua ex namorada de Manhattan. Ela reclamava que ele não se abria muito, e cansado dessa cobrança e das constantes brigas terminaram após dois meses de namoro. Não só esse, mas também seu amor pela Jaqueline que nunca acabara. Ela sempre esteve em sua mente, não a esquecera nem por um minuto, nem quando tentava arduamente. Sentia muita saudade e caçou alguém para ser sua “distração”, alguém que conseguisse tirar a Jaqueline de sua mente. Entretanto, não conseguiu. Tudo que obteve foi um relacionamento frustrante que acabou muito mal.

Não só acabou muito mal como toda sua duração foi complicada. Ana era uma garota complexada. Seus pais a privavam de tudo e eram bem fechados. Abandonaram ela com 15 anos e tudo que deixaram foi o dinheiro para ela sobreviver os proximos três anos sozinha. Foi bastante dinheiro, mas honestamente não o suficiente para viver os anos seguintes bem. Ela teve que racionar esse dinheiro de modo que alguns dias não gastava nada e comia muito mal.

Isso deixou-a traumatizada com abandono e não podia levar a culpa disso. Desde então, vivia com medo de ser abandonada. Toda relação que ela teve, a partir dai, foi muito intensa. Seu trauma só piorava quando era deixada de lado pelos amigos. Ninguém aguentava sua obsessão pela presença de todos, e achavam que era drama. Ela guardava o segredo de seus pais de todos. Alguns poucos souberam, e assim como Jonathan, mesmo assim a deixaram de lado.

Ela o mandou mensagem no mês que seguira o término. Ele agradecia por aquele ser o último, já que virava e mexia, eles se trombavam na rua. Fingia que não a via, passando reto e apressando o passo, queria evitar  a conversa que poderia acabar em uma recaída. Tal recaída que seria pior pra ela do que pra ele.

Assim se deu aquele mês, recebia as mensagens, e não respondia. Ela agora parecia ser uma stalker que não desistia dele nem por um segundo. Queria responder, mandando-a deixá-lo em paz, porém não podia ser grosso a esse ponto, era melhor não responder e fazê-la desistir por conta própria. Ela o amava, e ele sabia o quanto é dificil deixar alguém que você ama ir embora, principalmente ela. Você quer estar com a pessoa, mas não pode. Todos os dias sente falta e isso te corta por dentro de um modo que é como se seu coração fosse sendo partido em milhares de pedaços minusculos com uma faca com dentes nenhum pouco afiada. Rasgava lentamente a carne e te deixava agonizando.

Todavia, ele também não podia continuar em um relacionamento que não era bom pra ele só porque ela sofreria. Seria pior para ambos se ele continuasse. Pior do que o abandono é a falsa presença. É a pessoa estar lá fisicamente, mas em espirito estar a milhares de anos-luz de distância. É você estar se entregando pra pessoa e no fundo, ela estar de deixando cair, mas não realmente cair porque ela te dá essa falsa segurança, a segurança de que ta tudo certo porque ta la só que você sente que não está nada bem, que tudo está indo por água a baixo.

Sair de Nova York era o melhor para ambos, ela não o veria mais nem ele a ela. Eventualmente, ela desistiria. A medida que o motor do avião aquecia, o ponto final dessa relação se concretizava. Ela ficara pra trás junto com a vida de Nova York.

Tal vida que foi boa, mas nada se compara ao nosso lar. O lugar que você se sente bem, em que você sente que tem algum significado e isso te dá o conforto.

Estava na hora de procurar o sono para chegar em casa mais cedo. Mal podia esperar para encontrar todo seu futuro e seu passado no fim da viagem. Sentia falta de tudo e de todos e tinha pressa para chegar. O avião começava a decolar e Jonathan a adormecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero muito que tenham gostado!
Não tenho previsão para o próximo capítulo, mas espero acabá-lo logo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Presa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.