Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 81
CAPÍTULO81




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742293/chapter/81

CAPÍTULO81

— - Bom dia, Florianópolis! - o cumprimento da enfermeira veio
acompanhado por um sorriso discreto:
— Bom dia, Camila - a mãe de família sorriu de volta para ela -, entra,
por favor!
Camila entrou e Florianópolis fechou a porta atrás de si:
— Vem, sente-se aqui comigo; eu estava terminando de tomar café, toma um
café comigo?
Florianópolis sempre foi amável com a jovem, e ela não sabia dizer o que
estava sentindo:
— Pode ser! - respondeu a enfermeira.
Florianópolis chamou por Márcia e pediu que ela trouxesse uma xícara,
prato, talheres, tudo para que Camila lhe acompanhasse naquele café da
manhã:
— Como ele cresceu! - começou a enfermeira, olhando fixamente para São
Joaquim:
— Cresceu, menina; é a alegria aqui de casa!
— Parece que foi ontem, não é? E pensar que eu estava lá, na sala de
parto quando ele nasceu!
— Eu nunca tive a oportunidade de te dizer, Camila, mas o fato de você
estar ali, ver você ali dentro daquela sala enquanto eu fazia força pra
ele nascer me ajudou muito, fez com que eu me sentisse segura! Mas quem
não me parece confortável é você; aconteceu alguma coisa?
Havia chegado a hora; a própria Florianópolis percebeu que a enfermeira
tinha algo a dizer e ela começou a procurar as palavras:
— Florianópolis, eu acordei várias vezes durante essa noite, e hoje de
manhã eu estava certa de que eu tinha que vir conversar com você!
— Diga, minha querida; no que é que eu posso te ajudar?
— Florianópolis, eu não sei se você sabe, mas São José está vivendo no
mesmo flat que eu, pra ser mais exata, no meu andar!
— Sim, eu sei!
— Nos últimos meses nós acabamos ficando muito próximos, saímos juntos
algumas vezes, jantamos mais nunca passou disso! Me desculpe vir aqui
desse jeito, te jogar isso assim mas...
— Calma, minha querida, calma! Não tem motivo nenhum pra você ficar
nervosa!
— Ontem ele me pediu em namoro, Florianópolis! Eu falei pra ele que
daria a resposta hoje porque eu ainda tinha uma coisa importante pra
resolver! Esse tempo todo eu tive a sensação de estar traindo você...
— Camila, olha pra mim - Florianópolis estava sentada de frente para a
jovem enfermeira, e agora, tocava a mão dela -, você não está me
traindo, de maneira nenhuma! Nós estamos separados a mais de um ano, São
José tem o direito de reconstruir a vida dele, da mesma forma que eu
também tenho o direito de reconstruir a minha vida!
— Florianópolis - Camila começava a sentir seu coração se acalmar no
peito -, eu vim aqui pra te dizer uma coisa, uma coisa que eu preciso
que você saiba antes que eu dê minha resposta pra ele! Eu quero muito
que você saiba, se a gente der certo, se eu e São José estiver-mos no
destino um do outro, eu quero que você saiba que os seus filhos vão
ter sempre um lugar especial nas nossas vidas, e quem sabe um dia, na
nossa casa! Eu sou filha de pais separados, eu quero muito merecer a sua
confiança e a confiança dos seus filhos!
Camila conseguiu, falou o que precisava ser dito. Florianópolis
continuava segurando a sua mão, olhando fixamente para ela como se
procurasse a resposta certa, as palavras que precisava naquela hora:
— Camila - a mãe de família finalmente falou -, eu não posso negar que
estou surpresa com isso! Eu fui casada com São José durante vinte e um
anos, tivemos cinco filhos, mas se aconteceu o que aconteceu com a gente
é porque era pra ser! Você não me traiu, minha querida, não foi por sua
causa que ele saiu de casa, e embora eu esteja um pouco chocada eu estou
muito feliz por ele ter escolhido você pra ser a madrasta dos meus
filhos!
Camila nunca se sentiu tão aliviada; o fato de estar próxima de São
José a fez ter a sensação de estar traindo a confiança da família dele,
mas naquela manhã, Florianópolis a tranquilizou. Agora, a enfermeira
estava pronta para fazer o que seu coração queria, e na noite daquele
dia, ela disse seu sim, estava namorando um homem mais velho, estava
cheia de esperança.
Ainda naquela semana, Blumenau esteve na empresa do pai e ele contou
a ela sobre seu namoro com Camila. Esperou que sua filha lhe julgasse,
dissesse que a enfermeira era muito nova para ele, mas realmente
Blumenau havia mudado; embora estivesse chocada, ela deu força para o
pai e disse que ele tinha o direito de reconstruir sua vida. Para São
José, o próximo passo agora era contar para Jaraguá e Palhoça; decidiu
marcar um jantar com as meninas em seu apartamento, pensou em ir com
elas a uma pizzaria mas achou melhor que estivesse a sós com elas. Os
três pediram uma pizza, Jaraguá podia ver a felicidade nos olhos do pai,
e Palhoça se perguntava o que estava acontecendo.
Os três estavam jantando, sentados junto à uma mesa redonda que
havia na sala; São José decidiu que aquela seria a melhor hora:
— Bem, minhas filhas, eu resolvi combinar esse jantar com vocês duas
porque eu tenho uma coisa importante pra contar pra vocês!
— Deve ser coisa boa! - observou Palhoça:
— Você parece feliz, pai! - completou Jaraguá:
São José largou os talheres e as meninas fizeram o mesmo; com a mão
esquerda, o pai segurou a mão de Jaraguá, e com a direita a de Palhoça:
— Em primeiro lugar, eu queria que vocês me perdoassem, meus amores! Eu
sei que eu errei, saí de casa pra viver com uma mulher que nunca
respeitou vocês; se eu pudesse voltar atrás, eu jamais teria feito isso!
— Você vacilou, né, pai - comentou Palhoça com um sorriso leve e um tom
de voz amigável -, mas você nunca deixou de estar com a gente, e se
tinha alguma coisa pra ser perdoada, já passou!
— É, ´pai - falou Jaraguá -, palhoça tem razão!
— E o que eu tenho pra falar pra vocês, é que dessa vez vai ser
diferente; o papai está namorando, e eu posso garantir pra vocês que ela
vai respeitar muito a minha família, ela vai ser uma boa amiga pra
vocês!
Jaraguá e Palhoça se entreolharam, ambas ainda seguravam a mão do
pai:
— Quem é, pai? - perguntou a mais nova:
— Fala pra gente, pai, quem é ela? - insistiu Palhoça:
— É a Camila; a enfermeira Camila!
Enquanto o pai esperava uma reação das filhas, elas se calaram;
ficaram por alguns instantes olhando pra ele, talvez se perguntando como
isso aconteceu, como seria dali pra frente. Palhoça quebrou o silêncio:
— Quer dizer que você pegou a enfermeira, paizinho? - a garota sorriu ao
fazer o comentário:
— Não é bem assim, Palhoça; que jeito de falar, filha!
— Eu sei, pai; estou brincando!
— Eu estou surpresa, pai - falou Jaraguá -, surpresa mas feliz ao mesmo
tempo; apesar de tudo o que aconteceu, do fato de você ter saído de casa
e ter vacilado como Palhoça mesma falou, eu quero muito que você seja
feliz! Mas porque é que a Camila não está aqui com a gente?
— Nesse momento ela está no apartamento de Joinville, meu amor, fazendo
a mesma coisa que eu!
E de fato, Camila foi até o apartamento de Chapecó e Joinville; foi
recebida com alegria pelas duas:
— Joinville, eu preciso conversar com você! - começou a enfermeira; as
três estavam sentadas junto à mesa redonda da sala:
— Quer que eu saia, Cami? - perguntou mansamente Chapecó:
— Fica aonde você está, amiga; nós vamos precisar de você!
Chapecó permaneceu como estava, sentada ao lado de Joinville, esperando
que Camila dissesse o que a levou até o apartamento delas naquela noite:
— Joinville, eu não sei como começar essa conversa; eu passei o dia todo
pensando, ensaiei o que eu deveria falar pra você mas...
— Cami, - interrompeu a futura arquiteta -, por favor, o que é que está
acontecendo?
— Eu nunca te vi assim, amiga - comentou Chapecó -, preocupada, aflita!
Camila realmente estava aflita; pensou em começar falando sobre o jantar
que elas ofereceram quando se mudaram para o apartamento, jantar que a
enfermeira chegou junto com São José. Pensou em contar sobre sua
aproximação com ele nos últimos meses, mas percebeu que não era hora
para explicações, não agora. Olhou fixamente nos olhos de Joinville,
encheu-se de coragem e as palavras saíram:
— Eu queria contar pra vocês que eu estou namorando, gente!
— Como assim? - a pergunta de Chapecó veio acompanhada por um sorriso
enorme e um tom de comemoração -, como é que você não me conta essas
coisas, sua louca? Desde quando, como foi, quem é o felizardo?
— Eu estou namorando o seu pai, Joinville!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Estado de amor e de sonhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.