Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 74
CAPÍTULO74




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CAPÍTULO74

— Vai, meu amor - implorava Chapecó -, sai daqui, pelo amor de Deus!
Joinville sentia que seu corpo parecia não querer obedecê-la, estava
paralizada; Itajaí deu um paço a frente e segurou a futura arquiteta
pelo braço:
— Você não ouviu o que ela disse não? Desinfeta, sua imbecil, some daqui
porque a conversa não é com você!
— Como é que você entrou aqui?
— Não te interessa; saia daqui!
Joinville não tinha saída; uma parte dela ficaria ali, dentro daquele
apartamento, com a mulher que amava e com o filho que estava no ventre
dela. A moça desceu até a portaria em total desespero, foi amparada
pela esposa do porteiro e pediu que alguém chamasse a polícia.
— Muito bem, meu amor! Ainda bem que ela foi embora, assim a gente
pode conversar em paz!
Itajaí via o medo nos olhos da ex-namorada; Chapecó temia pela sua vida,
e mais do que isso, temia pelo seu filho; Itajaí continuava segurando a
arma, apontada para a ex:
— Não precisa ter medo, meu amor! Você sabe que ninguém nesse mundo te
ama mais do que eu, eu jamais faria qualquer coisa contra você, contra o
meu filho...
— Sua doente, desequilibrada...
— Eu sou; doente, desequilibrada, sou tudo isso que você está dizendo,
Chapecó! Você acabou com os meus sonhos; por sua causa eu não tenho mais
objetivo nenhum nessa vida, por sua causa eu nunca mais vou conseguir
ser feliz com ninguém! Mas isso não importa mais, minha querida; eu vim aqui pra acabar de vez com essa história, a gente vai ficar juntas pra sempre!
— Itajaí, solta essa arma, a gente conversa! Eu prometo que ninguém vai
saber o que aconteceu aqui, eu convenço Joinville a guardar esse
segredo, não vai acontecer nada com você...
— E você acha que eu tenho algum motivo pra acreditar nisso, Chapecó? Me
dê uma razão pra acreditar que vocês não vão sair daqui correndo pra
polícia! Vocês destruíram a minha vida, a gente podia estar bem, feliz; e eu
vim aqui pra acabar de vez com essa história infeliz que é a nossa! Mas
antes eu quero aproveitar esses últimos minutos que a gente tem...
— Não toca em mim, sua doente, não se atreva a encostar um dedo em mim!
— reagiu Chapecó, cheia de coragem, mas com a incerteza daquele momento
lhe tomando até a alma; sentia que seus argumentos estavam se esgotando,
Itajaí estava irredutível. A engenheira chorou pela primeira vez diante
dela, diante da arma que podia acabar com todos os seus sonhos.
Joinville permaneceu na portaria do prédio, a espera da polícia; a
incerteza, o medo do que poderia estar acontecendo no apartamento lhe
deixava em pânico. Não foram poucas as vezes em que pensou em subir, mas
temia pela vida de Chapecó e do filho que ela estava esperando.
Na suite do apartamento, Chapecó estava na cama, com Itajaí deitada
quase que sobre ela, decidida a tê-la mesmo que fosse por um momento,
mesmo que ela não quisesse. O revolver estava no criado mudo; a ameaça
estava ali, constante caso a engenheira não fizesse o que a ex-namorada
queria:
— Itajaí, eu estou grávida; se você se refere ao meu filho como seu,
pensa nele, por favor!
— Eu não vou fazer nada contra você, contra o meu filho, meu amor; eu
sei que você quer, eu te conheço como ninguém, Joinville não tem cara de
quem consegue dar conta de uma mulher como você!
Nesse momento, as duas ouviram a voz de um homem:
— É a polícia! - ele gritou; o apartamento foi invadido. Itajaí se
levantou da cama e voltou a pegar o revolver:
— Parada aí! - ordenou o delegado -, a senhora está presa por tentativa
de assassinato!
— Ninguém encosta em mim - gritava transtornada a moça -, ninguém
encosta em mim se não eu atiro!
Mas foi em vão; ela estava sendo algemada, deixando o revolver cair no
chão. Itajaí foi levada pelos policiais, e até no último momento, gritou
seu amor por Chapecó, implorava para que ela não deixasse que a levassem
presa.
Joinville, que entrou no apartamento junto com os policiais,
sentou-se ao lado da namorada; quando os policiais chegaram, Itajaí já
havia tirado parte do vestido da ex, deixando-a descomposta da cintura
pra cima:
— Deixa eu te ajudar, meu amor! - Joinville estava chorando, e
calmamente ajeitou a parte de cima do vestido dela, abraçando-a em
seguida:
— Como é que você está, Chapecó?
— Acho que está tudo bem; eu só fiquei nervosa!
Ainda naquela manhã, São José foi até a escola e pegou Palhoça para
almoçar; os dois foram até um restaurante, e a garota brincalhona e as
vezes um pouco infantil, tornou-se uma jovem objetiva e muito dedicada
naquele momento:
Palhoça abriu o jogo com o pai; contou sobre suas visitas à casa de
Blumenau, sobre o hematoma no braço da irmã, sobre o fato dela ter
parado de estudar:
— Eu não acredito numa coisa dessas, filha! Blumenau parou de estudar?
— Parou, pai! Eu soube disso essa semana quando fui ver a mana no
apartamento dela; eu estou grilada, pai, Blumenau me disse que tomou a
decisão de largar a faculdade pra cuidar do marido e dela mesma, mas nós
dois sabemos que ela jamais faria isso! Vamos combinar que isso está
muito, mas muito esquisito!
— Eu vou conversar com ela, filha! Essa história do hematoma no braço
dela não está me cheirando nada bem! E se eu descobrir que aquele rapaz
está fazendo a minha filha sofrer, eu juro que ele vai pagar por isso...
— Calma, pai; a gente tem que ter calma! Sabe aquela minha amiga,
Itapema? Pai, ela teve um caso desses na família dela, ela me contou;
lidar com um cara violento é dose!
— É verdade, meu amor, você tem razão! A gente precisa pensar na
segurança da sua irmã; eu vou pensar no que fazer, e você, não comenta
isso com mais ninguém!
— Pode deixar comigo, pai; isso fica entre a gente!
O pai de família ficou olhando por um instante para sua garota; o
celular tocou, era sua ex-mulher:
— Oi, Florianópolis, pode falar!
Palhoça ficou observando seu pai, e a expressão no rosto dele mudou em
questão de segundos:
— Florianópolis, eu vou pra aí; nós estamos terminando de almoçar, daqui
a pouco eu chego aí!
O pai soltou o celular na mesa, seu rosto agora tinha uma expressão
assustada:
— O que aconteceu, pai? - alarmou-se Palhoça:
— Bem, filha, Joinville e Chapecó sofreram um atentado!
— Atentado?
— Calma, Palhoça; elas foram ver um apartamento que elas estão querendo
comprar, foram seguidas por Itajaí e parece que ela invadiu o
apartamento, armada!
— E Joinville, pai? - Palhoça parecia desolada:
— Sua irmã está bem, filha, ninguém se feriu! Elas estão na casa da sua
mãe, Chapecó está muito abalada, parece que a doutora Ana está indo lá
pra examiná-la!
Sentada em uma das poltronas da sala, Joinville esperava pela
doutora Ana junto com sua mãe, Jaraguá e Márcia; a médica estava no quarto com
Chapecó.
— E então, doutora Ana? - Joinville colocou-se em pé ao pôr os olhos na
médica:
— Joinville, fique calma; Chapecó está bem apesar de tudo! Ela está
muito abalada, eu estou receitando um calmantezinho leve, não vai
prejudicar o bebê, vai ajudar ela a descansar! É muito importante que
ela faça repouso pelo menos por hoje; um choque emocional nessa fase da
gravidez pode ter consequências! Mas ela é forte, vai superar tudo isso!
— Doutora - tornou a perguntar Joinville -, ela está ferida? Bem, no
meio daquela confusão, da tensão que a gente passou eu acabei não...
— Não, minha querida, ela não está ferida! É como eu te falei; ela está
muito nervosa, aterrorizada com tudo isso!
A doutora passou uma receita para a mão de Joinville; ela passou os
olhos no papel:
— Obrigada, doutora! Eu vou descer até a farmácia, você fica lá com ela,
Márcia?
— Claro, menina - Márcia sorriu de leve -, fico de olho nela até você
voltar!
São José chegou com Palhoça minutos depois; foi direto para o quarto
de Joinville onde sua nora estava deitada.


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