Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 72
CAPÍTULO72




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CAPÍTULO72

Blumenau recebeu alta do hospital na manhã seguinte, e seu marido a
levou pra casa; a jovem mãe de família esperava que São Bento fosse
ficar o dia todo ao seu lado, lhe dando apoio, mas ele a deixou em casa
e foi para o escritório.
O jovem futuro advogado nunca foi de grandes demonstrações de amor, era
um homem prático, e amor era tudo o que ela mais precisava naquele
momento.
Dona Margarida, o anjo em forma de gente que fora colocada na vida do
jovem casal, tinha amor de sobra pra oferecer. Passou o dia todo ao lado
de Blumenau, e a tarde, conforme o combinado, São José foi até o
apartamento da filha, levando Rio do Sul. A jovem estava calma, tinha
certeza de que conseguiria conversar com ele.
— Você é meu pai? - Blumenau tentou iniciar aquela conversa; estava
sentada na cama de casal de seu quarto, com as costas apoiadas em
almofadas, com seu pai biológico sentado ao seu lado. São José estava
sentado ao pé da cama e observava aflito aquela cena, sem dizer uma só
palavra:
— Sou - respondeu Rio do Sul calmamente -, eu sou seu pai; eu queria
muito te conhecer, queria ter vindo ontem mas fiquei com receio de que
algo te acontecesse!
— Eu estou grávida!
— Eu sei; seu pai me contou que...
— Você disse bem, meu pai! Seu nome é...
— Rio do Sul!
— Rio do Sul - ela repetiu -, muito prazer! Eu passei a tarde aqui
nesse quarto, pensando no que eu diria pra você quando essa hora
chegasse; ensaiei, ensaiei, e mesmo que eu não tenha a certeza se estou
fazendo a coisa certa, eu vou te dizer o que está no meu coração!
— Eu estou te ouvindo, filha!
— Você me gerou no ventre da minha mãe, me deu a vida, e é por essa vida
que eu queria te agradecer! Mas eu vou te deixar uma coisa bem clara; eu
nunca vou te chamar de pai!
Blumenau estava chorando, mas queria falar para aquele homem tudo o que
havia ensaiado até o fim, mesmo soluçando diante dele:
— A gente pode até ser amigo, eu posso até conseguir confiar em você com
o tempo, mas o fato de você ter abandonado a minha mãe, grávida de mim
nunca vai mudar! Eu só tenho o seu sangue; mas o meu pai, o homem que me
protegeu, que ficou sentado ao lado da minha cama quando eu era pequena
e tinha medo do escuro ou ficava doente, que me pegou no colo quando eu tinha pesadelo, o
meu pai está ali, sentado ao pé dessa cama!
Para Rio do Sul, aquelas palavras doeram como uma ferroada; mas a
atitude de Blumenau era totalmente compreensível. Ele tinha que assumir
seu erro, abandonou Florianópolis grávida, sabendo que aquele filho
podia sim ser seu:
— Posso pelo menos te dar um abraço? - as palavras daquele homem vieram
acompanhadas por uma lágrima, que Blumenau enxugou com a ponta dos
dedos; como resposta, a jovem envolveu-o em um abraço, chorando, nada
mais precisou ser dito.
São José, que acompanhou a conversa dos dois, percebeu naquele momento
que, todo o seu esforço, todas as críticas que recebeu quando decidiu
casar-se com Florianópolis e assumir Blumenau, tudo valeu a pena; sua
filha o amava profundamente.
No final da tarde, Chapecó saiu do trabalho e decidiu passar pelo
apartamento da cunhada; jamais imaginou que faria isso um dia, foram
tantas desavenças entre elas no início de seu relacionamento com
Joinville, mas agora, ela estava se dando bem com Blumenau, as duas
tinham algo em comum naquele momento, estavam grávidas e certamente
teriam seus bebês na mesma época.
— Eu fiquei com muito medo, Chapecó! - desabafava Blumenau, com a
cunhada sentada à beira de sua cama:
— Eu sei, eu fiquei com medo por você! Quando Joinville me contou que
você tinha ido pro hospital com dores, com sangramento, eu senti uma
angústia aqui por dentro; a gente combinou que os nossos filhos
cresceriam juntos, eu não ia suportar se isso não acontecesse!
— Você acha que o seu é menino ou menina? - a pergunta de Blumenau veio
acompanhada por uma lágrima de emoção:
— Não sei, cunhada; Joinville disse que é um homenzinho e eu estou indo
na onda dela!
— Eu vou ser mãe de menina, Chapecó, eu sei disso! Ainda não dá pra ver
mas eu tenho certeza!
— Eu acredito; eu sei que é uma coisa que a gente não explica!
— Chapecó, eu fiquei muito mal quando descobri que estava grávida; só
que agora eu já não consigo imaginar a minha vida sem essa coisinha que
está aqui na minha barriga!
— Eu sei, minha querida, pode ter certeza que eu entendo cada palavra
que você está dizendo porque eu sinto tudo isso!
Blumenau sorriu, estava se sentindo bem, segura:
— Eu acho que eu quero dar uma andada aqui mesmo pelo apartamento,
Chapecó; eu passei o dia aqui na cama, estou cansada!
— Será que não é melhor você ficar quietinha mais um pouco?
— Eu só não posso fazer esforço; eu preciso andar um pouco, quero ir até
a varanda, você vai comigo?
— Vou, eu vou com você!
— Será que quando a gente está perto uma da outra, os nossos filhos
sentem a presença um do outro também?
— Bom, já foi comprovado que os bebês ouvem tudo o que acontece aqui
fora; com certeza eles sabem que vão crescer juntos, que vão ser como
irmãos! Eu vou te ajudar a levantar, vou com você até a varanda!
Com a ajuda de Chapecó, Blumenau saiu da cama; estava feliz,
caminhou por seu apartamento, as duas estavam sozinhas naquela hora;
dona Margarida havia descido até a farmácia e voltaria em seguida.
São Bento do Sul também estava pra chegar a qualquer momento.
Blumenau ficou por alguns minutos sentada no sofá com a cunhada; ali
elas fizeram planos, sonharam juntas, conversaram sobre tudo. Depois, a
jovem mãe de família pediu que Chapecó fosse com ela até a varanda.
Ao parar junto à porta de vidro, Blumenau sentiu uma tontura; agarrou-se
ao braço da cunhada:
— Chapecó, eu estou tonta!
— Eu acho que é melhor você voltar pra cama...
— Eu preciso sentar!
A engenheira abraçou a cunhada e parou com a mão na altura de sua cintura
para ampará-la até o sofá; o barulho da chave sendo girada na fechadura
da porta anunciou que alguém estava chegando e Blumenau desejou
ardentemente que fosse dona Margarida. Mas era ele, seu marido; a jovem
lembrou das palavras dele na fazenda, do medo que ele tinha de que sua
cunhada desse em cima dela; isso não podia ter acontecido, São Bento
do Sul não fez questão nenhuma de esconder o ciúme, talvez, a raiva. Ele
caminhou até a mesa, soltou as chaves e uma pasta preta:
— Blumenau, o que é que significa isso? Por que é que você saiu da cama?
Foi Chapecó quem respondeu:
— São Bento, ela quis dar uma andada pelo apartamento, eu resolvi
ajudar, em fim, passei aqui pra fazer uma visita...
— Calma, cunhada, não precisa dar tantas explicações; a não ser que você
esteja tentando me convencer, ou se convencer de alguma coisa!
— Olha aqui, São Bento! Eu sei o que você pensa de mim, eu sei que você
tem medo que eu dê em cima da sua mulher mas eu seria incapaz de fazer
isso! Eu amo Joinville, eu vou ter um filho, uma família com ela! Eu sou
como sou, e isso não significa que eu vou sair por aí dando em cima de
todas as mulheres que surgirem diante dos meus olhos porque eu tenho a
minha!
Chapecó não suportou ficar ali nenhum minuto a mais; despediu-se com
carinho de Blumenau e se retirou, mas estava preocupada com ela.


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