Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 49
CAPÍTulo 49




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CAPÍTULO49

    - Como estão as coisas aí, Márcia? - perguntou Blumenau, ao
telefone, com a fiel escudeira de sua família:
— Uma farra - respondeu a mulher, animada -, as meninas estão lá no
quarto, as três de pijama, com uma panela de brigadeiro, conversando; já
tiraram fotos, fizeram vídeo, imagine que elas quiseram que eu
aparecesse no vídeo e nas fotos!
— Joinville está bem, Márcia?
— Está, na medida do possível! Chegou em casa meio abatida, mas depois
foi pro quarto com as meninas e acho que está melhor! E sua mãe, o bebê
já nasceu?
— Ainda não; o trabalho de parto está evoluindo bem segundo à doutora;
eu estou na sala de espera falando contigo, ela está com cinco
centímetros de dilatação!
— E o pai de vocês? - Blumenau pôde sentir o sorriso de Márcia ao
telefone:
— Está aqui, nervoso que só ele! Não saiu do lado dela nenhum minuto se
quer e disse que vai assistir o parto! Eu só liguei mesmo pra saber das
meninas; quando tiver novidades eu ligo de novo!
    - Ai!!! - Palhoça deu um grito que pôde ser ouvido pelo prédio todo;
ao tentar alcansar o controle da televisão do quarto de Jaraguá, caiu da
cama; e foi um verdadeiro festival de gargalhadas naquele quarto; no
exato momento em que a garota se estatelou no chão, Joinville estava
fazendo um vídeo pelo celular:
— Está filmado; vai pro youtube! Eba! - divertiu-se Joinville, ainda com
a câmera do celular ligada:
— Só porque eu não queria levantar pra pegar o maldito controle! -
reclamou a garota, ainda sentada no chão; Joinville deu pause no vídeo
para ampará-la:
— Eu exijo que você delete esse vídeo, maninha! - dizia Palhoça tentando
fazer cara de brava, mas sem sucesso:
— Nada disso; eu juro que eu ainda ganho um prêmio
com esse vídeo!
— É verdade, mana - completou Jaraguá -, que foi engraçado foi; você se
esticou toda pra tentar pegar o controle, escorregou e foi pro chão com
tudo!
— Joinville, eu te mato se você postar esse vídeo!
— Claro que não, sua boba; eu vou deixar ele guardadinho à sete chaves,
um dia o nosso irmãozinho vai assistir e vai ver que a gente comemorou
muito o nascimento dele!
    Depois que São José saiu de casa para ir a o hospital, Criciúma teve
uma crise de choro; não suportava a ideia de que a aquela hora, seu
homem estava lá, ao lado de Florianópolis e que ela estava tendo o
quinto filho dele.
A jovem executiva sabia que corria um sério risco de perdê-lo; por mais
que tentasse, não conseguia controlar o ciúme que sentia do passado de
São José, da família que ele construiu com Florianópolis:
— Eu preciso fazer alguma coisa - raciocinava ela com sigo mesma,
deitada na cama -, eu não posso perder esse homem, não posso! Se pelo
menos eu tivesse um filho dele! Eu preciso dar um jeito de tirar essa
mulher do meu caminho, preciso! Mas como?
    No hospital, as coisas continuavam correndo bem; Florianópolis
continuava no quarto, vivendo cada segundo daquele momento especial em
sua vida. Seu quinto filho estaria em seus braços dentro de algumas
horas:
    Eram onze horas da noite; Blumenau, sentada ao lado da mãe, atendeu
a uma ligação de Jaraguá, que estava ansiosa querendo saber notícias:
— Blumenau, deixa eu falar com a mamãe, por favor!
A jovem afastou o celular e olhou para Florianópolis:
— Mãe, Jaraguá quer falar com você; você atende?
— Claro que atendo, filha; me dá!
A mãe de família pegou o celular:
— Oi, filhota!
— Oi, mãe, tudo bem?
— Tudo bem, graças a Deus; a senhora ainda não foi pra cama por quê?
— Não consegui dormir sem falar com você, mãe! E meu irmão?
— Ele está bem, minha querida; a gente ouviu o coraçãozinho dele, estava
batendo forte, você precisava ver!
— Será que vai demorar?
— Ainda vai demorar um pouquinho; mas fica tranquila, nós estamos bem;
deita, dorme tranquila, tá!
— Tá bom, mãe! Ah, São Miguel te mandou um beijo, disse que está
torcendo muito e a tia dele também!
— Agradece a eles por mim, filha!
— Mãe, Palhoça caiu o maior tombo da história da nossa família!
— Como?
— Ela foi pegar o controle da televisão do meu quarto, se esticou toda,
escorregou e caiu de nariz no chão!
— Meu Deus... Jaraguá, não deixem a Márcia maluca...
    Enquanto Florianópolis conversava com a filha caçula, Lages voltou a
o quarto, e discretamente, chamou São José para fora; o pai de família
olhou para Blumenau, ela assentiu com a cabeça e viu o pai sair
acompanhado pela melhor amiga de sua mãe:
— São José, eu achei melhor te chamar aqui fora!
— Aconteceu alguma coisa, comadre?
— Ainda não; mas Criciúma está no hospital!
— Aqui? - ele parecia irritado com o que acabara de ouvir -, o que é que
ela veio fazer aqui?
— Calma, compadre! Eu fui pedir uma informação lá na recepção e vi
quando ela entrou; se eu não estivesse lá ela teria subido direto pra
cá!
— E aonde é que ela está?
— Ficou na recepção; eu consegui convencê-la a esperar que eu viesse
falar com você; está muito alterada!
— Eu vou descer pra falar com ela! Lages, por favor, não deixe que
Blumenau saiba disso, muito menos Florianópolis!
Lages voltou para o quarto e ficou ao lado da amiga; São José desceu
para a recepção.
    - Criciúma - perguntou o pai de família ao colocar os olhos nela -,
o que é que significa isso?
— Calma, meu amor; eu vim em mição de paz! Você saiu aquela hora, não
voltou pra casa, eu vim ver se estava tudo bem com a ex e com o filho
dela! Eu te mandei várias mensagens, você não respondeu nenhuma e eu vim
pra cá!
— Criciúma, por favor! Florianópolis está lá em cima, vai ter um parto
prematuro...
— Acontece, meu querido, que é comigo que você está; você não tem nada
que estar aqui, não tem nada que ficar lá, sentado ao lado dela,
bancando o marido apaixonado que você não é!
— Eu posso não ser mais o marido dela; mas é meu filho que está
nascendo, eu tenho direito de estar aqui e é isso que vai acontecer!
Daqui a pouco ela está indo pra sala de parto, eu faço questão de ver o
meu filho nascer!
— Se você entrar naquela sala de parto, eu juro que eu faço um escândalo
nesse maldito hospital!
    A enfermeira Camila, que entrou na recepção e ouviu a última frase
de Criciúma, se aproximou educadamente:
— Com licença; por favor, contenham-se, estamos em um hospital! doutor,
sua esposa vai ser levada pra sala de parto; o senhor vai acompanhá-la?
— Não, ele não vai acompanhar coisa nenhuma! - respondeu a executiva,
furiosa:
— Criciúma, chega, para com isso! Eu vou entrar naquela sala, vou
acompanhar o nascimento do meu filho!
— Você nunca me amou - afirmou a moça, agora chorando -, você só está
comigo porque ela te colocou pra fora de casa! E agora você está aí,
todo atencioso com uma mulher que te jogou pra fora da vida dela!
— Eu vou entrar lá e vou ficar ao lado de Florianópolis; aliás, de onde
eu nunca deveria ter saído, do lado da mãe dos meus filhos!
— Vamos? - convidou educadamente a enfermeira, olhando para São José:
— Vamos sim, claro!
Os dois deixaram juntos à recepção; Criciúma os acompanhou com os olhos
até onde pôde, chorando. Haviam algumas pessoas na recepção, e alguns
olhavam preocupados para ela.
    Sentindo fortes dores, Florianópolis foi levada para a sala de parto
e preparada para aquele momento especial; São José estava ali, ao lado
dela, como esteve nas outras quatro vezes em que ela esteve naquela
situação:
— Mamãe - instruiu calmamente a doutora Ana Lúisa -, quando vier a
contração, você vai segurar a respiração e fazer aquela forcinha
comprida, tudo bem?
— Tudo bem, doutora! - respondeu a mãe de família. São José, sentado ao
lado dela, tocou-lhe a mão:
— Eu estou aqui com você! - murmurou ele.
    - Será que vai demorar, tia? - perguntou Blumenau, na sala de espera
ao lado de Lages:
— Não sei, querida; essas coisas as vezes demoram, outras vezes é em
questão de minutos, a gente nunca sabe!
— Eu não deixei transparecer perto da minha mãe, mas eu estou com medo,
tia; um parto prematuro, trinta semanas!
— Eu te entendo; mas esse menino é forte, vai surpreender todo mundo!
— Eu mandei uma mensagem pra Palhoça avisando que ela já foi pra sala
de parto; ninguém dormiu ainda lá em casa!
    E o tempo passava, parecia uma eternidade:
— Força, querida, está nascendo! - disse emocionada a doutora Ana Luísa;
e em questão de segundos, Florianópolis ouviu aquilo que mais esperou
ouvir durante aqueles meses; ela precisava ouvir aquilo para ter
certeza de que estava tudo bem, o primeiro choro de seu filho homem, seu
pequeno São Joaquim.


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