Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 41
CAPÍTULO41




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CAPÍTULO41

    Eram apenas Joinville e seu pai dentro daquela sala; a jovem futura
arquiteta havia prometido a si mesma que não iria chorar, o que mais lhe
machucava nessa história toda era lembrar das lágrimas de sua irmã
caçula, quando lhe disse que São José tinha outra mulher.
Ela encarou seu pai; não tinha certeza se aquelas eram as palavras
certas, mas precisava dizer:
— Aonde é que ela está, pai?
— Ela quem, filha?
— Criciúma, pai! Aonde é que ela está?
— Joinville, o que é que está acontecendo, filha?
— Jaraguá já sabe, pai; ela acabou de me contar que viu sem querer uma
conversa entre você e Criciúma no seu celular! Me diz, pai, me diz que
ela se enganou, me diz que não é verdade!
São José deu um passo à frente, encarou sua filha e uma lágrima rolou de
seus olhos:
— É, minha princesa; é verdade!
    Nada doeu mais para aquele pai; fazer aquela revelação para sua
filha foi a mais difícil tarefa que ele precisou cumprir em toda sua
vida.
    Joinville estava chorando diante do pai:
— Por quê, pai? O que foi que te faltou em casa pra você ir procurar na
rua, meu Deus? O que é que nós deixamos faltar, o que é que a nossa mãe
deixou faltar pra você?
— Vocês não tem culpa, meu amor, o único culpado nessa história toda fui
eu, pode acreditar! Eu sempre tive tudo em casa; eu fui fraco, eu fui um
mal caráter!
O silêncio tomou conta daquela sala; Joinville sentia que suas forças
estavam se esgotando mas precisava ir até o fim:
— Pai - ela disse -, eu quero que você saiba que eu te amo muito, eu
sempre vou te amar! Eu só não quero que a minha mãe seja enganada, eu
não quero que ela faça o papel de idiota...
— Eu nunca quis isso, minha filha, pode acreditar, eu nunca quis enganar
a sua mãe!
— Faz quanto tempo, pai? Faz quanto tempo que você e Criciúma estão se
encontrando?
— Três meses, filha! Eu não sei te explicar por que, é como se Criciúma
fosse um vício pra mim, eu não sei se eu a amo, entende?
— Pai, eu não vim até aqui pra te colocar contra a parede, eu não tenho
esse direito! Mas eu exijo que você tome uma decisão, pela primeira vez
eu estou te exigindo alguma coisa, pai! Mas eu não vou permitir que você
continue enganando a minha mãe, que dedicou a vida dela a você, que
entregou a juventude dela nas suas mãos! Com qual das duas você quer
ficar, pai?
    Depois dessa última pergunta, Joinville simplesmente deu meia volta
e saiu da sala de seu pai; São José, por sua vez, continuou como estava,
em pé ao lado de sua mesa de trabalho. A pergunta de sua filha ainda
ecoava em seus pensamentos e ele precisava tomar uma decisão.
Joinville seria capaz de revelar à sua mãe sobre a existência de uma
amante na vida de São José?
    A futura arquiteta sentiu que todos os olhares se voltaram para ela
quando passou pela recepção; todo mundo sabia que ela era uma das quatro
filhas de São José, e a pergunta que não queria calar naquele momento
era a respeito do que estaria acontecendo.
Na empresa, todo mundo já sabia do envolvimento entre São José e
Criciúma; mas ninguém se atrevia a comentar uma palavra sobre o assunto,
afinal, tratava-se do sócio majoritário, que detinha setenta por cento
das ações da empresa.
    Joinville ficou circulando de carro por algum tempo, sem saber se
queria ou não voltar pra casa; decidiu dar uma andada na praia, nada lhe
faria melhor naquele momento do que o barulho das ondas do mar. Pensou
em Chapecó, queria a presença dela naquela hora; mas ela certamente
estaria no trabalho.
    Naquele dia, a hora do almoço foi bastante movimentada na casa de
São José e Florianópolis; Palhoça chegou da escola junto com seu pai, trazendo Itapema, que se tornou sua melhor amiga e confidente; Chapecó veio da construtora pra almoçar com a namorada e a família dela,e  Blumenau chegou com o namorado. Isso tudo havia sido combinado de
última hora, mas acabou virando um verdadeiro almoço de família.
E foi uma festa; todo mundo falando ao mesmo tempo,
mesa farta, Jaraguá havia se levantado pra almoçar:
— Como passou a manhã, filha? - São José, sentado ao lado de sua caçula,
pousou a mão sobre a mão direita dela:
— Bem, pai; dormi bastante, não tive mais febre!
— O senhor não ia viajar agora de manhã? - perguntou São Bento do Sul;
Joinville sentiu seu coração pular no peito:
— Não, rapaz - respondeu o pai de família -, quer dizer, eu ia passar
uns dias fora mas não foi preciso! Jaraguá não estava passando bem, eu
fiquei preocupado e o meu sócio foi no meu lugar!
    Chapecó, sentada ao lado de Joinville, sabia mais do que ninguém que
alguma coisa não estava bem. Pensou em perguntar, mas repensou e decidiu
que só faria isso quando estivesse sozinha com ela.
Joinville por sua vez, não conseguia tirar da cabeça a história de seu
pai com Criciúma; prometeu a si mesma que não contaria isso à ninguém,
mas estava a ponto de enlouquecer caso não dividisse sua angústia com
alguém.
    - Sua casa é sempre assim, essa animação toda? - perguntou Itapema,
animada para a melhor amiga; as duas estavam na cozinha, Palhoça procurava gelo enquanto conversava com ela:
— Ah, amiga, as vezes a coisa esquenta, fica aquele climão, mas a gente
sempre dá um jeito!
— Palhoça, com todo respeito, seu pai é um gato, menina!
— Meu pai é o coroa mais lindo do mundo!
— E me diz uma coisa, amiga! Joinville, pelo que eu entendi... bem, aquela moça é namorada dela mesmo?
— É; tipo, no começo era estranho, eu ficava meio perdida mas Chapecó é um barato!
    Aquele almoço em família transcorreu super bem; quando Chapecó
despediu-se de todos para voltar a o trabalho, Joinville desceu com a
namorada:
— Eu preciso te contar uma coisa, Chapecó; se eu não contar isso pra
alguém, eu acho que vou acabar pirando de vez!
As duas estavam paradas, de frente uma para a outra, ao lado do carro de
Chapecó:
— Eu te conheço como ninguém, meu amor; o que aconteceu?
— Chapecó, a febre que minha irmã teve foi emocional!
— Como assim?
— Quando eu cheguei em casa hoje de manhã, ela me chamou pra conversar;
o meu pai tem uma amante, Chapecó!
— Uma amante, Joinville? Como é que ela descobriu uma coisa dessas?
— Ela entrou ontem no quarto dos meus pais; ele estava no banho e acabou
deixando o celular no criado mudo e a conversa com a amante ali, aberta,
pra quem quisesse ver! É Criciúma; aquela que a gente viu no
restaurante com ele aquele dia, lembra?
— Claro que eu lembro! Você me disse que não tinha uma boa impressão
daquela mulher!
— E eu não estava errada, Chapecó; era como se eu sempre soubesse que ia
acontecer alguma coisa! Só que agora, tudo o que eu quero é polpar a
minha mãe dessa história sórdidaa enquanto eu puder! Eu estou me sentindo uma traidora agindo
assim, mas pelo menos por enquanto eu acho que é melhor!
— É, você tem razão; no estado da sua mãe todo cuidado é pouco! Mas
agora, mais do que nunca você tem que estar forte pra segurar essa
história, e você consegue, minha querida, eu sei que você consegue! Eu
vou voltar a o trabalho, depois eu passo aqui pra ver Jaraguá e pra
gente conversar mais!
    Chapecó precisava voltar a o trabalho; despediu-se de Joinville ali
mesmo e entrou no carro. A futura arquiteta permaneceu como estava,
parada; acompanhou o carro da amada com os olhos até onde conseguiu.


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